I thought that I've been hurt before
But no one's ever left me quite this sore
Your words cut deeper than a knife
Now I need someone to breathe me back to life
Got a feeling that I'm going under
But I know that I'll make it out alive
If I quit calling you my lover
Move on

Eu achei que tinha sido machucado antes
Mas nunca ninguém me deixou tão ferido
Suas palavras cortam mais do que faca
Agora preciso de alguém para me trazer a vida
Sinto que estou afundando
Mas eu sei que conseguirei sair vivo
Se eu parar de te chamar de meu amor
E seguir em frente

Stitches — Shawn Mendes

Naquela segunda feira caia uma leve chuva nos arredores do castelo, e o teto do Salão Principal refletia bem o céu, como sempre. Na noite anterior o grupo não havia combinado quando se encontrariam, então a medida que acordavam, esperavam pelos companheiros de dormitório e seguiam para o café da manhã.

Praticamente todos se encontravam com caras de sono, devido à noite mal dorminda. Era muita coisa para processarem. Sentaram-se perto um dos outros, pais e filhos, mas o silêncio se manteve por um tempo, fora as saudações na chegada.

— Precisamos falar sobre ontem — Alice disse quebrando o silêncio, quase no final do horário do café da manha.

A fala dela serviu para despertar a todos, que começaram a se entreolhar.

— Realmente, tem muitas coisas que vocês ainda precisam nos explicar — concordou Lily, olhando especificamente para o filho. Já imaginava como havia a sido a vida dele morando com a sua irmã, porém precisava escutar isso da boca de Harry. — No entanto, acho que é melhor nos encontrarmos somente após o jantar. Para não nos desconcentrarmos das aulas.

— Nós já sabemos os assuntos das aulas, Ly! Podemos nos dar ao luxo de ficarmos um pouco distraídos — exclamou Sirius.

— É, porém eles não — falou Remus, apontando para os mais novos. Sirius bufou em revolta.

James ignorou o amigo e perguntou para os quatro — Vocês aceitam nos encontrar após o final das aulas?

— Por mim, tudo bem — disse Dest e os outros concordaram.

— Certo, então acho melhor vocês irem indo, para não chegarem atrasados — falou Frank.

— É, e ainda temos que falar com nossos amigos... — comentou Charlie levantando-se, sendo acompanhada de Dest. — Até a hora do jantar — despediu-se.

Logo Harry e Neville também saíram, deixando apenas os oito.  

— No que nos metemos... — queixou-se Liz, colocando a cabeça na mesa, cansada.

— E eu acho que só vai piorar — Dulce falou amargamente, olhando de esguelha para Lupin. Ainda não haviam se falado, e a menina não sabia se desejava fazer isso.

...

Charlie e Dest haviam resolvido fazer algo que raramente faziam. Faltar uma aula. Mas não qualquer aula. A aula de Defesa Contra a Arte das Trevas, com Snape. Normalmente já não gostavam daquela aula e iam forçadas, porém naquele dia, não tinha nada que a colocassem numa sala fechada com Snape por duas aulas inteiras!

O professor desde o primeiro ano das meninas não gostava de Destiny, mesmo antes de saber de quem ela era filha — na verdade, Snape não gosta de nenhum aluno que não fosse da Sonserina. Mas Destiny fez questão de conseguir que o professor a desgostasse completamente —, e por consequência, não suportava Charlie. E depois do ano passado, quando foram reveladas as identidades dos pais delas para os membros da Ordem da Fênix, ele passou a odiá-las.

Destiny então convenceu Charlotte a faltarem aquelas aulas e não foi muito difícil fazer isso. Como bônus, ainda fizeram o namorado de Charlie faltar também, pois a menina queria contar tudo que havia descoberto para ele. Até tentaram fazer Nico os acompanhar, porém ele tinha pego umas detenções com Snape a pouco tempo e não queria se arriscar. Dest ficou um tempo com o casal, no entanto logo arrumou um jeito de escapar discretamente. Não queria ficar segurando vela, e notava que eles só insistiam para que ficasse por gentiliza. Sabia que a amiga queria falar a sós com o namorado e deu o espaço necessário para isso.

Agora andava sem direção pela escola, rezando para que não fosse pega por nenhum professor, enquanto procurava algum lugar em que pudesse ficar em paz. Sentia falta do Nico, sabia que ele poderia anima-la rapidamente. E só Morgana sabia como ela precisava ser animada rapidamente. Sua vida estava uma loucura.

Entrou num corredor pouco usado, pensando que poderia ficar ali sem maiores preocupações, até que o avistou ao final do corredor, vindo na direção contraria. Resmungando milhares de maldições, ela tentou voltar antes que ele a visse, porém era tarde demais.

— Veja quem apareceu, a mais nova Black perdida. Andou sumida — ele falou aproximando-se. Ela virou-se para ele irritada.

— Achei que já havíamos passado dessa fase em nosso não relacionamento. Achei que havíamos combinado em não nos ofendemos mais, a não ser que fosse extremamente necessário. E pelo que eu noto, só estamos eu e você aqui, não há a necessidade disso — Destiny falou entredentes.

