Quem tem medo destino? escrita por Morgana Lisbeth


Capítulo 22
Um espião no Ministério?


Notas iniciais do capítulo

Olá!

Este capítulo apresenta a terceira e última cena do casamento da prima de Hermione.

Espero que se divirtam tanto como eu me diverti ao escrever o flashback ♥

Quanto ao presente... Bem, é melhor vocês lerem para chegar às próprias conclusões.

Beijos!



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Para ouvir antes, durante ou depois da leitura do capítulo:

Big Girls Don't Cry

(Fergie)  

http://bit.ly/2ckpy8W

 

 

 

"Quando não estás aqui
Tenho medo de mim mesmo
E sinto falta do teu corpo junto ao meu

Vem depressa pra mim
Que eu não sei esperar
Já fizemos promessas demais

E já me acostumei com a tua voz
Quando estou contigo estou em paz"

(Renato Russo)

 

 

 

 Os dois jovens namorados dançaram uma, duas, três, quatro, cinco músicas seguidas no casamento da prima de Hermione. A pista estava cheia e abafada.

— Vamos parar de dançar um pouco, Ron. Tenho que ir lá fora pegar um ar fresco. Estou me sentindo sufocada aqui - Hermione comentou.

"Tudo bem. Pode ir", Ron respondeu de forma seca. A garota, que ficara enfurecida com o fato dele não ter alugado o traje combinado, se surpreendeu com a resposta. O ruivo, com certeza, estava desafinando-a. Talvez quisesse ver por quanto tempo ela manteria a decisão de não conversarem durante a festa.

— Você não vem comigo? - Hermione fez a pergunta espontaneamente. - Quer dizer, acho melhor vir. Afinal, ainda somos namorados.

— Se prefere assim... Mas, como deve imaginar, têm muitos casais de namorados se beijando lá fora. Então, a título de curiosidade, você quer ir lá para pegar ar fresco ou para o quê? - o rapaz deu um sorriso com o canto da boca.

— Ron! Você é muito convencido. A última coisa que quero é beijar você. Ainda não te desculpei. Portanto, mantenha distância - ela foi firme.

O bruxo balançou a cabeça em concordância. Quando alcançaram o pátio externo, Hermione precisou de menos de 15 segundos para descobrir que Ron estava certo. Dezenas de casais se abraçavam e beijavam nos arredores do jardim.

Começaram a conversar, embora Hermione continuasse a garantir que apenas faziam comentários técnicos sobre os assuntos. Falaram de casamentos, festas, aulas, moda, culinária e outros temas, mas sempre superficialmente.

— Já deu para você pegar um ar fresco, não é? Vamos entrar? - o convite de Ron surpreendeu a garota.

— Não podemos ficar um pouco mais? - Hermione perguntou.

— Acho melhor voltar para o salão. Fizemos comentários técnicos - ele não conseguia evitar certo deboche ao falar essas duas últimas palavras - até demais e, como você me ordenou para manter distância, não temos mais nada a fazer por aqui.

— E desde quando você acata as minhas ordens? - ela estava ansiosa por um beijo do namorado, mas não daria o braço a torcer.

— Desde quando você começou a ficar irritada sempre que não atendo as suas vontades - o rapaz foi assertivo.

— Só fico irritada quando você age de forma infantil e irresponsável. Ou quando é um legume insensível, incapaz de entender os meus sentimentos. E é exatamente assim que você está sendo agora - Hermione garantiu.

— Eu não quero brigar novamente com você, ok? Se quiser ficar por aqui, vou entrar - o bruxo já estava cansado de tantos desentendimentos.

— Você vai voltar para o salão assim? Sem... sem... sem... - a garota mordia repetidamente os lábios, parecendo nervosa - Você não está agindo como um cara apaixonado que está há três semanas sem ver a namorada!

— Tenho que ser o cara apaixonado? Enquanto isso você critica minha roupa, diz que estou horrível, decide passar a noite me dirigindo à palavra apenas para fazer... comentários técnicos, me ordena para não chegar perto... - Ron agora demonstrava impaciência.

— Mas o que você fez para mudar isso? Você podia pelo menos... Por que você não... sei lá, age como um namorado? - Hermione umedeceu os lábios três vezes seguidas, sempre de forma inconsciente.

— Mione? Você está com alguma irritação nos lábios? É uma alergia? Ah, já sei! Você está com fome. Mas uma razão para a gente voltar para o salão. Como já percebeu, os garçons não servem nem água aqui fora - ele falava com um tom de voz jocoso.

