Marotos no Futuro escrita por Duda Monteiro


Capítulo 24
Determinate




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You know you gotta get it all
I cant take it
That's what being friends about
I,I wanna cry
I can't deny
Tonight I wanna up
and hide
And get inside 

Você sabe que tem deixar isso ir
Eu não posso aguentar isso
É pra isso que servem os amigos
Eu, eu quero chorar
Eu não posso negar
Esta noite eu quero me esconder
Mas por dentro
Isso não está certo
Eu tenho que viver minha vida
Determinate - Lemonade Mouth

 

Charlotte acordou mais cedo que o normal e foi para o Corujal — passando rapidamente na cozinha para roubar um lanche —, para mandar uma carta para a mãe, falando de Destiny. Usou a coruja da mesma, Morgana, já que a sua ainda não havia retornado. Após isso foi para a Ala Hospitalar. Não se surpreendeu a dar de cara com Nico, que parecia que não havia dormido direito.

— Não está muito cedo para você estar de pé? — ela perguntou, encostando ao seu lado. O amigo não era muito conhecido por se levantar cedo, mas ela desconfiava da razão daquela rara mudança.

— Eu precisava ver se ela está bem, antes das aulas — ele respondeu. O silêncio caiu entre os dois, enquanto eles esperavam dar sete horas e a Madame Pomfrey abrir a porta da Ala Hospitalar para os visitantes.

Dez minutos depois Charlie acordava Destiny. Nico havia ficado do lado de fora, e entraria depois.

— Oi — Destiny saudou baixinho. Estava sentindo-se uma tola pelo show de ontem. Arrependida de ter chamado atenção daquele jeito. Agora não seria deixada em paz pelos amigos nunca mais. — Como você está?

— Não mude o foco. Quem está numa cama na Ala Hospitalar não sou eu — brigou Charlie, mas logo abraçou a amiga. — Nunca mais faça isso conosco — ordenou.

— Tudo bem — Destiny falou, esperando que se tornasse verdade. Mesmo sabendo que não seria nada fácil.  — Você não falou nada para a tia Dulce, né?

— É claro que falei. A carta já está a caminho. Então não tem como você me fazer mudar de ideia — informou.

— Você não deveria ter feito isso — reclamou Destiny.

— Não? — Charlie a encarou seria. — Então deveria fazer o que? Ver você piorar cada vez mais?! É isso que você espera de mim, Destiny? — perguntou, fazendo a amiga abaixar a cabeça. — Não, é melhor avisa-la logo e se algo mais acontecer, buscaremos ajuda. E por enquanto, você tomará uma poção calmante. Para conseguir passar por esses dias tranquilamente. E vamos rezar para que tenham sido essas últimas notícias que lhe deixaram desse jeito, Dest.

Destiny continuava olhando para baixo, triste, antes de admitir a verdade para a amiga. — Não foi só isso. Ontem encontrei com o Malfoy. E isso me descompensou. Foi o que faltava para que a angustia assumisse o controle — contou. Charlotte balançou a cabeça.

— Eu sempre lhe falei o que o Malfoy a fazia mal. Você fez bem em terminar.

— Não fui eu que terminei, e você sabe disso — Destiny relembrou.

— Tanto faz, pelo menos vocês não estão mais juntos. E se depender de mim, eu nunca mais os ajudarei nesse romance tolo — falou, relembrando as vezes que ajudara a amiga se encontrar com o sonserino. E a vez em que o chamara para a sua casa, após a morte de Sirius, para animar a amiga. — Talvez seja o momento de você dar a chance para alguém que verdadeiramente goste de você — disse olhando discretamente para a porta. E quase no mesmo instante começaram a escutar barulhos vindo de fora e a porta foi aberta.

— Destiny! — exclamou Elizabeth quase correndo para a menina. Nico e Sirius vinham atrás.

— Eu tentei impedi-los. Porém eles são teimosos. Acho que a Dest teve de quem puxar — Nico contou, os seguindo.

— Pensei que tivesse dito que ia falar com ela a sós primeiro — reprendeu Charlie.

— Como se isso fosse nos impedir — retrucou Sirius, parando em frente a cama da menina.

— Han, Liz e Sirius, oi — Destiny saudou, sem saber como chama-los.

— Como você está? — Sirius perguntou se aproximando da garota.

