Marotos no Futuro escrita por Duda Monteiro


Capítulo 19
Cuide Bem Do Seu Amor


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem ♥



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/700622/chapter/19

E cada segundo, cada momento, cada instante

É quase eterno, passa devagar

Se o seu mundo for o mundo inteiro

Sua vida, seu amor, seu lar

Cuide tudo que for verdadeiro

Deixe tudo que não for passar

Cuide Bem Do Seu Amor — Paralamas do Sucesso

 

Os quatro ainda tentavam digerir as informações recebidas. O silêncio reinou por alguns minutos no cômodo, após os fins das revelações, até que Neville despediu-se, dizendo que iria deitar.

— Acho que também irei. Vamos Dest? — chamou Charlie.

— Vai na frente, já já te alcanço — Dest respondeu, não saindo da mesa que sentava-se, dando uma rápida olhada para Harry, que estava de pé ao seu lado. A amiga entendeu e saiu. — Como você está? — perguntou, virando-se para o primo, que suspirou.

— Como você acha que estou? Como alguém deve ficar em uma situação feito essa?! — ele questionou.

— Acho que nesse tipo de situação, as pessoas costumam surtar. É como estou agora.

— Aí está a sua resposta.

Passaram mais um tempo em silêncio, cada qual perdido em seus pensamentos.

— O que eu não entendo, é por que dentre tantas pessoas para viajarem no tempo, e dentre tantas datas possíveis para eles irem, acabou sendo justo nossos pais, justo nesse ano — Dest soltou do nada.

— Dest, parece que você ainda não entendeu como é a vida de um Potter. Se há algo que possa acontecer de bizarro, vai acontecer — Harry respondeu brincando levemente, tentando amenizar as coisas.

— E coloque coisas bizarras, nisso, viu. E eu pensando ingenuamente que poderíamos ter um ano normal...

— Acho que já desisti disso. Aparentemente, anos normais fogem de mim — falou Harry. — Mas e você? Como está com tudo isso? Você sabe que pode contar comigo para tudo, certo?

Destiny o olhou carinhosamente.  — Eu sei disso, Harry. E digo o mesmo. Apesar do meu período de loucura ultimamente. E bem, eu ainda não sei como estou. Preciso de um tempo para processar tudo isso. Como falamos, é tudo muito bizarro. Mas não precisa agir como se eu fosse uma criatura frágil, que vai desmoronar por qualquer coisa. Eu já te falei, estou melhor.

— Tudo bem, se você diz. Mas qualquer coisa, fale comigo. Eu não posso perder mais ninguém, Dest. E você sabe disso.

— Você não vai me perder, Harry — disse colocando a cabeça num de seus ombros. — E você? Além de estar surtando, é claro.

­— Também preciso de um tempo para pensar...   Mas antes de qualquer coisa, precisamos checar se eles não estão mentindo. Talvez seja tudo uma farsa — ele apontou, dando de ombros.

— Amanhã procuramos Dumbledore para confirmar essa história, antes de falarmos qualquer coisa.

— Resta saber se Dumbledore chegará amanhã.

— Afinal, o que será que ele tanto faz, que some dias da escola? — Dest perguntou curiosa.
— Também adoraria saber. Esse comportamento não é normal dele. 

— Talvez envolva os recém-chegados — sugeriu Dest.

— Nesse momento, eu não duvido mais de nada!

— Acho que é melhor irmos. Charlie provavelmente vai querer me matar se tiver que explicar tudo para os meninos sozinha — Dest falou, pulando para o chão.

— E eu ainda tenho que falar com o Rony e a Mione — Harry concordou e ambos saíram da sala.

...

Harry estava tendo o que podemos chamar de dia cansativo. Além de ter descoberto que as versões mais jovens de seus pais — e de mais um monte de gente — haviam conseguindo de um modo ainda desconhecido, sair de seu tempo, acabando no dele, ainda precisava contar tudo para seus melhores amigos.

Como Harry já esperava, eles não reagiram muito bem.

— Como eles conseguiram isso? — exclamou Rony surpreso. — Usaram um vira-tempo?

Hermione revirou os olhos. — Não seja bobo, Ronald. Não se pode usar um vira-tempo para ir ao futuro. Tiveram que arrumar outro jeito.

— E que jeito foi esse? — perguntou petulantemente o ruivo. Harry, mais uma vez, só observava os amigos.

— Não sei. Nunca li nada sobre esse tipo de coisa — respondeu frustrada, abaixando a cabeça e a colocando entre as mãos.

— Certo, será que podemos voltar para o principal aqui? Eu não o que fazer em relação eles! — disse Harry surtando levemente, fazendo seus amigos voltarem as atenções para ele.

