Quem tem medo destino? escrita por Morgana Lisbeth


Capítulo 28
Jantar (um pouco) romântico


Notas iniciais do capítulo

Oi!

A partir de agora, a história será centrada no presente. Concluímos os flashbacks relacionados à Hermione e assim vocês puderam acompanhar as três vezes nas quais ela e Ron iniciaram e concluíram o namoro, além de entender um pouco mais como foi o relacionamento dos dois.

Chegamos então à reta final da história. Além desse, teremos mais 10 capítulos. A narrativa pede velocidade e por isso gostaria de atualizar com maior freqüência. No entanto, como os leitores estão demorando a chegar, talvez continue postando um capítulo por semana. Vamos ver... Até as notas finais!



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Para ouvir antes, durante ou depois da leitura do capítulo:

The Silence

(Alexandra Burke)

http://bit.ly/2frEZg8

 


“Não dês valor maior ao meu silêncio;
E se leres recados numa folha branca,
Não creias também: é preciso encostar
Teus lábios nos meus para ouvir”.

(Lya Luft)

 

 

— Hermione, que local fantástico! Tem algo tão especial que nem sei dizer... E você está linda, mais linda do que nunca. Esse perfume... É aquele perfume que te dei no seu aniversário de 16 anos? – impossível não notar o encantamento de Ron. 

— Ah, sim. Eu gosto muito desse perfume – ela estava constrangida. 

— É o meu preferido. Combina tanto com você. Marcante e delicado ao mesmo tempo... Também gostei muito do seu batom. Que cor é essa? – ele olhava fixamente para os lábios de Hermione.

— Er... é cor cereja, eu acho. Foi o primeiro que encontrei – a garota tentou desconversar. 

— Sabe, Mione, acho que nos arriscamos muito. Mas agora que estamos aqui, eu não trocaria esse lugar e esse momento por nada desse mundo – Ron tinha a voz mais suave e não desprendia os olhos dos olhos dela.

— Que bom. Acho que temos assunto para muita conversa – Hermione não perdeu a oportunidade de atingir seu objetivo. 

— Sempre. Mas você quer conversar sobre algo em particular? – ele também foi assertivo. 

A bruxa respirou fundo. Ron tinha razão. Os dois estavam se arriscando muito e ela era a responsável por isso. Tinha pedido ao rapaz para se encontrarem em um restaurante diferente da tradicional cantina. “Se a gente tiver esse momento, vou conseguir aceitar melhor a sua partida de Londres. Eu vou escolher o lugar. Mas fica tranquilo que vai ser um ambiente pouco movimentado e seguro”, Hermione garantiu.

Reservou uma mesa para dois num restaurante conhecido por ser um dos mais aconchegantes e românticos da capital inglesa. As mesas ficavam distantes umas das outras, tinham apenas duas cadeiras e eram iluminadas por um candelabro. O aroma e a música ambiente contribuíam ainda mais para dar aquela atmosfera especial ao lugar. Sem falar que era frequentado apenas por casais apaixonados.

Ela sabia que Ron era muito passional e sensível aos sentidos, ligado ao olfato, ao paladar, à audição, à visão... Se todo aquele ambiente tão cheio de estímulos não o incentivasse a declarar o seu amor, tudo que restava era desistir de vez do seu lindo ruivinho.

— Faz quase seis meses que eu te procurei na Romênia e eu quero...  Ou melhor, eu preciso saber. O que você sente por mim? – ela teve a coragem de fazer o questionamento mais difícil.

— Essa é a única pergunta que não posso responder. Podemos conversar sobre qualquer coisa, menos desse assunto – as orelhas dele ficaram vermelhas.

— Nós não podemos ou você não quer? – mais uma vez, a garota foi firme. – Já pensou que você está agindo como um covarde, sem coragem de assumir um sentimento? Seja ele qual for. 

— Não é isso. Infelizmente, nem tudo é do jeito e no momento que a gente quer – Ron estava visivelmente constrangido. 

