Quando o fogo abaixou os guerreiros puderam ver apenas uma pessoa de pé, Cerys, mas a mesma se deixou cair ao chão, ela não estava morta e muito menos James, ela sorriu.

Ângelo, Cyd e Emma correram em direção aos quatro corpos no chão, preocupados com o fim que havia tido seus líderes, mas ao se aproximarem e ver Cerys olhando para seu irmão com um sorriso no rosto, os fez suspirar aliviados.

— Cerys — Ângelo a chamou.

— Eu ouvi o grito da Liz — Cerys falou ainda olhando James — Temi que eu ou James morrêssemos naquele momento, ela ainda é tão pequena, não suportaria uma perda tão grande em tão pouco tempo.

— Ei, você está bem, James está bem — Emma falou.

— Eu escutei a voz do papai — ela sorriu e fechou os olhos — Ele dizia que ia ficar tudo bem, que ele cuidaria dos que foram mortos.

— Cerys você está com a gente — Cyd falou confusa.

— Eu sei — Cerys falou e finalmente os olhou — A profecia dizia isso.

— Profecia? — Hera perguntou confusa e se abaixou perto dos filhos, colocando a cabeça de James sobre seu colo e alisando seus cabelos negros.

— O uivo do lobo marca o fim

Da destruição ou da vida

O grito da criança da profecia

Marca as chamas da vida

Do fogo um deles há de se erguer

Para o fim ou a salvação, escolher.

— Estou orgulhosa de vocês — Hestia falou se aproximando.

— Agora descanse, Cers — Atena sorriu para a garota, que lhe devolveu um sorriso fraco e fechou os olhos.

As montanhas estavam agora em cinzas, os semideuses choravam pelos seus irmãos e amigos perdidos, mas aquilo era uma guerra, não havia apenas sobreviventes. O discurso foi feito por Hera, o que surpreendeu a todos os semideuses, afinal, quem o fazia era Zeus.

Cerys suspirou e fechou os olhos ao sentir a brisa do mar bater em seu rosto e mesmo com a aproximação de alguém ela não abriu os olhos.

— Você parece gostar do mar — a garota ouviu a voz de Poseidon falar ao seu lado.

— Gosto, uma das únicas coisas que tenho orgulho de te herdado de você — afirmou, uma afirmação que fez Poseidon suspirar — Contudo você não veio aqui para falar sobre o que eu gosto.

— Você está certa, não vim para isso — afirmou — Vim pedir desculpas e pedir que você, James e Cyd venham comigo para o palácio.

— Nosso lugar não é a terra ou o mar, Poseidon — Cerys falou e o olhou seria — Posso não nutrir um ódio grande por você, mas também não há perdão pelo que você nos fez. Assim como tenho coisas porque lhe culpa, também tenho por agradecer.

— Agradecer? — Poseidon perguntou confuso.

— Sim, foi seu erro que me deu a minha família atual — respondeu sorrindo ao lembrar de cada um deles — Eu tenho uma filha linda, tenho dois irmãos, tenho melhores amigos, um exército, uma mãe e por mais engraçado que seja, eu não ia muito com a cara de Atena, agora, ela se preocupa comigo e eu com ela.

— Cerys — ela pode ouvi a voz de James e Cyd e se virou assim como Poseidon, fazendo os dois pararem e se olharem confusos.

— Venham aqui — Cerys pediu e os dois foram ainda confusos.

— O que está acontecendo? — James perguntou confuso.

— Estou dizendo a Poseidon que o erro dele nos deu o que temos hoje — respondeu e sorriu para o irmão — E por mais que haja ódio, a também agradecimento.

— Minha irmã está certa nisso, Poseidon — James afirmou — No fim de tudo, você nos deu pelo que lutar.

Poseidon entendeu o que eles queriam dizer, eles não o odiavam mais, mas também não o amavam, outro homem havia tomado o lugar de pai na vida deles, havia ensinado pelo que valia apena lutar. Poseidon sorriu e se afastou.

— Por que estavam me procurando?

— Ártemis está te procurando — Cyd respondeu.

— Vamos lá então.

Emma estava andando pelo acampamento a procura dos outros guerreiros quando uma voz a fez para surpresa.

— Emma — Apolo chamou receoso, fazendo a mesma virar-se para ele com uma sobrancelha erguida em confusão.

— Algum problema? — ela pareceu interessada.

— Podemos conversar?

Ela respirou fundo e o encarou séria.

— Não Apolo, não podemos — ela respirou fundo e fez menção de continuar a sua procura, mas o deus a parou novamente com apenas uma palavra.

