Reunited escrita por Hakuryuu Waifu


Capítulo 1
Reunited




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O crepúsculo reinava no horizonte em um espetáculo tão belo que palavras não poderiam descrevê-lo. Tons de rosa e laranja se misturavam e tons de roxo poderiam ser facilmente identificados em meio a algumas poucas nuvens. Era tudo tão maravilhoso, acolhedor, estonteante e ao mesmo tempo...solitário.  

Hakuryuu suspirou enquanto se encolhia dentro de uma coberta velha sem tirar os olhos do horizonte. Havia passado mais uma noite em claro em meio a pensamentos sem nem ao menos perceber. Os outros já estavam ficando preocupados, conseguira escutar na noite anterior uma conversa entre Morgiana e Aladdin ao qual a garota expressava o quão preocupada estava com ele. No fundo, agradecia a preocupação dos amigos, mas ao mesmo tempo se sentia egoísta. Não era ele que deveria ser o alvo de suas preocupações.  

Toda vez que colocava a cabeça no travesseiro, um aperto no coração o fazia ter vontade de chorar. Por mais que nos últimos tempos tudo estivesse caminhando bem, alguma coisa não estava certa. Algo estava faltando. E Hakuryuu sabia que esse "algo" na verdade era "alguém". Alguém que detinha uma personalidade estranha, mas ao mesmo tempo encantadora. Alguém que por mais que tentasse evitar, de mansinho, havia se entrelaçado em sua vida de um modo que duvidava um dia conseguir desatar. Alguém que, por mais que negasse, aprenderá a amar.  

Sim, Hakuryuu já havia admitido para si mesmo que amava Judal. E se sentia um completo tolo ao perceber que teve que perder seu amado para aceitar um sentimento que já jazia em si a muito tempo. 

Os dias sem o magi haviam se transformado em uma eterna espera com sinônimo de angustia. O coração doía e sua cabeça, desesperada por alguma resposta, criava mil e umas histórias para se iludir. Ele precisava acreditar que o garoto estava bem. Em algum lugar, longe de seus olhos e toques, mas inegavelmente bem. 

E acima de tudo Hakuryuu sentia saudade. Sim, as saudades viraram suas companheiras diárias. Ele as tinha mais do que era, provavelmente, saudável. Mas o que poderia fazer afinal? As únicas coisas que Judal havia deixado para si era isso; Memórias, culpa e saudades. 

 Se não houvesse se deixar levar pela raiva... Se não tivesse começado aquela briga sem fundamentos com Alibaba... Talvez... Talvez...

— Aceita um chá?  

Hakuryuu levantou o olhar para a garota que o encarava enquanto segurava um copo entre as mãos. Seu rosto continha o mesmo semblante neutro e indecifrável de sempre, mas ele conseguira notar suas sobrancelhas levemente franzidas enquanto ela passava seus olhos por todo seu corpo o analisando. Ótimo, certamente ela estava ainda mais preocupada. Tentando reverter a situação, Hakuryuu deu um sorriso fraco em direção a fanalis enquanto se arrastava um pouco para o lado afim de abrir espaço para que ela se sentasse ao seu lado.

— Acabei acordando cedo demais e resolvi vir aqui pra fora. - disse enquanto voltava a encostar as costas na parede da varanda de uma pequena casa em que estavam passando as noites. - Acho que estou animado demais pelas novidades.  

Morgiana lhe entregou o copo cheio de chá quente e se acomodou no espaço ao seu lado. Ela  abraçou as próprias pernas enquanto encarava o horizonte ao qual Hakuryuu estava encarando minutos atrás. Por algum tempo, o silêncio reinou entre os dois, sendo quebrado apenas quando o garoto levava o copo fumegante aos lábios.

— Mentiroso. - a menina sussurrou, sem desviar os olhos vermelhos da obra prima pintada nos céus. - Eu vi quando você saiu de madrugada para se sentar aqui.  

Hakuryuu engoliu em seco enquanto apertava o copo entre as mãos. O que mais poderia dizer? Ela estava coberta de razão. Mentiu quando lhe disse que havia acordado cedo demais, não conseguira fechar os olhos a noite inteira, e também mentiu quando lhe disse que estava animado pelas novidades. Não lhe entendam mal, Hakuryuu estava contente em poder encontrar Alibaba em breve. Não poderia imaginar qual seria a reação do amigo ao lhe ver, porém ele tinha uma divida consigo mesmo a quitar. Precisava pedir desculpas. Precisava tirar aquele peso enorme dos ombros.  

Mas ao mesmo tempo que se sentia ligeiramente feliz em saber que poderia encontrar com Alibaba dentro de poucos dias, ao ver a alegria palpável entre Morgiana e Aladdin em finalmente rever o amigo, inveja começou a lhe corroer por dentro e isso o fez se sentir desprezível e indigno de estar ali. Quando seria a hora de ele se sentir assim? Quando será a hora de, finalmente, reencontrar Judal?

— Está sentindo falta dele, não é?  

Hakuryuu fechou os olhos. Morgiana havia acertado em cheio, não era preciso ela citar nomes para que ele soubesse do que ela estava falando. De fato, era tudo sobre Judal. Sentia vontade de chorar, mas se segurava. A menina ao seu lado, aguardava em silêncio uma resposta, por isso respirou fundo e foi o mais sincero possível quando respondeu:

— Sim, mais do que eu imaginava poder sentir.  

— Tenho certeza que ele sente a sua falta também.

Hakuryuu soltou uma risada desacreditada e levou o chá aos lábios mais uma vez.  

— Como você tem tanta certeza disso? Como pode saber que ele ao menos está...  

