Voltei pra casa cantarolando, QUE NOITE! Quem diria que de uma maluquice do Neville eu teria conhecido uma gata daquelas? E ainda mais, ter conseguido o telefone dela e até mesmo levá-la para tomar café. Bem, isso não é nada sobrenatural, mas para um cara como eu que teve como sua única experiência com uma garota um grande fracasso em que ela me deu um fora duas vezes! DUAS VEZES! D-U-A-S! Uma vez no passado e outra no presente.

Bem, mas isso pode ser deixado de lado. O que me interessava agora era ter logo uma oportunidade de ligar para a Hermione.

Cheguei em casa e estava tudo muito silencioso, estranhei já que Lupin sempre ficava até tarde assistindo tv. Fui andando pelos cômodos e o encontrei na cozinha, ele estava bêbado e parecia estar chorando.

— Lupin? — eu chamei e ele me encarou com raiva.

— Olá Ronald, como foi sua noite? — ele estava bem sarcástico.

— Foi muito boa. E a sua?

— Você poderia saber se tivesse ido na minha estréia! — ele gritou.

PUTZ! Não acredito que esqueci da estréia da peça dele! Eu tinha prometido que iria! Que mancada! Mas isso não era motivo pra ele se embebedar né?

— Poxa Lupin, me desculpe. Não precisa ficar assim...

— Até parece que estou assim por sua causa moleque! Tudo deu errado!

— Tudo o que?

— Tudo! Minha estréia foi um fracasso total!

— Você deve estar exagerando...

— NÃO, EU NÃO ESTOU! Tudo deu errado! Eu não devia ter aprovado aquela porcaria de elenco, aquela porcaria de teatro nem escrito aquela porcaria de peça!

— O que houve?

— Um dos atores não sabia as próprias falas! Todos riram! Todos odiaram! Ninguém gosta de pagar pra assistir uma peça mal preparada! Foi uma droga!

— Eu já volto.

Sai da cozinha e deixei Lupin sozinho, um cara tão bacana não merecia aquilo. Eu ia consertar aquela merda! Fui para o meu guarda-roupa e voltei no tempo, exatamente uma hora antes da estréia da peça do Lupin. Sai do quarto e o encontrei lá embaixo, parecia estar me esperando... Putz, eu vacilei mesmo faltando na estréia.

— Está pronto para sua grande estréia? — perguntei e percebi que ele ficou bem animado.

— Eu sabia que você não faltaria! Vamos logo menino, temos que chegar cedo!

Nós fomos para o teatro no carro dele e ele foi cantando as músicas de uma banda horrível que só ele era fã, mas já que ele estava animado eu não acabaria com a alegria dele. Quando chegamos no teatro ele começou a ficar bem nervoso e nós fomos para os camarins, e foi exatamente naquele momento que eu aproveitei para fazer com que todos os atores revisassem suas falas. Tinha um senhor que realmente parecia completamente alheio à toda a situação e naquele momento eu tive certeza que foi exatamente ele que atrapalhou toda a peça. Tive que me conter para não acertar-lhe um soco no meio da cara por dois motivos: o primeiro por ele ser um senhor, o segundo por não transformar a peça num tremendo fiasco — de novo.

No final da noite a peça do Lupin foi aplaudida de pé por todos os espectadores e dessa vez ele não se embebedou sozinho, pois eu também tinha enchido a cara para comemorar com ele.

(...)

Eu ia dar um livro de presente para o Lupin como uma forma de parabenizá-lo pelo sucesso que sua peça estava fazendo, mas eu não sabia que tipo de livro o agradaria então decidi que iria comprar algum que me agradasse, já que quando você não sabe o que dar a uma pessoa você deve dar aquilo que gostaria de ganhar. Mas aí é que está o problema, eu queria dar um livro a ele sem gostar de livros. Meu amigo Harry tinha me dito que teria um evento de uma editora, uma feira de livros, e me disse que seria bom eu ir porque me ajudaria a escolher algum.