Abatida, Hermione abaixou os olhos. Por que tudo entre eles sempre era difícil assim? Parecia existir um abismo intransponível separando os dois. “De repente você ficou tão séria, Mione. Está triste por eu não poder falar desse assunto, não é?”, ele perguntou. 

— É mais do que isso, Ron. Tenho pensando em nós dois, em quanto nos distanciamos nesses dois anos. A distância parece tão grande que mesmo que a gente queira - e muito - acho que nunca mais vamos conseguir nos reaproximar. E o pior é que não sei se você quer se reaproximar, pelo menos com a mesma intensidade que eu – as palavras adiadas finalmente eram ditas. 

— Mione, se eu não quisesse, a gente não estaria se encontrando, não é? – o bruxo a encarava com intensidade. 

— Ron, você ficou mais de um mês na Inglaterra vivendo como outra pessoa e sem me contar nada! Se eu não tivesse te seguido, você continuaria com essa farsa – a garota repetiu a mesma queixa. 

— Sei que você não entende e aceita que as coisas tenham sido assim, mas foi o melhor para nós dois – ele ainda parecia aflito.

— Pode ter sido melhor enquanto você interpretou o personagem David Scott. Mas agora que é novamente apenas Ron e está voltando para Romênia, acho que devemos nos relacionar com mais naturalidade – ela revelava todo o desapontamento por ficar sempre tão distante do rapaz.

— O perigo ainda não passou, Hermione. Avancei muito menos do que gostaria na missão que vim cumprir aqui. Mas acredito que logo tudo vai mudar. É uma situação provisória – Ron mostrava um certo cansaço.

— Uma situação provisória que já dura tanto tempo?! – Hermione impacientou-se.

— O que são cinco meses, seis meses, quando já ficamos dois anos distantes um do outro? Você não consegue esperar um pouco mais para toda essa situação se resolver? Não consegue esperar por mim? – o olhar do rapaz era uma súplica. 

— Nunca reclamei de esperar. Lembra como demoramos a começar a namorar? A gente soube esperar um pelo outro. O problema é essa incerteza. Porque antes, de alguma forma, eu sabia que, cedo ou tarde, ficaríamos juntos. Mas agora, já não tenho certeza de nada. Mudei o rumo de minha vida mais uma vez para estar mais perto de você. Eu fico me perguntando se devia ter deixado o Canadá – a garota não conseguiu segurar o desabafo. 

— Claro que devia. Você fez a melhor coisa que podia. Como vim passar esse período na Inglaterra, ficamos mais perto um do outro e... – Ron falava sem pensar muito.

— Ficamos mais perto?! Não pode estar falando sério! Você foi, literalmente, uma outra pessoa no Ministério e nos encontramos apenas nos últimos 20 dias, depois que descobri a verdadeira identidade de David Scott. Mesmo assim, nossos encontros aconteciam uma vez por semana, não mais que meia hora. E para piorar, você não fala dos seus sentimentos, Ron – ela impacientou-se ainda mais. 

— Queria falar tanta coisa para você, tanta coisa mesmo... Mas não é tempo certo de falar nada disso porque... – o rapaz hesitou como quem vai fazer uma grande revelação. 

— Já pensou que eu posso cansar de te esperar? – Hermione percebeu que o ruivo se abateu com a pergunta.

— Sim. Eu sempre penso. Mas ao mesmo tempo tenho esperança que isso não vai acontecer. Mione, seu sei que é difícil, mas só te peço um pouco mais de paciência porque falta pouco, eu sinto que falta pouco. Se não eu mesmo não vou suportar. Você não imagina como é torturante ver você assim tão linda e ter que ficar distante – Ron aproximou-se da menina e os braços deles se tocaram por cima da mesa.

