Os Jogos de Johanna Mason escrita por Nina


Capítulo 15
Capítulo 14


Notas iniciais do capítulo

Muitos avisos pra variar ♥

Sim, demorei pra postar... A partir de agora eu vou postar toda terca feira, e vou seguir esse cronograma certinho... Sao dois motivos pelos quais eu nao estou postando: eu comecei a fazer um esporte (meus joelhos choram) e nao tenho TANTO tempo livre como antes, e nao consigo escrever desde que chego da aula (que por sinal ta mais dificil agora que troquei de sala)... E tambem, eu tenho uns capitulos prontos mas nao consigo achar a motivacao/forca de viver para postar, e eu sinto muito por isso 3 Tercas feiras, no maximo quartas, ainda nao me decidi, mas estarei aqui, juro! Aproveitem o capitulo antes que eu fale demais hahah



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Nenhum réporter.

Nenhum cidadão.

Nem sinal de minha mãe.

A única pessoa, além dos poucos pacificadores, é minha vizinha. Ela anda em minha direção cautelosamente. Eu vejo o olhar em seu rosto ao mesmo tempo que meu mentor. Eu sei disso pela forma em que ele muda de postura. Eu me recuso a unir os fatos. Nada faz sentido.

Margareth não vem falar comigo. Ao invés disso, ela se volta a Blight. Enquanto os dois cochicham, corro alguns metros a frente, procurando a única pessoa que ainda tenho. Nem sinal.

— Não.

Minha voz não passa de um cochicho. Ninguém pode me ouvir.

A ameaça na voz de Snow. Nossa primeira conversa. Meu mentor me dizendo que nada está acontecendo, que é só um teste.

— Não.

Dessa vez minha voz é clara. Eles podem me ouvir. Os dois se voltam a mim, andando calmamente em minha direção.

— Johanna.

A voz dela é doce, como se quisesse me acordar de um pesadelo. Mas eu sei que estou acordada. Minhas unhas cravadas em minha mão.

A bolsa com os doces caiu no chão a muito tempo. Minha vizinha já está do meu lado, segurando meu ombro. Eu coloco minhas mãos em seu braço, a segurando com força, mas minhas mãos tremem. Ela tenta se afastar, mas eu a seguro com força.

— Voce não vai me dizer isso. Não é verdade.

— Eu sinto muito.

Podem ouvir meus gritos de longe, mas eu mesma não os escuto. Não é verdade. Não pode ser, nada disso pode ser. E é isso que eu digo, repetidas vezes, até alguém aparecer e dizer que foi um engano. Que nada disso aconteceu. Que eu não matei minha mãe.

Eu volto a mim mesma. Meu peito doi fisicamente, eu posso sentir esse pedaço que me foi arrancado. Eu ainda não larguei o braço dela.

Blight nos separa o mais gentilmente possível e me encara. Eu posso ver que ele está tão surpreso quanto eu. E eu posso ver a raiva em seus olhos.

Ele não diz "eu avisei".

Ele não diz "vai dar tudo certo".

Ele não diz "é tudo um engano, ela está logo ali".

Ele não diz "nada disso é sua culpa".

Ele não diz nada. Ele simplesmente me abraça e me segura enquanto eu desmorono no chão.

Minha vizinha tenta falar comigo, me consolar, mas ela não entende. Ela nunca poderia saber que é minha culpa.

Só 71 pessoas no mundo me entendem. Só 71 saberiam a coisa certa a me dizer. No momento, a coisa certa é não dizer nada.

Nunca mais.

Nunca mais.

Nunca mais.

Essas palavras se repetem em minha mente um milhão de vezes.

É sua culpa. Se voce estivesse morta ela estaria bem.

É sua culpa. Se você tivesse obedecido você estaria a abraçando agora.

Eu achei que minha vida estivesse em risco, mas é muito pior.

Tudo o que eu amo está em risco.

Tudo o que eu amava.

