Os Jogos de Johanna Mason escrita por Nina


Capítulo 14
Capítulo 13


Notas iniciais do capítulo

Desculpa. Eu sou uma pessoa horrível, eu sei. Não tenho a menor ideia de quanto tempo passei sem postar '-' Eu ate tenho algumas desculpas para o começo, tipo, me mudei e fiquei MUITOOO tempo sem internet, mas depois foia boa e velha falta de vontade de viver mesmo. Eu não podia escrever, porque meu estado de espirito no momento ia deixar o capitulo uma merda, e eu não podia postar os que já estavam prontos porque eu simplesmente não tinha vontade de viver/postar/existir. Acabei de perceber q estava postando o capitulo errado. Legal. Ok, voltei. ( sim, sou louca ) agora é uma hora da manha, então não posso mais editar ele. Desculpem qualquer erro de digitacao ( agora escrevo no celular e ele tem a mania de substituir a palavra porra por porta, podem dar risada hsaushau ). Bom, já falei demais, eu sempre falo demais nas notas... Desculpem mesmo a demora, e a partir de agora não vou mais atrasar os capítulos DE VERDADE. Desculpem mesmo, eu to me sentindo uma merda :(



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Eu entro no quarto do estranho. Chegando lá dentro, percebo que o lugar fede a bebida.

— Não finja que é timida, querida, voce entrou na minha sala sem nem me conhecer. Senta no sofá.

Eu me sento silenciosamente e o encaro. Ele me encara de volta, até começar a gargalhar.

— Por que está aqui hoje?

Respiro fundo.

— Snow me odeia. Eu matei pessoas.

— Me diga algo interessante, pelo menos. Velha merda.

Eu me calo antes que ele comece a ser grosso comigo de novo. Ele procura algo no armário e me joga uma garrafa de alguma bebida. Por pouco não consigo pegar.

— O que você quer fazer?

— Não está óbvio, minha querida?

Para enfatizar suas palavras, ele toma um grande gole da garrafa que está em sua mão. Eu não estou em condiçoes de negar, e logo faço o mesmo com a que ele me deu. Quase me engasgo, e levo um tempo para tomar outro gole. Esse mentor parece ter muito mais prática, e ri de mim.

— É o que posso oferecer para te ajudar. Eu queria poder e deixar aqui, mas eu recebo algum em... 4 minutos. Ela é muito pontual. Seria melhor que você saísse, sabe? Eu fiz o meu possível para te ajudar.

Meio atônita, eu agradeço o presente e ando pelo longo corredor até as escadas de emergencia, me sentando em algum lugar proximo do nono andar. Juro que posso escutar a melodia de saltos batendo no chão quando fecho a porta.

Encaro a garrafa em minhas mãos. É isso que sua vida se tornou, Johanna? Você não consegue passar por uma única noite.

Fraca, fraca, fraca. Sua vida é uma merda. Tudo é uma merda e você não passa de uma idiota. Que tipo de pessoa você se tornou? Que tipo de idéia foi essa?

A parte provavelmente considerada racional luta contra a parte rebelde, que simplesmente escuta e grita "FODA-SE!" enquanto toma mais um gole. A parte racional revira os olhos, e a pessoa que serve de arena para essa batalha conclui que enlouqueceu.

Uma garrafa inteira depois e eu não penso em mais nada. Nada de Jogos nem de arenas nem em loucura. Uma sensação impossível de ser explicada.

A porta a minha frente se abre juntamente com meus olhos.

— Johanna... O que exatamente você está fazendo aqui?

— Nada.

Garrafa inutilmente escondida tras de mim com sucesso.

— Você tem alguma noção DE ALGUMA COISA?

— Eu só quero ficar sozinha.

— Você estava bebendo, né?

— Não.

— Eu queria poder brigar com você. Sério. Vou te levar para o quarto.

— Eu quero ficar sozinha.

— Você pode ficar sozinha no quarto. Vamos.

Ele me levanta e eu tenho certa dificuldade para ficar em pé, mas ando até a porta. Estou no quarto andar, pelo visto. Podia jurar que estava no nono.

Pelo visto, alguém está gritando essa noite. Uma mulher, pelo que posso entender. Considero ser mais uma das mulheres de Finnick, mas vejo a expressão no rosto de Blight.

— Annie.

Eu tento entrar no elevador, deixando os gritos para trás.

Depois de tropeçar em todas as coisas disponíveis, no caso dois casos de plantas ao lado do elevador E em sua porta, me seguro no braço de Blight para entrar no elevador.

— Se eu não me segurar eu vou cair.

— Cair aonde? Estamos no elevador.

— Eu não estou tão bêbada assim, sei onde estamos. Vou cair no chão.

