Inocência Premeditada escrita por Bia


Capítulo 1
Lilá Brown


Notas iniciais do capítulo

Lilá Brown (x)
Pansy Parkinson
Cho Chang



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/701632/chapter/1

Lilá Brown

 

Tinha todo o direito de sentir ciúmes sim!

Afinal de contas, ela e Rony estavam em um relacionamento sério, como ele mesmo havia dito. Mesmo que, algumas vezes, Lilá sentisse que ele a tratava de forma superficial e distante; como se fosse boa o suficiente para que andassem de mãos dadas e para que a exibisse pelos corredores de Hogwarts, mas não ao ponto de entregar-lhe seus segredos ou permitir que o conhecesse mais profundamente do que já conhecia.

Esse tipo de atitude só se acentuava quando ela estava por perto. Quando ela estava por perto, tudo eram nuvens aos olhos de Lilá.

É óbvio que entendia que eles eram amigos desde sempre e que tinham enfrentado inúmeros perigos juntos. No entanto, era impossível que acreditasse realmente que o simples fato de serem amigos fazia com que Hermione Granger tivesse todo aquele poder sobre o Weasley, a ponto de conseguir manipulá-lo quando ninguém mais conseguia.

Bastava uma frase sua para que ele se sentisse mais fracassado do que nunca ou tão confiante a ponto de tocar o céu. Uma palavra sua o faria desistir ou insistir, mesmo que Ronald não tivesse mais ânimo de continuar lutando.

Como agora.

— Vamos, Rony. De novo! — a ouviu dizer com firmeza, mas sem irritação.

O suspiro cansado que ele soltou fez Lilá levantar lentamente os olhos do livro que fingia ler, sentada na poltrona perto da lareira, no salão comunal da Grifinória. Com uma notável expressão indiferente, analisou a cena com frieza.

Lá estava ele, Uon-Uon, seu namorado, alto, ruivo, cheio de temperamento e energia. E a seu lado estava...ela. Mexendo a varinha lentamente e explicando com uma didática que muitos professores mais experientes não possuíam. Olhando assim, Hermione parecia a personificação da inocência; apenas uma boa amiga que não queria ver seu velho amigo ser reprovado na prova de Feitiços.

Que bela mentira!

Para olhos atentos e treinados como os de Lilá, perceber sinais de fingimento na ingenuidade supostamente natural da Granger não era mais difícil do que ler as borras de chá nas aulas de Adivinhação. Fingimento! Tudo, tudo aquilo, fingimento. O jeito como ela o olhava, com os olhos castanhos brilhando de determinação, como dizia, de forma tão convincente, que ele não precisava se preocupar, que ela não sairia dali até que ele conseguisse. Tudo isso: um truque! Um feitiço para manter seu lugar de melhor amiga, para que ficasse gravada em sua mente.

Rony não via isso, claro. Ele que era inocente.

Escutou um novo suspiro e viu o namorado jogar os braços para o alto, irritado.

— Desisto! É impossível para mim, Hermione.

— Não diga besteiras! — ela respondeu impaciente com a atitude infantil — O problema é que você está segurando a varinha como se ela fosse culpada dos males do mundo. Vamos, se até a Fantástica Doninha Saltitante conseguiu, você também consegue.

Mais um ponto para Grifinória!

Toda a irritação que Rony parecia estar sentido se esfumaçou no mesmo instante em que soltava uma gargalhada. Lilá arqueou a sobrancelha sem entender.

Odiava o fato deles falarem em códigos, de contarem piadas que só eles entendiam, de Hermione compartilhar e saber coisas da vida de Rony que ele não parecia muito disposto a dividir com Lilá. Entretanto, o que mais odiava era aquele brilho que, agora, dominava os olhos dele e parecia ser exclusivo para uma única pessoa.

— Tem razão. — o ruivo disse sorrindo e se preparando para tentar mais uma vez — Se até ele conseguiu...

Arregaçou as mangas e moveu a varinha com leveza. Enquanto desenhava no ar, faíscas douradas saíam em pequenos jatos de sua ponta. Rony, então, torceu o punho e ergueu-a em um único movimento. Por um minuto eterno nada aconteceu e Lilá deixou escapar um gemido, temendo ter que aguentar ainda mais aquela situação.

