Quem tem medo destino? escrita por Morgana Lisbeth


Capítulo 23
Perseguição implacável


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo recheado de emoções!

Bem que Stefan já tinha "cantado a pedra", dizendo que Hermione tem jeito para auror. Mas isso todos nós já sabemos desde que, ao ler "Harry Potter e a Pedra Filosofal", embarcamos no mundo mágico de J.K. Rowling.

Boa leitura!



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Para ouvir antes, durante ou depois da leitura do capítulo:

Say It Again

(Marié Digby)

http://bit.ly/2vFMlSC

 

 

 

"Não digas nada!
Nem mesmo a verdade
Há tanta suavidade em nada se dizer
E tudo se entender -
Tudo metade
De sentir e de ver...
Não digas nada
Deixa esquecer

Talvez que amanhã
Em outra paisagem
Digas que foi vã
Toda essa viagem
Até onde quis
Ser quem me agrada...
Mas ali fui feliz
Não digas nada."

(Fernando Pessoa)

 

 

 

Era uma ideia louca e arriscada. A sua desconfiança em relação a David Scott crescia cada vez mais. Ele estava atrás de Ron, agora já não tinha dúvida. Por isso resolveu segui-lo. Hermione usou o banheiro do andar térreo do Ministério para transformar a própria fisionomia e trocar de roupa. Aguardou Scott passar. Para sorte dela, o rapaz caminhava sozinho.

Usando pontualmente alguns feitiços, incluindo o Confundus, toda a atenção e a discrição que lhe eram características, acreditou ter conseguido passar imune ao auror. Depois de ver Scott entrar no antigo prédio residencial localizado nas proximidades do Beco Diagonol, Hermione deu-se por satisfeita. Voltaria ali em outra oportunidade para tentar descobrir algo. Já havia se arriscado demais.

Virou-se para ir embora. Mal começou a caminhar, foi atingida por um feitiço que a paralisou. Que droga! Era o feitiço da perna presa. O pior foi ser desarmada logo em seguida. Tinha sido descoberta por David Scott!

— Posso saber por que você me seguiu até aqui, Hermione? - ele disse ao se aproximar da garota.

— Ah, já descobriu quem eu sou? Talvez você tenha algum talento como auror - ela respondeu de forma mordaz.

— O seu disfarce está perfeito. Mas você não conseguiu mudar o seu jeito de caminhar. E então... Por que me seguiu? - Scott insistiu na pergunta.

— Não imagina? Eu não confio em você e queria saber para quem trabalha - Hermione foi sincera.

— No momento estou cedido ao Ministério da Magia da Inglaterra. Mas você já sabe disso. Só não consigo entender porque se arriscou tanto me seguindo até aqui - o rapaz respondeu.

— Eu tenho meus motivos. Devolva minha varinha e desfaça o feitiço! - mesmo se sabia que estava nas mãos do auror misterioso, ela foi imperativa.

— Só vou fazer isso se você me der sua palavra de que vai me acompanhar até o meu apartamento para a gente conversar - Scott falou de forma fria.

— Acompanhar você? De forma alguma. Não acompanho livremente alguém em quem não confio - a voz de Hermione ficou estridente.

O rapaz se posicionou em frente à menina e a olhou nos olhos. Scott sabia que não poderia mantê-la presa ali por muito tempo sem chamar a atenção. Aquela rua não tinha muito movimento, mas não era deserta.

— Não sei por que desconfia tanto de mim. Talvez eu tenha que te contar que sou amigo de Ronald Billius Weasley - ela sentiu um frio percorrer a espinha, temendo que seu maior medo, a de que Scott fosse algum inimigo de Ron, se confirmasse.

— Eu não acredito que sejam amigos - Hermione manteve-se firme.

Scott desistiu de convencer a garota a acompanhá-lo. Lançou o feitiço Travalíngua para que não gritasse e outro para manter os braços de Hermione colados ao corpo. Em seguida deu um comando para que os pés dela se mexessem involuntariamente até o apartamento, que ficava no segundo andar do prédio.

O bruxo trancou a porta e disparou um Finite Incantatem que, além de libertar a garota dos feitiços lançados por ele, fez com que recuperasse a própria aparência. Pareceu não saber quem era Hermione ou, momentaneamente, esquecer-se do que ela era capaz. A menina chutou Scott na canela e, quando o rapaz se abaixou para segurar a perna que doía muito, deu um pulo acertando o queixo dele.

Hermione já se virara para pegar a cadeira e lançá-la no auror no momento que ele a imobilizou. Difícil vencer, sem usar a varinha, o bruxo que tinha muito mais músculos.

— Não gostaria de te prender de novo. Será que não podemos conversar? - ele sugeriu com a voz suave sem largar os braços da menina.

— O Conselho Internacional dos Aurores vai punir você com rigor quando souber que está mantendo em cárcere privado uma funcionária do Ministério da Magia da Inglaterra - a garota não abaixaria a guarda.

