Os Jogos de Johanna Mason escrita por Nina


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoas que acompanham a historia! Pelo que eu vi, no momento voces sao 10! Agradeco a cada uma dessas pessoas, que deram uma chance para minha fic, e agradeco SUPER especialmente a Magicath, que, alem de ter feito essa capa maravilhosa, foi a primeira pessoa a comentar na minha primeira fanfic postada, vou lembrar de voce pra sempre ♥. Ok, parei de falar. Coloco o terceiro capitulo ainda hoje, logo em seguida!



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O meu cérebro congela por uma fração de segundo antes do mesmo pensamento se repetir em minha mente. Você precisa sobreviver. Você precisa sobreviver. Para sobreviver você precisa do plano. Plano! O plano! 

 

 Eu me lanço ao chão e começo a chorar enquanto os pacificadores vem me tirar dali. Eles me agarram e eu começo a gritar que eles estão me machucando, o que os faz apertar ainda mais forte. Depois disso tudo, eles me deixam na escada do palco e me empurram para eu subir. Eu quase caio, em meu falso desespero, e chego até a filha da puta que tirou meu nome e imploro para ela mudar isso. Digo para ela não fazer isso comigo. Meus olhos estão embaçados pelas lágrimas mas eu continuo falando até os pacificadores subirem no palco e me mandarem ficar reta, parada e quieta, e é isso que eu faço até enquanto choro. A mulher desprezível retira mais um papel. Enquanto faço meu teatro, estou torcendo para não ser alguém que eu conheça. A situacão ja é foda o suficiente para ter que lidar com a morte de um conhecido significando a minha vida.

 

 - Joshua Hill! 

 

 Pelo menos essa sorte eu tive. Além de o ver poucas vezes por aí, nunca conheci de verdade o menino de cabelos castanhos que está subindo a escada esse momento. Muito preocupada em agir de acordo com minha estratégia, eu olho para a multidão e vejo minha mãe, em pânico, falando comigo mesmo que eu não a escute. Pela primeira vez uma das minhas lágrimas é real. Merda. Eu vou morrer. O mentor desse ano, que se eu não me engano se chama Blight me encara assustado ou surpreso, não posso definir. Mas definitivamente acha que eu não vou voltar para casa. Acha que eu sou fraca. Eu não sou fraca. A mulher que me condenou a morte cutuca meu braço e eu me finjo de assustada:

 

 - Vocês devem apertar as mãos agora. 

 

 Eu o faço rapidamente antes de ser conduzida pelos pacificadores até o Edifico Da Justiça. Parece realmente justo me condenar a morte pelos nossos ancestrais imbecis que acharam que teriam a menor chance em uma guerra contra a Capital. Eles me conduzem a uma sala e eu uso esse tempo para tentar recompor meu rosto e arranjar uma boa explicação para o fato de eu estar chorando para minha mãe. Ela me conhece muito bem. Assim que ela entra chorando pela porta, me avisam que temos pouco tempo. Ela não perde tempo. 

 

 - Eu não acredito que isso aconteceu, olhe para você, você está apavorada e eu não posso te proteger, minha criança!

 

 - Mãe. Calma. Olhe pra mim. Eu não estou com medo. Eu tenho um plano, não acredite em nada que eu disser. Eu tenho uma pequena chance, mas se os outros souberem disso estou acabada. Eles não vão se importar muito com uma menina chorona sem habilidades, vão? Eu vou tentar voltar pra casa. 

 

 - Você sempre foi tão inteligente! Vai dar certo. Vai dar certo e eu vou te ver de novo. Johanna, você me promete que eu vou te ver de novo? 

 

 - Prometo. Vou fazer meu melhor. Mas se não der certo, siga em frente. Por favor.

 

 - Vai dar certo. Você é boa, você tem uma chance. 

 

 - Não acredite que eu estou com medo por que eu não estou. Eu terei que os convencer e vai ser uma merda me ver chorando na televisão mas não estou com medo por que eu sei que eu posso voltar. 

 

 - Eu sei, eu sei que você pode voltar. Eu te amo, se lembre disso. Você tem alguém pra voltar. Você tem um motivo. Eu te amo. 

 

 - Eu te amo mais ainda. Eu vou voltar por você, eu vou tentar com todas as minhas forças. E, olha, se alguém me pegar não assista. Você não precisa ver isso. 

 

 - Você é mais forte que eles, e eles não vão estar te esperando. Eu te amo.

 

 - Eu te amo também mamãe. Obrigado por tudo. Continue a se sustentar e...

 

 - Johanna Mason, não ouse se despedir de mim. Eu te vejo novamente em algumas semanas, ponto. Você volta. Eu confio em você. 

