Quem tem medo destino? escrita por Morgana Lisbeth


Capítulo 2
Sonhos e pesadelos


Notas iniciais do capítulo

Bem-vindo, novo leitor!

Para você, que está começando a acompanhar a história, algumas informações importantes:

1 – A fic foi construída a partir do ponto de vista de Hermione. Portanto, só aos poucos serão revelados os sentimentos de Ron;

2 – Na narrativa, mesclo cenas do presente com duas linhas do tempo no passado (que aparecem em itálico), um mais remoto e outro mais recente. O leitor é convidado assim a ir ligando os pontos para compor o desenho da trama;

3 – Escrevo embalada por composições e no início de cada capítulo indico uma música incidental (isso mesmo: aquela que fica de fundo e cria um ambiente para a cena);

4 – Como também gosto de poesia, sempre coloco alguns versos, por vezes retirados de músicas, como epígrafe do capítulo;

5 – A interação com quem acompanha a fic é combustível para minha escrita e incentiva também as atualizações mais frequentes. Espero por suas palavras, sugestões, comentários por aqui e também nesses dois endereços:

https://twitter.com/MorganaLisbeth / morganalisbetth@gmail.com



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Para ouvir antes, durante ou depois da leitura do capítulo: 

Like I‘m Gonna Lose You

(Jasmine Thompson)

http://bit.ly/2wd85cP

 

 

"Eu agora — que desfecho!
Já nem penso mais em ti…
Mas será que nunca deixo
De lembrar que te esqueci?"

(Mario Quintana)

 

 

 

 

Com os olhos abertos e a mente a mil por hora, ela não conseguia relaxar. Um peso no coração, uma melancolia que não sabia explicar não permitiam que adormecesse.

Ao virar-se na cama, com alívio viu o bruxo que amava dormindo ao seu lado. O semblante tranquilo dele a fez acreditar, por breves segundos, que não corriam qualquer perigo. Mas logo o inexplicável pânico voltou a assombrá-la. Tinha a sensação que uma força muito poderosa, talvez algum feiticeiro das trevas, conspirasse para afastá-los um do outro.

Em busca de algum conforto, aproximou-se mais dele. Com um toque delicado, começou a acariciar o rosto e a afagar os cabelos macios dos quais tanto gostava. Sem abrir os olhos, o jovem bruxo deu um sorriso e sussurrou o nome dela. Em seguida envolveu-a com seus braços compridos e ela repousou a cabeça no peito do rapaz.

— Não está conseguindo dormir, Amor? - ele perguntou ao mesmo tempo em que mergulhava o rosto nos cabelos volumosos e sempre muito perfumados da jovem bruxa.

— Estou pensando em algumas coisas... -  ela tentou disfarçar a preocupação.

— Deixa esses pensamentos para depois. Tenta dormir porque amanhã precisa acordar cedo para ir ao Ministério - o bruxo aconselhou antes de bocejar.

— Sim, eu vou dormir - respondeu se aconchegando melhor ao jovem ruivo e sardento. Acompanhando a respiração dele e protegida por seus braços fortes, finalmente começou a se acalmar e a se sentir segura.

 Assustada, a bruxa acordou. Sentia um aperto no coração. Instintivamente olhou para o lado direito da cama que, como sempre, estava vazio. Tinha sido um sonho, mas parecia tão real. Por que, depois de tanto tempo, continuava a ser atormentada por esses sonhos? Por que não conseguia seguir o curso da sua vida e ainda era assombrada pelo fantasma de um destino ao qual renunciara?

Precisava se concentrar nas tarefas que teria naquele dia. Dirigiu-se ao banheiro para tomar uma ducha na esperança que a água quente a ajudasse a relaxar um pouco. Sabia que, em muitos momentos, pensamentos sobre aquele ruivo que ainda lhe tirava o sono a atormentariam. Não era exagero. Considerava um tormento lembrar-se dele e saber que jamais seriam um do outro.

Colocou a calça marrom, o suéter bege, as botas de couro. Olhou-se no espelho enquanto prendia os cabelos, agora menos volumosos e rebeldes, num coque clássico. Tinha consciência de que se vestia de um jeito sério demais. Parecia ter mais que seus 22 anos de idade. Usar roupas sóbrias foi o jeito que encontrou para conquistar, inicialmente, o respeito dos alunos, alguns pouco mais jovens que ela.

Tinha sido desafiante aceitar o cargo de professora daquela escola de bruxaria. Não era tradicional como Hogwarts, nem organizada e sofisticada como Academia de Magia de Beauxbatons, instituições para as quais fora convidada a lecionar.

Precisou recusar dar aulas em Hogwarts. Estaria próxima demais daquele de quem queria fugir. E a França também não era distante o suficiente, sem falar que não simpatizava muito com Beauxbatons. Aquela escola de bruxaria moderna e escondida num lugarejo muito frio do Canadá era perfeita para quem queria viver de forma mais reclusa. "O que os olhos não veem, o coração não sente" rezava o dito popular trouxa.

Quatro anos depois do fim da Segunda Guerra Bruxa, a jovem sabia que a distância não era capaz de apagar um grande amor.

"Não adianta fugir, Hermione. O sentimento vai acompanhá-la sempre, onde quer que vá", ouviu a mãe aconselhar. Mas não podia ficar na Inglaterra, próxima d'A Toca. Mesmo se Ron havia se mudado para Romênia, onde atuava como auror, ela e o rapaz continuariam se esbarrando já que o ruivo sempre visitava os pais, circulava pelo Beco Diagonal e outros tradicionais lugares bruxos de Londres.

