Quem tem medo destino? escrita por Morgana Lisbeth


Capítulo 31
Velhas amizades


Notas iniciais do capítulo

Oi, gente!

Os novos leitores estão chegando aos poucos e pensei em esperar mais por eles... Mas não consegui!

Acho que Ron e Mione já ficaram tempo demais distantes um do outro (hehehe). Tenho visto tantas cenas curiosas na minha bola de cristal que preciso compartilhar com os já estão por aqui, esperando um novo capítulo.

Boa leitura!




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Para ouvir antes, durante ou depois da leitura do capítulo:

The Scientist

(Coldplay)

http://bit.ly/2fA3WWF

“O amor nos condena:
demoras
mesmo quando chegas antes.
Porque não é no tempo que eu te espero.

Espero-te antes de haver vida
e és tu quem faz nascer os dias.”
(Mia Couto)

 

 

Despertou novamente sem saber onde estava. Assustou-se ao vislumbrar um rosto conhecido, que não via há pelo menos três anos, próximo ao dela.

— Madame Pomfrey! Quanto tempo... – Hermione saudou-a com a voz ainda fraca.

— Finalmente acordou! Achei que tinha exagerado na dose de poção que ministrei – a voz da medibruxa estava mais rouca do que se lembrava. - Ainda está sentindo dor de cabeça?

— Não, estou bem. Mas o que houve comigo, afinal? – a menina sentou-se na cama.

— Isso é relativamente comum de acontecer nos pacientes que são estuporados. Você bateu a cabeça num terreno cimentado. Poderia ter acontecido algo bem mais grave. Mas ficou com um grande galo, que já regrediu – Madame Pomfrey explicou.

— Obrigada por tudo, Madame Pomfrey – Hermione tinha grande admiração pela medibruxa que já curara tantas vezes ela e seus amigos.

— Estou cumprindo a minha missão de cuidar de bruxos. E por falar em bruxos, tem uma aqui que deseja muito lhe ver – ela anunciou e, ao olhar em direção da porta, a garota sentiu-se feliz.

— Isobel! Que fantástica surpresa! – Hermione sorriu e tentou levantar-se da cama para abraçar a velha amiga.

— Alto lá, mocinha. Você ficou muito tempo deitada, não pode levantar rápido assim – a medibruxa a repreendeu.

— Mas eu estou ótima, Madame Pomfrey – ela falou antes de dar um abraço apertado em Isobel.

— De fato você está bem, inclusive já estou lhe dando alta. Mas precisa ir com calma – Madame Pomfrey era conhecida pelo excessivo cuidado com os pacientes.

— Eu vim o mais rápido que consegui. Achei importante estar com você neste momento – a bruxa de olhos bondosos falou.

— Não precisava se preocupar. Como você mesma pôde ouvir Madame Pomfrey falar, não foi nada sério – a jovem tentou tranquilizá-la.

— Ronald me mandou uma coruja. Ele contou da prisão do casal de bruxos. É um momento crucial para a história de vocês dois e quis estar por perto – a professora de poções continuou.

— Como assim? A prisão de Mary Elizabeth e do marido dela não tem nada a ver comigo e Ron – a garota estava surpresa.

— Acha mesmo isso? Bem, talvez você e Ronald ainda tenham muito que conversar – Isobel deu um sorriso terno.

— Ora, ora, você e Ronald Weasley ainda não se casaram? – a medibruxa fez uma pergunta inesperada.

— Ainda não, Papoula. Mas agora não devem demorar a se casar – foi a resposta rápida de Isobel Fielding.

— Isobel, me desculpe, mas acho que apenas eu e Ron podemos dizer isso. Não acha? Mas espera aí! Vocês duas já se conheciam? – ela olhava as experientes bruxas com surpresa.

— Eu e Papoula somos amigas de longa data. Mesmo se nunca estudamos ou trabalhamos juntas, sempre nos encontramos em congressos bruxos – respondeu Isobel.

— Agora que está bem e em boa companhia, vou me despedir de vocês. Isobel, vá me visitar lá em casa para tomarmos um chá antes de deixar a Inglaterra – a medibruxa falou para a amiga.

— Sim, com certeza. Mando uma coruja para avisar quando irei à sua casa – Isobel respondeu.

— Cuide-se, Granger. Espero pelo seu convite de casamento – Madame Pomfrey abriu um sorriso.

