Casamentos, Amigos e Amores escrita por Nat Rodrigues


Capítulo 7
Capítulo 7


Notas iniciais do capítulo

Oi. Pois é, eu desrespeitei legal o "postar todo domingo". Muitas coisas aconteceram (entre elas eu perder meu PC), então eu fiquei meio impossibilitada de escrever. Estou postando hoje porque sei que já fiquei tempo demais sem atualizar, e se possível voltarei a postar todo domingo. É isso. Obrigada por ler! Boa leitura!



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André permitiu que eu chorasse em seu ombro no absoluto silêncio por mais de dez minutos. Não disse se aceitava meu pedido de desculpas, não me acusou e nem falou palavras de conforto. Permaneceu apenas com sua presença, com nossos corpos ainda colados. Isso tudo, provavelmente, porque ele me conhece bem o suficiente para saber que momentos como esse aconteciam raramente. Do que eu me lembre, chorei em sua frente apenas quatro vezes nesses 13 anos que o conheço: quando quebrei o braço direito enquanto andava de bicicleta, quando meu pai faleceu, na boate Olimpo, quando estava sensível por conta da bebida e em casa quando ouvi que iria se casar.

Depois de já ter encharcado toda sua camisa com as lágrimas e conhecidos do prédio terem passado encarando, me recompus.

— Eu realmente peço desculpas. – Frisei, tomando certa distância e limpando o rosto com as mãos.

— E pelo o quê exatamente está arrependida? – Indagou. Sua expressão me pareceu dolorida, magoada. (Parabéns, Mariana, a culpa é sua!).

— Por... Tudo. Esconder a verdade, me afastar... – Nossos olhares se conectaram e senti a garganta fechar. O principal motivo desse pedido de desculpas ficaria guardado comigo. Não importa o quanto eu me sinta sufocada. Não há porque fazê-lo compartilhar comigo o peso de nunca tê-lo esquecido de fato.

— É claro que eu te perdoo. – André sorriu, trazendo um olhar alegre e aliviado. – Afinal, você é minha madrinha principal, não é? – Riu, beijando o topo de minha cabeça.

— Estou vendo que arranjei trabalho... – Sorri, com a voz ainda fanha. Tendo trago o casamento para conversa um sentimento dentro de mim tomou uma forma mais nítida: não preciso fingir que vou esquecê-lo, eu realmente farei isso. E não é sorrisos e olhares que me farão “cair em tentação” tão fácil. Mereço ter um amor saudável também.

Após conversarmos um pouco mais sobre o casamento e Jaqueline, voltamos ao prédio. Assim que fomos passar pela portaria, uma das vizinhas, que passou pela praça, estava contando de forma animada ao Joaquim, o porteiro, a cena que havia presenciado.

— Menino! E eu achei que ela estava namorando aquele bonitão que anda com uma câmera no pescoço pra cima e pra baixo!

— E esses jovens lá ligam se estão com dois ou três ao mesmo tempo? Eles são espertos, isso sim.

— Hum, vocês estão equivocados e me desrespeitando. – Intervi fingindo estar irritada.

Marli, a vizinha, deu um pulo para trás com o susto e quase derrubou um dos vasos da portaria. Joaquim apenas arregalou os olhos. Já André, permaneceu de braços cruzados, esperando para ver o que eu faria.

— Mariana, filha, como vai? – Marli sorriu amarelo, arrumando o vaso em que batera. Seu jeito meigo de vovó não me comprou.

— Vou bem, obrigada. – Respondi com uma das sobrancelhas levantada. – Creio que não preciso apresentar o André a senhora, já que ele vinha bastante aqui antigamente. É meu amigo, apenas. Então, por favor, não vá espalhar pelo prédio mentiras ao meu respeito.

— Imagina! É que eu os vi abraçadinhos e... Imagina, eu lembro dele sim. Amizade bonita a de vocês. Meu Deus! Olha o horário. Preciso ir arrumar o almoço. Que Deus os abençoa, tchau!