Ele revira os olhos e não posso deixar de me sentir mal por ele. Andando por aí até descobrir onde eu estava. Eu volto a chorar, e ele me abraça no meio do corredor.

— O que foi?

— Tudo! E principalmente você, se importando tanto comigo. Me procurando de madrugada.

— Olha, eu estou bem. Eu me importo com você, por isso te procurei. A primeira noite fora da arena é a mais difícil.

Eu o abraço mais forte quando ele tenta sair e continuo a chorar. Pelo visto eu sou uma bêbada chorona. Depois de algum tempo, ele me convence a andar até o apartamento, e me obriga a deitar em minha cama. Depois de um tempo reparo que estou usando a roupa da entrevista, mas não me importo.

— Pode sair do quarto, se quiser. Ah, só mais uma coisa. Vem aqui.

Ele suspira e se senta nos pés da minha cama.

— Quer conversar? Sobre alguma coisa?

— Ok. Talvez. Não quero dormir.

— Você que sabe sobre o que quer falar.

— Como você sabia?

— Sabia o que?

— Que eu ia voltar para casa.

— Eu não sabia até falar com você pela primeira vez. E depois eu simplesmente soube. Que você tinha o necessário.

— E por que você não me deixou lá?

— Como assim?

— Você não me disse que voltar para casa era assim. Se eu soubesse eu não teria lutado.

Ele não responde nada na hora. Depois de começar três frases, ele só me encara por algum tempo.

— Por que a coisa certa era te ajudar a ganhar. Você era a melhor pessoa, com as melhores habilidades e com a melhor estratégia. Você merecia.

— Eu não mereço tudo isso. O sofrimento. Quer dizer, provavelmente mereço agora, mas quando eu cheguei nesse quarto pela primeira vez não merecia.

— Um dia você aprende a lidar com isso. Não fica mais fácil, você fica mais forte.

— Você deveria ter me deixado lá.

— Você é melhor que essas pessoas, que esses gamemakers. Você mereceu ganhar, e sua morte não será numa arena qualquer. Você vai viver uma vida longa e morrer do seu jeito.

— Eu nunca mais vou viver. Eu vou contar os segundos até minha morte.

— Você vai aprender a lidar com isso. Todos aprendemos.

Eu me sento para continuar a conversa, e também porque me sinto tonta. Talvez chorar na porta de Haymitch não foi uma ótima ideia.

— Eu não deveria ter voltado.

— Ninguém lá merecia voltar mais do que você.

— Por que? Ninguém lá era uma assassino melhor que eu?

— Você era a melhor pessoa. A mais esperta. A melhor vencedora.

— Eles tinham vidas. Eu tirei suas vidas. Você tem noção do quão difícil é conviver com isso?

— Tenho. Por isso estou aqui. Você acabou de sair de lá, de um tempo a si mesma. Você vai ficar bem.

— Você assistiu os vídeos? Todo mundo assistiu. Todo mundo me viu fazendo essas coisas. Minha família.... Minha mãe. As famílias dos tributos me viram sorrindo hoje à noite.

— Se não fossem eles seria você. Alguém ia vencer. Você preferia que um carreirista vencesse?

— Se me poupasse de tudo isso, sim. E agora Snow me odeia.

— Isso prova que voce é humana. E por isso voce merece ganhar.

— O presidente me odeia. A porra do presidente de PANEM me odeia.

Ele não responde de novo. Verdade. O presidente me odeia. Como alguém que não está em seu perfeito juízo, eu choro sobre isso.

— Você pode lidar com isso.

— Isso o que?

— Tudo isso. Pode lidar com todos sabendo, pode lidar com as coisas que você fez, pode lidar com você mesma. Você vai sobreviver.

— Eu não sei se quero.

— Você não tem escolha.

— Já posso ficar sozinha? Quero dormir. Você quer dormir.

— Qualquer coisa me chama, eu estou bem aqui do lado.

Eu me calo por um tempo. Continuo chorando. Estou presa. Estou sem nada pra dizer, nenhuma resposta. Nunca vou escapar dessa sensação.

De algum jeito acabo dormindo.

É tarde da madrugada quando acordo, olhando para o teto. Tenho essa estranha sensação em meu peito, que não pode ser definida se não por vazio.

Me viro para o lado e sinto uma pontada em minha cabeça. Legal. Muito legal. Me levanto e pego uma caixa de comprimidos no armário do banheiro, tomando dois. Volto a me deitar, e percebo o quão engraçado é quando o teto se move desse jeito.

Tenho certeza que não dormi mais de meia hora. O relógio comprova isso. Agora, a sensação que me domina é o enjoo.

Tento esquecer isso, voltar a dormir, mas se mostra impossível. Com a garganta subitamente se fechando, me levanto o mais rápido que posso e corro até o banheiro, vomitando no vaso sanitário.

