Future of the Past escrita por Romanoff Rogers


Capítulo 13
Eu vi minha mãe se lembrar de mim. FINAL


Notas iniciais do capítulo

É o último capítulo. Peguem os lenços.



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— James... – Os olhos arregalados da minha mãe me encararam. – James, sai daqui... Você precisa... voltar. – sangue escorreu de sua boca. Ela estava a cada segundo mais fraca, podia sentir.

— Não, não... Mãe, se você morrer eu sumo! – disse, horrorizado.

Não, eu não podia deixar minha mãe morrer.

— Não, James, ela... vai te matar se.. Se você ficar.. Tony pode dar um jeito de você voltar...!

Neguei com a cabeça, agarrando minha arma e apontando pra ela.

— EU VOU ATIRAR!

— Atira. Não vai adiantar, sua mãe vai morrer, e você vai sumir. – ela deu um passo a frente, e eu firmei mais a minha mão tremendo. Um nó se formava em minha garganta, e cada vez mais sangue saía do corpo da minha mãe.

Eu não sabia o que fazer...

— Nada que você possa fazer vai mudar isso, James Rogers Romanoff. – ela fez uma pausa, se aproximando mais. – Você é uma criança. Uma criança estúpida. Você quiser bancar o adulto, fingir ser o herói... Onde achou que iria chegar? – Um sorriso demoníaco se abriu em sue rosto.

— Não ouça ela... – a voz fraca da minha mãe me fez olhar pra ela. – Ela quer te manipular... James... Você é um herói. Chegou... Chegou até aqui... Eu vou ficar bem, mas se não ir enquanto pode, você vai morrer...

Sharon riu.

— Sabe o que é pior que morrer?

Olhei para ela, com lágrimas já rolando desesperadamente do meu rosto.

— Ser esquecido.

E com um golpe rápido, ela tirou a arma da minha mão trêmula, antes de acertar um chute forte em meu rosto.

Caí pra longe, e acabei batendo a cabeça forte no chão.

— Você sabia que existe uma teoria de quando você é apagado da realidade, você vaga pelo mundo como um fantasma, vendo as pessoas que você ama não fazerem ideia de que você existe? – Sharon sorriu. – Se descobrir se é verdade, me dá uma ligada.

— JAMES! – a voz grossa do meu pai ecoou pelas escadas.

— PAI! – Berrei, tentando me levantar, mas caí deitado novamente. Minha cabeça rodava como um carrossel.

— JAMES, ESTOU CHEGANDO! – ele estava sozinho?

Sharon correu até um botão vermelho perto da porta, e uma parede de ferro que parecia pesada como o mijolnir, começou a descer.

— NÃO! PAI! – Girtei, me arrastando pelo chão.

Faltava alguns centímetros para a porta fechar completamente, quando meu pai socou a porta com força.

— NATASHA!

— Não, sou eu. - Sharon abriu um sorriso debochado, e senti meu pai pular de surpresa.

— Sharon... Meu Deus... Por que você está fazendo isso? – ele parecia assombrado.

— Vingança. Quando soube que a mãe era Natasha Romanoff... Eu tive que fazer isso.

— Não, Sharon, dá tempo de voltar atrás!

— Não, não dá. Seu filho está sumindo. Literalmente. Sabe por que? Porque a mãe dele está morrendo.

— Não... SHARON! POR FAVOR! – Ele socou a porta mais vezezes, cada soco mais forte. – SHARON! ABRE ESSA PORTA!

— Steve! – minha mãe reuniu todas as suas forças para gritar.

O silêncio foi subto do outro lado da porta.

— Nat? – a voz do meu pai falhou, como se fosse chorar.

— Eu te amo. – ela disse o mais alto que conseguiu, já com algumas lágrimas soluçantes rasgando sua garganta.

— Eu também te amo. – sua voz ganhou um tom calmo que indicava que ele chorava como eu.

Fechei com força os olhos.