— Não estou com fome. E acho que não estou com alergia nos lábios. Estão inchados? O que você acha? - perguntou inclinando a boca na direção do rapaz.

— Como posso saber? Eu não sou medibruxo. Mas, afinal, você quer que eu veja se sua boca está inchada ou simplesmente deseja receber um beijo meu? - o ruivo a olhava de um jeito entre curioso e divertido, levantando levemente a sobrancelha esquerda.

— Claro que não! Que ideia. Por que eu haveria de desejar um beijo seu? - ela tentou parecer indiferente, como se isso fosse possível.

— Porque você está apaixonada por mim e meus beijos são irresistíveis? - o bruxo agora dava aquele sorriso torto que sempre a tirava do sério enquanto se aproximava dela.

— Ron, não dê nem mais um passo. Que fique bem claro. Eu não estou pedindo para ser beijada - Hermione era, definitivamente, uma garota orgulhosa.

— Não está pedindo? Sem problema. Quando você me pedir, eu te beijo - o ruivo conseguia ser mais turrão que ela e isso enlouquecia Hermione.

— Certo. Mas me responde uma pergunta. Nessas semanas que a gente fica distante você sente vontade de... er... vontade de me beijar? - as faces da bruxa estavam vermelhas.

Hermione levantou levemente o rosto em direção ao rapaz, que era cerca de trinta centímetros mais alto que ela. Respirava fundo, com os lábios entreabertos.

— Todos os dias eu me lembro dos nossos beijos, que são maravilhosos. Mas vou ficar na lembrança. Só vou beijar você novamente quando me pedir - ele não abriria mão dessa decisão.

— Aceito minha derrota, Ron. Eu queria conseguir ser mais dura com você, mas sou fraca mesmo, tenho que admitir - ela reconheceu.

— E então? - Ron queria ouvi-la pedir o beijo.

— E então... Você pode fazer a gentileza de me beijar? - Hermione sorriu com as faces vermelhas.

— Será uma honra - ele fez uma reverência antes de se aproximar e abraçar Hermione pela cintura.

Finalmente os lábios dos dois se encontraram para o primeiro de dezenas de beijos que trocariam até o final daquela noite.

O grande amor que sempre sentiram um pelo outro, no entanto, não foi forte o suficiente para resistir às intempéries. "Hermione, você só não briga comigo quando estamos nos beijando", o rapaz reclamava. Os beijos que trocavam, por sinal, eram sempre apaixonados. Bastava os lábios dos dois se afastarem para passarem a se ocupar em discutir.

Mas, graças a Merlin, existia sempre a reconciliação. Até porque, se não fosse assim, não existiriam aqueles beijos fabulosos.

 

 

 

* * * * * * * * * *

 

 

 

Esperava não encontrar novamente com o auror estadunidense. Especialmente naquele dia em que se sentia muito triste. As declarações de amor de Robert feitas na véspera a lembraram com sofrida saudade de Ron. Onde andaria o ruivo? Por que não dava qualquer notícia? Será que era tão difícil assim mandar um telegrama, um bilhete, um patrono? Por que Harry não lhe contava nada e se limitava a informar que o amigo estava bem?

Perdida em sua melancolia, Hermione chegou ao refeitório. Mais uma vez foi surpreendida. "Oi. Posso sentar?", ela não encarou o dono daquela voz já conhecida. "Não adianta dizer que não, você vai sentar assim mesmo", concluiu desanimada. Scott ocupou o lugar em frente à garota. Não tocou na comida. Encarava a jovem bruxa, provavelmente esperando que ela o olhasse nos olhos.

— O que você quer agora? Já não me perturbou o suficiente - Hermione continuava mirando apenas o próprio prato.

A presença de David Scott, mesmo se a incomodava, não retirou a jovem de seus devaneios. Será que Ron falara a verdade quando disse não se recordar do que aconteceu nos últimos meses? Ou se arrependera da declaração de amor e dos beijos que haviam trocado? Hermione teve tempo para fazer todas essas divagações enquanto o auror estadunidense permanecia em silêncio.

— Não pude deixar de reparar que você estava almoçando com um bruxo desconhecido ontem aqui no refeitório - Scott tinha a voz tranquila.

— Ele pode ser desconhecido para você, mas eu o conheço muito bem. Eu sei que você reparou. Não parava de olhar para mim - se dependesse de Hermione, o diálogo não seria amigável.

— Robert August Veronese. Filho de um bruxo italiano e uma trouxa francesa. Mora em Paris e trabalha ministrando palestras e prestando consultorias sobre tecnologia bruxa e empreendedorismo na Europa e na América. Investiguei tudo sobre o bruxo que almoçou com você - o rapaz continuou, ignorando o comentário dela.