Idiota. Decisão idiota, pessoa idiota, vida idiota.

Assim que tenho ar o suficiente para me sentar do lado do vaso sanitário, vejo o quão legal essa noite será. Respiro fundo e tento ir para longe, mas não tenho como. Casa não é mais segura, arena é arena. Estou sozinha.

Considero tomar um banho, mas não consigo achar vida o suficiente dentro de mim para me mexer. Alguns minutos depois, mais uma onda de enjoo.

Quando finalmente me levanto, tenho que me segurar na parede para não cair. Tiro minhas roupas o mais devagar que posso e ligo o chuveiro com água quente. Em algum lugar do mundo, dizer que banho gelado ajuda, mas não estou a fim. Não estou a fim de viver. Não quero.

A água corre e eu a deixo bater em minhas costas enquanto me sento com a cabeça nos joelhos. As minhas lágrimas se juntam ao rio que corre abaixo de mim, ainda que não sejam perceptíveis.

O que aconteceu com a porta da minha vida?

Fui sorteada. Fui para os Jogos. Matei pessoas. Voltei para casa.

Eu não quero. Eu nunca quis. Eu preciso sair daqui.

Sair de onde? De mim mesma?

Eu estou tão fodida.

Um tempo depois, estou ajoelhada no chão vomitando no ralo do chuveiro.

Isso não é vida. QUE PORRA É ESSA? O QUE ACONTECEU COMIGO?

Eu esmurraria as paredes, mas não posso. Mal consigo me mexer. Choro de ódio do que está acontecendo, de descrença. Eu não acredito que estou aqui. Uso cada força que tenho para me levantar e colocar um roupão para voltar pra debaixo das cobertas. Durmo chorando.

No dia seguinte, tenho o que parece ser a maior dor de cabeça do último século, e mal me movo, o rosto coberto. À luz dói quando alguém abre a porta.

— Johanna? Tudo bem?

— Hm?

— Tudo bem?

— Aham.

— Eu só queria te avisar que temos que sair em três horas, seria legal se você acordasse.

— Que horas são?

— 1 hora.

— Ok. Já levanto.

Ele sai do quarto e eu programo o despertador para em uma hora, enquanto volto a dormir.

Algum tempo depois, sou acordada pelo barulho insuportável do despertador. Aquele som me machuca mais do que deveria, e eu acabo derrubando metade das coisas no criado mudo antes de desliga-lo. Blight também escutou esse barulho, e abre a porta do quarto enquanto eu cubro minha cabeça com o travesseiro e murmuro alguma coisa que nem eu consigo distinguir

— Bom, eu não posso te deixar dormir por mais algum tempo, mas o trem sai às quatro. Já deixaram sua roupa no guarda roupa, então você só tem que vestir e parecer apresentável para andar de trem. Prometo que você vai sobreviver.

— Eu preciso me vestir para andar de trem?

— Bem vinda a Capital.

— Engraçadinho.

— Eu volto em 50 minutos, por favor esteja pronta.

Eu continuo com minha cabeça coberta mas acordada por mais alguns minutos, e então saio da cama em direção ao chuveiro. À noite passada não está nada clara, mas eu me lembro de passar mal e de ter conversas estranhamente profundas comigo mesma. Julgando pela dor de cabeça, deveria estar muito bebada essa noite. Estou enjoada, mas odeio vomitar então tento ignorar a sensação que deve acabar uma hora. Algumas merdas que disse voltam a minha mente de vez em quando. Não tenho certeza se posso ser tão honesta com meu mentor. Fico vermelha enquanto ligo o chuveiro.

Quando Blight entra no quarto de novo, estou vestida e pronta para sair, só terminando de colocar meus sapatos.

— Ok, você está bem?

Essa frase me dá vontade de chorar. Sim, eu estou bem. Ou quase. Mas as pessoas que morreram nunca mais ficarão bem. Mas eu nunca mais vou ficar completamente bem.

Eu aceno com a cabeça.

— Ótimo. Você tem cinquenta minutos para comer alguma coisa, se despedir da Capital e estar na plataforma. Eu vou arrumar minhas coisas e te encontro na mesa de café da manhã?

Aceno com a cabeça novamente, e quinze minutos depois, estou na mesa de café da manhã sendo convencida a comer "qualquer coisa, antes que você desmaie" e recusando até o final, dizendo que já comi, uma mentira óbvia. Vinte minutos depois, estou sendo fotografada e falando com a imprensa, e me despedindo da estilista. Eu te odeio, estilista. E eu te odeio, Capital. Quase disse isso. Quase. Cinquenta minutos depois, estou entrando no trem que vai me levar pra casa. Finalmente minha casa.

— Você está bem de verdade?

— Eu nunca vou ficar bem. Mas acho que, fisicamente, sim.

