I Can't Love You escrita por Mrscaskett


Capítulo 93
Capítulo 93 — Ele está decepcionado comigo.


Notas iniciais do capítulo

Oláaa, voltei com um cap novo que eu amei escreve.

Primeiro queria dizer que eu tenho mais algumas histórias para contar nessa fic, então provavelmente será mais que cem cap porque eu n quero apressar nada. Quero contar a história como eu sempre imagineiro, preservando os detalhes, porque eu acho que isso faz toda a diferença. Ao decorrer da gravidez vão se passar algum tempo e mostrar a evolução, mas p quem ta preocupado em n curtir o nosso casal com os bebes eu digo: ELES VÃO CURTIR MT. então nao se preocupem.

Curtem esse cap e até a próxima ♥



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KATE.

 

Tudo na vida acontece por um motivo. Aprendi isso desde que conheci Castle. Hoje era um dia triste de se lembrar, mas mesmo assim eu tentei ao máximo não me deixar me abater. Hoje era o aniversário do meu pai. O cara por quem eu loucamente apaixonada. Bom pai, bom amigo, bom marido, um ótimo profissional.

Hoje é o dia que eu mais sinto sua falta. De acordar pulando na cama dos meus pais e desejando um feliz aniversário. De minha mãe entrar logo atrás de mim com uma bandeja de café da manhã que nós duas preparamos juntas. Saudade de receber seus beijos e abraços. Seus concelhos, e até suas brigas. Eu não fui uma adolescente fácil, sei bem que os cabelos brancos do meu pai nasceram precocemente por minha causa, mas ele era minha base. Hoje é um dia triste, mas que ficou um pouco menos triste por ter minha filha ao meu lado o dia inteiro.

Nós estávamos arrumando as últimas coisas para levar para meu apartamento. Finalmente as obras em nossa casa iam começar e eu não posso ficar aqui com toda a poeira e barulho. Então vamos todos nos mudar temporariamente para meu apartamento, que estava do jeitinho que eu deixei desde a última vez que estive lá. Bom, exceto pelo fato da Jenny ter feito uma bela faxina.

Eu não podia fazer muita coisa, então enquanto minha tia ajudava Alexis a dobrar e guardar suas roupas e brinquedos, Martha me ajudava. Ela colocou todas as roupas em cima da cama enquanto eu dobrava para ela arrumar tudo dentro das caixas. Castle ficou responsável por levar algumas das caixas mais pesas, e já deve ter feito três viagens até meu apartamento com o carro cheio de caixas. Não sei bem como vamos caber dentro dele, mas temos que dar um jeito.

Estava dobrando uma das últimas roupas quando um furacão ruivo entra no quarto e fica bem ao meu lado.

— Mãe, eu tive uma ideia. – ela fala empolgada me fazendo arregalar os olhos ansiosa para descobrir.

— O que foi? – ela me abraça pelo pescoço e eu retribuo, beijando seu rosto.

— Nós podemos fazer uma festa em meu aniversário? Uma em grande, com escorrega, cama elástica, mágicos... um monte de coisa.

Seus olhos brilham imaginando sua festa. Apenas rio da sua empolgação. Desde que foi numa festinha de uma amiga da escola, ela não tirava a ideia de que queria uma festa grande também, e esqueceu completamente a ida ao cinema como tinha combinado.

— Ai eu posso chamar todos os meus amigos da escola e os do prédio também. Você disse que tinha crianças no seu prédio, né mãe? – eu confirmo balançando a cabeça. – então a gente pode chamar eles também, né? E o Tio Robert também, e a minha mãe, quem sabe ela vem, né? E podemos chamar os meus amigos da Califórnia também, né? Eu sinto falta deles.

Vejo ela falar rápido, quase engolindo as palavras, e não posso deixar ama-la ainda mais. Ela é o motivo do meu dia ser bom. Ela é o bom dia mais gostoso de se ouvir todos os dias. Alexis é minha vida, e eu quase não consigo acreditar que já vai fazer um ano que ela está em nossas vidas. Parece que eu a conheço desde que nasceu, mesmo isso não sendo verdade.