Não sobrou ninguém. Nem a velha eu ainda está aqui. Ninguém me conhece, eu não sou mais eu. Eu não sei quem sou. Eu não sei quem eu sou e estou sozinha.

Enquanto soluço no chão desse lugar, completamente sem rumo, eu percebo que se devo culpar alguém, esse alguém é Snow.

Esse velho desgraçado matou minha família. Ele matou quem eu era. Ele destruiu tudo e todos.

Eu não sei quem é maior: a culpa, o ódio ou a tristeza.

Eles se juntam e não me deixam nem ao menos respirar.

Eles estão chamando meu nome, eu posso dizer isso. Mas eu não consigo responder. Eu não consigo fazer nada.

Ainda me chamam algum tempo depois. Me deixem em paz. Me deixem sozinha. Me deixem sentar aqui e chorar para sempre.

Eu tento dizer isso, mas não consigo.

Eles tem que me tirar daqui, escuto isso varias vezes na conversa.

Mas eu não tenho para onde ir. Eu não moro em lugar nenhum. Eu não pertenço a Vila dos Vitoriosos. Eu não pertenço a minha casa ao lado da fábrica de papel.

Eu sinto que estou sem chão, literalmente, quando Blight me levanta. Depois de alguns gritos, ele me coloca no chão e anda ao meu lado. Eu quase entendi a conversa. Ela foi pra minha casa pegar algumas roupas, ele vai me levar para a Vila dos Vitoriosos. É isso que sou, uma vitoriosa. E todos os que me conhecem me invejam. E todos os que me conhecem estão em perigo por isso. E pessoas inocentes e boas pagaram por isso.

A minha nova casa fica a alguns minutos de distancia da estação. Ela fica logo ao lado da casa de Blight, e é ricamente decorada. Cada móvel custa mais do que eu ganharia em um ano de trabalho.

— Eu vou te deixar no sofá e pegar um copo de água para você. Volto em um segundo.

Eu não respondo, mas me levanto quando o ouço sair do quarto. A minha direita, uma mesa cheia de vasos de porcelana. Antes que perceba, estou jogando eles do outro lado da sala, enquanto grito.

Em um segundo, Blight volta a sala, um copo de água meio vazio em sua mão.

— Posso?

Eu concordo com a cabeça, e ele joga o copo em direção a parede. Eu jogo o resto dos vasos até andar ao proximo comodo. Uma outra sala, dessa vez com lareira. Blight joga alguns vasos comigo, e eu uso o atiçador de fogo para rasgar a pintura do Presidente Snow. Eu o enfio na parede, e deixo aquela arma ali, pendurada no meio do que antes era a testa dele. Mal posso ver a destruição com tantas lágrimas em meus olhos.

Na cozinha, quebro metade dos copos no chão. Não sei de onde tiraram que alguem precisa de 50 copos, mas aquele cristal fica mil vezes melhor despedaçado. Os pratos e tigelas logo tem o mesmo destino. Taças de vinho, tigelas de sobremesa, tudo o que acho.

E as facas. Juro que meu mentor quase infartou ao me ver com as maiores facas em mãos. Ele gritou um pouco, mas eu não entendi suas palavras. Estou em um mundo com 3 habitantes: eu, essas facas e a tristeza.

Essas facas ficam melhores penduradas na parede. Depois de ver que não vou o atacar ou cortar os pulsos com as facas, Blight pega algumas tambem, e entramos em uma competição muda para ver quem consegue acertar o alvo, uma pequena falha no lugar onde uma madeira encontra a outra. Ele atira muito bem. Claro, ele é um vencedor. Eu consigo acertar ao lado, mas é ele que ganha. Arrancamos todas as facas de lá e tentamos de novo, mas somos interrompidos com a voz de uma vizinha horrorizada.

— O que está acontecendo?

— Estamos vendo quem consegue acertar aquela marca na madeira.

— O que aconteceu no chão?

— Jogamos os vidros nele.