Hermione limitou-se a sorrir. Seria muito demorado e desgastante explicar como ela e Ron haviam se distanciado nos dois últimos anos. Olhou para Isobel sem saber o que dizer. Aqueles três meses na Inglaterra haviam trazido mais dúvidas que respostas. De repente lembrou-se de seus pais e sentiu um aperto no coração.

— E meus pais? Preciso ir até a minha casa para saber como eles estão – comunicou à amiga.

— Conversei com Molly quando cheguei n’A Toca, há duas horas... Sua futura sogra é mesmo muito simpática! Bem, mas como eu dizia, conversei com Molly e ela me contou que Ronald ainda ontem foi falar com seus pais. Eles já sabem que está em segurança aqui – Isobel tinha a voz tranquila.

— Não é isso que me preocupa. Fui estuporada no quintal da minha casa. Os bruxos que fizeram isso podem voltar lá e atacar meus pais – ela estava aflita.

— Você está certa em se preocupar com a segurança deles. Mas Molly me informou que Ronald lançou feitiços protetores ao redor de sua casa. O seu ruivo pensou em tudo – o sorriso daquela idosa bruxa era simpático.

— Só não pensou em nós dois – a menina deixou escapar.

— Não mesmo? Acho que tudo que ele tem feito nos últimos meses é pensando em vocês dois – ela ponderou. – Mas vamos conversar sobre isso depois. Que tal se alimentar um pouco?

— Não estou com fome. Tive a impressão de ouvir Ron e Harry falando de um interrogatório no Ministério. Que horas são agora? Será que já terminou? – a cabeça de Hermione não doía mais, porém não parava de rodar ao sabor de muitos pensamentos.

— Bem, de fato os dois bruxos capturados estão sendo interrogados agora. Acredito que não tenha terminado porque ficaram de dar notícias para Molly – a bruxa consultou um relógio de bolso. – São onze horas. Você precisa comer alguma coisa.

Isobel não esperou Hermione negar alimento pela segunda vez. Com um floreio de varinha convocou a bandeja que Molly deixara pronta com chá, torradas, geleia de laranja e bolo de chocolate. Ao sentir o cheiro daquele lanche preparado com tanto carinho, a garota se deu conta que estava com fome.

Depois de lanchar, Hermione pôde conversar sem pressa com a amiga. Sempre confiara nela e sentiu-se à vontade para contar em detalhes tudo que aconteceu desde que chegou a Londres, sem ocultar nem mesmo os beijos apaixonados trocados com Ron no restaurante.

— Hermione, estou tão curiosa como você para saber por que e por quem você foi estuporada e presa. Não resta dúvida que Mary Elizabeth e o marido são cúmplices dessa pessoa – a professora deduziu.

Conversaram um pouco mais e Isobel anunciou que iria ao Beco Diagonal. “Preciso comprar alguns itens mágicos e lá encontro produtos e promoções excelentes. Volto antes do fim da tarde”, ela informou.

Quando a amiga saiu, Hermione ficou um pouco na companhia de Molly. A matriarca dos Weasley não fez muitas perguntas. Ron, provavelmente, já tinha respondido todas as dúvidas da mãe. Ela só quis saber se a garota estava se sentindo bem, se a cabeça ainda doía e se queria comer algo a mais antes do horário do almoço.

— Molly, agradeço a sua hospitalidade e atenção. Sou muito grata por tudo que fez por mim. Mas o que preciso agora é ir para casa e ver meus pais – ela continuava preocupada.

— Desculpe-me, Mione, mas recebi ordens expressas do chefe dos aurores para não deixá-la sair daqui. Dois bruxos foram capturados, mas pelo menos um outro está rodando por aí, ainda não foi localizado – ela argumentou.

— Mas se é perigoso para mim, que sou uma bruxa, imagina para os meus pais... – a jovem rebateu.

— Foram lançados poderosos feitiços protetores ao redor de sua casa e seus pais receberam a orientação para não sair. Aguarde mais um pouco. O interrogatório deve estar terminando e logo Ron e Harry estarão por aqui – Molly olhava para a garota com um jeito terno.

A jovem bruxa viu que seria inútil argumentar. Tentou agir racionalmente. Com certeza, a sua casa estava bem protegida. O melhor a fazer era esperar pelos dois amigos aurores e saber como tinha sido o interrogatório. O problema é que eles estavam demorando muito!