— Bem. Acho — ela respondeu.

— Por favor, nunca mais nos assuste assim — pediu Liz, ao lado de Destiny, passando a mão pela sua cabeça, carinhosamente.

— Tudo bem. Vou tentar — repetiu o que havia falado para Charlie. — Como você está, Nico? — ela perguntou para o amigo que estava mais afastado.

— Melhor agora, que estou vendo que você está bem — ele falou, um pouco nervoso ainda.

— Vocês já tomaram café da manhã? — Charlie questionou a Liz e Sirius, dando uma olhada no relógio.

— Não, acordamos e viemos direto para cá — disse Liz.

— Ok então. Vamos comer e depois vocês voltam. Deixem os dois conversarem um pouco. Ele não pode faltar aula, vocês sim — e começou a puxar os dois, antes que respondessem — a menina era mais forte do que parecia —, e eles foram, a contragosto. Deixando Dest e Nico sozinhos. O menino agradeceu por isso. Estava louco para falar com a amiga, mas não queria fazer isso na frente daqueles que um dia seriam os pais dela.

— Por favor, não me assuste mais desse jeito — implorou Nico, se aproximando, e passando a mão pelo rosto da garota.

— Desculpe. Não era a minha intenção assustar vocês — ela falou sinceramente.

— Você não tem noção de como é importante para mim, Des. E eu quase pirei quando a Martha veio nos dizer que você estava desmaiada no quarto. Bateu um desespero no tempo em que tive que ficar lhe esperando nas escadas — Nico contou, tremendo ao relembrar o momento.

— Me desculpe — Dest sussurrou. — Só foi mais forte que eu. Esse maldito sentimento. Como se tudo que eu fosse na vida fosse nada, e ninguém realmente fosse se importar com o final da minha vida. As vezes penso em acabar logo com tudo, que ninguém vai sentir a minha falta.

— Eu irei — Nico falou a encarando sério. — Se algo acontecer com você, não sei o que seria de mim. Então vamos tomar cuidado, e não deixar nada acontecer com você, certo. Já está difícil arrumar uma namorada que me entenda. Arrumar outra melhor amiga então, será impossível — ele brincou, fazendo Dest soltar uma leve risada.

— Sim senhor. Nada de arrumar uma nova melhor amiga para você. Ninguém vai me roubar esse cargo. Lanço um feitiço na pessoa antes.

— Ótimo, continue com esse pensamento. E trate de não voltar mais para cá — ele mandou. — E por favor, lembre-se que sempre estarei ao seu lado, okay?

— Okay. E eu sempre estarei ao seu — ela respondeu. — E agora já sei que é preciso para fazer você levantar cedo! Basta uma visita a Ala Hospitalar — Dest zombou. Nico fez uma cara feia, mas depois abriu um sorriso e fez cosquinhas na amiga.

— Muito engraçadinha, senhorita Black. Vamos ver se continua assim enquanto morre de rir — falou mais alto que os risos da amiga. Ela conseguiu fazer com que ele parece após muito esforço. Continuaram conversando pelos minutos seguintes, até que Dest o expulsou, para que fosse para a aula. Já que ele ainda precisava pegar o material.

— De noite volto, pode ir me esperando — ele mandou. Deu um beijo de despedida na testa da amiga e saiu.

Destiny suspirou. Lutaria para que aquele sentimento não voltasse. Havia gente demais que a queria bem, e ela tentaria. Não queria ter que recorrer a remédios trouxas, era algo horrível. Esperava que as poções a ajudassem. 

...

Assim que o sinal tocou indicando que o café da manhã havia acabado e que as aulas se iniciariam, Sirius e Elizabeth saíram correndo para a Ala Hospitalar. Agora não havia nada que pudesse os impedir de falar com Destiny.

Ao chegarem, quase não conseguiram entrar. Já que a Madame Pomfrey estava irredutível. Não poderia deixar dois alunos fugirem das aulas para visitar uma paciente. Mas após uma pequena mentira — que eles não frequentavam as aulas da manhã —, e muita chantagem emocional da parte de Sirius — que mesmo não tendo mais sua aparência de antes, mantinha o charme — eles conseguiram entrar.

Destiny olhava apreensiva para a porta, sendo essa a sua única distração. Estava os esperando. E agradecia por já estar sentada, pois a conversa não seria uma das mais fácies, ao menos era o que pensava. 