Como se para zombar de minha cara, o trem começa a andar e eu tenho que me agarrar na camisa de Blight para não cair. Ele me encara dando risada.

— Nem vem. Sempre fui péssima em coordenação motora.

— Ok. Chegamos lá em um dia e meio. Você talvez queira descansar.

— Sim, eu vou pro meu quarto. Minha cabeça ainda dói.

— Tem certeza que consegue andar?

Eu simplesmente resmungo alguma coisa e me seguro nas paredes para chegar lá. Assim que tranco a porta, tiro essas roupas e coloco um roupão, querendo dormir por alguns minutos. Blight faz o favor de me acordar quando já está escurecendo.

— Só não entendi por que você não me acordou antes.

— Muito simples. Eu estava dormindo também. Sabe, procurar pessoas de madrugada não ajuda a descansar.

— Ah, legal. Acho que ambos devemos aprender a usar um despertador.

— Bom, eu não tenho nenhum compromisso. E nada a perder a não ser o almoço, mas posso lidar com isso.

— Concordo. Mas vai ser difícil dormir de noite.

— Ou não.

— Não me diga que você tem mais daquele remédio?

— Talvez. Se perguntarem, eu tenho insônia e tomo três por noite. Na verdade, tomo um, mas estou construindo um estoque. Você pode usufruir dele.

— Farei isso. Te encontro lá. Ah, por que você está construindo um estoque? Não pode encomendar mais da Capital?

— Longa história. Não comente com ninguém. Te acho lá.

Eu me sento na cama, e logo depois me levanto. Saio em direção ao jantar usando só o meu roupão, mas não tem ninguém aqui a não ser Blight e Lashie, além dos empregados. .

— Bem, eu vou sentir falta disso.

— É a melhor parte.

— A pior é assistir seus tributos morrerem a cada ano, certo?

— A não ser por alguns.

Eu, no caso. Mas eu começo a chorar em cima do meu arroz com vegetais, pensando nas vidas que conhecerei antes de serem perdidas, nas vidas que não conseguirei salvar. Pelos próximos anos, conhecerei pessoalmente metade dos tributos.

— Como você consegue?

— Eu espero um tributo que eu possa salvar. Você vai achar um, um dia. E eu vou estar te ajudando nesses primeiros anos. Você vai ficar bem.

— Mas a maior parte dos meus tributos não.

— Você aprende a viver com isso. Eu não estou chorando com a morte de Joshua.

— Ele era um babaca. E voce nunca gostou dele. Se eu morresse voce estaria triste.

— Concordo. Mas você entendeu o que eu quis dizer.

Eu volto ao meu arroz e paro de chorar. Terei que aprender a esconder minhas emoções, um dia. Espero que esse dia chegue logo, mas, até lá, vou aproveitar o arroz com gosto de lágrimas.

Lashie parece instruída a não dizer nada, e assim ela o faz. Não a ouvi dizer uma palavra além de "boa noite" esse dia. Ela está obviamente lutando contra a vontade de falar, mas eu não estou a fim. Acho bom que ela esteja praticamente muda. Ao terminar o jantar, por coincidência ao mesmo tempo que Blight, ele me dá um dos comprimidos e eu entro no meu quarto para cair no sono alguns minutos depois.

Eu acordo no meio da madrugada, gritando. A menina do 3 me persegue com meu machado, segurando a cabeça de todos os tributos, presas em uma corda e usadas como uma espécie de acessório. Só falta o último tributo. A última criança que a separa da vitória.

— Eu venceria isso, sabe? Se não fosse por voce! Esse seria seu futuro!

Escuridão. Dor. Grito.

Eu acordo no escuro e caio da cama tentando acender a luz de cabeceira. Cambaleando na minha pequena cabine, eu chego até a porta e acendo as luzes do quarto. A claridade dói em meus olhos, mas eu não ligo. Eu entro no banheiro e vejo que arranhei todo o meu rosto essa noite. Linhas vermelhas, algumas sangrando e outras superficiais. Com minhas maos um pouco sujas de sangue tremendo, eu lavo meu rosto e tudo parece um pouco melhor. Eu me recuso a voltar para a cama. Me escondo no pequeno espaço entre a cama e o criado-mudo. Coloco a cabeça nos joelhos. Jogo um cobertor por cima de mim. Gestos automaticos, a guerra acontece na minha mente.

Não é real.

Eu vou ficar bem.

Não é real.

Não é real.

Talvez repetindo isso milhares de vezes eu me convença que essa é a realidade.

Não é real. Ela não é real. Eu a matei.