— Você deveria falar com Dumbledore — sugeriu Rony.

— É meio difícil, levando em consideração que ele sumiu — relembrou Mione. — Ele não falou mais nada das aulas extras?

— Nada, nem deu mais notícias.

— Então você deveria falar com outro adulto — falou Rony dando de ombros.

— Tipo quem?

— O Lupin! — propôs Hermione. — Ou a Dulce. Ambos são adultos e teoricamente responsáveis. Talvez eles saibam o que devemos falar ou não.

— É imagino que lindo seria a carta contando isso. “Olá professor Lupin, então, a sua versão mais nova — mais as de seus amigos do tempo da escola — está aqui no colégio. Não é emocionalmente?! Gostaria de saber o que devo fazer com eles. Com carinho, Harry” — ironizou Rony. Hermione ignorou o amigo e continuou.

— Você deveria sugerir isso para a Dest e Charlie, e juntos pensarem em como falar para os dois.

— É, talvez — falou Harry. — Acho que irei dormir — disse levantando-se e despedindo-se dos amigos. Pelo que conhecia deles, sabia que ficariam discutindo mais um pouco sobre a situação e não estava afim disso naquele momento. 

...

A madrugada no dormitório feminino do quinto ano da Grifinória não foi uma das mais tranquilas, levando em consideração que duas das ocupantes não conseguiam dormir direito.

Posteriormente ao encontro dos quatros, as meninas não conseguiram conversar em paz. Precisaram explicar a situação para Nico e Logan, que elas sabiam que não largariam de seus pés se não soubessem o que estava acontecendo. Passaram então o resto da noite tentando responder a perguntas para quais elas não tinham as respostas.

Quando finalmente conseguiram se livrar o mais carinhosamente possível deles, não podiam sair do Salão Comunal e o dormitório já estava ocupado, por Martha e Anne, suas companheiras de quarto — Gina obviamente, estava com Dino —. Elas precisavam falar sobre isso com a menina, urgentemente. Nos últimos tempos era raro que as três conseguissem ficar a sós.

— Dest? Você quer conversar? — Charlie perguntou após todas dormirem — Gina tendo subido com uma cara nada agradável —, tentando fazer o mínimo de barulho possível. Charlie estava escutando Destiny remexer-se a noite toda, e sabia que as chances de ela ter dormindo eram mínimas.

Para ser bem sincera, Destiny não queria conversar. Preferia ficar em silêncio, pensando em tudo que estava acontecendo. Sabia que não conseguiria dormir — mesmo sem ter descoberto tudo aquilo, e depois daquelas informações, é que não conseguiria relaxar mesmo —. Porém, conhecia Charlotte Valentine bem demais. Na verdade, quem queria conversar era ela.

— É claro — respondeu sussurrando — Vem cá — chamou, abrindo espaço para amiga deitar ali, já que era a cama mais afastada.

Charlie levantou-se e logo estava deitada de frente para a amiga, igual à quando eram crianças e Dest acordava chorando pela falta dos pais no meio da noite.

— O que você está achando de tudo isso? — indagou Charlie.

— Eu não sei. Aconteceu tão rápido, que ainda estou processando tudo. Me pergunte amanhã, que provavelmente estarei mais que surtando. E você? Eu sei que alguma coisa terrível passou pela sua cabecinha.

Charlotte suspirou. — Eu estou pensando no que o Remus fara quando descobrir de mim. Estou com medo que isso me impeça de nascer.

Destiny ainda não havia pensado por aquele lado. Do pouco que conhecia do padrinho, sabia que se ele soubesse que tinha uma filha que herdara seus probleminhas, não iria gostar disso nenhum pouco.

— Me escute bem, Charlotte Luna Valentine, pode ir tirando isso da sua cabeça. Pois você vai nascer, nem que o tenha que forçar esse jovem Lupin a ter relações com a tia Dulce, entendeu?! — exclamou Dest. — Você é minha irmã, e eu não sei o que seria da minha vida sem você — falou sinceramente. Foda-sem os garotos e todos os problemas que eles traziam, Charlie era a sua verdadeira alma gêmea, metade da laranja ou sei lá o que. Sua irmã e melhor amiga. Era ela que estava ao seu lado quando mais precisava. Que lhe ajudava com seus milhares de demônios internos.

Quando ela precisava de um ombro amigo, Charlie estava lá. Quando era pequena e acordava gritando, Charlie a apoiava. Dest havia perdido as contas de quanto cada uma tinha feito pela outra.

Mesmo uma parte lógica dela sabendo que se por algum motivo infeliz, Charlotte deixasse de existir, ela não se lembraria, gostava de pensar que sim, que viveria para sempre com um buraco.