— TAMBÉM AMO VOCÊS! – Dei um sorriso triste.

Minha mãe me olhou com um pequeno sorriso entre as lágrimas, pronta para responder.

Quando Sharon pegou a arma, e atirou na minha mãe.

— NÃO! – Eu berrei com toda minha força.

Minha mãe soltou um grito agonizante, e meu pai bateu na parede com força, gritando de raiva.

— SHARON, PARE! – Ele implorou.

— NÃO! – Ela gritou, carregando a arma novamente.

Meu braço ficava cada vez mais invisível, mas mesmo assim, eu conseguia tocar no chão. Um espelho no canto da sala refletia meu reflexo.

Quase não haviam fios loiros em mim, muito menos cor azul em meus olhos. Eu estava sujo de sangue, fuligem, com milhões de machucados pelo corpo,mas o que menos me preocupava era a cor do meu cabelo.

Antes que eu possa perceber, ela atirou de novo.

Eu gritei de raiva, me levantando com força. Tinha que me mexer, tinha que fazer força para levantar!  EU NUNCA, NUNCA ODIEI TANTO ESSA VADIA!

Me joguei com toda força contra ela, a derrubando.

— Isso é por magoar meu pai! – acertei um soco bem dado em sua boca. – Isso é por atirar na minha mãe! – soquei duas vezes. – Isso é por mim! – soquei mais uma. - E ISSO É POR SER UMA VADIA QUE MEXEU COM A MINHA FAMÍLIA!

Soquei seu rosto uma, duas, três, quatro vezes, sem ligar para  a dor exorbitante que envolvia meu corpo agora.

Ela gargalhou, cuspindo sangue até pelo nariz.

— Sua mãe está morrendo! O tempo está passando! – ela gargalhou, e eu saí de cima dela, rangendo os dentes como nunca fiz antes. – Não importa o tamanho do piti que você vai dar, chorão, não pode parar o inevitável!

 Fui até a arma no chão, e a peguei, dessa vez, sem tremer.

Cada centímetro do meu corpo esgoelava de raiva.

Apontei a arma pra cabeça dela, e esperei algo. Coragem.

Mata essa bitch.

Não mate essa bitch.

Mas ela é uma bitch. Mate-a.

A bitch tem uma vida.

A bitch vai matar sua mãe.

Esse conflito interno me arrebentava.

— Você não tem coragem, criança chorona.

Fechei os olhos.

— Criança. Choron...

E atirei.

Quando abri os olhos, nunca me senti tão bem em ver todo o cérebro pequeno de Sharon espalhado por todo o chão.

Larguei a arma, e corri até minha mãe.

 Ainda bem que consegui toca-la. Era a última vez que faria isso. Minha mãe iria morrer, é isso. Eu não tinha forças para esperança agora, eu só podia chorar.

— Mãe. – a chamei, já com lágrimas no rosto.

— Jam... James.. Meu filho... – Ela abriu um sorriso que não conseguiu manter muito. Ela não tinha forças nem pra sorrir. – Eu estou tão... orgulhosa... Você é meu herói... Meu garoto...

— Eu não consegui te salvar...

— Você se esforçou... Muito. E quando seu melhor não é suficiente, você tem que se sentir orgulhoso de ter feito mesmo assim... James, a.. a culpa não é sua... Não é de ninguém... – ela quase engasgou com o ar.

Fechei os olhos e deixei as lágrimas escorrerem. Venci o medo de abri-los, e vi que a invisibilidade estava se espalhando. Quase não sentia minhas pernas, mas era capaz de mexe-las.

Ela engasgou novamente.

 – Jam.. James.. Eu amo você.. E independente do que aconteça agora... Vou sempre pensar em vocês.. dois.... – seus olhos vidraram, e pude ouvir seu último suspiro.

Eu gritei com força, segurando seu rosto com minhas mãos tremendo.