— Não sei onde lhe ofendi, Selene. Só falei a verdade, você é uma Black, e estava teoricamente perdida nos últimos anos. Sua origem só foi amplamente relevada recentemente. Sem falar que mal lhe vejo pelo castelo ultimamente — retrucou Malfoy, dando de ombros e colocando uma ênfase no “é”.

— Não me chame de Selene! — praticamente rosnou a menina.

— Pensei que esse fosse seu nome. Seu verdadeiro nome.

— Meu verdadeiro nome é Destiny! E você sabe disso!

— Não. Você é uma Black, então precisa ser chamada pelo seu nome Black. Selene — rebateu calmamente o menino. Aquele era um tema comum em suas antigas discussões. Destiny odiava quando o menino a chamava somente de Selene, já que entendia que era um jeito dele deixar claro que ela é uma Black, e fazia parecer que era somente por isso que estavam juntos.

Todo o mal humor de antes, voltou ao corpo de Destiny. Draco Malfoy era tão engraçado e incrivelmente idiota.

— Olha, vamos fazer o seguinte, cada um segue o seu caminho em paz, está bem? Não quero confusão, não hoje — estava quase implorando. Antes que não segurasse a sua mão, que logo acabaria na face pálida do outro. Retornou para a direção que havia vindo, decidida a ignorar o que ele falasse.

— Você sabe que eu, como monitor, deveria lhe dar uma detenção, ou pelo menos retirar alguns pontos seus... E até onde eu sei, você fugiu da aula de Snape, ele não deve estar muito feliz com isso.

Destiny virou-se rapidamente para ele. — Então tire! Me coloque em detenção! Fale com ele! Qualquer coisa que fizer você me deixar em paz! — ela gritou. Draco levantou as mãos em sinal de paz.

— Por favor, Selene. Eu quero falar com você. Só falar — pediu gentilmente, mal parecendo o Malfoy do dia a dia, e sim aquele Draco das tardes roubadas em salas desertas e noites em corredores escuros.

— O que você quer? — Dest perguntou, sem conseguir segurar a grosseria em sua voz.

— Sabe como você está... eu sei que o jeito que terminamos não foi o mais fácil e que...

O que mais ele iria falar, talvez ela nunca soubesse, pois soltou uma gargalhada irônica em meio a sua fala.

— Não foi o mais fácil?! Não foi o mais fácil, Malfoy?! MEU PAI TINHA ACABADO DE MORRER! — gritou, sem conseguir se segurar. — Eu tinha perdido meu pai. E eu precisava de você! Você apareceu na minha casa, me deu esperanças que ficaríamos bem juntos, que você realmente gostava de mim! Que apesar de tudo, superaríamos as diferenças.  Para dias depois terminar tudo! “Não foi o mais fácil” é o eufemismo do ano! — rugiu a menina. Draco assustou-se com a explosão dela.

— Você precisa entender. Já havíamos falado que não ficaríamos juntos para sempre. Que era algo passageiro. E você aceitou tranquilamente no dia! — falou contestando a fala dela.

— É claro que aceitei. Você queria que eu fizesse o que? Implorasse que você ficasse comigo, Malfoy? — ela soltou amarga e negou com a cabeça. — Não, isso é algo que não se é preciso pedir. Porque quando alguém gosta verdadeiramente da outra, ela fica. E eu queria que você ficasse.

Draco viu isso como uma oportunidade para aproximasse da menina e foi isso que fez.

— Por favor, Sel...

— Por favor o que?! — perguntou após ele não completar a frase.

— Eu não sei. Não sei como lhe ajudar. Não podemos voltar. Eu tenho algo que preciso fazer e sei que você nunca aceitaria isso.

Ela o olhou com nojo. — Agora eu que peço por favor. Me deixe em paz. Você não vai desistir disso por mim e eu não irei estragar minha vida por você. Não de novo. Você ficou semanas me vendo sangrar sem fazer nada. Eu estava completamente arrasada, tropeçando em mim mesma, dolorida. Eu praticamente implorei por você. Parecia que eu estava morrendo... E ainda tive que aprender a parar de chamar você de meu amor, e seguir em frente, sem dois pedaços meus. Eu precisei tirar você da minha cabeça, senão acabaria morta. Eu achei que já tinha sido ferida antes, porém nunca me senti tão para baixo quanto esses últimos meses. Afastei todo mundo que realmente gostava de mim, por sua causa! Não, Malfoy, eu me cansei de precisar de pontos por você — Destiny cuspiu tudo que guardava para si nos últimos meses. E começou a seguir em frente, ignorando o menino no meio do caminho.

Draco não havia entendido a parte em que ela falava dos pontos, porém decidiu fazer um último movimento desesperado. Antes que ela passasse completamente pelo seu lado, ele a beijou de surpresa. No começo foi retribuído, até Destiny notar o que estava fazendo, os separando com um belíssimo tapa na cara do loiro. Draco a olhou abismado.