 

 A voz rígida de minha mãe não me assusta em nada. Ela está mais desesperada que eu. Em algum lugar em minha mente, já aceitei minha morte eminente. Só não aceito cair sem lutar.

 

 - Ok mãe. Eu te amo. 

 

 Nesses 20 segundos que sobraram, eu a abraço e tento não a deixar sair nunca mais. Mas uma hora ela sai e eu não posso parar de pensar que foi a última vez que eu vi minha mãe. 

 

 Eu não esperava mais ninguém, mas Maple veio me ver. 

 

 - Você vai se dar bem. Sua estratégia está funcionando. 

 

 - Obrigada. Eu preciso te pedir algo. 

 

 - O que? 

 

 - Cuida da minha mãe se eu não voltar. Ela vai precisar. Eu não estou pedindo pra você a sustentar nem nada, mas não a deixe morrer de fome. 

 

 - Todo mundo vai cuidar dela que nem fazem sempre. Ela vai ficar bem. Se cuide. Volte pra cá. Estou te esperando.

 

 - Tudo bem. Vou fazer o possível. 

 

 Não tive mais nada a dizer e o tempo passou mais rápido, não tivemos nem a metade do tempo de antes. Eu aceno para ela enquanto ela sai e volto a fingir que estou chorando enquanto os pacificadores me escoltam até o trem. Entrando lá, uma espécie de criada me mostra meu quarto e eu me deito na cama e encaro o teto. Mas que porra acabou de acontecer em menos de 20 minutos? Eu me despedi de minha família e estou indo em direção a morte. É surreal.

 

 Essa é uma boa hora para surtar, mas eu não o faço. Ao invés disso, sigo ordens. Me dispo e entro no chuveiro, esperando que a água no corpo me ajude a pensar. Ao invés de tomar banho que nem alguém normal, eu me distraio o suficiente com a grande variedade de opções para um simples banho. Acabo simplesmente apertando qualquer opção e a água tem cheiro de pinheiros. Água sempre me ajudou a pensar, e agora ela cheira como lá em casa. Eu tenho que estar pronta para o jantar em 4 horas, mas seria bom sair antes. Eu fico sentada no chão do chuveiro e sinto o trem começar a andar, o que me teria feito cair se eu já não estivesse sentada. Depois das distrações acabarem, eu imagino o que terei que fazer da maneira mais otimista possível, por que eu me conheço bem o suficiente para saber que se eu entrar em pânico, não vou conseguir fazer nada e terão que me arrastar de debaixo desse chuveiro para qualquer outro lugar. 

 

 Eu tenho que fingir ser fraca, isso está óbvio. Mas eu não posso agir como se desistisse de tudo, senão seria muito fácil. Eu tenho que calcular a dose exata. Isso não é tão difícil. Eu tenho que me preparar para os Jogos. Ganhar alguns quilos e treinar. E falar com o mentor. Ele tem que me ver como alguém com uma ótima estratégia, não como uma idiota, senão ele logo desistirá de mim e focará sua atenção no outro. Eu tenho que tomar um remédio para dor de cabeça assim que sair do banho. Tenho que descansar bem. Eu coordeno as coisas na ordem em que elas devem ser feitas e me dou pequenas ordens durante o dia. Agora você deve lavar seu cabelo. Agora você deve lavar seu corpo. Agora você deve pegar sua toalha quentinha e se secar. Agora você deve escolher uma roupa. Depois de um tempo me irrito com meu método e decido simplesmente o fazer. Apesar desse método me deixar com mais tempo para pensar, eu me sinto idiota me dando ordens. Escolho a roupa mais discreta, uma calça bege com uma camisa preta, e coloco minhas sapatilhas gastas. Eu dou a mim mesma um segundo para descansar sentando na cama, mas isso não funciona por que meu cérebro continua a mil, então simplesmente continuo mexendo em tudo até descobrir cada canto dessa cabine. Somente esse quarto com uma cama de solteiro confortável, um grande armário cheio de roupas e alguns móveis básicos, como uma mesa e um criado mudo provavelmente custou mais do que minha casa e as da vizinhança. Eu perco algum tempo imaginando como será meu quarto na Capital. Eu imagino como será a arena, eu penso demais, na verdade. Fico até contente quando a mulher bate na porta do quarto e diz que eu tenho quinze minutos. 

 

 - Eu já estou pronta! 

 

 - Então venha agora, querida. 

 

 Eu abro a porta lentamente e saio no corredor atrás dela enquanto ela bate no quarto de Joshua, que decide pegar seus quinze minutos. Ela me leva até uma sala onde temos dezenas de pratos a disposição, um parecendo melhor que o outro. Começo por uma sopa de nozes, mas logo vou até as carnes, pegando um enorme pedaço de bife suculento. Há anos que eu não como carne. Enquanto tento me portar como alguém decente e ficar calada, meu mentor entra na sala e se senta na minha frente. Ele suspira, achando que terá muito trabalho comigo. 