 

 

 

* * * * * * * * * * *

 

 

 

Por volta das 14 horas, Molly chamou-a para almoçar. “Recebi uma coruja de Ron e ele disse que devem comer nos arredores do Ministério”, a senhora informou.

Hermione não tinha fome e comeu muito pouco. Com a desculpa de que se sentia um pouco cansada, recolheu-se ao quarto de Gina. A cunhada com certeza já estaria n’A Toca se naquele dia não participasse de um jogo pelo Campeonato Regional de Quadribol.

Inesperadamente, o coração da menina foi tomado por uma grande aflição. Não podia esperar mais! Tinha que falar com seus pais. Usou o batom que enfeitiçara para funcionar como telefone e ligou para o número fixo de sua casa. A mãe atendeu e Hermione percebeu certa tensão na voz dela.

— Sim, agora está tudo bem, filha. Queria mesmo conversar com você, saber como está. Ronald veio aqui ontem à noite e explicou que você tinha torcido o pé na saída do aniversário do seu chefe e acharam melhor que ficasse n’A Toca. Só não entendi muito bem quando falou que uns bruxos suspeitos andaram rondando nosso bairro e por isso precisava lançar feitiços protetores ao redor de nossa casa. Também pediu para eu e seu pai não sairmos hoje. Disse para aguardarmos por ele, que deve voltar até o fim do dia para desfazer esses tais feitiços – a sra. Granger disparava, deixando a filha tonta.

— Certo, mãe. Eu estou ótima, meu pé nem está doendo mais. Fui muito bem cuidada aqui. Faça como o Ron disse. Hoje é sábado, não precisa ir ao consultório, e depois, você e papai gostam mesmo de ficar em casa lendo bons livros e assistindo bons filmes – a filha tentou convencer a si mesma.

— Claro, sem problemas quanto a isso. Eu só queria falar com Ronald para avisá-lo que tem uma senhora muito estranha, com um vestido preto na altura da canela, circulando aqui pela rua. Ela fica olhando na direção da nossa casa – Jean Mary não parecia nervosa, mas sim surpresa.

— Mãe, não se preocupe. Sempre tivemos alguns vizinhos um tanto estranhos mesmo. Deve ser uma nova moradora do bairro. De qualquer forma, vou informar Ron sobre isso – Hermione procurou disfarçar o pânico que sentia.

Quando colocou a tampa no batom, que enfeitiçara com tanta eficiência, Hermione estava decidida. Escreveu rapidamente um bilhete para Molly e desaparatou d’A Toca. Cuidar da segurança dos pais era uma responsabilidade dela!

 

 

 

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* * * * * * * * * * * * *

 

 

 

Ao aparatar em frente à casa moderna e clara, que tinha um belo jardim, logo avistou a mulher de quem a mãe falara. Um pouco acima do peso, com cabelo acaju, ela usava um vestido negro de mangas compridas. Sem dúvida alguma era uma bruxa e estava na sua calçada! Não pensou duas vezes e, aproveitando que ela se encontrava de costas, imobilizou-a com um feitiço.

Enquanto se aproximava da feiticeira, vislumbrou luzes esverdeadas e ouviu sons de feitiços sendo disparados, seguidos de um baque forte. Ao virar-se para trás, viu um bruxo magro e comprido estuporado ao chão. Um pouco adiante, ainda com a varinha empunhada na mão, estava Ronald Weasley.

— Ron? O que está fazendo aqui? – Hermione não esperava ver o ruivo tão cedo.

— Eu é que pergunto o que você está fazendo aqui. Deveria ter ficado n’A Toca, em segurança – o olhar dele era severo.

— E deixar meus pais correndo risco? Esses dois bruxos logo encontrariam algum contrafeitiço capaz de acabar com a proteção lançada na casa – a menina argumentou.

— Sem chances disso acontecer, Hermione. Lancei mais de dez diferentes feitiços. Um deles é uma espécie de alarme que soa direto no Departamento de Aurores quando tentam usar a varinha por aqui. Além do mais, a casa estava sendo vigiada por um auror e já sabíamos da presença de dois bruxos suspeitos – Ron ainda tinha a fisionomia muito séria.