O único lugar onde ela vive é em meus pesadelos e na memória de seus familiares, cuja vida arruinei. Imagino como a vida deles será a partir de agora. Se levantar todos os dias e imaginar como seria ter sua filha sentando na mesa com eles. Como seria a ver todos os dias. Como seria a abraçar assim que ela sai do trem. Esse ano, minha mãe é a única pessoa que vai ficar feliz pelo fato de eu ter sobrevivido.

Ou não. Ou ela vai olhar para mim todos os dias e ver o monstro em que me tornei. Não vai dormir de noite, revivendo as cenas que criei. Vai ver o meu sorriso depois de tudo o que fiz e dizer achou ele sincero. Toda vez que olhar para mim, ela vai pensar que eu escolhi trocar 23 vidas pela minha. Secretamente, ela vai desejar que eu tivesse morrido na Cornucópia. Continuado sua filhinha, para sempre em seu coração. Sempre aquela menina inocente, que trabalhava para ganhar a vida, que ajudava a sustentar a casa desde que aprendeu a usar um machado, e que definitivamente não tem facilidade para cometer assassinatos.

Ela vai ver o rosto da menina do 3 toda vez que olhar para mim. Ela vai ver o medo em seus olhos antes que eu tirasse a vida de seu corpo.

Ela nunca vai me dizer, mas sempre pensará o mesmo que todos os outros. Que eu me tornei um monstro.

E quem sou eu para negar, para me defender?

De todas as pessoas, eu fui a primeira a concluir isso.

Eu sei. O sonho não é real. Ela não está de volta para me atormentar. Eu sou real. Eu estou vivendo. E 11 distritos me odeiam por isso. 23 familías me odeiam por isso. 23 vidas foram perdidas para isso.

23 morreriam de qualquer jeito.

A parte racional de meu cerébro me irrita. Não é como se alguem racional pudesse entender. Não é como se alguem pudesse entender. Não é como se alguem pudesse me ajudar. Nem a minha propria mente me entender completamente. Ela está dividida em 4 partes.

A parte que está mergulhando cada vez mais fundo na escuridão.

A parte racional. Essa tenta me convencer que 23 iriam morrer de qualquer jeito. E que eu estaria incluida nesse número.

A parte idiota, estúpida, egoísta, que me está... Feliz? Aliviada? Por não estar morta.

E a parte que me consome, que me culpa por cada uma dessas mortes. Eu tirei a chance de viver dessas pessoas. Se o destino mudasse um pouquinho, um único golpe na abertura dos Jogos, uma mudança de rota, um caminho azarado, tédio dos organizadores, um barulho de madrugada, e eu não estaria aqui. Outra pessoa teria essa sorte. Uma pessoa que realmente considera isso uma sorte. Alguém que estaria feliz e festejando.

É justo trocar a possibilidade de uma vida feliz vivida por outra pessoa para eu ter a chance de me arrastar dia após dia até a hora de minha morte?

A possibilidade de alguém descobrir o amor de sua vida. A possibilidade de alguém descobrir sua grande vocação. A possibilidade de alguém acordar sorrindo simplesmente por acordar mais um dia.

Alguém poderia estar dormindo tranquilamente, agora, as 4:57 da manhã. Não estariam encolhidos entre a cama e o criado-mudo, a cabeça nos joelhos, tremendo e chorando, batendo no cobertor. Elas estariam melhor que eu. Elas se sentiriam gratas por viver. Eu realmente não faço a menor questão.

Eu penso em cada segundo naquela arena. Quando desmaiei por 24 horas, porque ninguém me viu? Quando fui pega por aquele carreirista, por que ele simplesmente não terminou o trabalho o mais rápido possivel? Ele não tinha que me derrubar, daquela distacia ele poderia ter somente atirado uma faca. Ou uma lança. Ou uma flecha. Ou qualquer coisa. Deveria ter sido mais dificíl para o meu lado, até o presidente concorda com isso. Por que eles não enviaram bestantes para cima de mim? Por que eles não decidiram deixar mais tributos vivos para a final? Metade das mortes poderiam ser evitadas pelos gamemakers. Uma chuva de placas de gelo levou 5 vidas, mas não chegou perto de mim. Eu não venceria a final. Eu nem ao menos venceria a menina do 9 se ela não estivesse tão machucada. Se eu aparecesse alguns segundos antes, tudo poderia ter mudado.

Eu deveria ficar feliz pelo que aconteceu?

Eu deveria estar em casa. Dormindo. Sem arranhões em meu rosto. Sem Jogos Vorazes.

As horas se passam. Eu assisto cada minuto se arrastar. Eu paro de chorar para depois começar a soluçar ainda mais alto. Eu arranco sangue da palma da minha mão. Alguma coisa cai em mim, mas eu simplesmente a jogo do outro lado da cabine.