— Por favor... Não faz isso comigo... – funguei, e mais lágrimas intermináveis caíram. E no instante seguinte, um Hulk raivoso levou a porta a baixo. O ignorei. Eles não podiam fazer nada.

Acariciei sua bochecha, sem conseguir tirar meus olhos jorrando lágrimas dos seus imóveis e mortos olhos.

— JAMES! – Meu pai gritou, assim que colocou os olhos em mim.

Olhei pra ele, completamente assustado, machucado, acabado e completamente derrubado. Eu só queria meus pais.

— Pai. – consegui dizer, fracamente. Ele me olhava como se eu fosse um fantasma.  – Eu não consegui. – lamentei, fechando os olhos molhados com força. Eu tinha falhado.

Clint teve que segurar Wanda que caiu pro seu lado em soluços, completamente desesperada, sendo que ele mesmo mal tinha condições de se manter em pé, mas ficou, por Wanda. Ele a abraçou e até o Hulk se encolheu, mas meu pai me encarava como se fosse brincadeira, completamente sem expressão.

Até que um lágrima caiu, seguida mor outras incontáveis.

Ele veio até nós, e caiu de joelhos na minha frente.

— Nat. – ele segurou sua mão, acariciando-a. – Levanta.

Ele pediu, já sem esperanças, mas não custava nada tentar. Ela levantaria, rindo, se gabando que nos enganou direitinho, e logo nós sorriríamos de alívio.

Mas não iria acontecer. Não dessa vez.

— James. – meu pai mordeu os lábios, tentando conter as lágrimas. – Você está...?

Abaixei a cabeça, o que fez lagrimas caíssem no meu colo.

— James! – ele insistiu, desesperado.

— Ele vai continuar sumindo. – Tony abriu o capacete, revelando seus olhos inchados e vermelhos. Nunca tinha visto ele chorar. Ninguém nunca tinha visto Tony Stark chorar. Mas ninguém comentou. – A única chance que você tem, é tentar ir para o futuro, ou vai ser apagado da realidade.

— Vai. – meu pai pediu, fungando. – Eu fico bem.

Não fica não. Me levantei, e o abracei com toda minha força, e ele retribuiu com todo o amor, culpa e arrependimento que pesava sobre nós agora.

— Volte logo. – ele pediu, e eu assenti, já indo até Tony.

Dei uma última olhada para minha mãe, e foi a coisa mais dolorosa que eu já fiz.

Ela era minha mãe, e  agora não era mais. Eu estava impotente, e ela morta.

(...)

Eu e Tony voamos pelos corredores, já infestados de agentes da SHIELD, e logo, a caminho de Nova York.

Eu não tinha mais forças para chorar, e eu só conseguia pensar nos meus pés desaparecendo e o que aconteceria se eu fosse completamente apagado da existência.

Eu não tinha forças. Cansei de lutar, e não conseguia mais achar uma gota de esperança em mim.

O vendo esvoaçou meus cabelos ruivos, e Nova York estava a um palmo de distãncia. Assim que pousamos na torre, corremos para o elevador, e Tony já sem armadura, gritava ordens para o Jarvis.

Lá estava Debby, como Howard chamou sua máquina. A plataforma de ferro no chão, os painéis coloridos ao lado das alavancas.

— James, precisamos de uma dose muito alta de energia... Eu não sei onde vamos conseguir isso... Deus... Não consigo pensar... Sua mãe numa hora dessas iria me fazer voltar de marte... – ele lamentou, esfregando os olhos que começaram a “vazar”.

— Por que Thor deixou o Mjolnir aqui? – perguntei, apontando pra mesa.

Ele olhou pra lá, confuso.

— Oh. Nem vi. – fui na direção da mesa. – Por que?

Segurei o martelo, e o levantei.

— Oh! Garoto, você é um gênio... Vamos, faça logo. – ele deu um pequeno sorriso orgulhoso.

Tony conectou um dos fios ligado a máquina no cabo do martelo, e foi até o painel igualzinho o de Howard fazer alguns ajustes.