— Se você tivesse me contado todo esse plano mirabolante antes, seria bem melhor, não acha? Mas prefere me tratar como uma trouxa indefesa – foi a vez dela se zangar.

— Claro que não é assim, Mione. Por acaso esqueceu que foi estuporada há menos de 24 horas e sofreu uma pancada forte na cabeça? Você precisava se recuperar – ele explicou.

— Madame Pomfrey já me deu alta. Eu estou ótima – a jovem contrapôs.

— Fico muito feliz em saber disso. Mas, da próxima vez que resolver enfrentar algum bruxo, venha ao menos acompanhada. Um auror sempre tem uma dupla, alguém para fazer a retaguarda no caso de um contra-ataque – ele explicou.

— Mas você está sozinho! – Hermione nunca gostara de ter suas decisões confrontadas.

— Não estou não – Ron respondeu.

Foi então que a garota ouviu uma voz feminina com um sotaque diferente. “Olá, Hermione. Lembra de mim? Sou Marian Kolosi”, a loura alta e de belos olhos azuis dirigiu-se a ela.

— Oi. Você e Ron... er... estão juntos? – Hermione pensou que preferia receber uma Cruciatus ao ver novamente o rapaz ao lado daquela sedutora auror.

— Nós formamos uma dupla e sempre trabalhamos juntos – ela sorriu antes de se dirigir ao rapaz.  – Vamos estuporar também a bruxa?

— Sim, melhor deixá-la inconsciente. Agora precisamos amarrá-los e acionar o Departamento dos Aurores – os dois executavam essas tarefas com rapidez e eficiência, mostrando uma grande sintonia entre eles.

Hermione sentia-se estranha e vazia. Se não fosse a presença dos dois bruxos estuporados e amarrados numa árvore no seu jardim, não se lembraria do perigo que enfrentara há pouco. O seu pavor agora era bem maior. Sentia um terrível medo de perder Ron para sempre.

Observando, em silêncio, o ruivo e a loura desfazerem o escudo de magia ao redor da casa, seus pensamentos oscilavam entre o ciúme e a raiva. Ron devia ter voltado para Marian. Não restava dúvida! Só isso explicava o fato do rapaz nunca falar sobre o sentimento que tinha por ela. Mas, que ódio! Por que ele a beijara durante o jantar? E duas vezes?!

Perdida nesses pensamentos, demorou a escutar Ron chamá-la pelo nome. “Imagino que queira ficar com seus pais. Sugiro que lance alguns feitiços protetores assim que entrar. Podem ser que esses dois tenham outros cúmplices”, o rapaz sugeriu.

Ela maneou a cabeça em concordância e se dirigiu à porta da casa. “Tudo bem. Vou ver meus pais”, as palavras pareciam fugir da mente da inteligente bruxa.

— Ficaremos aqui fora aguardando a chegada dos outros aurores. Procuro depois por você para a gente conversar, tudo bem? – Ron a olhava com atenção.

— Não, não precisa. Quer dizer... Qualquer coisa, me manda uma coruja. Eu tenho que entrar – ela estava realmente perturbada ao ver Ron ao lado daquela bruxa exuberante.

— Se tiver algum problema, entre em contato que chegaremos imediatamente – foi a vez de Marian falar.

Hermione ficou quieta. Não gostava de imaginar os dois juntos como dupla numa missão, quanto mais como namorados. Um nó formou-se em sua garganta e, ao bater a porta da casa, pesadas lágrimas caíram de seus olhos.

A sra. Granger, que estava assistindo um filme e não havia notado todo o movimento externo, ficou surpresa ao ver a filha chorando. “Não se preocupa, mãe. São apenas os problemas de sempre com Ron. Mas vou superar”, disfarçou.

Ela acreditou que passaria horas tranquilas ao lado dos pais, mas muitas surpresas aguardam pela garota naquela tarde fria. Em menos de meia hora, a campainha tocou. Não esperavam por visitante algum. Quem estaria à porta?

 

 

 

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Notas finais do capítulo

Voltei!

Sei que estou sendo repetitiva, mas não posso deixar de pedir (mais) comentários (~blush~)! O fim se aproxima – são mais sete capítulos! – e preciso de uma inspiração especial para tudo ser concluído de forma mágica!

Se preferir, pode me mandar uma mensagem pelo e-mail: morganalisbetth@gmail.com



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