— Escute bem, Malfoy. Não espere que eu fique me agarrando com você em corredores vazios. Essa fase terminou. Você terminou com ela! E comigo no processo. Deixe-me repetir. Você. Terminou. Comigo! E esse tipo de coisa, ficar me agarrando contra a minha vontade, se enquadra num comportamento abusivo, que eu já sei que você tem. Mas vá ser abusivo com um dos seus seguidores. Eu não pertenço a você e não temos qualquer tipo de ligação de verdade — ele abriu a boca para falar, porém ela não deixou — Não me interrompa! Se você quiser voltar a me beijar, vire homem, e saia de baixo das asas de Voldemort. E como eu sei que isso nunca vai acontecer, ME DEIXE EM PAZ! — encerrou gritando e saiu correndo, antes que suas pernas falhassem, ela começasse a chorar e retirasse tudo que havia dito, pedindo mais uma chance.

Malfoy era seu maior erro. E ela definidamente precisaria de alguns pontos em seu coração depois desse encontro.

...

— Eu ainda não acredito que ele falou isso de você — Logan falou, balançando negativamente a cabeça. Estavam numa das salas vazias, que havia sido devidamente trancada após a saída de Destiny.

Haviam sentando no chão, pois ficavam mais perto assim, e sinceramente, era mais confortável para se beijarem — coisa que eles não passavam muito tempo sem fazer.

— Bem, eu já esperava isso dele. Pelo menos vi que a minha mãe não mudou de ideia. Mesmo que ela não saiba de toda a história — Charlie disse sacudindo os ombros indiferente.

— A tia Dulce é realmente uma ótima pessoa. Pena que as vezes é um pouco assustadora.

— Ela é só super protetora e você sabe disso. Com essa loucura toda, nem perguntei. Como está sendo esses seus últimos dias?

— Ah, você sabe... tudo normal. Os pais da minha namorada chegaram do passado, dá para acreditar nisso?! — ele falou fingindo indiferença. Charlie sorriu. — Merlin, agora que pensei nisso. Será que eu tenho que ser apresentado ao seu pai de novo?! — Logan exclamou assustado.

Charlotte não pode deixar de soltar uma gargalhada pelo desespero do namorado.

— Sinceramente, eu acho que ele não vai ser importar muito se eu namoro, ou com quem eu namoro — ela respondeu, não conseguindo segurar a amargura em sua voz.

— Pois eu acho que tenho que fugir dele o máximo possível. Ainda não esqueço o dia que você me apresentou o professor Lupin! Foi assustador, tá? E por mais que agora ele não aceite ter uma filha, com o passar do tempo, ele vai te conhecer e será tão super protetor quanto a versão adulta — afirmou Logan confiantemente. Charlotte não acreditava muito naquela visão do namorado, porém gostaria que fosse verdade.

— Vou tentar acreditar nisso...

— Agora falando seriamente — Logan falou mudando a tom de voz. — Você deveria ter me chamado, não gosto da ideia de você enfrentando isso sozinha — disse acariciando a mão dela.

— Não estava sozinha. Tinha a Dest, o Harry e até o Neville. E você sabe que era uma coisa mais intima — Charlie argumentou gentilmente.

— Mas eles estavam mais focados nos próprios problemas, não?

— É. Mas tem algumas coisas que temos que enfrentar sozinhos, amor. Você não pode me proteger de tudo — ela lembrou.

— Porém gostaria.

— Pode até ser. No entanto, você é meu namorado e não...

— A sua sombra — Logan completou a frase, que ela já havia dito milhares de vezes. — Eu sei. E nem quero ser. Só que já vi o quanto você sofreu, e não quero mais, entende? — ela assentiu. — Tudo bem então. Vamos mudar de assunto. Tive uma ideia maravilhosa, o próximo passeio para Hogsmeade está chegando, e poderíamos chamar a Dest e o Nico, e fazer um passeio em grupo como antigamente. Isso é, se ela não sumir por aí... — ele sugeriu.

— Gostei. Só Merlin sabe como precisamos nos divertir. E acho que ela não vai sumir mais — Charlie falou.

— Ela terminou com aquele sonserino? — Logan perguntou. Ele sabia que a Destiny havia se envolvido com alguém que não deveria, e após algum tempo descobriu que era um sonserino, porém não sabia quem era.

— Terminaram. Ainda bem — ela confirmou. Sabia quem era e como Destiny havia se envolvido com ele. Não apoiava aquela relação — não sabia como ela poderia em sã consciência gostar de Draco Malfoy — porém aceitava, pela amiga.

— Bem, talvez agora o Nico tenha uma chance — comentou Logan. Charlie ficou levemente confusa com a menção ao amigo.

— Nico?

— É, ou vai me dizer que não sabe que ele gosta dela? — Logan exclamou surpreso.

— Eu desconfiava de algo. Mas não tinha certeza.

— Ah, pois bem, ele gosta dela. É bem obvio, na verdade, se você prestar atenção — ele revelou. Nico era seu melhor amigo — fora através dele que havia conhecido melhor Charlie e Destiny, então tinha muito o que agradecer ao garoto.

— Espero que a Destiny se toque disso e fique com ele. Acho que formariam um ótimo casal — contou Charlie e Logan concordou.

Logo o assunto foi esquecido e eles passaram a aproveitar um pouco melhor aquele raro tempo livre.