 

 - Por onde começar? Você já criou uma grande impressão. 

 

 - Eu quero falar sobre a arena. 

 

 - Um longo caminho a percorrer até lá. Uma semana cheia para vocês. Uma semana importante. Mas, como não sou eu que vou para lá de novo, me diga o que você faz.

 

 Ele levanta as sobrancelhas como se duvidasse que eu tenha alguma habilidade útil além de chorar pelos cantos, e eu, baixinha como sou, me esforço para parecer grande e capaz, mas no final fica ligeiramente ridículo e eu  paro de tentar.

 

 - Eu sou boa jogando o machado. Ótima, na verdade. E corro rápido o bastante. E sei como é passar fome, consigo ficar sem comer. 

 

 - Jogando o machado? Você? 

 

 - Sou boa. 

 

 - Se está tão confiante em suas habilidades, por que tanto desespero na hora da colheita? 

 

 Eu olho ao redor para ver se Joshua não chegou a sala. 

 

 - Eu talvez tenha uma chance se eles não se importarem comigo. Se eu passar como idiota até restarem poucos, eu posso ter uma chance. 

 

 Ele me olha surpreso, e fica alguns segundos sem dizer nada, e depois disso sorri. 

 

 - Eu não dava nada por você, mas agora talvez mude de ideia. 

 

Eu talvez tenha exagerado em minhas habilidades, mas ele tem que acreditar em mim. Eu sorrio e volto a comer até Joshua chegar, o cumprimento com a cabeça e escuto atentamente sua conversa com Blight. Não que ele revele grande coisa na minha frente, obviamente. Eu continuo quieta e continuo a me servir da comida até a mulher que tirou meu nome começar a falar comigo, então eu converso educadamente. 

 

 - Então querida, o que você acha da sua experiência com a Capital até agora?

 

 Começando quando eu nasci e eles me fizeram ficar na pobreza e passar fome, no momento onde eles mataram boa parte de minha familia, deixando apenas minha mãe para sustentar a casa, ou no momento onde eles tiraram meu nome para um jogo em que eu sairei morta? Eu suspiro. A mulher é estúpida mesmo, não é culpa dela.

 

 - Bom, a comida é ótima. 

 

 Ela suspira, como se me achasse exagerada, e tenta voltar a conversar. Eu simplesmente assinto e devolvo frases vazias para continuar a me entupir. Agora, me foco em um prato de arroz com vegetais e, para acompanhar, uma taça de vinho bem cheia. 

 

 - Você não deveria estar bebendo, amanhã cedo chegamos a Capital e não quero você bêbada.

 

 - É minha primeira taça. 

 

 - Você já bebeu antes? 

 

 - Ahm, não. 

 

 - Então não vai começar agora. 

 

 Ele se inclina e pega minha taça, e a entrega a uma criada junto com a garrafa. 

 

 - Eu nem pude tomar um gole! Eu talvez nunca possa experimentar!

 

 Eu nunca poderei experimentar, mas Joshua não precisa saber que eu já aceitei morrer em breve. Esse fato me machuca mais que o esperado. Eu vou morrer. Logo. Talvez em uma semana. Eu serei assassinada ao vivo.

 

 - Eu sei o que é melhor para vocês. Agora, os dois. Temos que conversar. Que tal amanhã antes de chegarmos a Capital? Chegaremos por volta das dez da manhã, eu os encontro na sala de estar as oito e meia? 

 

 Nós dois murmuramos um "ok" e continuamos a comer em silêncio, o único barulho na sala são os garfos. Embora não aguente mais comer, me sinto culpada por deixar tanta comida aqui e sinto que não terei a chance de fazer isso de novo, então eu pego um último pedaço de carne recheada com cogumelos antes de me dispensar da mesa e deixar os três conversando. 

 

 Eu me arrependo de comer tanto quando me deito na cama e me sinto enjoada, então decidi ficar em pé por um tempo, esperando o enjoo passar, trocar de roupa, colocando um roupão tão macio quanto minha cama, e me deitar. Quando o trem passa por uma curva acentuada, eu não aguento e corro ao banheiro vomitar boa parte do jantar. E é assim, ao lado da privada e me sentindo uma merda, que eu passo minha primeira noite após a colheita. A sorte sempre esta a meu favor, pelo visto.


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Notas finais do capítulo

Oi de novo, pessoinhas ♥
Esse capítulo ficou meio.... Vago, não chega a dizer muita coisa, mas os proximos serão melhores e maiores! Espero que tenham gostado, posto o proximo ainda hoje



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