— Não é minha intenção manter você presa. Já que me seguiu e desconfia de mim, precisamos conversar. Mas não dava para fazer isso no meio da rua. Por isso a convidei a vir até aqui - Scott estava com a voz tranquila,

— Você me convidou? Me obrigou a vir aqui por meio de feitiço - as faces dela estavam vermelhas.

— E você viria se eu apenas a convidasse? Claro que não! E ainda me estuporaria no mesmo instante - o auror encarava intensamente a bruxa, talvez esperando alguma reação.

— É o que você merece. Devolva minha varinha! - ela falava com autoridade.

— Não posso, não quero ser estuporado. Vamos conversar um pouco e já te devolvo a varinha - Scott, que tentava negociar, finalmente soltou os punhos da garota.

— Já que quer conversar, comece então falando da sua amizade com Ronald Weasley - a jovem cruzou os braços, desafiadora.

— Sou amigo de Ronald, como já disse. E sei alguns detalhes do relacionamento de vocês que poucos sabem - ele voltou a dar um sorriso provocador.

— Detalhes do nosso relacionamento? O quê, por exemplo? - Hermione o encarava decidida.

— Pouco depois de se conheceram, no Expresso de Hogwarts, você avisou ao Weasley que o nariz dele estava sujo - o auror começou. - Mais tarde, quando já eram colegas de turma, ficou tão chateada ao ouvi-lo dizer que você era um pesadelo que foi chorar no banheiro.

— Você não me impressiona. Com a Veritaserum conseguimos todas as informações das quais precisamos - não era fácil intimidar Hermione.

— Então me faça uma pergunta sobre algo que Ronald não revelaria mesmo sob efeito da poção da verdade - ele propôs.

— Por que razão Ron, mesmo sendo o meu melhor amigo, não me convidou para ir ao Baile de Inverno que aconteceu em Hogwarts durante o Torneio Tribruxo? - nem mesmo ela sabia a resposta certa para aquela pergunta.

— Ronald estava muito confuso com os sentimentos que a sua simples presença começava a despertar nele. Não sabia exatamente do que se tratava. Mas você estava deixando Weasley bem nervoso. De repente, Hermione, a sua boca ficou muito atraente e o cheiro doce dos seus cabelos passaram a tirar toda a concentração dele nas aulas. Devia ser algum feitiço terrível e ele não podia correr o risco de ser atingido por essa poderosa magia - o auror a olhava de um jeito muito sedutor e desconcertante.

A garota o encarou, sem medo, mas ainda assim se surpreendeu quando Scott ficou mais alto e com o nariz maior, os lábios ganharam volume, os cabelos começaram a adquirir tons vermelhos, os olhos "azularam". Ela não esperou a "metamorfose" se completar. Pulou no pescoço do auror e o abraçou com grande força.

Quando Hermione se desprendeu do abraço e encarou Ronald Weasley, primeiro abriu um lindo sorriso, prontamente retribuído. Depois, tomando consciência de tudo o que ele a tinha feito passar disfarçado de auror estadunidense, a bruxa começou a socá-lo.

— RONALD! VOCÊ. NÃO. PODIA. TER MENTIDO. PARA MIM - ela chorava de raiva e alegria enquanto socava o rapaz nos braços e no peito.

— Mione, por favor, fique calma. Eu não podia te contar - Ron tentou tranquilizar a jovem suavizando a voz.

— VOCÊ NÃO CONFIA EM MIM! Ficou esse tempo todo me abordando, lançando feitiços protetores ao nosso redor! E foi incapaz de dar ao menos uma pista de que era você para me deixar mais tranquila! - a voz de Hermione continuava histérica enquanto os socos diminuíam de força.

A jovem bruxa parou de golpear o rapaz e lágrimas pesadas escorreram pelas faces dela. Ron aproveitou aquela trégua para abraçá-la. Hermione abaixou a guarda e se permitiu ficar naqueles braços fortes, sentindo-se amada e acolhida.

— Senta, por favor. Preciso te contar algumas coisas - ele falou de forma gentil assim que terminaram o abraço

Sem se desprender dos olhos azuis do rapaz que tanto amava, ela finalmente sentou-se na velha poltrona. Foi só então que reparou na sala do antigo apartamento, que tinha uma janela alta, escondida por cortina de veludo marrom. Um lustre vitoriano era a única peça bonita daquele ambiente. A poltrona e sofás beges estavam desbotados e tinham alguns rasgos. A decoração se encerrava com uma estante de madeira com alguns poucos livros.

Ela perguntou se Ron morava ali e o rapaz respondeu que sim, mas apenas naquela semana. Vivia se mudando de um endereço para outro para evitar ser descoberto. "Assim como você me seguiu, outros podem fazer o mesmo", ele justificou. "Quando você percebeu que eu estava te seguindo?", a garota o encarou.

— Desde que saí do Ministério. Mas preferi deixar. Como já estava desconfiada, sabia que você me seguiria outra vez, caso não conseguisse agora. Correria risco demais. O melhor era esclarecer tudo de uma vez - o rapaz foi sincero.

