Não havia uma razão para que Marlene não tivesse contado que o nome de seu ficante era Sirius. Ao menos foi o que Lily assumiu durante seu horário de almoço na quarta-feira, um dia depois do (um pouco desastroso) encontro com James.

Ela estava pensando sobre o dia anterior e tentando ignorar as lembranças de quando havia corado (dez delas sendo por elogios vindo do moreno ― ela contou), quando lembrou que a amiga havia mantido o nome do cara em segredo até o dia em que ela finalmente o conheceu. Não muito tempo depois desistiu da ideia de não ser nada importante e mandou uma mensagem para a loira, sendo o mais breve possível para explicar a sua curiosidade. Marlene não a responderia tão cedo, a esta hora ainda estava no trabalho.

O resto do dia foi corrido e Lily mal teve tempo para respirar. Haviam ocorrido alguns problemas na edição anterior da revista e todos estavam alvoroçados a fim de consertar aquilo, e a ruiva não havia sido poupada, já que o erro havia sido na coluna que escrevia. Ao menos a culpa não era de ninguém, apenas uma informação passada incorretamente que deveria ser corrigida.

― Vejo vocês amanhã ― Lily despediu-se de seus colegas, pegando o casaco que estava pendurado em sua cadeira e jogando-o por cima do ombro. Suas costas doíam como se tivesse carregado sacos de farinha o dia inteiro e seu corpo ansiava por sua cama macia.

― Evans? ― ela virou-se para trás e deparou-se com Bellatrix Lestrange parada em sua pose formal, como se fosse a dona daquele local. Queria revirar os olhos para a mulher, mas conteve-se. ― Segunda-feira Sr. Riddle não pôde falar com... Você. Por conta da reunião de última hora, como sabe. Então ele gostaria de saber se poderiam conversar agora.

Lily começou a soar frio. Havia esquecido completamente disso, afinal, quando não pensava no trabalho, pensava ou em James ou em descansar. O moreno estava realmente deixando-a maluca.

― Claro ― sua voz saiu falha, mas não se importou. Não imaginava o que o velho homem gostaria de falar com ela. Bellatrix era ligeiramente mais alta e batia os pés para andar, o barulho de seus saltos contra o chão ecoando pela cabeça de Lily como se fosse o único som por ali. A dor em suas costas pareceu sumir e todo o seu corpo focava eu não demonstrar o quão ansiosa estava.

Às vezes ela gostaria de entender como as pessoas conseguem ser confiantes em momentos como esses.

~x~

Quando chegou em casa, Lily deparou-se com Marlene jogada no sofá da sala comendo um pacote de salgadinhos. Era inexplicável a boa sensação de poder ter essa visão após tanto tempo chegando e encontrando o vazio.

― Você me mandou uma mensagem ― a testa da ruiva franziu com a fala da amiga, mas então lembrou-se de mais cedo, quando havia perguntado sobre Sirius. Nos últimos dias a sua memória estava deixando-a frustrada. ― Bem, eu só não tinha certeza de que sério algo sério, sabe? Meus relacionamentos geralmente são horríveis e acabam de uma forma trágica e eu não queria criar esperanças, por mais que eu nos considere apenas ficantes, eu gosto do Sirius e, se eu dissesse o nome dele antes de eu ter uma certeza de que ele não estava brincando com a minha cara, eu me sentiria horrível. Não me pergunte, faz sentido na minha cabeça.

O rosto de Lily estava franzido em confusão. Ainda estava parada em frente a porta, com a bolsa em mãos e Marlene já havia despejado tudo sobre ela. Saindo do choque pela rapidez com que a loira havia dito aquilo, Lily sorriu carinhosamente e sentou-se no chão próximo a ela. Marlene era uma mulher confiante, mas que tinha as suas inseguranças.

― Entendi o que quer dizer ― respondeu simples. ― Então... Algo sério?

― Estamos ficando sério ― a Evans revirou os olhos e resolveu por não tocar mais no assunto. Levantou-se e se jogou no outro sofá, quase podendo ouvir anjos cantando com a sensção de encostar seu corpo no macio. ― Conversei com o Riddle hoje.

― O que ele queria com você? ― Lily podia ouvir a animação na voz da amiga, mas sua preguiça era demais até para abrir os olhos e ver sua reação. ― Me diz que não foi demitida, por favor!

― Ele me elogiou ― o sorriso apareceu em seu rosto automaticamente ―, disse que meu trabalho é excelente e que eu proporcionei mais do que ele esperava. O que quer dizer que, sim, eu ganhei aquele aumento.

Marlene resmungou, jogando uma almofada na amiga, que sequer se moveu.

― Como você tem tanta sorte, sua vaca? ― sua voz aguda fez Lily finalmente virar o rosto para ela e abrir os olhos. Lene a encarava sorridente. ― Primeiro um cara super gostoso te passa o número dele, agora você recebe um aumento e é elogiada pessoalmente por aquele chefe ridículo com sede de dinheiro que você tem? Me diz qual é o feitiço!

― James ter me passado o número não foi tão bom assim ― Evans respondeu, encolhendo-se no sofá.

― Por favor, você achou ele maravilhoso e logo vão estar se agarrando.

― Cala a boca ― as bochechas de Lily esquentaram e ficaram vermelhas com o comentário, mas ainda assim sorria.

E, lá no fundo, Lily desejou que Lene estivesse certa.