Eu queria que Blight estivesse aqui. Eu queria que ele me dissesse que tudo vai ficar bem. Eu queria que ele me tirasse desse lugar. Eu poderia simplesmente bater em sua porta, mas não consigo fazer isso. Como uma criança machucada, que vai chorar na barra da saia de sua mãe. Como se a mãe pudesse fazer qualquer coisa por ela. Como se alguém pudesse fazer qualquer coisa por mim.

Eu queria abraçar minha mãe. Ela também ia dizer que tudo vai ficar bem. Ela também iria tentar me ajudar. Mas ela nunca ia entender. Ninguem nunca vai entender. Eu mesma não entendo.

O maior saldo de mortes dos últimos 8 anos. Eu poderia procurar, mas acho que matei mais carreiristas do que muitos outros tributos. Eu poderia ter vencido sem tudo isso? Muitos outros vencem. Por que eu fiz isso? Por que eu simplesmente não tentei algo diferente?

Como voce quer vencer os Jogos Vorazes sem sujar as mãos?

Eu não sabia que não queria vencer até chegar aqui.

Mas voce fez isso. Voce escolheu vencer.

Ninguém escolhe vencer! Eu não tive escolha!

Sempre tem uma escolha. Voce só tem sua mãe. Eles tinham mais família. Eles tinham pessoas. Voce foi egoísta escolhendo viver.

Eu sei.

Mas voce viveu. É sua culpa.

Que eu vivi?

É. Voce nem devia estar aqui.

Eu sei. Eu não consigo mais fazer isso.

Boa sorte. Voce deveria saber melhor. Voce sempre foi mais esperta que isso.

Silencio.

Não sei que parte de meu cérebro é essa. Todas, talvez. Menos a parte que sou “eu”. Eu não sei quem sou. Eu estou enlouquecendo.

Escuro novamente. Enquanto estou com meus olhos fechados, posso fingir que não estou aqui. Estou longe. Não estou em lugar nenhum.

Eu continuo nesse ciclo eterno de criar uma pequena esperança, algo que me diga "ei, você pode sobreviver. Ei, você está um pouco melhor!" e logo após ser arrastada de novo para o lugar onde estou. À luz sai lá fora, e exatamente as 8:18 meu mentor aparece para me resgatar. Eu nem reparo que ele entrou no quarto até que ele está ajoelhado em minha frente, chamando meu nome várias vezes.

Johanna!

Johanna!

Johanna!

Essa pessoa morreu. Eu ainda tenho o direito de me chamar assim?

Johanna!

Sua voz está em segundo plano. Eu quero responder. Eu quero dizer algo.

Johanna, por favor, eu estou preocupado.

Johanna!

Se você não me responder agora eu vou te levar ao vagão-enfermaria.

É como se alguém acendesse a luz. Sua voz está aqui, comigo.

— Eu estou bem.

— Não. Você não está. E é normal. Você tem o direito de não estar bem.

— Mas eu estou. De verdade.

Aquela parte da minha mente, a que está se afogando, continua a dizer para não preocupar ninguém. Você não merece isso. Você não merece atenção. A outra parte, a egoísta, quer ajuda. Não sei qual parte ouvir.

— Eu estou aqui. Por que não me chamou? A quanto tempo está aí?

— Tive um pesadelo.

Uma frase idiota que não responde nenhuma das perguntas.

— Ok. Por que não me chamou?

— Não precisei.

Ele poderia ver a mentira em meus olhos se eu não estivesse com a cabeça entre os joelhos. Ele deve sentir que estou mentindo. Que merda. Tenho que ficar mais convincente.

— Se você precisar de mim, pode me chamar. A qualquer dia, a qualquer hora. Eu estava na cabine ao lado.

— Eu não conseguia me mexer.

— Vamos levantar.

— Não.

— Olha, você vai ficar melhor em um lugar que não seja entre o criado-mudo e a cama. Vamos.

Eu volto a abraçar meus joelhos. Consigo ver algumas sombras, e consigo sentir o móvel ao meu lado sendo afastado. Quase caio para o lado, mas continuo escondida. Depois do criado mudo estar do outro lado do quarto, eu sinto Blight se sentando do meu lado.

— Quando você quiser, pode sair.

Eu me apoio nele e fico assim, chorando, por bastante tempo. Ele não diz nada. Me deixa chorar em silêncio. Depois de algum tempo, acho minha voz.

— Isso acaba? Um dia?

Ele respira fundo algumas vezes.

— Não. Nunca. Não é tão ruim depois de um tempo, mas você nunca mais volta a ser... Você. De novo. Eu não quero mentir nem te dar falsas esperanças. Nunca volta a ser você, mas se acostuma a ser quem você é agora.

— Então essa é minha vida agora? Chorar escondida até alguém me arrancar desse lugar?

— Não. Melhora. Mas nunca passa.

— E você?

— O que tem eu?

— Quem você tem?

