Casamentos, Amigos e Amores escrita por Nat Rodrigues


Capítulo 3
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura *--*



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Na madrugada daquela noite não consegui pregar os olhos. Além de reviver memórias com André, fiquei repassando tudo que conversei com Daniel. Sempre agradeci o fato de morar sozinha, mas naquele momento queria o colo de minha mãe e suas soluções mirabolantes para meus problemas amorosos.

— Aquele filho da mãe... – Reclamei apertando o travesseiro. Estava sentada na cama, encarando a parede verde de meu quarto. – Meu jogo...? Eu só quero não parecer uma idiota solitária...

Então eu ri. Incrível como mesmo que o tempo passe, essa parte patética de minha adolescência não se desprendeu de mim. Não querer parecer solitária? Então estar ali rindo de mim mesma, quando deveria estar dormindo, era o quê?

Abracei meu travesseiro e deixei com que as lágrimas que segurei o dia todo rolassem.

— Amar as pessoas só me provoca dores de cabeça... – Murmurei, e assim fiquei o restante da noite.

Às oito em ponto da manhã entrei no edifício da redação. Senti-me quase nostálgica por estar com dores de cabeça e óculos de sol, como se estivesse voltando de alguma festa igual à época de meu estágio. Ao menos eu teria histórias engraçadas e empolgantes para contar, se este fosse o caso, não que minha cara estava inchada e vermelha por ter ficado chorando.

Trabalhar em uma revista sempre fora um sonho meu; quando surgiu a oportunidade de fazer estágio na Atual não pensei duas vezes ao aceitar, mesmo que eu não entendesse quase nada sobre moda, tendências e estilo, afinal, no estágio eu só atendia telefonemas e servia o cafezinho. Hoje sou responsável pela parte de comunicação com os leitores; seleciono algumas mensagens, dúvidas e pedidos e monto a parte de “página do leitor”. Pode não ser muito, mas sempre envio matérias e artigos para o editor, e se falta algo para fechar a revista mensal, ele os coloca. 

— Bom dia. – Clarisse cumprimentou-me. Diante dê minha resposta pouco animada seu semblante ficou preocupado. Quando ia me perguntar algo, a diretora e editora-chefe da revista, passou por nós e com um tom seco disse:

— Srta. Oliveira, a estarei esperando em cinco minutos em minha sala.

— Tudo bem. – Assenti franzindo o cenho após ela ter passado.

— O que será que aconteceu? Você deixou de entregar algum material? – Clarisse perguntou-me. Tirei meus óculos, e passei a mão por todo o rosto, reunindo coragem.

— Não. Não que eu lembre.

Maravilha! Além de estar completamente sem rumo em minha vida particular, corro o risco de perder tudo o que construí da profissional. Simplesmente perfeito!

— Vou pegar um café para mim. Quer que eu deixe um em sua mesa? – Clarisse ofereceu.

— Sim, obrigada. – Agradeci.

Depois de colocar minha bolsa em minha cadeira, rumei à sala da diretoria. Com três batidas na porta, que já estava aberta, adentrei o local e me sentei, sentindo um leve tremor nas mãos. Fernanda, a editora-chefe, estava sentada em sua mesa, e Paulo, meu chefe, na cadeira ao lado da minha.

— Bom dia. – Cumprimentei cordialmente.

— Bom dia! – Paulo respondeu-me, com um sorriso e Fernanda apenas acenou com a cabeça.

— Bem, te chamamos aqui porque temos uma proposta a você. – Iniciou Fernanda e não pude deixar de respirar aliviada. – Paulo estava me mostrando o material que você manda a ele sempre que sobra um espaço para fechar a edição, e achei realmente interessante. Isso somado aos emails que temos recebido pedindo sobre um assunto em particular, abriram uma brecha a uma parte inédita na Atual. Gostaríamos que você assumisse esse segmento.

— E-eu... –Gaguejei maravilhada. Senti cada célula de meu corpo se reanimando, e decidi me conter. Não poderia passar uma imagem ruim logo agora. – E sobre o que seria?

— Nas últimas edições, sempre que falávamos sobre festas no geral, recebíamos emails pedindo uma edição sobre casamentos. – Paulo começou a explicar e senti meu sorriso se desfazendo. Realmente, emails sobre casamentos haviam preenchido grande parte da caixa da revista. – Entretanto, ao invés de uma única edição, vamos abrir uma divisão para que a partir deste mês toda edição trate deste conteúdo, junto com os outros assuntos do mês.

— Visto que você sempre se esforçou para ganhar uma seção, e trabalhou bem com a parte dos leitores, nada mais do que justo oferecer a você o papel de colunista integralmente.

Senti que a sala estava começando a girar, assim como todos meus pensamentos racionais. Ganhar uma parte da revista em que eu realmente poderia escrever, me expressar e comunicar com os leitores através da matéria era muito mais do que poderia pedir. Apesar de já estar na Atual há quatro anos, poucas foram as pessoas que vi recebendo uma promoção ou cargos bons. Todavia... Casamento? Ninguém nem nunca insinuou um pedido a mim. Fui madrinha de alianças quando tinha cinco anos apenas. E agora, para completar, seria madrinha de André.

— E então, o que acha?

Respirei fundo, comparando os prós e os contras. Paulo levantou uma de suas sobrancelhas para mim, e lembrei novamente de minha mãe com seus ditados:

“Quem não tem cão, caça com gato”. Seria burrice recusar uma promoção!

— Claro. Claro. Adoraria! – Exclamei com um sorriso nervoso.

— Ótimo. Deixarei com que você acerte os detalhes com Paulo, e depois reformulamos o seu contrato de trabalho. – Fernanda finalizou, levantando e estendeu a mão para mim.

— Muito obrigada. – Agradeci, retribuindo o aperto.

Paulo e eu estávamos a ponto de deixar a sala quando Fernanda chamou-me, novamente:

— Srta. Oliveira... Não a perguntei antes sobre isso porque acho que é algo implícito para que aceite o trabalho. Entretanto... Entende de casamentos, correto?

Engoli em seco e segurei um palavrão. Só pelo olhar crítico que ela me lançava pude perceber que ainda não acredita em meu potencial como jornalista.

— Um amigo meu irá se casar e estou ajudando a organizar tudo. Acho que acabo sabendo mais do que seria normal a uma mulher solteira. – Sorri falsamente. Fernanda assentiu, parecendo parcialmente satisfeita com a resposta e tratei de sair dali logo.

Assim que sentei na cadeira e peguei o café que Clarisse deixara para mim, quis bater minha cabeça com força na mesa. Em que foi se meter, hein Mariana?


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Notas finais do capítulo

Mariana e suas decisões controvérsias sahuashuashus Agora ela querendo ou não, vai ter que se envolver com o casamento de André. Eu desejaria sorte, mas sei q ela não tem kkkkkkkkkkk Obrigada por ler! Beijos!



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