Mas, por sorte sua, da varinha começaram a sair faíscas cada vez maiores, mais brilhantes e de cores diversas. Elas percorreram o salão em uma euforia de luzes e cores, acertando tudo e todos e desaparecendo logo em seguida. Foi um lindo espetáculo que não durou mais do que trinta segundos.

Rony ainda estava com a varinha erguida, parecendo dividido entre a incredulidade e a alegria. Só se moveu quando Hermione tocou seu ombro, sorrindo com superioridade.

— O que eu disse?

Tanto o Weasley quando Lilá ficaram vermelhos. Ela de raiva.

— Mesmo assim, é importante que você continue praticando, Rony. — Hermione disse afastando-se para pegar a bolsa em um dos sofás, jogando-a em um dos ombros e dirigindo-se para o retrato. Lilá aproveitou a deixa e se jogou no pescoço do namorado, obrigando-o a se curvar para que pudesse parabeniza-lo com leves beijos por todo o rosto. Sentiu a mão do ruivo em sua cintura, porém não conseguiu distinguir se a estava puxando para mais perto ou tentando conter seu avanço. — O brilho das luzes estava certo, mas o tempo não. Elas só devem desaparecer quando você quiser.

Com sua boca interditada por Lilá, o Weasley não conseguiu agradecer. E quando conquistou um pequeno espaço para gruir um obrigado, Hermione já havia ido. Apertou a cintura da garota afastando-a um pouco de si.

— Nem pude agradecer...— disse mais para si do que para a namorada, olhando o lugar por onde a Granger tinha saído.

Lilá cruzou os braços, fumançando pelos ouvidos. Estava farta.

— Não irão faltar oportunidades para agradecê-la, Ronald. Não é como se ela fosse desaparecer de repente.

Ah, seria tão bom se isso acontecesse.

Os olhos que Rony virou em sua direção eram receosos; o tom da sua voz e o jeito de segurar suas mãos entre as dele, denunciavam que havia captado o estado de espírito de sua namorada.

— Eu sei, amor. Eu só estou dizendo isso porquê ela ficou um tempão aqui me ajudando.

Lilá bufou nervosa e revirou os olhos. Não poderia dizer que ele estava mentindo ou que Hermione não tivesse se dedicado única e exclusivamente para lhe ensinar o feitiço, mas é que...Não conseguia se controlar. Não com Hermione. Aquele jeito dela; aquele jeito que parecia tão verdadeiramente inocente a tirava do sério. Queria poder dizer que, na próxima vez, o ajudaria, entretanto seria a mesma coisa que declarar o óbvio. Na matéria de Feitiços era igualmente ruim ou pior.

— Então, não está apaixonado por ela? — resolveu arriscar tudo.

A expressão de choque no rosto de Rony foi monumental. Corando até a raiz dos cabelos, exclamou:

— Quê? — sua voz tinha saído mais fina que o habitual, um pouco trêmula e ele pareceu repentinamente nervoso.

Desconfiada, Lilá não pode impedir que os olhos brilhassem com maior intensidade enquanto as lágrimas se aglomeravam. Antes que abrisse a torneirinha ali mesmo, na frente de Rony, sentiu os braços dele enlaçarem seu corpo e puxá-la para mais perto com delicadeza.

— Não seja tola. — ele disse e sua voz parecia a do seu Uon-Uon outra vez — É claro que não.

O cheiro do Weasley e seu calor eram reconfortantes. Lilá ficou uns instantes surpresa, sem saber o que fazer, quase rejeitando o contato. Até que, não demorou muito, se viu retribuindo o abraço, pressionando mais o rosto contra o peito dele e se obrigando a não pensar em nada que fugisse daquele momento.

Ele tinha razão, era tolice. Porque desconfiar ou ficar com raiva dele quando o problema era ela? Hermione que era culpada de tudo. Ela que se fazia de amiga para poder manipular o sentimento alheio; pouco a pouco convencendo Rony de que não conseguiria fazer nada sem a sua ajuda.

Suspirando, Lilá o abraçou com mais força. De forma alguma deixaria que isso acontecesse, o protegeria das garras daquela harpia.

Até porque, pobre Uon-Uon, ele era tão inocente.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Inocência Premeditada" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.