Quem tem medo destino? escrita por Morgana Lisbeth


Capítulo 36
Escolha seu sonho


Notas iniciais do capítulo

Meus queridos, como sempre, sinto aquela dorzinha no peito por estar concluindo uma fic que amei escrever. Sim, escrevo porque amo escrever! Especialmente, amo escrever sobre Ron e Mione. Espero que quem me acompanha em tempo real e também os que ainda vão chegar possam ser tocados ao menos um pouco pela emoção com a qual contei essa história! Obrigada pelas palavras, pelo carinho, pela companhia, pelo incentivo! Vocês, leitores, me fazem ainda mais feliz ♥



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Para ouvir antes, durante ou depois da leitura do capítulo:

Every little thing she does is magic

(The Police)

http://bit.ly/2DJ7apd

 

 



"O medo sempre me guiou para o que eu quero. E porque eu quero, temo. Muitas vezes foi o medo que me tomou pela mão e me levou. O medo me leva ao perigo. E tudo o que eu amo é arriscado".
(Clarice Lispector)

 

 

 

 

 Estava de volta àquele quarto aconchegante de cores claras. Acordou serena, com o coração feliz, e não sabia explicar o porquê. Olhou para o lado direito da cama. Ele não estava mais lá. Por onde andaria?

Sentou-se na cama, que ainda trazia o perfume dele. Uma brisa suave entrava pela janela entreaberta. Foi até lá e teve uma maravilhosa visão.

A janela dava para um quintal de grama verde e canteiros de flores coloridas. No centro, uma frondosa árvore na qual estava presa uma cadeira de balanço.

Ouviu uma gostosa gargalhada. Uma menina ruivinha, que devia ter cerca de quatro anos, se balançava na cadeira. Chega correndo um menininho, também ruivo. Parecia ter no máximo dois anos e grita com sua voz infantil: “Papá num me pega”.

Atrás do garotinho segue um homem ruivo que logo o alcança para em seguida erguê-lo acima do ombro. Os dois rodopiam e dão gargalhadas. Ela ri feliz assistindo toda aquela cena.

 

 

Hermione acorda com um sorriso no rosto. Nunca vira aquelas crianças ruivinhas antes, mas intuía quem eram. Conhecia perfeitamente bem, no entanto, o homem ruivo. Era o seu ruivo, aquele que povoava todos os seus sonhos.

Após derramar doloridas lágrimas e lamentar profundamente ter recusado o beijo pelo qual tanto ansiava, ela tinha aquele sonho. Parecia uma profecia, mas dessa vez não era algo externo a ela, mas que vinha do coração.

Entendeu que não existiam muitos caminhos a escolher. Havia apenas um, aquele que ela e Ron trilhavam juntos desde os 11 anos, mesmo antes de descobrir que eram destinados um ao outro.

Lembrou-se de um provérbio chinês sempre citado por sua avó: “Às vezes encontramos nosso destino no caminho que tomamos para evitá-lo”. Não tinha mais como fugir. Se o destino apontava em direção ao ruivo pelo qual sempre fora apaixonada, o melhor era enfrentá-lo. Até porque no fundo sabia que qualquer atalho ou rota de fuga desembocaria naquele caminho.

Já havia passado mais de duas semanas desde o encontro em Paris e ainda não tinha qualquer notícia de Ron. Pensara várias vezes em mandar alguma coruja para o rapaz. Mas como fazer isso se ele estava incomunicável numa missão na floresta? Só restava esperar que o bruxo fizesse contato.

Por determinação do Ministro da Magia, a prisão dos cinco bruxos — também Raziel, irmão de Sarabeth havia sido encarcerado após a sua comprovada participação no episódio — e a profecia tornam-se assuntos proibidos nos corredores daquela instituição. Claro que Hermione ouviu cochichos e risinhos abafados em seu retorno ao trabalho, mas ao menos não foi abordada diretamente. Assim sua rotina finalmente chegava à normalidade. Tudo seria perfeito de estivesse junto com certo ruivo...

Durante esses dias de espera, Hermione teve algumas oportunidades de estar com Harry e Gina. Havia combinada de passar na casa dos Potter na manhã de sábado para conversar com a amiga. De lá seguiria até um shopping trouxa para almoçar e fazer compras com a mãe. Quando chegou à residência número 12 do Largo Grimmauld, teve uma inesperada notícia.

— Mione, estava esperando por você para ir comigo ao St. Mungus. O bebê de Jorge e Angelina nasceu hoje de manhã – Gina anunciou.