— Ei, calma ai. – digo rindo e tiro seus cabelos do rosto. – Nós vamos fazer uma festa enorme e linda com tudo que você merece, mas seus amigos da Califórnia? Não é muito longe não? Talvez eles não venham.

— Mas nós podemos chamar os daqui, não é?

— Sim, os daqui nós chamaremos. Todos eles.

— Eba. – ela me abraça forte e eu rio. – falta quanto tempo?

— Alguns meses, meu amor. – faço um bico triste vendo o brilho dos seus olhos diminuir. – mas não precisa ficar triste, é bom que nós vamos ter tempo para pensar em tudo. Por que você não começa fazendo uma lista com todos os seus amigos?

— Tudo bem. – ela diz mais animada, e quando ia se afastar, eu a seguro pelo braço.

— Ei, antes disso termine de arrumar suas coisas, ok?

Alexis confirma e eu volto a terminar meu trabalho. Antes de sair do quarto ela dá um beijo a avó, que fecha a última mala de roupas.

— Ela está empolgadíssima com o aniversário. – Martha diz rindo.

— Todas as noites quando vamos dormir ela fala, e fala, e fala, e fala... parece uma verdadeira máquina. – Entrego as últimas roupas dobradas e Martha pensa onde colocar.

— Meu deus, vocês têm muitas roupas. – Ela comenta enquanto encaixa as últimas peças em uma das malas.

— Sim. Quando nos instalarmos eu vou olhar algumas roupas para doação. – comento e abro um sorriso vendo Castle entrar no quarto. – oi, meu amor...

Ele se aproxima e se inclina me beijando rapidamente.

— Está cansado? – ele balança a cabeça e se joga na cama.

— Odeio mudanças. – Castle vira o rosto na minha direção. – você já trabalhou demais, agora é só descansar, ok?

— Eu estou ótima. Fiquei a manhã inteira sentada, pergunte a sua mãe. – aponto e sua atenção se volta para a ruiva, que balança a cabeça mostrando que eu não mentir.

— Olha só, eu não queria mas preciso ir a Nova Iorque depois que nos instalarmos no apartamento. – ele tinha um olhar culpado que me faz rir. – apenas um dia. Eu vou na terça a noite e volto na quarta, ok?

— Amor, não se preocupa. Nós vamos ficar bem. – faço um carinho na minha barriga enorme de vinte e uma semanas. Eu já sentia os bebês mexerem, mas não muito. Castle nunca teve essa sorte, por mais que ele deseje isso de todo o coração. O que faz ele ficar muito triste, mesmo tentando ao máximo não transparecer.

Ele sorrir e se aproxima abraçando minha barriga e dando um longo beijo.

— E vocês, vão sentir falta do papai? – ele conversa com os bebês e espera um resposta, como se isso fosse mesmo acontecer. – vocês bem que podiam mexer, né? Só para dizer que vão ficar com saudade do papai... – ele espera mais um pouco tocando minha barriga e depois suspira. – parece que eu só vou sentir quando ele estiverem chorando em meus braços. – ele brinca e eu rio.

— Eles vão mexer, amor... fica tranquilo que você vai sentir... – passo a mão por seus cabelos e ele deita a cabeça em meu colo. – Está muita bagunça no apartamento?

— Não. Jenny já ficou arrumando algumas caixas. – ele fica em silencio alguns segundos. – encontrei a Serena quando estava saindo.

Eu bufo.

— Tinha esquecido que ela era minha vizinha. – reviro os olhos e ele rir me olhando.

— Esqueci que você tinha ciúmes dela.

— Bom, ela é atirada e com certeza está bem mais bonita que eu com essa barriga enorme e meus pés começando a inchar. Então, para o seu interesse, eu tenho ciúmes dela.

— Kate, você não está feia! Você conseguiu ficar ainda mais linda grávida...

— Mesmo assim. Nada além de bom dia, boa tarde e boa noite. Ok?

— Nossa, você consegue ser ainda mais linda com ciúmes. – Ele rir e segura minha nuca enquanto me aproxima para me dá um beijo.

— Minha nossa, mas vocês estão melosos hoje. – Martha brinca e nós rimos.