— E de todo jeito, não tem como alguém não querer que você nasça. Você é toda fofinha, adorável. Após que ele vai te amar assim que lhe ver — terminou, fazendo a amiga sorrir.

— Certo — ela concordou, mais por que não querer discutir. — Agora me diga, como foi ver seus pais...

Destiny preferia voltar a falar sobre os problemas de Charlie. Sentia que podia começar a chorar a qualquer momento só de pensar naquela cena.

— Estranho. Foi a segunda vez que eu fiquei no mesmo cômodo que meus pais, pelo menos que eu lembre. E eles só estavam um pouco mais velhos que eu! É bizarro! — admitiu.

— E como ela é? — questionou curiosa.

— É linda. Eu entendi o que meu pai quis dizer quando a visitamos — respondeu lembrando-se da outra vez que ficou com seus pais no mesmo lugar.

...

“Fazia pouco tempo que havia descoberto a verdadeira identidade do seu pai. Desde então, passaram o resto das férias na Mui Antiga e Nobre Casa dos Black, ou como ela gostava de chamar, a Mui Antiga e Poeirenta Casa dos Doidos — doidos esses, da qual ela fazia parte agora —.

Pelo menos sua tia e Charlotte haviam ido com ela. Além de pode passar um tempo com seu pai e poder conhece-lo. Também realmente teve contato com Harry Potter, seu primo. Mesmo que estudassem na mesma escola e sendo da mesma casa, raras vezes haviam se falado antes daquelas férias. Até porque, até descobrir a verdade, não tinha motivos para conversar com o menino. E fez uma nova amiga, Gina Weasley, que era uma das suas companheiras de quarto em Hogwarts, porém raramente se falavam, já que Dest e Charlie viviam quase que em um mundinho próprio.

Após o dia 12 de agosto — quando Harry teve que ir para uma audiência no Ministério da Magia —, as coisas se acalmaram na casa e Sirius pode fazer o pedido que tanto desejava desde que havia fugido de Askaban e nunca tivera a oportunidade.

Dumbledore negou a princípio, “é muito arriscado”, dizia. Porém, não se pode parar um Black tão facilmente. O homem teimou, teimou e teimou, e ao final, conseguiu o que queria com muito custo. Pediu emprestado a capa do afilhado, apesar de usar também um feitiço de desilusão, pois nada poderia dar errado.

O diretor ainda tinha uma certa influência no St.Mungo’s, apesar de tudo que estava acontecendo, e conseguiu que Elizabeth Black fosse levada para um quarto separado, por curto período de tempo, com a desculpa de que a sua filha implorava por um pequeno tempo a sós ao lado da mãe.

Então numa certa manhã, Dulce, Destiny e Sirius aparataram no hall do hospital. Já que não podiam ir pela entrada trouxa, pois há um feitiço que reconhece quantas pessoas passaram por ela.

Sirius e Destiny entraram na sala onde Liz se encontrava e a mais nova se afastou o máximo que podia no pequeno ambiente, para dar espaço para os pais.

Após a porta ser devidamente trancada, o homem passou a encarar o corpo de Elizabeth, ou pelo menos, o corpo que um dia a pertencera. Não se viam há quase 15 anos, e a saudade lhe atormentava todo dia.

Elizabeth estava sentada em frente à mesa, encarando o teto fixamente, Sirius estava do outro lado, a olhando. Era estranho como ela poderia ter mudado tanto e mesmo assim parecer exatamente a mesma.

— Amor? — ela falou, ainda olhando para o teto. O coração do maroto se apertou. Mesmo sabendo que ela não se dirigia especificamente a ele, e sim a um Sirius de anos atrás, não pode deixar de responder.

— Estou aqui, Lizzie — pegou uma das mãos geladas da mulher e acariciou, igual fazia quando seus olhos ainda demostravam algum resquício vida.

Se antes achava que seu psicológico havia sido destruído por Askaban, era porque nunca realmente assimilara o estado da esposa. Uma coisa é saber que ela fora torturada, que talvez nunca voltasse ao normal. Outra era ver que isso tornara-se verdade.

Ainda se lembrava como havia acontecido. Elizabeth sempre fora teimosa. E sempre gostou de passar pelo menos alguns momentos sozinha, só andando sem direção. Sirius já havia brigado com ela várias vezes sobre isso, pelo risco que se colocava no meio da guerra, porém a morena nunca escutava.

Um dia, ele teve que ir checar como James e Lily estavam no confinamento, e Liz aproveitou a oportunidade para dar um de seus passeios sem discutir com o marido.