— Sério?! Parabéns, Gina! Deve ser tão emocionante ganhar um sobrinho. Jorge merece recomeçar a vida, ter uma família...  – Hermione estava contente com aquela notícia.

— Vamos até lá?  Harry está trabalhando e Jorge e Angelina com certeza vão ficar felizes com sua visita – Gina insistiu, provavelmente esperando alguma resistência da garota.

— Tudo bem, eu vou com você. Ron não fez contato, não é? Ele nem deve saber que acabou de ganhar mais um sobrinho.... – ela já não escondia mais o quanto estava ansiosa para se encontrar com seu ruivinho.

— Ontem à noite falei com mamãe e ela se queixou que Ron não tinha dado notícias. Você está preocupada com ele, não é? – Gina a encarou com seriedade.

— Sim, estou preocupada com ele sim. Ron falou ficaria menos de 10 dias na missão e já se passaram 17 dias... – Hermione sentia-se aflita com aquela demora.

— Essas missões costumam demorar mesmo. Vai dar tudo certo. Ele também deve estar ansioso para encontrar com você – a jovem sra. Potter deu um sorrisinho maroto.

— Acho que está chateado comigo. Quando ele estava se despedindo de mim na casa da vovó, em Paris, tentou me beijar na boca e eu não deixei – ela confessou levemente constrangida.

— O quê?! Você surtou? – a ruiva arregalou os olhos.

— Não me censure sem saber de todos os detalhes. Eu pedi um tempo para pensar. Ele tinha que respeitar isso – Hermione lamentou. – Mas confesso que me arrependi de ter recusado o beijo.

— Fique calma. Vocês ainda terão muitas oportunidades de se beijar. Agora vamos para o hospital – Gina puxou a amiga pelo braço.

Habilitada com carteira de motorista desde os 18 anos, Hermione ganhara um carro dos pais. Foram ao hospital naquele veículo trouxa e, enquanto a garota estacionava, Gina adiantou-se para anunciar a chegada das duas. Quando voltaram a se encontrar no saguão, a ruiva informou que precisava dar um pulo em casa. “Esqueci meu presente”, justificou. “Por que não deixa para entregar depois? Eu também não trouxe presente para o bebê”.

Gina argumentou que o presente dela só podia ser entregue naquele dia. “Desaparato e aparato novamente aqui em 10 minutos. Espere por mim no quarto 2, onde Angelina e o bebê estão internados, que chego logo”, falou com velocidade antes de virar-se sobre os calcanhares.

Ao abrir a porta, Hermione viu a sua maior expectativa se materializar. Havia outra pessoa com a cabeleira vermelha no quarto, além do mais jovem pai da família Weasley. Era Ron conhecendo o novo sobrinho. Enquanto pensava em qual atitude tomar, foi avistada por Jorge.

— Mione! Que bom que você veio – o novo papai, em pé ao lado da cama de Angelina, saudou-a com entusiasmo.

No mesmo instante, Ron, que estava de costas, virou-se para ela. O ruivo carregava nos braços, enrolado em uma manta azul, o sobrinho recém-nascido. A garota sentiu as maçãs do rosto queimarem e ficou congelada por um segundo quando seus olhos cruzaram com os do rapaz. Uma parte dela permaneceu paralisada por aquele inesperado encontro, sem saber o que fazer ou quais palavras usar. Ainda assim, não resistiu ao impulso que a fez aproximar-se para ver o bebê. Ficou encantada com criaturinha tão delicada.

— Ele é lindo. Muito lindo mesmo – exclamou contemplando o recém-nascido.

— Obrigada, Mione. Assim você me deixa encabulado – o auror falou divertido.

— Ron! Você sabe que estou falando do bebê – ela sentiu as faces ainda mais quentes.

— É a minha cara, eu sei. Bonito como o tio – o ruivo deu aquele irresistível sorriso torto.

— Alto lá! Ele parece comigo, graças a Merlin. Um pouquinho com Fred também, tenho que admitir – protestou Jorge.

Ela aproveitou aquele momento de confronto entre os irmãos para saudar Angelina, que estava sentada na cama hospitalar.

— Você não quer segurar Fred II, Mione? – a morena, que trazia um semblante cansado e sereno, perguntou.

— Acho melhor não, vou ficar toda atrapalhada. Eu segurei poucos bebês durante toda a minha vida. E nenhum era tão pequeno assim... – Hermione justificou-se meio sem graça.

— Mas não é bom ir treinando? Logo você vai ter que segurar seu próprio bebê. E Ron, definitivamente, não leva o menor jeito – Jorge tinha um sorriso malicioso no rosto e correu os olhos da direção dela para a do irmão, que parecia distraído contemplando o sobrinho.