— Mãe você precisa ver o quanto Kate fica ciumenta quando a Serena está perto. Ela é capaz de matá-la só com um olhar.

— Não é só ela, meu filho. São todas as mulheres. – Martha pisca e eu sorrio. Ela em entendia bem.

— Bom, eu vou levar essas ultimas malas para o apartamento e quando eu voltar é para levar vocês, ok?

— Ok. – sorrio e ele me beija antes de levantar e sair arrastando as malas.

Depois de terminar de embalar minhas coisas eu fui até o quarto de Alexis para conferir tudo. Por sorte minha tia tinha feito um ótimo trabalho em convencer a ruiva a guardar todas as suas coisas já que ela não estava tão a fim. Depois do almoço nós fomos todos para o apartamento. O lugar não era nada comparado a nossa casa no rancho, mas dava para ficar por cinco semanas até as obras terminarem.

Tinha apenas dois quartos, então para dar mais privacidade a minha tia, Alexis dormira com a gente no quarto. Castle comprou uma casa de solteiro para a menina e colocou no meu antigo quarto. Ela não gostou muito em saber que ia dividir o quarto, mas não ia dormir conosco, então eu a convenci a decorar a parte do quarto que ela dormia. Forramos a cama com uma colcha rosa e colocamos alguns ursos e enfeites na parede. Alexis se empolgou em ter seu próprio cantinho e até desistiu a ideia de dormir na mesma cama que a gente.

Como o apartamento já era mobiliado, não precisamos trazer nada além de nossas coisas pessoais. A equipe da arquiteta que iria cuidar das obras se encarregou dos moveis que ficaram na casa que seria inteiramente reformada. Na parte de baixo seria criado mais um quarto e um lugar exclusivo para as crianças brincarem, onde a bagunça seria permitida. O escritório iria para o segundo andar e mais dois quartos e uma varanda seria feita naquele andar. Além das reformas nos quartos existentes. A cozinha iria ganhar um ar mais moderno, e apenas o jardim continuaria intacto.

Nós teríamos uma nova casa.

Logo depois do jantar Alexis adormeceu no sofá. O dia foi tão agitado hoje que ela não aguentou o ritmo. Castle a levou para o quarto e depois voltou a sentar ao meu lado no sofá. Minha tia deu boa noite e disse que também iria se deitar. Não tínhamos feito nada além de guardar nossas roupas quando chegamos, mas estávamos todos exaustos.

Chamei Castle para deitar também, e quando iriamos para o quarto, a campainha tocou.

— Quem será? – Castle coçou a nuca e foi até a porta. – Oi, Serena...

— Rick. – vejo ela dá dois passos e praticamente se jogar nos braços do meu marido dando um beijo em cada lado do rosto. Reviro os olhos e respiro fundo. – vim dar boas-vindas aos meus novos vizinhos.

Ela entra, sem ao menos ser convidada.

— Obrigado, Serena. É muito gentil da sua parte. – ele diz fechando a porta.

— Kate, você está linda grávida. – seu tom superior me fez enjoar, coisa que não sentia a meses. E merda, a desgraçada está ainda mais bonita. Ela vestia um vestido colado no corpo realçando todas as suas curvas. Seus cabelos ondulados estavam maiores e realçava o sorriso debochado em seu rosto.

— Obrigada. – me limito a dizer forçando um sorriso.

Há tempos atrás eu me sentia confiante em competir com essa mulher. Mas hoje, me sentindo enorme de gorda e nada sexy, me sinto completamente fora do lugar em minha própria casa.

— Quanto tempo vocês vão ficar por aqui? Podemos marcar algo...

— Ficaremos um mês. Talvez mais. – Castle me olha rapidamente. – Mas Kate está em repouso, então não podemos estar saindo de casa.

— Bom, nesse caso você pode ir e representar a família. – ela toca no braço de Castle.

— Serena, me desculpa se estiver sendo grossa, mais hoje foi um dia exaustivo, nós já estávamos indo para a cama. – digo, acabando de vez com a visita indesejada.

— Ah, claro. – ele força um sorriso. – nos vemos logo.

Ela sai e Castle tranca a porta. Ele se vira e rir.

— Você foi má. – ele se aproxima.