— Eu sou uma pessoa solitária.

— Eu nunca perguntei como você lida com isso.

— Sim, por que você está aqui lutando para não afundar. Você nem saiu da Capital ainda. De tempo a si mesma.

— Eu sei que não sou nada, mas se você precisar de algo você vai me dizer, né?

— Vou. Mas primeiro fique bem.

Eu tiro meu rosto dos joelhos, mas antes que eu diga qualquer coisa sua expressão facial muda.

— O que aconteceu no seu rosto?

— Tive um pesadelo.

Essa resposta nunca responde nada, mas ele deve ter entendido que não darei mais detalhes.

— Vamos. Você tem que limpar isso.

— Eu vou ficar bem.

— Você quer que sua mãe te veja assim? Ela não te vê em semanas.

Isso é chantagem. Enquanto ele me levanta delicadamente, eu percebo que minhas penas ficaram dormentes por todo esse tempo sentada enquanto caio de volta ao meu lugar. Sou segurada antes de encostar no chão, e aterrisso lentamente segurada pelos cotovelos. Volto a chorar ali mesmo.

— Ei! Tudo bem? Você se machucou?

— Não. Eu estou bem.

— Precisa de ajuda?

— Só me deixe aqui por um tempo.

Eu posso sentir a dor e o formigamento em metade de meu corpo, e a vergonha em todos os outros lugares. Depois de algum tempo, eu quero simplesmente desaparecer desse lugar. Derreter no chão.

— Ok, estamos indo. Me dá sua mão.

Eu me levanto novamente, mas dessa vez não dou um passo. Ele me levanta no colo e eu me lembro daquele dia antes de ir para a arena. Eu era outra pessoa. Poderia ter sido duas vidas atrás. Ele passa comigo pelo que me parecem ser milhões de vagões, até chegar em um com a luz estranhamente azul. Lá dentro, uma única médica, vestida de branco e sem nenhuma estética visível no rosto. Ela parece normal.

Eu sou gentilmente colocada na maca e a médica já está em cima de mim um segundo depois.

— O que aconteceu?

— Eu me arranhei sem querer.

Sem querer. Certo. Muito plausível.

— Ok, e por que você foi carregada até aqui?

— Eu cai.

— Certo. Agora, me diga se isso dói.

Ela enfia o dedo em um machucado, e eu me contenho de socar sua cara. Faço minha melhor imitação de voz normal.

— Dói.

— Ok, isso é bastante simples. Eu vou te dar um calmante e depois passar uma espécie de remédio em seu rosto, para evitar cicatrizes. Ele arde um pouco, enquanto a pele se regenera, mas você não sentirá quase nada com esse remédio

Ela injeta alguma coisa em meu braço e imediatamente meus músculos relaxam. Não sinto nada além de pequenos puxões que parecem vir de dentro pra fora de minha pele, mas não chega a doer. O procedimento acaba em algum tempo, mas o efeito do remédio dura. Embora um pouco dormente, consigo ouvir a conversa entre a médica e o mentor.

— Se isso acontecer de novo, eu vou te dar essa seringa. Você pode usar quando quiser. Vai a fazer dormir por algumas horas. Até ela aprender a lidar com isso tudo.

Ele só concorda e guarda a seringa.

Eu não vou me lembrar disso. Tento segurar esse pedaço de informação por algum tempo, mas posso sentir ele escorregando de minhas mãos.

Luto para ouvir o resto da conversa, mas não consigo ficar acordada. Acordo um pouco enquanto sou levada de volta até minha cabine, mas não ouço nada.

Quando acordo de novo é hora do almoço. Eu estou deitada em minha cabine. Ok. Olho para o teto por algum tempo até acordar de verdade. Ok. Sei onde estou. Sei o horario. Sei que estou sozinha. Sei que meu rosto não dói mais. E sei que devo sair do quarto logo, para almoçar e me arrumar, mas não consigo me mexer.

Volto a rotina de encarar o teto e chorar. Lágrimas silenciosas, por nada em especial. E por tudo. Coisas demais, motivos demais.

Como minha mãe vai reagir ao me ver assim? Esse é meu maior medo agora. Ter que me controlar na frente dela, para não a assustar. Eu não sei se consigo dessa vez. Tudo está mais difícil. Eu mal estou aguentando aqui, onde posso fazer o que bem entender e chorar de madrugada. E tenho alguém que me entende aqui ao meu lado. Ela vai me ajudar também. Ela talvez nunca entenda, mas vai me ajudar. E todo esse tempo estou esperando a chance de a abraçar de novo. Sentir seus braços me apertando. Só nesse momento poderei me sentir aliviada. Feliz por estar viva. Alguém está feliz porque estou viva. Isso é uma vitória.