Com isso, Marli correu para o elevador e logo apertou o seu andar, não dando tempo para que o pegássemos junto com ela. Atrás de mim André começou a rir.

— Desculpa, viu dona Mariana. É que essas coisas não têm como não ouvir, sabe? – Joaquim pediu, coçando a cabeça com uma das mãos, parecendo constrangido.

— Eu sei, eu sei. Só não aumente esse tipo de fala, sim? – Pedi enquanto André ia até o elevador, chamá-lo.

— Tudo bem. – Joaquim sorriu. – Mas, hein, eu vou mais com a cara desse sujeito do que com o fotógrafo. – Sussurrou.

Apenas revirei os olhos, enquanto sorria. Concordar com ele em voz alta seria estranho.

— É cada coisa hoje viu... – Reclamei entrando no elevador. André riu e concordou.

Já no apartamento minha mãe fingiu que a cena mais cedo nunca tinha acontecido; nem perguntar sobre o nosso “passeio” ela perguntou. Acho que só por nos ver sem aquela tensão toda, já estava satisfeita.

O almoço correu de forma tranquila, e a nostalgia que havia sentido no banco da praça voltou, já que antes quase sempre André almoçava junto comigo e mamãe, principalmente após a morte de meu pai.

Lá pelas duas horas da tarde André se despediu, e percebi que teria que reviver tudo para poder dar uma explicação coerente a minha mãe. Ela quase me pareceu bipolar assim que fechei a porta do apartamento e me encontrei sozinha com ela: de sorriso e voz doce a expressão severa e voz dura.

— Agora me explica que história é essa de ter voltado com o Daniel.

.

.

.

Demorei cerca de duas horas para colocá-la a par de todas as coisas que haviam acontecido, desde o convite a madrinha, o namoro falso à promoção no trabalho. Tudo que ela pode me falar ao final foi:

— Mas que buraco fundo que você foi se enfiar, hein Mariana!

— Eu sei... – Murmurei brincando com as pontas do meu cabelo. Estava esperando uma das suas filosofias de vida, não essa repreensão.

— Você sabe que não concordo com você mentindo para o André, não é?

— Sei.

— E se você tentasse falar com ele...

— E provocar uma briga entre nós dois, ou ainda atrapalhar seu casamento? Não.

— Talvez se você tivesse falado isso mais cedo... Ai, meu anjo. Espero que sirva de lição para que você pare de guardar seus sentimentos apenas a você.

— Quem sabe. – Dei de ombros. Estava deitada com a cabeça em seu colo durante toda a conversa, e não havia chorado como achei que faria. – Vou me focar agora em absorver tudo que puder para minha coluna na revista. – Decidi, levantando-me.

— Como uma boa mãe, tenho que te avisar que isso só vai te machucar. Mas, por ser sua mãe e saber que nada que eu disser vai mudar essa cabecinha teimosa, te desejo força.

— Obrigada.

A noite chegou e com ela minha mãe foi embora. Antes de ligar a televisão para assistir algum programa qualquer, me peguei observando a lua da janela da sala. Hoje, diferente da maioria dos dias em que está amarelada, ela estava cheia e com um brilho esbranquiçado de dar inveja. As nuvens escuras ao seu redor davam a ilusão de estarem sendo afastadas pelo seu brilho, ao passo que as estrelas perto dela se tornavam mais nítidas.

Me senti como a lua naquele momento. Irei afastar as nuvens escuras de meus sentimentos e dar espaço para que o brilho do meu trabalho ganhe seu reconhecimento. Conversar com André já foi um passo. Agora falta-me dar um jeito de afastar uma nuvem de cabelos loiros, olhos castanhos gentis e sorriso manso.  


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Notas finais do capítulo

Será que a Mari vai realmente conseguir afastar Daniel?
Quem sabe shauhsuahuhaus
Obrigada por ler! Beijão.