— Má eu seria com você se eu deixasse que ela ficasse aqui por mais um minuto.

— O quê? Porquê?!

— Ah, não se faça de desentendido. O “podemos marcar algo”, “você representa a família” e isso sem falar nos beijos e toques indesejáveis. – Castle rir ainda mais alto. – porque você está rindo?

— Porque você fica linda com ciúmes. – cerro meu olhar ao vê-lo se aproximar mais.

— Sabe, as vezes eu fico pensando se você é assim com suas fãs...

— Assim como?

— Assim... – gesticulo com as mãos tentando encontrar as palavras. – deixa ela te abraçarem, te tocarem propositalmente, dar beijos em seu rosto... Eu sei, fãs gostam disso, mas tem algumas que fazem isso com má intenção e não é possível que você não se toque nisso.

— Não, eu não percebo. Sabe porquê? – ergo as sobrancelhas. – porque eu não vejo nenhuma delas com segundas intenções. Porque eu tenho uma mulher linda em casa, que está ainda mais linda grávida, e eu sou completamente feliz com ela.

Bufo e reviro os olhos. Por algum motivo aquele papo dele estava me deixando ainda mais irritada.

— Eu vou deitar, estou cansada. – vou em direção ao quarto ouvindo ele chamar meu nome.

Tomo um banho antes de deitar na cama. A agua quente fez com que meu humor melhorasse um pouco, mas não ao ponto de conversar com Castle novamente. Ele entrou no banho logo depois de mim e eu me apressei para me deitar. Não demorou muito para ele deitar ao meu lado, desligando a luz do abajur.

Estava de lado, de costas para ele. Pude sentir Castle se mexendo, sem encontrar uma posição certa para dormir. Ele bufa, acende o abajur e me chama.

— Kate. – um sussurro para Alexis não acorda. – Kate, eu sei que você está acordada, por favor olha para mim.

— Estou cansada, Castle. – me limito.

— Amor... – ele chama cansado e eu respiro fundo, me virando para ele.

— Oi.

Castle em olha por alguns segundos.

— Amor, porque você está assim?

— Assim como?

— Você está chateado comigo, Kate. E eu nem ao menos sei porque!

— Talvez seja porque uma vadia qualquer vive dando em cima de você e você não faz nada. Ou talvez seja porque você diz que eu estou bonita quando nós dois sabemos que eu não estou tão bonita assim... – ele abre a boca para responder, mas eu não deixo. – Castle, eu ganhei dez quilos, meus pés estão começando a inchar, eu não estou interessante como antes e ainda por cima não podemos fazer nada... – aponto para nós dois sabendo que ele entenderia. Sexo estava totalmente proibido para nós dois.

— Kate não importa o que você diga, você está linda aos meus olhos. E esse lance do sexo não é nada... sim, eu sinto sua falta, e muito. Queria poder ter você como antes, mas amor.. nós vamos ter tempo para isso quando os bebês nascerem. E se você está preocupada com a Serena, minhas fãs ou qualquer outra mulher, você não precisa. Nenhuma delas é você. Elas não me interessam. Eu te amo, Kate.

Mais uma vez minha oscilação de humor toma conta de mim. Antes raiva e agora culpa. Meus olhos se enchem de lágrimas e eu não me importo em deixa-las cair. Castle sorrir e me puxa para junto dele. Ele já estava acostumado com isso, e eu agradeço as noites por ele ser tão bom em lhe dar comigo e meu hormônios.

— Eu vou parecer um botijão, e você vai repensar essas palavras. – ele rir baixinho e me olha.

— Você vai ser um botijão lindo e eu nunca vou me arrepender de achar a minha mulher linda.

— Me desculpa... esses hormônios e a falta do que fazer as vezes me deixa maluca. – escondo meu rosto em seu pescoço e ele me aperta em seus braços.

— Kate eu adoro quando você sente ciúmes de mim. Mostra que você se importa e você fica linda assim... eu só não gosto quando não acredita em mim.

— Mas eu acredito em você. – me afasto o suficiente para olha-lo.