Desde o último e grave ataque sofrido pelo bruxo haviam tido muito pouco contato físico. Sempre se saudavam com um sorriso e, no máximo, um solene aperto de mão. Mas naquela noite havia uma atmosfera diferente. Mesmo se a conversa estava sendo exigente, já que Hermione se mostrava disposta a não dar trégua enquanto Ron não falasse dos sentimentos, eles não conseguiam desprender o olhar um do outro, pareciam magnetizados.

Aqueles olhares intensos não eram uma completa novidade. A bruxa tinha a impressão, sempre que os olhos de Ron se fixavam demoradamente nos dela, que o rapaz ainda a amava. Mal baixava a guarda, o ruivo voltava a armar-se novamente, como quem luta para não revelar um sentimento, e desviava o rumo do olhar e da conversa. 

Por isso a garota se surpreendeu com aquele gesto tão característico do tempo em que namoravam. Ron afastou uma mecha de cabelo do rosto de Hermione, colocando-o atrás da orelha dela. Esperou alguns segundos, talvez tentando avaliar a reação da menina. Em seguida, com as palmas da mão, fez um suave carinho no rosto da jovem bruxa.

Assim como Bichento que, seguindo as características dos gatos, abandonava-se a um afago, ela estava completamente entregue àquele carinho tão singelo. Respirou fundo, tentando uma reação. O máximo que conseguiu foi mirar com certo espanto o rapaz. Era impressão dela ou Ron tinha mesmo um olhar apaixonado?

O bruxo, talvez percebendo que a menina estava indefesa, continuou o seu “ataque”. Com o polegar direito, seguiu o contorno dos lábios de Hermione. Acordando de uma espécie de transe, ela reagiu. 

— Ron! O que está fazendo? – queixou-se. 

— Apenas um carinho – ele falou com simplicidade. 

— Mas você não faz questão de dizer que devemos ficar distantes – ela tentou ser firme, mas sua voz era titubeante. 

— É que você está muito bonita hoje, Hermione. Uma beleza realmente irresistível – aquele olhar e jeito de falar eram considerados perigosos pela bruxa. 

— Essa sua atitude não está sendo coerente com tudo que você me falou há pouco – Hermione lutou para parecer firme. 

— Sim, Mione, sua especialidade é essa. Você me faz contradizer a mim mesmo e me leva a cometer as maiores loucuras – o olhar dele suplicava e oferecia amor.

— Não estou entendendo o que quer dizer com isso – ela tremeu quando a mão direita do ex-namorado pousou em sua nuca.

— Por favor, não me questiona. Pelo menos não agora. Eu estou precisando muito disso – Ron falou antes de empurrar levemente a cabeça da menina em sua direção e aproximar seu rosto do dela. 

O beijo começou muito suave. Parecia que era a primeira vez que os lábios dos dois se encontravam. Mas logo a lembrança de tantos beijos já trocados fez com que aquele momento de carinho se intensificasse. Não sabiam mais dizer por quanto tempo suas bocas estavam presas uma a outra. Mas o tempo era o que menos importava. 

Quando finalmente tiveram coragem de se afastar – não se lembravam de quem tinha sido a inciativa de concluir o beijo -, ficaram longos segundos em silêncio. Hermione encarava o cálice de vinho na mesa e imaginava que Ron, provavelmente, ainda tinha os olhos cerrados. Com certa relutância, ela conseguiu levantar o semblante até se encontrar com aqueles orbes azuis que a encaravam com intensidade. 

— Mione... o que aconteceu? – ele falava com a voz mais rouca que o normal. – Beijar você sempre foi fantástico, mas dessa vez...  Foi a sensação mais maravilhosa que já experimentei. Estou nas nuvens...

A garota sentia-se confusa. O beijo, de fato, havia sido de tirar o fôlego, pleno de entrega. Mas ela sabia que, de certa forma, forçara aquela situação ao criar uma atmosfera romântica. Então experimentava um misto de culpa e desconfiança. Conhecia a sensibilidade de Ron aos estímulos externos, como perfumes, batons, roupas ou mesmo a um belo cenário. Por isso se perguntava se o ruivo fora levado apenas por esses impulsos e não pelo amor que tinha por ela. 

