Casamentos, Amigos e Amores escrita por Nat Rodrigues


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Se eu devia postar uma história enquanto outras estão paradas? Se eu devia começar outra história "grande" quando o vestibular está batendo na porta? Não, e não. Mas, sabe como é, férias de julho, e eu tenho que aproveitar esses momentos de inspiração repentina. O tema é clichê, mas eu sempre quis escrever sobre casamentos, então aqui está haushs Espero que goste! Boa leitura!



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Sei o quanto isso pode parecer clichê, hollywoodiano ou mesmo démodé. Mas não posso evitar. Saber que meu melhor amigo, André, irá se casar equivale a ele vir me dizer que se transformou em um homem-bomba e vai explodir minha casa -e mesmo que não tenha feito isso, já me sinto em pedaços.

Veja bem: Conheço-o desde minha adolescência e sempre fomos o caso de “zona da amizade eterna”, em que todos nos olhavam e diziam que éramos perfeitos um para o outro. Certa vez, de modo desastrado confirmei a ele o que já sabia (que o amava), mas fui rejeitada. Entretanto, isso não atrapalhou nossa amizade e seguimos cada um em busca de alguém que viesse nos completar, com essa ilusão que nos colocam na cabeça desde que nascemos. Para ele deu certo, afinal, não muito tempo depois conheceu Jaqueline e já estão juntos há seis anos. Já eu namorei três caras diferentes durante esse período, mas nenhum que me conquistou a ponto de me fazer esquecê-lo. Quer dizer... Eu poderia dizer que Daniel tinha a capacidade de fazê-lo, mas faz dois meses que descobri que ele me traía. E, para falar bem a verdade, nunca coloquei fé no relacionamento de André e Jack. Sempre achei que era mais um caso de “peguei-larguei”, e acho que foi por isso que me afastei deles depois do quarto ano em que estavam juntos, com a desculpa de a faculdade estava roubando todo o meu tempo.

   — Então Mari. O que acha? – André chamou-me. Levantei meu olhar da mesinha de centro da sala de meu apartamento e o encarei. Há seis anos ele havia me feito a mesma pergunta e possuía a mesma cara de ansiedade que trazia agora. Se não fosse a barba por fazer, o cabelo castanho bem parado e algumas linhas de expressão perto dos olhos castanho-escuro que ficaram mais fortes, eu diria que o mesmo André que se preocupou com meus sentimentos a ponto de perguntar o que eu achava sobre ele começar a namorar, é o que estava sentado no sofá com sua noiva, em expectativa, com uma caixa e o convite de madrinha ao lado.

 Fiz a coisa menos sensata a se fazer em um momento como esse: Comecei a chorar. A mesma sensação que rondou meus pensamentos por anos, atingiu-me e percebi que devia mudar a expressão logo. Fingir sorrisos e felicidade ao vê-los juntos não podia ser algo forçado. Eu devia realmente estar em êxtase por eles.

“Não sou mais aquela adolescente egoísta e boba. Não tem problema não estar feliz agora, com o tempo conseguirei domar minhas emoções!” Decidi-me.

— Que notícia maravilhosa! – Exclamei levantando-me do sofá, com as mãos no rosto. – Não acredito que você conseguiu fazer esse sem-juízo virar adulto! – Brinquei, abraçando Jack.

— Eu já tenho vinte e seis anos, Mariana. Sou adulto faz tempo. – André reclamou, com um pequeno sorriso de canto.

— Aham, sei. Mas a alma é de um garoto de dezesseis, preso no tempo. – Argumentei, soltando uma risada nervosa após o abraçar.

— Isso eu tenho que concordar. Acredita que ele ainda vira noites vendo filmes de heróis? – Jaqueline afirmou colocando o cabelo castanho atrás da orelha.

— Tinha que ser o André... – Sorri triste. Não me lembro dele gostar tanto assim de super-heróis. Talvez tenha adquirido essa paixão durante os anos em que não nos falamos direito.

— Porém você ainda não nos respondeu. Quer ser nossa madrinha? – André retomou o assunto, com uma expressão séria.

— Estou meio surpresa pelo convite... – ri sem graça. Novamente à noite em que ele conversou comigo sobre namorar veio à mente, e me senti desconfortável. Antes de retomar a palavra, tomei um gole de água. – Mas aceito sim, claro.

— Obrigada Mari! – Jack disse empolgada, com os olhos verdes brilhando. A expressão séria de André se desfez, e ele sorriu, mostrando os dentes brancos e alinhados. – Ficamos com medo de você rejeitar, já que fazia tempo que não nos víamos.

— Ah, que isso. Eu que agradeço pelo convite. Fico lisonjeada de se lembrarem de mim! – Agradeci, tomando mais um gole de água. Minha máscara de felicidade estava querendo cair.

— Você acha que me esqueci do que te prometi anos atrás? – André sorriu cúmplice. Engasguei com a água.

— Quando começamos a namorar eu fiquei um pouco brava com os dois, já que eu não entendi porque André tinha que conversar com você primeiro. Quer dizer, você não era a mãe dele, certo? – Jaqueline começou a falar e apenas assenti enquanto encarava o chão. – Mas foi um alívio quando ele me falou que você ficava feliz por nós e que já nos via casando. Saber que a melhor amiga dele acreditava em nós como casal me deu muita força para continuar com André. Por isso que quando fomos montar os padrinhos você e Daniel foram um dos primeiros que vieram à minha mente!

Quase deixei o copo cair da minha mão.

— Eu e Daniel? – Indaguei.

— Sim. – Jack confirmou, e entrelaçou os dedos da mão direita com os dedos da mão esquerda de André. – Pensamos que você ficaria mais à vontade com seu namorado ao invés de algum parente nosso. Por quê? Algum problema?

Sinto-me um lixo e me amaldiçoo pelo que vou dizer, mas diante de tanto amor e carinho que esses dois estavam esbanjando, não posso ficar para trás. Eles não precisam saber que não tenho com quem encontrar esse amor tão lindo e simples que eles possuem. Por isso, como meu último esforço para fingir, sorri e respondi:

— Não, claro que não. Eu e Daniel vamos adorar!

Depois eles se despediram e foram embora. Sem energia nenhuma me joguei no sofá marrom de meu apartamento, e fechei os olhos com força. Havia arranjado duas dores de cabeça diferentes num dia só. E para meu completo azar, não muito tempo depois de já estar deitada, meu celular apitou com uma mensagem do meu chefe, cobrando a matéria que ainda não tinha começado a escrever.


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Notas finais do capítulo

E então, estou aprovada com esse primeiro capítulo?



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