— Então acredita quando eu digo que você é a mulher mais linda do mundo grávida. Que você não está gorda e mesmo que estivesse, eu te acharia linda do mesmo jeito. Você está carregando os meus filhos! Quer coisa mais linda que essa?

— Mas a Serena... ela é linda, tem um corpo perfeito e...

— Eu amo você. – ele me corta. – eu amo seu corpo, amo sua pele, seu cheiro, seu sabor... e se eu não me afasto ou corto as mulheres que se aproximam com segundas intenções é porque eu me sinto tímido para isso.

— Ah, conta outra. – reviro os olhos.

— É verdade. É verdade. – ele rir. – você pode não acreditar, mas eu sou tímido quando as mulheres dão em cima de mim. Se for para dar cantada e conseguir uma mulher, ok, eu consigo. Mas se for ao contrário, eu não sei muito o que fazer.

Eu o encaro e vejo o quanto ele estava falando sério. Uma risada alta me escapa e Alexis resmunga na cama ao lado. Escondo meu rosto em seu pescoço novamente e me permito rir.

— Não ria de mim, Kate. – eu me controlo e o olho. – agora você já sabe todos os meus segredos.

Castle sorrir.

— Sabe, isso me fez te amar mais. – selo nosso lábios. – e eu também estou morrendo de saudade de você... – mordo seu lábio e ele solta um gemido baixinho.

— Ok, vamos dormir ou isso não vai dar certo. – eu rio e me viro novamente, mas dessa vez sendo abraçada por ele que pousa sua mão em minha barriga fazendo um leve carinho ali.

 

***

 

O melhor de morar em um apartamento pequeno é que eu posso ir em todos os cômodos sem me cansar. Não tem escadas e nem me limita em ficar apenas em uma parte da casa. Estar de volta ao meu antigo lar me traz boas lembranças, mas quase não me lembro daquela Kate solitária que vivia aqui. Aquela que passava as noites estudando e não fazia questão de sair para conhecer um cara legal, até porque nessa cidade não tinha alguém que me interessasse.

Eu não sinto falta dessa Kate. Hoje eu vejo minha casa cheia e só consigo pensar no quanto eu perdi todos esses anos vivendo praticamente sozinha. Mas tudo acontece no seu tempo, e eu tive que esperar o meu tempo chegar. Ou melhor, tive que esperar o meu escritor chegar e me mostrar que a vida é bem mais colorida do que a gente pensa.

Especialmente hoje o dia estava preguiçoso. Não estava chovendo, mas o clima frio me deixava com vontade de ficar na cama o dia inteiro, e eu posso fazer isso já que estou de repouso. Apesar de preguiçosa, acordei no meu horário de sempre para me despedir da minha filha antes de ir para a escola e logo depois voltei a me encolher debaixo do coberto.

Castle foi deixar a pequena e avisou que iria correr. Ele estava com esse novo hábito agora. Sempre que levava Alexis a escola, ele corria por trinta minutos no parque e depois voltava para casa. Achei estranho já que em todo esse tempo juntos ele nunca fez algo do tipo, mas eu gosto de ver ele chegar suado e cansado. Por algum motivo ele ficava ainda mais lindo e irresistível, o que me fez pensar se tinha mulheres correndo naquele parque também e se elas admiravam ele do mesmo jeito que eu.

Hoje não foi diferente. Eu o escutei chegando em casa e cumprimentando minha tia. O lugar era pequena e quando estava tudo em silencio, como agora, podia escutar perfeitamente a conversa que vinha da sala. Minha avisou que estava indo fazer as compras e Castle se ofereceu para ir em seu lugar, mas ela negou e disse para ele tomar banho e depois voltar pois seu lanche estava pronto. Minha tia pegou essa mania de mimar Castle. Sempre deixava seus lanches prontos, fazia suas comidas favoritas e deixava ele escolher os programas da TV.

— Oi, amor. Pensei que tinha voltado a dormir. – ele abre um sorriso quando entra no quarto e deixa seu celular com os fones em cima do móvel.

— Como vou dormir se hoje está um dia frio e o meu marido não está aqui para me esquentar?

— Não seja por isso... – ele tira a camisa e deixa a mostra seu corpo um pouco mais magro que antes. Ele estava começando a entrar em forma. – vou tomar um banho rápido e já volto para esquentar vocês.