— Perdão — ele pronunciou lentamente — Sei que não vai apagar os meus erros do passado, mas acho que eu lhe devo desculpas.

Ela assentiu com as bochechas cheias de ar, como uma criança birrenta se controlando para não gritar com os pais ou a professora.

— Você é um pai imprestável, mas o pior de tudo é que eu ainda gosto um pouquinho de você — afirmou — Uma das coisas que minha mãe me ensinou foi a odiá-lo e sinceramente? Essa foi a melhor coisa que ela me ensinou.

Ele abaixou o olhar quando ouviu Emma falar sobre a falecida mãe.

— Eu te perdoo Apolo, por tudo.

Ele abriu um sorriso fraco o silêncio pairou entre eles.

— Meu anjo? — Mike a chamou.

Ela se virou para o filho de Zeus e deu um sorriso acompanhado de um sinal para que ele esperasse.

— Eu preciso ir — ela falou.

— Pode me dar um abraço?

— Não exagera, cortar a sua cabeça seria mais confortante —- ela lhe deu um beijo na bochecha e saiu andando ao lado de Mike.

Apolo riu e com um sorriso saiu em à procura de Ártemis, para irrita-la.

Os guerreiros se encontravam no meio do acampamento, suas capas balançavam por conta do vento, todos sorriam, diferente da primeira vez que estiveram ali, os semideuses os encaravam confusos e admirados, os deuses não entendiam o que estava acontecendo.

— Essa é nossa despedida — Cerys falou e pode se ver lagrimas em seus olhos — Vocês se tornaram guerreiros habilidosos e prontos para lutas futuras, essa era nossa missão aqui e a cumprimos.

— Para onde vão agora? — uma semideusa perguntou.

— Temos reinos para governa, súditos que precisam de nossa liderança — Rubi respondeu.

— Como assim?

— Quando nos apresentamos, citamos nossos planetas — Castiel respondeu —  Shallon, Time, Lúcifer, Terra, Sangria, Solarion, Caçador, Lovedy, Metals, Ariodes, Shadow, Ômega, Orion e Chaos. Esses são os nossos reinos.

 Uma luz brilhou no céu chamando a atenção deles.

— Essa é a nossa deixa para partir — Cyd falou e sorriu — Os escolhidos sabem quem são, mas a decisão de vim com a gente e ser treinado cabe a vocês.

Alguns semideuses se surpreenderam quando alguns de seus amigos ou irmãos se despediram e seguiram para perto dos guerreiros, Cerys sorriu para Benjamin que parou ao seu lado, o garoto logo devolveu o sorriso.

— Ártemis? — Cerys fez uma pergunta silenciosa a deusa.

— Eu vou — Ártemis respondeu e deu um sorriso fraco, foi até uma das suas seguidoras mais fiel — Eu Ártemis, deusa da lua, caça e virgindade, concedo o posto de deusa da caça e da virgindade a Calíope, filha de Apolo.

Tanto os deuses como os semideuses e caçadoras prenderam a respiração quando a deusa da lua passou seu título para outra pessoa, ninguém estava entendendo o que estava acontecendo. Ártemis caminhou até o lado direito de James entrelaçando suas mãos, fazendo Apolo arregalar os olhos.

— Thalia...

— Eu já estou indo — a filha de Zeus sorriu animada enquanto tirava sua coroa e a entregava a Calíope.

— O que está acontecendo? — Zeus perguntou ainda mais confuso.

— Quando nascemos, somos ligados a uma pessoa no mundo, é um mito chinês — Emma falou.

— Akai Ito — a garota ao lado de Castiel falou timidamente.

— Exatamente — Emma sorriu para ela — Acredita-se que todos temos um fio vermelho ligado ao nosso dedo mindinho e a pessoa que tem a outra ponta do fio é nossa alma gêmea.

— Ártemis possui a ponta de James e Thalia a ponta de Ângelo — Cyd respondeu rapidamente.

— Mas ela jurou virgindade eterna — Apolo falou confuso.

— Já demos um jeito nisso — Cerys respondeu — E antes que comecem, Ártemis soube no dia que James a salvou.

A luz brilhou no céu novamente.

— Temos mesmo que ir — Ângelo afirmou e sorriu — Mike e Miguel, vocês vão com a gente?

Os dois se olharam e acenaram positivamente para Ângelo, eles haviam ficado por muito tempo longe de suas garotas e não pretendiam se separar agora.

— Isso não é um adeus — Cerys falou para os semideuses — Ainda nos veremos. Até breve.

Então eles desapareceram.

Mas os semideuses sabiam que ainda os veriam, num futuro não muito distante.