— Eu tenho muito jeito sim! Olha como Fredinho está feliz no meu colo – Ron protestou, mostrando que acompanhava com atenção a conversa.

 O rosto de Hermione ficou escarlate. Ela não sabia o quê responder. Jorge interveio. “Garanto que Mione tem mais jeito que você. Fred II está torto no seu colo”.

— Pode estar um pouco torto, mas está feliz. Ele chorou foi no seu colo – o rapaz não se deu por satisfeito.

— Chorou porque estava com fome – Jorge respondeu. – Meu filho só não caiu do seu colo por que está cercado por um feitiço protetor que lancei.

— Rapazes! Vamos parar com isso – Angelina interferiu na discussão. - Vocês dois têm muito jeito com bebês. Sou uma mulher de sorte. E você também, Mione!

Para alívio da garota, que não tinha como ficar mais vermelha, Ron continuava com os olhos fixos no sobrinho. “Ele dormiu. Posso colocá-lo no berço?”, ele perguntou para a cunhada, que respondeu afirmativamente.

Depois de deitar, com todo cuidado, Fred II no bercinho ao lado da cama, Ron sentou-se no sofá que ficava no quarto. Foi a oportunidade perfeita para Hermione engatar um bate-papo com Angelina e Jorge, perguntando sobre o bebê.

Durante toda a conversa, Ron ficou quieto. Mas o silêncio tornou-se cada vez mais inibidor, uma vez que o rapaz a encarava sem tréguas.

Estava em dúvida se devia esperar por Gina quando a ruiva colocou a cabeça na porta. “Com licença! Esse é o quarto do bebê mais lindo da maternidade?”, ela perguntou.

— Irmãzinha! Que bom que chegou! Venha conhecer Fred II – Jorge mais uma vez mostrou todo seu entusiasmo. – Só não faça muito barulho porque só são permitidos dois visitantes por vez no quarto.

— Não se preocupem com isso. Eu preciso ir agora. Parabéns pelo bebê. Ele é mesmo muito lindo – Hermione despediu-se dando beijos em Angelina e Jorge.

— Lamento que os dois precisem ir agora. Vejo você depois, Roniquinho – Hermione percebeu que Jorge estava empurrando o irmão.

— Sim, claro. Com certeza – ruivo deu um beijinho na testa da cunhada e outro no pezinho do recém-nascido.

No momento em que Ron abraçou Jorge, o irmão aproveitou para dizer em alta voz: “Juízo, Roniquinho! Menos juízo, Mionizinha! Já são grandinhos o suficiente para resolverem a vida sentimental de vocês”.

Quando ganharam os corredores da maternidade, Ron tratou de quebrar logo o silêncio: “Fiquei surpreso de ver você aqui. Acabei de chegar a Londres e, quando mamãe contou que meu sobrinho tinha nascido, vim direto para o hospital”.

— Também fiquei surpresa em encontrar com você. Não sabia que estava em Londres. Pensei que me avisaria quando chegasse...  – ela deixou escapar um tom de queixa.

— Você não ficou muito feliz quando eu te procurei em Paris. Então achei melhor deixar tudo acontecer naturalmente. Cedo ou tarde você saberia que eu já estava por aqui – Ron parecia um pouco desanimado. 

— Estava preocupada... Você disse que a missão duraria pouco mais de uma semana e ficou quase 20 dias sem fazer qualquer contato. Eu sempre perguntava para Harry se tinha notícias suas, cheguei a falar com Carlinhos pela Rede de Pó de Flu.... – Hermione já não tinha mais medo de deixar-se conduzir pelo grande amor que sentia por aquele ruivo.

— Não queria te deixar preocupada. Só não imaginei que ainda se importava tanto assim comigo – aquele olhar intenso sempre a surpreendia.

Os dois haviam chegado ao saguão do St. Mungus. Hermione sentiu que, de alguma forma, precisava esclarecer todo aquele mal-entendido e encheu-se de coragem.

— Ron, eu acho que você não compreendeu muito bem a minha reação quando me procurou em Paris. Não é verdade que não fiquei feliz com sua visita. Eu ainda não estava preparada para conversar com você sobre tudo que aconteceu – ela admitiu.

— E agora está preparada? – ao ver a jovem manear a cabeça afirmativamente, ele prosseguiu: – Eu posso te acompanhar até a sua casa?

— Eu não estou indo para casa. – e, diante do olhar inquieto do rapaz, completou: – Combinei de encontrar com mamãe no shopping. Vamos almoçar juntas.