Sirius puxou duas cadeiras para perto da cama que a menina ocupava, oferecendo uma para Liz, que se sentou, e foi imitada por ele.

— Então... por onde começamos? — Sirius falou perdido.

— Não faço a menor ideia. Me desculpem se perdi a prática em falar com meus pais na versão adolescente deles — Destiny disse tentando quebrar o clima.

— Pelo que descobrimos, você não tem muita prática em falar com qualquer versão dos seus pais. Já que o Sirius morreu e até um pouco antes disso vocês não se conheciam. E eu estou louca — Liz soltou sem pensar. — Desculpe. Eu sei que você estava tentando aliviar as coisas. Porém quando fico nervosa fico falando sem pensar direito — ela tentou explicar.

— Tudo bem — Dest respondeu, soltando um suspiro. — Por onde vocês querem começar? — perguntou.

— Bem... eu só queria saber como você está. Como você é. Se tudo isso que aconteceu lhe deixou sequelas... — começou Liz.

— É bem obvio que algumas sequelas eu tenho — falou sinalizando o local em que se encontravam. — Mas eu acho que poderia ser bem pior. Sabe, a tia Dul me criou bem. Diferente do Harry, que sofreu na mão dos trouxas que os criaram. Então analisando o quadro geral... poderia ser pior.

— Me lembre de agradecer a docinho assim que sair daqui — Sirius comentou com Liz. — Acho que poderíamos começar a fazer perguntas mais específicas, né? — Não esperando por uma aceitação, ele continuou. — Quando você nasceu?

— 15 de novembro de 1980 — respondeu Destiny prontamente.

— Ou seja, estávamos juntos a pelo menos nove meses antes disso — falou Sirius, tentando calcular quando ficaram juntos..

— Ou seja, não muito depois do final da escola — Liz comentou com Sirius. — Você sabe como acabamos juntos? — questionou Liz, para Dest. A menina assentiu e começou a falar.

— Um dia, em uma de nossas conversas, Sirius me contou.

“Era mais um dia comum na sede da Ordem da Fênix. Os jovens, a senhora Weasley e Sirius tratavam de limpar aquele local, que por anos fora abandonado. Ao final do dia, estavam mortos pelo esforço.

Como já era o habito, Destiny sentou-se ao lado do pai, para escuta-lo relembrar antigas histórias.

— Acho que você ainda não sabe como eu e sua mãe começamos a namorar, não é? — Sirius perguntou praticamente afirmando. Dest concordou, segurando a vontade de dizer que na verdade, não sabia quase de nada. — Quer que eu conte?

— É claro! — ela exclamou animada em saber pelo menos um pouco do que levara a ela.

— Bem, éramos amigos bem antes de termos qualquer coisa séria. Enquanto seu tio era o meu irmão de outra mãe, Liz tornou-se a minha melhor amiga. E as vezes, nós ficávamos sem compromisso — relembrou com o olhar perdido. — Gostávamos um do outro, mas ainda queríamos aproveitar nossos anos de juventude sem nos comprometer — e ficando sério, virou-se para a menina. — No entanto, isso é algo que eu não aprovo para a minha filha — falou assumido um tom de pai sério. E Dest ficou dividida entre a vontade de rir e de contradizer o pai. Aquele tom não combinava com ele. E ele não tinha nenhuma autoridade naquele assunto. Em vez de seguir por um desses caminhos, falou:

— Tudo bem. Agora continue a história.

— Certo. Pensando bem agora, eu acho que foi isso que nos fez dar tão certo. Se tivéssemos ficado juntos de vez mais cedo, talvez estragássemos tudo. Éramos muito imaturos na época. Eu mais que ela, com toda a certeza. Foi somente após o noivado de Lily e James, em meados do início de 1979, e depois de mais uma batalha contra o Voldemort, quando Liz acabou sendo ferida, que notei que não poderia viver sem ela.

— Aí você a pediu em namoro? — perguntou Destiny curiosa.

Sirius soltou a sua famosa risada canina e balançou seus longos cabelos. — Ah, como eu queria que tivesse sido tão fácil. Não, na verdade, ela ainda precisou arrumar um namorado para que eu criasse vergonha na cara e admitisse meus sentimentos. Veja bem, eu não me imaginava com uma mulher e filhos. Quando criança, fui criado para pensar em casamento mais como um negócio e filhos como futuros investimentos. Então após conseguir sair de casa, não queria me imaginar casando.