A confiança com que digo isso pode soar um pouco assustadora. Ela fica ali, parada na porta, enquanto eu volto a atirar. 3 facas depois, acerto. Minha vizinha parece ainda mais assustada, mas ela e o mentor conversam em silêncio e ela sobe as escadas com minhas roupas.

— Johanna, você não quer subir e ver o quarto?

Seu tom de voz me irrita. Ele me trata como uma criança.

— Posso subir.

Enquanto subo, planejo como destruir metade desse lugar. Posso escolher entre 5 quartos, mas minha vizinha já colocou minhas coisas no maior. Dentro desse quarto, um cofre. Suponho que meu dinheiro esteja lá, o dinheiro que recebo a cada mês por ter vencido os Jogos.

— A senha é a sua edição dos Jogos e o número de pessoas que você matou na arena.

No meu caso, seria 71-07, mas ele não abre desse jeito. Meu corpo gela enquanto tento o número 71-08. Minha última vítima. Fico boquiaberta com a senha e com a quantidade de dinheiro.

— Eles te dão um ano primeiro, como se fosse uma poupança, e depois a cada mês.

Minha primeira ação é tirar punhados de moedas e entregar a minha vizinha.

— Johanna, eu não vou aceitar isso.

— Por favor. Eu tenho mais e eu te devo tudo. Por estar aqui. Pela vez em que voce cuidou de mim depois de ser chicoteada.

— Hm?

Meu mentor provavelmente não sabia dessa história. Mas nada que o tempo não resolva.

— Pegue o dinheiro. Para as suas crianças.

Ela suspira, sabendo que não pode negar essa oferta. 5 crianças a esperam em casa. Ela pega só um punhado e coloca na sua bolsa, me devolvendo o dinheiro que não conseguiria nem em 5 anos.

Depois que Margareth sai de minha casa, fico sozinha com Blight. Considero voltar a atirar facas na parede, mas algo me move até o escritório, o lugar perfeito para ser destruído já que nunca o usarei.

Na metade do caminho, percebo que fiz algo imperdoável. Por dois segundos, eu esqueci. A dor volta de forma mais absurda, e eu tenho que me esforçar para continuar andando. Ir até o escritório, me esconder lá para sempre, ter um tempo sozinha. Sozinha. Do jeito que estou para sempre.

Ao chegar lá, vejo uma escrivaninha de mogno e uma carta de caligrafia elegante e aparência oficial. Eu me sento na poltrona e abro a carta. Talvez tenha três minutos sozinha, mas é o suficiente. Meu coração dói quando começo a leitura.

"Minha cara senhorita Mason.

Se a senhorita está lendo essa carta, já deve ter percebido o que aconteceu. E já deve ter percebido de quem é a culpa.

Costumo fazer isso com vencedores, para ver o quão confiáveis eles são. Isso é interessante, a cada ano eles tentam me obedecer. Mas você, senhorita Mason, fez o contrário. E tinha que pagar por isso.

Sim, foi tudo um teste.

Parabéns. Você falhou. A troco de nada.

Presidente Coronalius Snow. "


Eu fico algum tempo sentada, digerindo as palavras. Minha culpa, minha culpa, minha culpa. Repito isso mil vezes enquanto lágrimas correm pelo meu rosto.

Eu fiz isso.

Mais uma morte na lista.

A pior de todas.

Eu mal consigo respirar. Eu mal consigo me mexer. Eu fico sentada na cadeira, relendo mil vezes as mesmas palavras, até Blight chegar e falar comigo em uma língua estranha. Não estou entendendo, queria dizer. Mas sei que quando falar alguma coisa perderei o pouco controle que tenho e começarei a gritar.

Ele pega a carta de minhas mãos e a lê. E eu consigo ver o quanto ele odeia o presidente. Eu consigo sentir seu ódio refletindo em mim. Eu imagino pelo que ele passou.

Ele volta a falar comigo, mas eu não entendo nada. Eu não respondo nada. Eu continuo na mesma posição, chorando em silêncio.