Metade do meu corpo já estava sumindo, avançando cada vez mais pra perto do fim. Minhas mãos suavam, e eu não conseguia ficar parado vendo-me ficar cada vez mais transparente.

— Tio Tony! – gritei, o apressando. Eu estava sumindo. Eu estava sumindo. – Rápido!

Engoli em seco, enquanto ele tentava se apressar o máximo que conseguia. Tony apertava botões, ajeitava engrenagens, e eu não sentia mais nenhuma parte do meu corpo. Eu devia estar igualzinho a um fantasma.

Tudo ia ficando levemente transparente, uma parte do meu peito começou a sumir de vez.

— TONY!

— AGORA! – Ele berrou.

— PELOS PODERES DE GRAYSKULL! - Eu ergui o mjolnir até a cabeça, fazendo trovões estrondosos quebrem as janelas de vidro da sala. As luzes se apagaram, e o trovão iluminou tudo, fazendo um pulso de energia ligar completamente a máquina.

Um barulho forte deu início a uma luz cegante que deve ter iluminado todo o páis era minha deixa.

— VÁI! – Antes que pudesse largar o Mjolir, ele cai da minha mão que não existia mais.

Droga. Corri até a plataforma, e lancei um último olhar a Tony.

— Boa sorte. – ele desejou, todo emocionado de dedes cruzados.

Fechei os olhos, e passei da fenda.

(...)

A luz.

Era tarde.

Era como se eu estivesse morto. Como se eu não existisse. Como se eu nunca tivesse existido.

 Eu não sentia nada, apenas um vazio.

Meu vazio poderia ser preenchido com muitas coisas, que você só dá um real valor quando as perde.

Meus amigos. Thorunn, Howard, Elizabeth, Pietro, Francis... Saudade.

Minha mãe. Arrependimento, culpa, luto.

Meu pai. Remorso, orgulho.

Meus tios, Tony, Wanda, Clint... Felicidade...

A final, eu era só mais um garoto que nunca existiu.

 

Sharon tinha razão, pior sentença que a morte, era o esquecimento.

Nenhum deles sabe quem eu fui, porque nunca fui.

James Rogers Romanoff nunca existiu.

 

Se eu nunca existi, nunca fui ao passado.

Então se eu nunca fui ao passado, minha mãe estava viva.

Via ela todos os dias, alegre, feliz, casada com meu pai.

E meu pai... Ele sempre dizia que faltava algo em suas vidas, mas não era possível, porque eu nunca existi.

Tinha vontade de gritar, faze-los perceber que eu estava ali, vendo as pessoas que eu amo me esquecerem.

O vendo voa, leva tudo que James foi, pois naquele dia, o garoto que deixou de ser loiro, nunca conseguiu voltar para o futuro, que seguiu sem ele.

Eu vi meus amigos casarem. Minha família morrer. Novas pessoas chegarem, e morrerem. Eu estava ali, onipresente, sem sentir.

 

Eu não sentia saudade. Não sentia remorso. Não sentia luto. Não sentia felicidade. Não sentia tristeza. Não sentia o vento em meu rosto.

Não sentia nada.

Afinal, eu era só mais um garoto que nunca existiu.

Eu sou James Rogers Romanoff, e nunca estive aqui. Se você se lembrar de mim, diga aos meus pais que eu os amo.

 

 

BÔNUS

Eu vi minha mãe lembrar de mim.

Um dia, minha mãe estava sozinha, observando os barcos no rio naquela tarde nublada e fria, mais um dia que eu não vivi.

Até que o vento voou, e levou tudo que restou de mim: uma foto.

Uma foto do garoto loiro sorridente que nunca existiu.

James. – Ela sorriu, e, novamente, a foto voou para o esquecimento.


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Notas finais do capítulo

Foi uma honra soldados!
Não deixem de comentar.
Tenho outras fics maravilhosas no meu perfil.



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