— Vivo? -Morgiana completou a frase que morreu na garganta do menino. - Se ele gostar de você um pouco do que você aparenta gostar dele tenho certeza que ele está bem. Você não desistiria tão fácil por ele, Hakuryuu. - ela voltou seu olhar para ele e sorriu fraco. - Tenho certeza que ele não desistiria por você também.  

Gratidão se espalhou por seu peito ao escutar as palavras da garota fanalis. Ela estava certa mais uma vez. Judal era teimoso e nem um pouco fácil de se abater. Se Hakuryuu não o encontrasse, Judal com certeza daria um jeito de o encontrar. Eles estavam conectados no final das contas.

— Obrigado, Morgiana, eu...  

Um barulho alto foi ouvido de dentro da cabana interrompendo a fala de Hakuryuu. Os dois olharam para a origem do som e depois se entreolharam com apenas uma pergunta em comum: O que diabos fora aquilo? Som de passos rápidos foram percebidos e em seguida a porta da frente da pequena casa fora aberta com força. Um Aladdin um tanto que desesperado saiu por ela e os encarou apreensivo.

— Aladdin... - Morgiana sussurrou confusa.

— Aconteceu alguma coisa? - Hakuryuu indagou já se colocando em estado de alerta.  

Aladdin fechou os olhos e suspirou fundos antes de abrir um sorriso e encarar Hakuryuu nos olhos.

— É o Judal, eu sei onde ele está.  

(/•^•/)  

A alegria que se espalhava pelo corpo de Hakuryuu era tão intensa que até Morgiana e Aladdin se sentiram contaminados por ela. O menino corria sem se preocupar com ninguém até a casa de Yunan que era onde Aladdin havia o dito que Judal estava.

 Judal estava bem .

E vivo.

Todas as suas preces haviam sido escutadas e, por mais que achasse que não merecia tamanha felicidade, ele se sentia grato. Ele finalmente poderia ver o menino de olhos rubi novamente, toca-lo e por fim, promete-lo que nunca mais irá deixar nada de ruim acontecer com ele novamente.

A casa de Yunan já podia ser vista e o sorriso no rosto de Hakuryuu aumentou. O Magi loiro estava sentando na varanda, aparentemente já a espera dos visitantes, mas Hakuryuu não poderia se importar menos com ele. Assim que chegou perto da casa, aumentou o ritmo o máximo que pode em direção a porta e, ainda pode escutar uma risada vindo de Yunan, ao abri-la com força e sem temor.

— Judal!

Seus olhos varreram a casa a procura do menino e seu coração se apertou de euforia ao vê-lo deitado em um canto no meio de algumas cobertas. Aparentemente ele estava dormindo, então apenas franziu a sobrancelha e resmungou baixinho:

— Cala a boca, Yunan, só mais cinco minutos...  

Aquela voz...Sim, realmente não era uma miragem feita pelo seu subconsciente. Judal realmente estava ali. Nesse momento, as lágrimas que haviam estado trancafiadas a sete chaves se libertaram todas de uma só vez em puro alívio. Sem pensar duas vezes, Hakuryuu se jogou sobre Judal ainda deitado e o envolveu em um abraço forte afim de apagar todas as saudades que lhe acompanhavam como velhas companheiras durante esses anos.

— Mas o que diabos..?!  

Judal finalmente pareceu acordar com o peso de Hakuryuu sobre si. As lágrimas de alegria do menino caiam em seu peito, mas Hakuryuu não se importava. Foram anos esperando aquele reencontro, foram noites em claro que perdera tentando se convencer de que o menino estava bem. Se lembrou levemente do desespero que sentiu nos primeiros dias sem Judal, ao qual se sentia completamente sozinho, perdido e pediu aos céus para que nunca mais pudesse se sentir daquele jeito novamente.  

Judal, por outro lado, ao ver o menino chorando sobre si sorriu aliviado. Colocou uma das mãos sobre a cabeça de Hakuryuu a afagando de leve. Queria se convencer do contrário, mas no fundo só ele sabia o quanto estava preocupado com o seu menino. Por um momento pensou no pior. Mas então se lembrou de que era de Hakuryuu que ele estava falando e tinha certeza que ele não o desapontaria.  

— Você continua o mesmo chorão de sempre, não é Hakuryuu?

Hakuryuu sorriu em meio as lágrimas. Levantou o rosto do peito de Judal e, finalmente, pode o encarar nos olhos. O magi também não havia mudado muito no fim das contas. Os cabelos negros continuavam longos e, tirando uma pequena cicatriz na bochecha, tudo continuava igual. Mas Hakuryuu não queria saber onde o garoto havia conseguido aquele pequeno machucado. Isso era história para depois, eles teriam tempo para conversar. No momento, tudo o que Hakuryuu queria era abrir seu coração e liberar todos os sentimentos que já faziam hora extra ali.

— Eu senti sua falta. - sussurrou com a voz ligeiramente falha por conta do choro.  

Judal sorriu e segurou o rosto de Hakuryuu entre as mãos, limpando com o polegar uma das milhares de lágrimas teimosos que escorriam pelo seu rosto.

— Eu também senti a sua falta, Hakuryuu.  

E sem esperar por uma resposta, Judal colou seus lábios aos do menino. Hakuryuu, por um momento, arregalou os olhos surpreso, mas por fim se entregou ao desejo e fechou os olhos correspondendo ao beijo cheio de saudades do Magi.

Naquele momento, naquele beijo, os sentimentos dos dois garotos foram liberados e dançavam juntos ao som do amor. O vazio que as saudades deixaram nos dois, aos poucos, foram sendo transbordados de sentimentos positivos e promessas não ditas, porém sentidas por ambos, de um futuro juntos. Todavia, uma promessa se sobressaia a todas as outras. Uma promessa que Hakuryuu iria dar seu sangue e alma para cumprir: Nada e nem ninguém poderiam os separar novamente. 


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