— Ron... Por que você fez isso? – começou com a voz muito baixa. – Assim eu fico atordoada...

— Hermione, me desculpa, eu... Você ficou muito chateada comigo? – o rapaz estava visivelmente embaraçado. 

— Não é isso, é que... Se o que sente por mim é apenas amizade, não pode me beijar assim. Mas se você gosta de mim de outra forma, precisa me dizer. Está me deixando confusa – a jovem bruxa dava a impressão de que o ar que respirava dependia da esperada declaração de amor. 

— Você não precisa ficar confusa não. Confia no que sentiu agora, nas sensações desse momento só nosso – o rapaz continuou a olhá-la daquele jeito apaixonado que sempre a encabulada. 

— Eu preciso de palavras, Ron, você sabe disso. Se não quer dizer o que sente, não devia ter me beijado – ela falou de modo enérgico. 

O semblante de apaixonado do rapaz se desfez momentaneamente. Desde que haviam se reencontrado, ele repetia o mesmo discurso. Estava envolvido em uma missão muito perigosa como auror, não queria que Hermione corresse riscos desnecessários, além daqueles que já enfrentava por ter estado na linha de frente da Batalha de Hogwarts. Mas se o ruivo pensava tudo isso, por que sempre a olhava com intensidade e – finalmente! – a beijara com tanta paixão? 

— É... Você tem razão. Não devia ter te beijado. É verdade que você hoje está ainda mais linda, esse seu perfume me tira do sério e o batom cereja faz a sua boca ficar irresistível... Mas nada justifica. Talvez eu deva pedir desculpas... Talvez... Por que... – Ron parecia hesitar. 

— Por que o quê? – Hermione tinha a necessidade de saber tudo o que ele sentia. 

— Porque eu experimentei uma sensação fabulosa, mágica mesmo, beijando você. Então eu não sei se peço desculpas ou peço outro beijo – ele revelou sem pensar muito.

Hermione tremulou por um momento. E o rapaz não perdeu tempo. Antes que pudesse questioná-lo ou, pior, brigar com ele, Ron manteve a boca da menina silenciada por um novo beijo. E, dessa vez, foi ainda mais demorado e apaixonado.

O ruivo não perderia tão fácil aquele sorriso feliz que estampava no rosto. Hermione, porém, mesmo se tinha amado ser beijada duas vezes seguidas por Ron, não estava satisfeita. Queria uma relação séria, para toda vida, e não aquele relacionamento confuso que estavam tendo nos últimos meses.

— Isso não é um jogo, não é uma brincadeira. Você não pode brincar assim com meus sentimentos. Já sabe o quanto gosto de você... – as faces de Hermione ficaram vermelhas. 

O rapaz arregalou os olhos muito azuis. Mirou a bruxa que estava com os braços cruzados e o rosto fechado. 

— Como pode dizer que estou brincando com seus sentimentos? Nunca fiz isso. Até porque o que sinto por você sempre foi muito intenso e verdadeiro. Se não fosse assim, eu não aceitaria voltar a me relacionar com você – Ron argumentou. 

— Então tome uma decisão. Se quer ser apenas meu amigo, tem que agir como tal. Agora se o que sente é mais forte que amizade, precisa assumir isso. Não pode fugir – ela impacientou-se, cansada de esperar uma atitude do bruxo. 

Ron a encarou de um jeito muito sério. As palavras dela, ao invés de motivar respostas, desencadearam uma avalanche de questionamentos, mostrando o quanto o rapaz também sentia-se inseguro do amor de Hermione.

— Também eu tenho minhas dúvidas sobre o sentimento que você tem por mim, sabe? Muitas vezes eu fico me perguntando se foi mesmo um feitiço que nos separou por tanto tempo – ele começou. 