Mas isso não é o suficiente para me levantar. De fato, só me levanto quando Blight entra no quarto e me arrasta da cama. Eu não resisto. No fundo, eu queria sair de lá mas não sabia como.

— Ok, vou te deixar tomar banho e te encontro lá fora em 15 minutos, pode ser? Se você não vier eu venho te procurar.

— Ok. 15 minutos.

Ele sai do banheiro e eu tomo banho em algum tempo. Supondo que não vou me atrasar, sento no chão do banheiro e digo a mim mesma para parar com isso e ser forte. Respiro fundo várias vezes. Não tenho a menor ideia do tempo que tenho, mas saio logo depois com o cabelo ainda molhado. Coloco um roupão qualquer, me arrependendo um pouco depois por saber que terei que trocar antes de descer na estação onde câmeras me esperam, e ando até a sala de jantar do trem. Na mesa, somente duas pessoas. Uma delas é completamente muda, e a outra me encara com pena. Resolvo criar uma conversa com algum deles para os convencer que estou bem, mas no fundo sei que ele não vai acreditar. Lashie talvez não se importe, mas ela parece ligar. No jeito infantil dela, sim, mas parece ligar. Fico feliz que ela não diz nada, já que não sei se seria capaz de fingir que estou bem para duas pessoas.

— Estou muito atrasada?

— Não muito.

— Ok. Em quanto tempo chegamos?

— Quarenta minutos. Acho melhor se despedir da comida da Capital.

— Pelo menos terei dinheiro para comprar comida lá.

— E uma vez por ano você poderá experimentar de novo por algumas semanas.

— É.

É. Enquanto pessoas morrem. Teremos que tocar nesse assunto cedo ou tarde. Eu tenho que aprender a ser uma mentora. A vida de outras pessoas depende disso. A vida de outras pessoas está em minhas inúteis mãos. E a maior parte nunca vai voltar, isso se eu for sortuda o suficiente para conseguir um único bom tributo.

Mas eu não disse isso. Eu não disse nada. Eu pedi licença, sorri e voltei para meu quarto, onde troquei de roupa novamente, colocando um vestido florido e alegre. Eu posso parecer alegre e feliz por fora, pelo menos no segundo que minha mãe vai me ver de novo pela primeira vez. Enquanto me visto, percebo que a Capital modificou meu corpo. Tudo para me deixar mais desejavel. Ouvi alguns relatos de vitoriosos que são obrigados a vender seus corpos para aumentar a renda do governo. Imagino se essa é a finalidade das cirurgias plasticas e sinto nojo no mesmo segundo. Silicone. Que merda, Snow filha de uma puta.

Eu passo um pouco de maquiagem e pego uma bolsa para a encher de bolinhos e comida da Capital para mostrar a minha mãe, com único propósito de tirar a atenção de mim por alguns segundos. Olha mãe, coma esse bolinho! Não pergunte se estou bem! Me sinto o Papai Noel que chegava na casa dos afortunados. Eu entro na sala, onde as pessoas continuam a conversar, e jogo todo tipo de doce que não faça muita sujeira dentro dela. Eles me encaram por algum tempo, imaginando o que estou fazendo, mas eu continuo impassível.

O trem começa a parar alguns minutos depois. Isso significa que faltam 5 minutos, segundo Blight. Eu paro perto da porta e espero o trem parar junto com meu mentor. Não consigo deixar de sorrir. Ele sorri tambem. Eu não me lembro de me sentir tão feliz em algum momento de minha vida. A súbita mudança de humor me surpreende, eu não sou assim, mas sorrio. 5 minutos de felicidade. Como uma criança, eu brinco com meus dedos e não consigo deixar minhas pernas paradas por muito tempo. Se pudesse, sairia pulando pelo trem. Ele finalmente diminui o suficiente para que possamos ver a paisagem ao redor. Árvores. A fábrica de papel. A parte pobre da cidade, onde fica minha casa. O comercio. E finalmente a a estação. O trem para subitamente, e eu me equilibro um uma mesa ao meu alcance. As portas se abrem e eu me deparo com a estação.

Vazia.


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Notas finais do capítulo

Ja falei demais la em cima, mas agradeço muito a vocês que leram... Nem vou pedir comentários, eu sei que não mereço... Mas ia significar muito pra mim, mesmo que vocês só brigassem comigo pela demora. Ah, esqueci de dizer algo que queria dizer la em cima (fala, fala e fala e esquece as coisas.. Essa sou eu.) Conheçam A NOVA JOJO!!! Isso na verdade pode ser considerado triste, mas fazer o que, eu estou feliz que finalmente estou postando. Tenho uma pergunta pra vocês, sobre um projeto novo, mas já falei demais pra alguém que não merece falar hahaha. Bom, ate o próximo! Provavelmente terça ou quarta, não sei...



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