Sentia uma grande dor ao lembrar que, assim que terminou a Guerra, havia tanta promessa e certeza no coração dos dois. Quem poderia imaginar que a história de amor que parecia tão próxima de um final feliz seria interrompida de forma brusca e sofrida.

 

 

* * * * * * * * * *

 

 

Os olhos continuam inchados. As mortes de Fred, Tonks e Lupin ainda doíam demais. Também sofria por ter que deixar A Toca e seu amado ruivo. Mas precisava partir para recuperar a memória dos pais e trazê-los de volta à Inglaterra.

Desde aquele beijo urgente e apaixonado na Sala Precisa, Hermione aguardava um momento a sós com Ron. Havia ido para A Toca na esperança de finalmente conversarem, mas também para estar próxima daquela família que aprendera a amar.

A casa estava triste e menos barulhenta, mas, ainda assim, movimentada. Sua estadia n'A Toca já durava quase uma semana e ainda não tivera uma oportunidade de conversar em particular com Ron. Havia comprado a passagem para Austrália e comunicara ao rapaz a sua partida em dois dias. Ele pediu para que adiasse a viagem e ofereceu-se para acompanhá-la. Hermione recusou. Aquela era uma missão que precisava empreender sozinha.

Chegou o duro momento da despedida. Hermione desceu as escadarias d'A Toca procurando por Ron. O céu conspirou a favor dos dois. Ele encontrava-se sozinho na cozinha.

— Oi. Achei que sua mãe estaria por aqui... - a menina começou levemente constrangida.

— Mamãe saiu com o papai. Você já está indo? - ele perguntou se aproximando da jovem.

— Vou daqui a uma hora. Estou terminando de arrumar a mala - Hermione levou um susto com aquela inesperada proximidade.

— Não posso mesmo ir com você? Tenho certeza que posso ajudar. Nem que seja ajudar a carregar as malas - Ron abriu um lindo sorriso.

— Eu tenho certeza que ajudaria muito. Mas dessa vez a jornada é só minha. São meus pais e preciso estar sozinha com eles quando recuperarem a memória - ela falou com firmeza.

— Se é assim, gostaria ao menos que levasse esse anel. É mágico, como deve imaginar. Foi um presente do Gui e da Fleur. Na verdade, são dois anéis. Eu também vou usar um, com a pedra igual a do seu. Gui explicou que os dois anéis são, na verdade, um só. Não entendo muito bem como funciona. Só sei que essa pedra simboliza o sentimento que existe entre nós. Enquanto tiver essa cor azul translúcida é porque está tudo bem - o rapaz afirmou entregando a delicada joia à menina.

Hermione sentiu o rosto queimar ao ouvir a explicação do ruivo sobre a magia do anel. Não pôde deixar de reparar nas orelhas vermelhas do rapaz no momento em que colocou o anel de ouro branco com uma pedra azul incrustada no dedo anelar direito dela. "Obrigada por tudo", ela disse depositando um beijo na face de Ron e virando-se em direção à escada.

O ruivo chamou a amiga com urgência e Hermione voltou-se perguntando se ele queria falar ainda alguma coisa.

— Sim, eu quero - Ron disse se aproximando logo dela.

— Pode falar - sorriu timidamente, talvez esperando que o bruxo tomasse coragem de confessar o seu sentimento.

Ron sorriu e continuou em silêncio. Fez um único movimento e foi tão rápido que Hermione teve a impressão que o ruivo havia aparatado ao ao seu lado. Antes que a garota conseguisse dar um passo para trás, já estavam próximos demais. Ele fez um afago naqueles cabelos volumosos para em seguida pousar a mão na nuca da menina e a conduzir delicadamente para frente. Quando Hermione deu por si, os lábios de Ron já haviam se encostado aos dela.

O beijo foi mais tímido que o primeiro, terno e pleno de sentimento. Ao se afastarem, Hermione precisou de alguns segundos para tomar coragem e encarar aqueles olhos azuis. "Eu achei que você ia me dizer alguma coisa", questionou envergonhada.

— Mas eu disse, Mione. Você não entendeu minhas palavras? - ele abriu um sorriso feliz.

— Ron, eu acho que a gente não devia... - a menina, que trazia as maçãs do rosto rosadas, tentou argumentar.

— Vamos guardar apenas essas palavras que acabamos de dizer um ao outro. Qualquer outra conversa pode ficar para depois - ele falou com decisão.

— É, acho que você tem razão - Hermione admitiu.

— Sempre tenho razão - ele riu. - Quando você voltar da Austrália, aí, sim, vamos conversar. Acho que ainda temos muito a falar um ao outro.

— Sim, com certeza. Agora preciso ir - a garota anunciou olhando o relógio.

— Cuide-se, Mione, e mande notícias o mais rápido que puder. Espero que não demore na Austrália. Vou estar aguardando por você - o ruivo despediu-se com a voz carinhosa, depositando um beijo na testa da menina.

 

* * * * * * * * * * * *

 

 

 


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Notas finais do capítulo

Acho que começamos bem, já que teve um beijo (risos!), mesmo se no passado. O presente, porém, não está nada promissor para quem quer ver Ron e Hermione juntos :-(

Por que, afinal, os dois se distanciaram tanto assim?

Não perca o próximo capítulo!



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