—Se você sabe tudo isso, por que está me fazendo perguntas sobre Robert?!! - ela o questionou enfurecida.

— Pode elevar a voz à vontade. Sempre que sento aqui com você uso o Abaffiato e por vezes crio até um campo de proteção para que não nos vejam ou interfiram em nossas conversas - a calma do auror encolerizava ainda mais a garota.

— Feitiços pouco eficientes. Outro dia o Harry conseguiu chegar até à mesa para falar com a gente - ela tentou parecer fria.

— Quando vi Harry se aproximar, desfiz todos os feitiços - a voz tranquila dele parecia cada vez mais irritante.

— Estou indo agora ao Departamento dos Aurores registrar uma queixa formal contra você pela perseguição e pelo mal-estar sistemático que está me causando, além de invasão de privacidade e uso indevido de magia - a garota se levantou e não conseguiu sair do lugar devido ao feitiço protetor lançado pelo bruxo.

— Só mais alguns minutos, Hermione. Já estou concluindo - o auror apontou a cadeira, convidando-a a sentar, e, mesmo se mal-humorada, ela seguiu o comando de Scott. - Você não acha curioso Robert Veronese entrar tão facilmente no Ministério para fazer uma visita que não estava agendada previamente?

— Não, claro que não. Ele está prestando uma consultoria no Ministério. Como somos amigos, veio me visitar. Qual é o problema disso? - Hermione rebateu.

— Tem certeza de que Robert Veronese disse a verdade? Seria bom investigar sobre o motivo real dessa visita inesperada. Ele marcou algum novo encontro com você? - Scott voltou a falar com aquele tom de quem faz um interrogatório.

— Ainda não concluiu a sua investigação? Devia ter todas as respostas - ela o fuzilava com o olhar.

— Nunca temos todas as respostas. Você podia colaborar comigo - ele deu um sorriso.

— Só vou responder a qualquer questionamento se for interrogada pelo chefe dos Aurores, Harry Potter. Por que está me perguntando tudo isso? - Hermione queria encerrar aquele assunto.

— Estou aqui para ensinar os autores a identificar bruxos infiltrados no Ministério. Fico atento a todos os suspeitos - ele franziu a testa, parecendo um pouco preocupado.

— Robert não é suspeito. É meu amigo. Você é muito mais suspeito que ele! - a voz saiu ainda mais aguda.

— Não acha suspeito ser procurada por um ex-namorado depois de mais de um ano sem qualquer contato? E essa visita só ser anunciada quando ela já estava quase na sua sala? - Scott comentou de forma dura, como quem a censurasse.

— Quem te contratou para me vigiar?!!! - as faces dela estavam vermelhas de raiva.

— Já pensou na hipótese de alguém ter me contratado para proteger você? - ele sorriu.

— Você não está falando sério! Não preciso de guarda-costas! - Hermione voltou a se erguer da cadeira.

— Eu sei. Queria apenas lembrar que existem pelo menos duas hipóteses igualmente convincentes para cada questão. Como auror, aprendemos que não devemos confiar na primeira impressão. É preciso reunir provas - o rapaz tinha uma calma que se aproximava da frieza.

— Eu também estou pensando em duas hipóteses para resolver a questão que me importuna. Ou lanço um feitiço Petrificus Totalus ou Travalingua para você parar de me incomodar - a voz dela estava ainda mais estridente.

— Não gaste energia desnecessária. Se a raiva vencesse as batalhas, os bruxos das trevas venceriam sempre. É preciso controlar as emoções no momento do duelo - ele também ficou em pé e fez um gesto com a mão, indicando que os feitiços haviam sido desfeitos.

— Obrigada por me lembrar disso. Vou te dar também um conselho amigável. Fique longe de mim. Pareço muito legal, mas costumo estuporar com grande facilidade quem me enche a paciência - Hermione falou com a voz baixa, mas o olhar severo mostrava toda a irritação dela.

 

 

 

* * * * * * * * * * * *

 

 


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Notas finais do capítulo

Leitores queridos do meu coração,

Obrigada por me acompanharem até aqui!

Pois é, surgiu um confronto entre David Scott e Robert Veronese. Qual dos dois é mais suspeito? Algumas leitoras já fizeram as suas apostas. Será que Hermione, tão focado num certo ruivo, conseguirá perceber os acontecimentos ao seu redor?

Consultem suas bolas de cristal e me apresentem suas conclusões!

Beijins





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