— Que pena... Quer dizer, é legal você estar indo encontrar com sua mãe, mas é que eu queria conversar – Ron falou de forma suave, talvez temendo assustá-la com aquela proposta.

— Também quero conversar com você. Aliás, eu acho que a gente precisa conversar – ela foi enfática.

— Sério? Bem, eu não quero te pressionar, mas... Quando pode ser? Amanhã? – ele não conseguiu esconder a expectativa.

— Pode ser hoje à noite. Lá em casa. Venha jantar comigo – Hermione convidou tímida.

— Hoje? Você me surpreendeu mais uma vez. Imaginei que só iria aceitar conversar comigo daqui a um mês – Ron abriu um sorriso.

— Você não pode hoje? Quer marcar para outro dia? – ela perguntou desapontada.

— Não! Hoje está ótimo. Que horas? – o ruivo já não conseguia evitar o sorriso bobo no rosto.

— Dezenove horas. Pode ser? Só mais um detalhe. Você precisa ir de terno. Use aquele do casamento do Harry e Gina – o tom de voz da garota era solene, mesmo se as faces levemente vermelhas denunciassem o constrangimento.

— Jantar de gala? Será uma honra – o rapaz sorriu e fez uma reverência para a menina.

— Meu carro está estacionado aqui, Ron – disse uma Hermione sorridente enquanto retirava a chave da bolsa.

— Queria me oferecer para te acompanhar até o shopping. Esqueci que você agora dirige essa máquina trouxa. Eu ainda prefiro a vassoura – ele falou de forma descontraída.

— Sei disso. Mas acho que devia aprender a dirigir um carro trouxa – sugeriu.

— Quem sabe um dia – Ron sorriu. – Até de noite, então.

— Até à noite. Espero por você às 19 horas – ela sorriu tímida enquanto entrava no carro.

Estacionou o carro no shopping e abriu a bolsa para alcançar aquela carta que guardava há 15 dias. Havia escrito a mensagem na França, assim que entendeu o que devia fazer. O pergaminho não saíra de suas mãos, mas mesmo assim alcançara o objetivo. Releu mais uma vez o texto endereçado a um destinatário ainda desconhecido:

 

Oi para você que ainda não conheço e nem tenho certeza se vai existir algum dia. Mesmo sem saber, já temo por você...

Pensar na sua possível existência que, por causa de uma profecia, já vem sendo ameaçada, me assusta e me alegra ao mesmo tempo. Como posso explicar?

Sou apaixonada por aquele que será o seu pai, caso você venha a existir. Sim, amo esse bruxo de sorriso feliz e aberto, olhos de profundo azul, pele enfeitada de sardas e lindos cabelos cor de fogo. Amo, principalmente, aquele coração generoso, capaz de gestos de grande coragem, que bate pelo meu...

Sinto-me alegre porque a sua possível existência confirma que vou realizar meu sonho de construir uma família com seu pai.

Ainda estamos separados e eu queria tanto voltar para os braços fortes e calorosos dele...

Mas como seguir esse destino que pode colocar em risco a sua vida, uma vida tão indefesa e inocente? Desse questionamento vem todo susto e medo que experimento.

Mas se nego esse destino ao lado daquele que amo, não estarei cometendo o pior crime: o de impedir você de nascer? Tenho por acaso o direito de fazer isso? Acho que só tenho o direito e o dever de defender você.

Estou lutando há dias com esse dilema. E agora, que encontrei a resposta, meu coração ficou em paz. Preciso apenas saber qual é a decisão do seu pai. Eu, da minha parte, estou disposta a deixar todo meu medo de lado e arriscar tudo por nossa família.

Com amor,

Sua futura mãe

 

 

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Notas finais do capítulo

Aproveito para compartilhar com vocês uma alegria. A minha série "Entrelinhas", baseada nos missings moments de Ron e Hermione, foi citada em artigo do blog da Mundo Estranho, disponível no link:

https://mundoestranho.abril.com.br/blog/turma-do-fundao/5-fanfics-para-matar-a-saudade-de-harry-potter/



Agora sim, as notas finais! Temos apenas mais dois capítulos pela frente (snif!). Eu não podia deixar essa história terminar sem garantir uma participação especial do Jorge e aqui esteve ele, junto com sua amada Angelina e o primeiro filho, Fred II. Bem, só nos resta esperar por esse jantar de gala (!) que promete. Ou será que algo sairá errado? PeloamordeMerlin! Vamos cruzar os dedos por que tem que ser “agora ou nunca”, né, colegas? Beijins



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