Inocência Premeditada escrita por Bia


Capítulo 3
Cho Chang


Notas iniciais do capítulo

Lilá Brown (x)
Pansy Parkinson (x)
Cho Chang (x)



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Cho Chang

Qual tinha sido mesmo a resposta de Harry quando perguntou que tipo de relacionamento ele mantinha com Hermione Granger?

 Ah! Sim, claro! Somos só amigos, ele havia dito. Ela gosta do Rony, ele jurou. No entanto, para Cho, aquela conversinha na mesa mais isolada da biblioteca não parecia apenas coisa de amigos.

Escondida em uma estante próxima a garota não conseguia ouvir o que diziam, mas tinha uma visão privilegiada. Conseguia ver Harry com as pernas separadas, uma de cada lado do banco, quase acolhendo o corpo da “amiga”, que estava muito perto. Ela contava algo séria, gesticulando com firmeza as mãos e negando veementemente com a cabeça. O estranho era que o Potter não parecia achar a coisa assim tão digna de admiração, pois ria gostosamente, chegando a abraçar a barriga.

Aquela era uma cena fantástica, porquê, na mente de Cho, era impossível que Hermione pudesse contar algo que fizesse uma pessoa rir daquela maneira. O que ela estaria contanto? Narrando algum livro engraço que leu ou talvez alguma piada suja? Não, não, ler livros engraçados e contar piadas sujas não faziam o gênero da Grifinória; ela só gostava daqueles livros enormes e maçantes e Cho não tinha certeza se ela sabia o que era uma piada.

Mas Harry ria. A beira das lágrimas.

Sentiu o sangue ferver, dominando-a de raiva e curiosidade e quase se aproximou para conferir o que poderia ser, porém não chegou a dar meio passo, paralisada com a surpresa do que veio a seguir.

Harry, já mais calmo da gargalhada, apoiou o cotovelo na mesa e a cabeça nas mãos encarando a amiga que terminava a história com uma respiração profunda. No garoto, um sorriso bobo nos lábios e os olhos verdes brilhando como nunca, ofuscando tudo ao redor.

A apanhadora gelou, entre o medo e a admiração de uma cena que não era destinada a ela; ainda que soubesse que ficaria gravada para sempre em sua memória, como um quadro.

De longe, mais longe que o espaço físico em si, Cho analisou o que tinha acontecido, aquela cena, aquela garota. De certa forma, não era normal. Aquela Hermione contando histórias engraçadas para Harry não era a verdadeira Hermione. Cho sabia disso porque era uma observadora nata e muito talentosa, não à toa tinha chegado aonde estava no Quadribol.

Inconscientemente, apoiou uma das mãos na estante e deu um passo. Aquela garota ali, fazendo Harry sorrir daquele jeito e rindo como se não houvesse o amanhã, era só uma farsa. Era algo que Granger usava para atrair o Potter, como um predador disfarçado para atrair sua presa. E o garoto, cego de confiança, se entregava totalmente, apenas para ficar preso na armadilha daquela encenação.

Para Cho, no entanto, não importava o que Hermione fizesse. Ela sempre conseguiria ver por baixo da máscara uma garota insegura e falsa, que precisava disfarçar quem realmente era para não ficar sozinha. Viu a castanha se levantar para ir, levando consigo a maior parte dos livros que estavam na mesa; Harry ajudou-a, seguindo-a com os olhos até que sumisse.

Quando viu o Potter sozinho na mesa, Cho se encheu de nova coragem e se aproximou, evitando ao máximo deixar o desprezo transparecer em sua expressão ou em seus passos.

Tocou-lhe o ombro, sorrindo...Ou tentando.

— Olá, Harry.

O garoto virou-se para ela com surpresa e sorriu, cedendo espaço para que sentasse ao seu lado. Mas não do lado que Hermione estivera antes.

Cho fingiu não ver e sentou-se exatamente aonde a Grifinória havia estado. Não sabia dizer exatamente o porquê, era algo primitivo, só queria ocupar aquela lugar e fazer desaparecer aquela sombra anterior. Se Harry achou estranho não comentou nada, pelo contrário, continuou sorrindo e depositou um leve beijo em seus lábios.

— Está tudo bem? — ele perguntou.

— Sim, só vim pegar um livro de poções emprestado. — mentiu, enquanto o garoto concordava com a cabeça e fungava, olhando para alguns livros à frente.

— Sim, eu também preciso de um livro de Poções. Essa aula está me matando.

— Sério? Você parecia bem feliz agora a pouco.

Simplesmente não conseguiu controlar a língua. Quando percebeu já havia saído. Talvez fosse melhor assim mesmo, para descobrir de uma vez o que aqueles dois realmente tinham. Resolveu aproveitar o descuido para ir até o fim.

Harry a encarou arqueando a sobrancelha.

— Vi Hermione aqui. Você estava rindo bastante.

O Potter abriu um novo sorriso, diferente do que tinha dedicado a ela inicialmente. Nostálgico.

— Ela contou uma história muito engraçada.

Qual, a que ela é uma fingida dissimulada e você é só um joguinho? Cho pensou, mas não teve coragem de dizer. Magoaria Harry e não queria isso. Ele não tinha culpa de acreditar fielmente em uma pessoa que conhecia desde dos onze anos. Quem não acreditaria?

Tentando se controlar, perguntou:

— Incrível. Hermione contando histórias engraçadas. Queria ouvir.

Ainda sorrindo, ele se negou.

— É coisa dela.

Dela ou deles?

Cho não se surpreendeu com a resposta pois já esperava algo assim. Toda vez era isso, sempre que perguntava sobre Hermione as respostas de Harry eram vagas ou inexistentes, variando pouco entre “não sei”, “é coisa dela” e “uhum”. Mais de uma vez, sentiu-se traída por aquela amizade que o apanhador e a Granger tinham e inúmeras vezes pensou em terminar tudo com ele até que se afastasse de uma vez daquela garota.

Entretanto, tinha medo, muito medo de que, se perguntasse a Harry quem preferiria, a escolhida não seria ela.

Cansada, farta mesmo de tentar, pronta pra desistir ali mesmo e nunca mais olhar para trás, comentou, como quem fala com uma criança:

— Ela está afim de você, Harry.

O apanhador piscou duas vezes sem reação, antes de soltar uma gargalhada tão alta quanto a que deu com Hermione. Olhares feios se voltaram em sua direção, mas nem ele, nem Cho se importaram de fato.

— Da onde você tirou isso? — perguntou com um sorriso debochado.

Mas, sorria.

Nada, nem ninguém seria capaz de tirar da mente de Cho que ele havia gostado, e não pouco, da idéia.

Ergueu-se determinada e sem dizer uma palavra. Precisava sair dali, respirar. O feitiço de Hermione tinha dado certo e não sabia se era poderosa o suficiente para lutar contra. Ouviu Harry gritar seu nome e esperava que a impedisse, corresse atrás dela, qualquer coisa para não deixá-la sair pelo arco da porta da biblioteca.

Não aconteceu. Seguiu em frente, com os olhos brilhando, mas com a cabeça erguida. Não seria o brinquedo de ninguém. O papel de brinquedo estava destinado a Harry Potter e estava sendo escrito especialmente por Hermione Granger.


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Notas finais do capítulo

Draco Malfoy (-)
Rony Weasley (-)
Harry Potter (-)



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