— Por que você mentiu para mim, Ron? - ela voltou a perguntar.

— Eu não estava autorizado a te contar, Hermione. Estou envolvido em uma missão muito arriscada. Não podia deixar você exposta a tanto perigo - ele tentou justificar.

— Que desculpa mais idiota, Ron! Mais risco do que corri nos seis anos que estudei com você e Harry em Hogwarts ou durante a jornada em busca das horcruxes?! Nunca tive medo de perigo algum! - as faces da bruxa estavam vermelhas.

— Mione, agora é diferente. Eu sou auror. Estou aqui a serviço, fazendo uma investigação. Não estou agindo por conta própria - Ron sabia que não seria fácil convencer a ex-namorada a não se envolver naquela missão.

— Por que você andou me fazendo um interrogatório, perguntando sobre bruxos suspeitos no Ministério e sobre Robert? - ela estava com aquele questionamento preso na garganta.

O rapaz explicou que desconfiavam da existência de feiticeiros das trevas infiltrados no Ministério. Novos funcionários e visitantes eram os principais suspeitos, ele informou. Por isso precisou fazer aquelas perguntas. "Mione, eu só procurei por você para falar sobre Robert depois que apurei, na recepção do Ministério, que não havia qualquer registro da entrada dele por lá naquele dia", o rapaz garantiu.

Ron foi direto, mais uma vez, e pediu para Hermione não voltar a se encontrar com Robert e manter cautelosa distância de bruxos que conhecesse há pouco tempo. "Não fale de sua vida particular para ninguém", o ruivo insistiu, desta vez sem a voz e a aparência de David Scott.

Quem era David Scott? Essa foi a pergunta de Hermione. O ruivo explicou que o nome era fictício, mas a aparência era de um trouxa da Finlândia. "Não sei muito sobre ele. Stefan me entregou a poção polissuco já pronta. A pedido de Harry, Aretusa fez algumas modificações, para que aumentar a duração da poção. Treinei bastante para fazer o sotaque norte-americano", ele contou. A garota voltou a questioná-lo: "Por que você ficava me encarando daquele jeito constrangedor quando estava com a aparência de Scott?"

— Não foi minha intenção. Pelo visto não sou um bom ator. Não consegui disfarçar o interesse que tenho por certa bruxa muito inteligente. Você pode me desculpar por isso? - ele deu aquele sorriso torto que sempre a seduzia.

— Vou tentar. Mas não vai ser muito fácil voltar a me encontrar com Scott no Ministério sabendo que ele é você - a jovem foi sincera.

— Para mim nunca foi fácil. Mas vou ficar mais distante de você, pode ficar tranquila. Harry já tinha me falado que estava desconfiada do Scott. Até tentei me distanciar, mas depois que Robert foi te procurar no Ministério, não consegui ficar na minha - o ruivo reconheceu.

— Ron, eu também vou ficar distante do Scott. Mas apenas sob uma condição - Hermione olhou decidida para o rapaz.

— Tudo bem. Aceito todas as suas condições - o bruxo se rendeu.

— Quero me encontrar com Ronald Weasley uma vez por semana. Vai ser num local trouxa, superdiscreto, e prometo que não vou fazer perguntas sobre a sua missão na Inglaterra, sobre Scott e outros temas afins - ela sorriu.

— Acho ótimo assim. Mas vou logo avisando que durante esses encontros não podemos nos beijar - o rapaz deu um meio sorriso e levantou as sobrancelhas.

— Você acha que estou enlouquecida para te beijar? Pois está enganado - ela mordeu os lábios para não escancarar o sorriso, mas os olhos denunciavam o quanto estava feliz.

— Que ótimo! Porque eu estou. Parece até que me lançaram uma maldição pior que a Cruciatus. É uma tortura te ver tão de perto e precisar ficar distante assim - o ruivo a encarava com intensidade e os seus olhos estavam ainda mais azuis.

A conversa não prosseguiu. Ron sugeriu que ela desaparatasse dali até as proximidades da estação do trem e de lá seguisse para casa. "Não posso te acompanhar. Seria ainda mais arriscado. Tenha muito cuidado", Ron pediu de forma carinhosa.

 

 

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Notas finais do capítulo

Surpresos com a descoberta da “identidade secreta” de David Scott? Alguns de vocês já desconfiavam, não é mesmo? Ao longo do tempo, ao mostrar excessivo interesse e cuidado com Hermione, o rapaz foi revelando quem era. Imagina se alguém passional como Ron ficaria “de boas” vendo a garota que ama ser assediada por um ex-namorado?

E, vamos combinar, Hermione tinha tudo para ter descoberto antes. Mesmo se não ousava confiar na própria intuição, a bruxa transferiu para Scott a bronca que tem do ruivo quando ele "não faz a coisa certa".

Sigamos em frente com mais emoções! E novas reviravoltas! A história ainda tem mais 14 capítulos! Vem comigo!



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