Então aqui estou eu, vagando por esse amontoado de livros, várias prateleiras, muitas pessoas e nada que me agradasse. Meu método de seleção era olhar para a capa e ver se eu tinha gostado dela ou não, mas Harry também disse que isso não era o suficiente para definir se o livro era bom ou não e me aconselhou a pelo menos ler a sinopse, já que o único modo que ele conhecia para definir a qualidade de um livro era lendo-o e eu não faria aquilo com todos os livros daquela feira.

Eu andava de um lado para outro, olhando as capas e lendo sinopses, olhando capas e lendo sinopses, olhando capas e lendo sinopses até que finalmente algo me agradou, e não era nenhum livro. Com o uniforme da editora e conversando com alguns clientes ali estava Hermione Granger, a garota do cinema. Ela estava numa conversa animada, parecia estar recomendando algum livro para os clientes e não tirava o sorriso do rosto, o mais lindo sorriso de todos.

Vi que ela tinha terminado de falar com os clientes e agora estava sozinha encostada em uma pilha de livros olhando a movimentação, aproveitei o momento para ir até lá e falar com ela já que até agora não tinha tido a oportunidade de ligar para ela, agora, eu tenho uma oportunidade e um assunto para disfarçar meu total interesse nela, caso nada fluísse eu pediria indicações de livros! Não sabia que ela trabalhava aqui, mas ela parecia bem animada e gostar do que estava fazendo. Cheguei por trás dela e cutuquei suas costas, ela virou-se pra mim e eu esperava que ela ficasse surpresa com minha presença, mas apenas retribuiu com um leve sorriso o sorriso que eu ofereci pra ela.

— Boa tarde, senhor. Posso ajudá-lo?

— Oi, Hermione.

— Olá... — ela disse olhando para o crachá que usava revelando seu nome — Posso ajudá-lo?

— Pode sim, Mione. Eu quero ajuda para...

— Mione? — ela perguntou sem graça — Desculpe, não gosto que me chamem desse jeito.

— Como não? Você pediu que eu te chamasse desse jeito!

— Eu pedi? Só peço isso para meus amigos, mas o senhor não é meu amigo. Está realmente tentando comprar um livro ou está me cantando? — perguntou cruzando os braços.

— O que deu em você? — perguntei sem entender.

— Em mim nada, só acho que o senhor não pode chegar no meu local de trabalho achando que tem intimidade comigo...

— Senhor? Não precisa me chamar assim, eu já disse que prefiro Rony.

— Rony? Quem é Rony?

— Eu sou o Rony! Você não se lembra? Estávamos juntos no cinema, fomos tomar café depois.

— Juntos no cinema? Só pode estar louco! E como sabe que eu fui ao cinema?

— Você não se lembra?

— O senhor está bem? Parece estar um pouco confuso. — agora ela me encarava como se eu fosse um louco.

— Você não se lembra de ter me conhecido no cinema? Um filme de adolescentes com câncer...

— O senhor só pode estar me confundindo com outra garota! É uma incrível coincidência, mas eu não conheci você no cinema, eu estava com meu namorado.

— Seu namorado? — agora eu estava começando a me sentir mal de verdade, senti meu corpo esquentar e começar a suar, minhas pernas fraquejaram e eu tentei me segurar na pilha de livros que foram ao chão imediatamente e Hermione começou a me segurar tentando me manter em pé.

— O senhor está bem? — ouvi ela perguntar pra mim e em seguida ela passou a gritar chamando por ajuda.

Antes de desmaiar eu finalmente havia entendido tudo. Eu tinha conhecido Hermione sim, mas ela não tinha me conhecido. Por minha culpa! Na noite em que nos conhecemos eu voltei no tempo, mudei tudo e fui para a estréia da peça de Lupin junto com ele e se eu estivesse com ele eu não teria conhecido Hermione. Nunca teria ido ao cinema, não poderia estar em dois lugares ao mesmo tempo. Eu sabia quem Hermione era, mas Hermione nunca me vira uma vez sequer em toda sua vida.

Meus olhos fecharam-se e com um baque surdo meu corpo foi ao chão, Hermione não suportara o meu peso e eu não suportara todas aquela informações. Eu estava inconsciente.