Foi pega por um grupo de Comensais da Morte, tentando salvar uma família de trouxas. Sirius tremia só de pensar em quais tipo de tortura haviam sido realizados na mulher. Acreditava que ela só estava viva como uma mensagem para o que aconteceria com quem não seguisse o Lord das Trevas. Um lembrete singelo do que aconteceria com quem resolvesse lutar, mesmo sendo sangue puro.

Ele ainda lembrava das palavras do medibruxo, dizendo que ela nunca mais seria a mesma.

Sirius passou os últimos anos achando que a filha deles, Destiny, havia sido morta naquele mesmo dia, já que Liz não a deixaria sozinha.

Não muito depois da tortura de sua esposa, Peter traiu os amigos, causando a morte de Lily e James. Foi o suficiente para que o maroto enlouquecesse temporariamente, indo atrás do antigo amigo, e acabando preso, ainda acreditando na morte da filha.

No entanto, ao conseguir fugir de Askaban e revelar o verdadeiro traidor, descobriu que sua antiga amiga, Dulce, criara outra menina. Não demorou a juntar as informações. E só não seguiu direto para a casa delas, pois ainda era um fugitivo e por mais que desejava reencontrar a filha, não podia ser arriscar a ser preso novamente e deixar Harry sozinho.

Porém, com a volta de Voldemort, finalmente apareceu a oportunidade de revelar a verdade a amiga e a filha.

Estava perdido em seus pensamentos, ainda acariciando a mão de Liz. Até que ela o soltou bruscamente e começou a suplicar para o nada.

— Por favor, me deixem em paz! — pedia, olhando para os lados nervosamente. Como se fosse ser atacada. Ele não duvidada nada que estivesse se lembrando do ataque.

Ele levantou-se para abraçá-la, quando Destiny o aconselhou. — Eu não faria isso se fosse você. Ela quando fica nervosa, acaba cedendo a violência. Acredite em mim, já passei por isso — disse tristemente, passando a mão por umas pequenas cicatrizes em forma de meia lua que tinha no antebraço. Sirius encarou a filha, será que aquilo significava o que ele pensava?

— Ela já bateu em você?

A menina confirmou.

— Já me aproximei rápido demais e a abracei, ela se descontrolou. Movimentos bruscos a assustam — respondeu se aproximando dele. — Outra vez estava ao seu lado, e ela começou a apertar meu braço, pedindo que eu a ajudasse — mostrou as marcas, que agora ele notava ser das unhas da esposa.

— Está tudo tão errado! Nada disso deveria ser assim. Isso não deveria ter acontecido com ela — esbravejou. — Ela era tão brilhante, tão viva... como pode terminar assim? Você adoraria conhece-la. Ela tinha um brilho nos olhos, e um jeito que sempre terminava comigo fazendo o que ela queria.

Destiny suspirou e abraçou o pai.

— Você não a pegou num bom dia. Podemos tentar voltar depois...

Ele negou. Sabia que aquela era provavelmente a última vez que a veria.

— Eu deveria ter cuidado melhor dela.

— Posso ficar mais alguns minutos aqui? — perguntou para a filha, acariciando seus cabelos.

— É claro — falou e se afastou do homem, voltando para a sua posição original.

Sirius sentou-se de novo, e continuou tentado falar com Elizabeth, que continuava em seu mundo impenetrável.

Ele tentava aproveitar cada segundo ao lado dela.

Destiny observava aquilo tudo tristemente. O mundo era injusto. “

E ela só percebeu o quanto estava certa naquela afirmação quase um ano depois, quando além de tudo, perdeu o pai que havia acabado de ganhar.

— Ela tem um brilho nos olhos. E eu estou com medo, Charlie — admitiu Dest, com a voz embargada.

— Medo de que?

— De me apegar com eles. Que nem me apeguei ao Sirius. De me acostumar com a minha mãe desse jeito, viva, sã, me tratando bem. Para no final, perder tudo! Eu preferia ficar afastada e manter nenhum contato. Para antes assim não me machucar no final.

— Você sabe que não será possível, né? — informou Charlie gentilmente.

— Infelizmente, sei. Espero que você continue comigo, e impeça que eu acabe mais machucada do que eu prevejo — pediu.

— Sempre — jurou Charlie.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Esse é, até aqui, o maior capítulo da fanfic. Então, acredito eu, também deve ser o com mais comentários, certo? Se cada um fizer a sua parte e comentar, deixará uma autora muito feliz ♥.
Sério, eu escrevi isso com muito carinho e reescrevi algumas vezes, até achar que estava bom o suficiente para postar, então por favor, retribuíam meu carinho e me digam o que acharam dele.
Beijos e até depois! ♥