— Não posso responder por você. Da minha parte, posso garantir que foi o feitiço sim – ela voltou a demonstrar firmeza.

— Sem o feitiço, nosso relacionamento seria diferente? Você teria mais paciência comigo? Suportaria mais os meus defeitos? O feitiço não pode ser uma desculpa para justificar nossos desentendimentos. Nem a falta do feitiço pode garantir que, daqui para frente, tudo vai dar certo. Não vai. Se não fizermos a nossa parte, vai ser ainda pior – Ron agora parecia disposto a falar. 

— Sou consciente dos meus defeitos e de todos os erros que cometi. Mas do meu jeito, impaciente, exigente, perfeccionista, sempre amei você. E tenho coragem de admitir isso. Mas você não fala. Tomou a iniciativa de me beijar, só que não fala dos seus sentimentos – Hermione não conseguia esconder a decepção com o rapaz. 

— O amor verdadeiro não se mostra com palavras e sim com fatos. Nesses anos que estou na Romênia, vi muitos exemplos de amor verdadeiro. Lembro-me da bruxa que enfrentou sozinha dois gigantes para defender os dois filhos. Quando chegamos à aldeia, ela estava praticamente morta, mas seus filhos não tinham sequer um arranhão. Não esqueço também do trouxa que, para salvar a namorada, se jogou na frente de um bruxo das trevas que lançava um feitiço. O amor é assim. Leva você a se sacrificar, querer o bem do outro por ele mesmo, não por qualquer benefício que possa te dar. Aceita a pessoa que ama como é, não fica idealizando, alimentando falsas esperanças de que ela vai mudar. Pelo contrário. Conhece essa pessoa profundamente, sabe de todos os seus defeitos e, ainda assim, a ama – Ron falava com a voz calma, mas as orelhas vermelhas denunciavam a emoção. 

— Concordo com você, Ron. E também faço meus questionamentos. Você me ama ou alguma vez já me amou?  Quem ama acredita no outro, não tem medo. E tenho a impressão que você não confia em mim. Além de guardar tantos segredos, parece duvidar do meu sentimento. Quando fui procurá-lo na Romênia, agiu de forma tão fria e mordaz, mostrou ressentimento, falta de confiança nas minhas palavras. O amor que se transforma em mágoa já foi algum dia amor? Eu, sinceramente, não sei – ela afirmou com tristeza, mostrando o seu maior temor. 

— Talvez eu tenha agido de forma muito infantil naquele momento. Sim, eu senti uma grande mágoa durante os dois anos que ficamos distantes. Era como uma ferida aberta, que nunca cicatrizava. Imagina o que é ter algo muito grande, todo seu coração, sua vida inteira, para oferecer ao outro e ser rejeitado. Acho que é impossível não ficar ao menos magoado. Mas, na maior parte do tempo, senti grande saudade, melancolia, uma tristeza sem fim por ter perdido você. E o pior é que não podia mais lutar por seu amor. Tinha acabado. Você não me queria mais – Hermione não podia negar que havia muita verdade nas palavras do rapaz. 

— O que fazemos então, Ron? Vamos continuar assim, nos encontrando às escondidas, apenas quando você achar conveniente, a vida toda? Estou cansada disso. Eu sei muito bem o que quero. Você é que parece não saber – a garota tinha a voz mais aguda e as maçãs do rosto vermelhas. 

— Eu também sei o que quero. Mas existe um abismo separando o que quero daquilo que posso fazer – o semblante do rapaz era triste. 

— Chega para mim! Agora eu é que vou impor as minhas condições. Só volte a me procurar quando tiver uma resposta para me dar – ela foi firme com o bruxo. 

— Você está me dando um ultimato? – ele a olhou de um jeito um tanto divertido e um tanto perplexo. 

— Sim, Ron, isso é um ultimato. Você pode não se importar com isso, mas eu quero decidir a minha vida – a voz de Hermione ficou mais aguda. 