Johanna!

Johanna!

Johanna!

Johanna!

Eu não vou te responder. Eu não posso. Eu não sei por quanto tempo consigo manter o controle que tenho.

— Eu não posso te responder.

— Por que não?

— Por que se eu falar eu vou começar a chorar e nunca vou conseguir parar.

— Tudo bem. Você tem o direito de chorar, isso não te torna fraca.

E eu só precisava ouvir essas palavras antes de começar a soluçar de novo. Ele me abraça e me deixa sentar no chão, e se senta ao lado. Escondidos embaixo da escrivaninha, como estou patética! Eu não consigo pensar. Eu não consigo fazer nada. Tudo é minha culpa, tudo. O mundo seria melhor se eu pudesse simplesmente desistir aquele dia. Ela estaria bem. Eu estaria melhor. Tudo estaria bem.

O tempo se passa novamente. Sei disso por que meu corpo dói de tanto chorar e não pode ser que alguém tenha tanta coisa se passando em apenas alguns minutos. Tantos pensamentos. Tantas palavras de conforto. Tantos segundos que se arrastam.

Eu paro de chorar aos poucos. Percebo isso já que consigo respirar fundo sem cair no choro de volta. Eu consigo me sentar, depois de um tempo. Não estou mais deitada no chão. Eu consigo trocar frases curtas entre gigantes perdas de tempo para retomar a respiração.

Não quero nada.

Quero ela de volta.

Sim, eu sei.

Eu estou te incomodando. Você devia ir pra casa.

Sério. Eu vou sobreviver.

Não. Talvez.

Se você não sair eu vou te expulsar.

Muito engraçado.

Ok. Mas você pode me deixar sozinha?

Vai a merda.

Sim, vamos para a sala.

Consigo me arrastar até a única sala que não está inteiramente coberta por cacos de vidro. Pegamos os vasos e pinturas e idiotices daqui e os quebramos na outra sala. Esse lugar é até confortável. Eu ando em direção a adega que está em um canto, mas sou meio que impedida.

— Ei. Não. Você se lembra da última vez.

Sim, eu passei mal a noite inteira. Claro que eu lembro. Foi ontem. Foi ontem? Caralho. Mas não vejo outro jeito de passar a noite hoje, principalmente agora que escurece. Sempre tive medo da noite, ficamos vulneráveis e mais sensíveis. Eu fico, pelo menos. A luz do dia torna as coisas menos assustadoras.

— Só hoje.

— Você não vai virar a próxima mentora do 12.

— Eu sou do 7. Não acho que possa mudar isso.

— Você entendeu.

— Eu não consigo.

— Eu vou te impedir de fazer isso, você queira ou não.

Eu considero pular em cima dele e pegar algumas garrafas, mas o que faria depois? Sairia correndo? Lutaria até a morte?

— Ok. Vou subir até meu quarto. Não posso fazer o que vim fazer aqui.

— Vamos.

Começava a indagar quais seriam os pesadelos de hoje e como faria para ir dormir, e deixo um suspiro escapar sem querer. Fim. Definitivamente o fim. Enquanto andava pelo corredor de minha mais nova casa, sinto algo picar meu braço. Nem tenho tempo de pensar antes de cair para trás e ser gentilmente segurada pelo meu mentor.


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Notas finais do capítulo

Ja falei muito acima, entao vou poupar voces de minha mente conturbada aqui, e so dizer que TALVEZ eu comece um novo projeto la pra frente (seria uma especie de fic da fic pra dizer a verdade, ou um final alternativo que nao esta 100% ligado aos livros, como eu quero que essa fic seja, ou nem tanto porque eu nao vou matar alguem hueheheh mas foco, Nina, por favor nao fale demais )... Desculpem a falta de acentos nas notas mas por algum motivo o teclado esta em ingles de novo e eu nao sei arrumar 3 Ate terca e por fvor, comentem para eu saber quem ainda esta lendo e quem desistiu....



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