— E o que lhe fez mudar de ideia? Digo, você mudou, não é? — ela indagou.

— Mudei. E sua mãe — respondeu sério. — Como falei, ela era minha melhor amiga. Sabia mais de mim do que eu mesmo. James era o único que podia competir com ela. E na época ele estava ocupado com Lily. Quando ela começou a namorar, notei que sentia falta dos seus beijos e mais importante, da sua companhia. E um dia, após beber demais, fui até a casa dela — que na época dividia um apartamento com Dulce —, e como um bom bêbado, falei toda a verdade.

— E ai?! — Destiny exclamou, após Sirius fazer uma pausa dramática.

— Ela primeiro ignorou tudo que eu havia dito e me deu um banho frio, depois tratou da minha bebedeira. Ao voltar a ficar sóbrio, Liz pediu para que eu repetisse o que havia falado. Repeti, e ela me falou que só estava com o outro porque eu não tomava juízo e não esquecia daquela bobagem de não ter família — Sirius falou com um pequeno sorriso. — Eu tentei a beijar, porém ela me afastou, porque ainda namorava o coisa. Me fez dormir no sofá, e quando acordei, ela não estava mais em casa.

— E para onde ela havia ido?

— Terminar com ele. Assim que voltou, me encheu de beijos. E aí, eu a pedi em noivado.

— O que?! — gritou Destiny surpresa. Sirius deu de ombros.

— Já que é para arriscar, é melhor fazer isso direito — falou, e parando para pensar um pouco, continuou. — E vejo por esse lado, nunca namoramos de verdade — ele brincou."

Destiny contou a versão resumida da história, enquanto lembrava do momento que havia passado com o pai.

— Por que não podemos ser como os casais normais? — Liz perguntou para Sirius, após o fim da história.

— Porque não somos normais, aceite isso, Elizabeth — o menino falou para a amiga. — E o que aconteceu com você, depois que fui preso? — perguntou para a filha. — Como você acabou com a Dulce?

— Antes de sair para o passeio, minha mãe me deixou na casa da minha tia Dulce, era algo comum já. Pois ela tinha a Charlie e sabia cuidar de criança. E não estava se escondendo com um feitiço supersecreto, como a Lily. Então sempre que uma precisava sair, a outra ficava cuidando das crianças — explicou Dest. — Vocês precisam entender que aconteceu tudo muito rapidamente. Os comensais pegaram a Liz e uma parte da Ordem começou a procurar por ela. Vocês entre eles — apontou para Sirius. — Enquanto isso, Dulce estava afastada de tudo. Então só soube do que houve dias depois. Ela ficou pensando no que deveria fazer e resolveu manter o silêncio sobre mim por um tempo. Até conseguir se comunicar com Sirius pessoalmente — mandar cartas naquela época era muito perigoso, ainda mais para alguém em constante movimento —. Porém antes que esse encontro acontecesse, Voldemort atacou James e Lily, e todos, inclusive minha tia, tiveram que acreditar que Sirius era o culpado. Com isso, ela resolveu que o melhor seria que Destiny Black estivesse morta. Não era tão difícil, poucos sabiam sobre mim.  Ela mudou de país e passou a nos criar na Espanha, apenas um pouco antes de começarmos o primeiro ano, que voltamos para a Inglaterra — Destiny clareou um pouco daquela história. — Pelo menos, foi a versão que me contaram.


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Notas finais do capítulo

Primeiramente, me desculpem por não ter postado semana passada. Mas as duas ultimas semanas foram insuportáveis, por questão de faculdade. Mas agora já estou teoricamente livre, só esperando as notas. Então as coisas devem se normalizar.
Segundo, desculpem por postar tão tarde, queria ter postado desde a sexta, porém estou sem net e meu note tá com vírus, ou seja, excluiu o navegador e não tenho como instalar de novo. É, aconteceu tudo junto. Tive que usar o 3g, para mandar essa nota, o gif e o texto para uma amiga postar. A coisa tá complicada...
Assim que possível respondo os comentários e a pergunta que tem no tumblr. Por favor, me perdoem! Beijos!