— Sabe... não é que eu não tenha uma resposta para te dar. Eu não posso te dar uma resposta. É complicado entender isso? – a voz de Ron agora era suave. 

— Claro que é complicado, Ron. É muito complicado. Por que a resposta é simples. É uma questão de sentimento – a bruxa deixou transparecer toda a sua tristeza. 

— Quando a magia entra na nossa vida, as repostas deixam de ser simples. Porque a magia influencia tudo, até as nossas decisões, você sabe disso. Não foi a magia que nos separou durante esses dois anos? – Ron estava sendo desconcertantemente sincero. 

— Engraçado você dizer isso. Ainda há pouco parecia duvidar que eu tinha me afastado de você por causa da magia – Hermione o interpelou.

— Na verdade, eu sei que foi a magia. Mas é que às vezes me bate um medo tão grande de perder você novamente... – ele parecia estar falando bem mais do que pretendia.

— Só vai me perder se quiser, Ron. Ou você tem medo de alguma outra magia separar a gente? Está sob a ameaça de um feitiço? – ela foi objetiva. 

— Sim e não, Hermione. Mas quando falo de magia, eu quero dizer que existem realidades que não dependem apenas da nossa vontade. Se eu estou dizendo que não é possível te dar uma resposta, é porque realmente não é. Confia no que estou dizendo. Já dei todo tipo de vacilo possível. Fui ciumento, fui inseguro, fui possessivo, fui grosseiro. Mas nunca menti sobre o sentimento que tenho por você – a profundidade do olhar do ex-namorado a fazia sofrer ainda mais. 

— Então nessa questão estamos empatados. Eu também nunca menti sobre o que sinto por você – Hermione falou de um jeito triste. 

— Na verdade, eu não consigo. Quando me olha nos olhos com esse jeito assim profundo, questionador, você lê tudo o que sinto. No fundo, você já sabe, você já tem essa resposta que tanto quer. Só que eu não vou falar, eu não posso falar. Preferia que não insistisse nisso. Até porque estou voltando para Romênia e a gente vai ficar um bom tempo sem se encontrar. Então eu te peço que confie no que vê nos meus olhos e, por favor, espere por mim – Ron tentava contar as lágrimas. 

— Esperar por quanto tempo? Robert me mandou uma coruja. Ele está de volta à Inglaterra e gostaria de se encontrar comigo. Amanhã, às 20 horas, Martin vai comemorar o aniversário na Cozinha da Torre e falou que poderíamos levar um acompanhante. E eu estou pensando seriamente em convidar Bob para ir comigo – ela tinha o olhar melancólico.

— Falei tudo que precisava sobre Robert. Se você ainda assim quer se encontrar com ele, não posso fazer nada além de lamentar profundamente a sua decisão – o ruivo trazia a voz embargada.

— Ainda não decidi. Estou apenas pensando nessa possibilidade... – Hermione tinha a voz desanimada.

— Reforço o meu pedido para você ter um pouco mais de paciência e me esperar – ele insistiu.

— Vou esperar por você, Ron. Mas não sou tão paciente assim, como sabe. Ah, e não abri mão do ultimato que te dei.  Por isso, não me procure se não estiver disposto a abrir seu coração – a garota não voltaria atrás e o bruxo sabia disso. 

O jantar que começou de forma tão romântica terminou ali. Ron ainda tentou engatar em uma nova conversa, mas Hermione era monossilábica. A jovem, que estava de carro, voltou sozinha para casa. 

 

 

 

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Notas finais do capítulo

Complicados esses dois, não é mesmo? Hermione totalmente ansiosa (hehehe). Mas pelamordeMerlin, Mione, você não vai se encontrar com Robert! Ou vai? Imaginem o que Ron está sentindo...

Por falar no ruivo, ele não perdeu tempo e fez aquilo que sabe fazer muito bem. Não por acaso Hermione não consegue recusar os beijos de Ron!

E aí? Vai fazer essa autora feliz com seu comentário? :D



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