Ele avisa e pisca os olhos antes de entrar no banhou. Suspiro como se fosse uma boba completamente apaixonada. As vezes minha vida inteira parecia um sonho bom que eu não queria acordar. Não demorou para eu sentir Castle entrando para baixo das cobertas e me abraçar com seus braços gelados e ainda molhados.

— Nossa eu estou com frio e você vem me abraçar assim? – me encolho ainda mais em seus braços e escuto sua risada.

— Já está na hora de você acordar de vez e levantar da cama. Você precisa de repouso, mas também pode se mexer um pouquinho.

— Ah, mas eu não quero... eu quero ficar aqui o dia inteiro matando a saudade que eu já estou sentindo de você. - puxo seu braço para abraçar minha cintura. Hoje já era terça, o dia que ele viajaria. Mesmo sendo apenas uma noite eu sinto a sua falta. Me acostumei novamente a tê-lo comigo todas as noites.

— Até os bebês acordarem. – ele diz rindo e eu faço uma careta.

— É por isso que nós temos que ficar quietinhos, para eles dormirem bastante e deixarem a mamãe descansar. – falo a última parte olhando para baixo.

Todas as manhãs eu acordava com os bebês se mexendo e não encontrava uma posição confortável para ficar, o que me fez sentir uma dor nas costas quase insuportável.

— Bom, se até agora eles não acordaram, vão passar o dia quietinhos. – Castle acaricia minha barriga e quase no mesmo momento eu sinto o bebê um se mexer. Castle me olha assustado e sua mão fica dura em minha barriga. – ele se mexeu? Eu senti, você sentiu?

— Eu senti também. – digo rindo vendo sua cara de espanto. Era a primeira vez que ele sentia o bebê se mexer. – eu acho que até o bebê um já está com saudade do papai.

— E o bebê dois? – ele coloca a mão onde o bebês estava na última ultrassom, mas não sente nada. – acho que ele ainda está dormindo. Oi, bebê um... – ele se abaixa para falar bem perto da minha barriga e eu sinto novamente o bebê se mexer. Castle o sorriso ainda mais. – eles estão me respondendo.

— Sim, estão brigando porque agora você está diferenciando eles por número. – reviro os olhos pela forma que Castle e Alexis arranjaram de se referirem aos bebês já que pontinho não dava mais certo.

— Acho que está na hora de decidir os nomes, não? – ele faz uma careta e eu concordo. – então vamos pensar e quando eu chegar de viagem a gente decide, certo?

— Certo. – sorrio e novamente os bebês se movem. – até eles concordaram.

Castle balança a cabeça sorrindo e volta sua atenção a minha barriga.

— Oi meu bebês, o papai está tão feliz que vocês estão se mexendo para ele... – agora ele tinha as duas mãos em minha barriga. – até você, bebê dois... bom dia. – ele beija minha barriga e eu sinto meus olhos marejarem.

Castle continua conversando com os bebês durante algum tempo, como sempre faz. Mas dessa vez ele conseguiu agitar os bebês, não pararam de se mexer desde saiu do quarto. Tive que obriga-lo a voltar e conversar mais para enfim ter um momento sossegada e poder encontrar uma posição para relaxar.

Depois que finamente tive coragem para tomar banho, vesti uma roupa mais apresentável que um moletom do meu marido e fui para sala. Castle ajudava minha tia no almoço e eu fiquei vendo alguns e-mails da obra do hospital, que estava quase pronta.  Tinha tudo para ser um dia tranquilo, até que recebemos uma ligação da escola, pedindo para um responsável comparecer no local e buscar Alexis.

Castle se prontificou a ir, mas não me deixou menos preocupada. A direto não disse o que tinha acontecido, apenas pediu para que comparecemos lá. Castle também não deu nenhuma notícia, e após uma hora eles chegaram em casa.

— Meu Deus, eu estava preocupada. – deixei o notebook de lado e me endireitei no sofá. – o que houve?

Estendo a mão vendo que a ruiva tinha os olhos molhados de lágrimas. Ela largou a mochila no pé do sofá e sentou ao meu lado, me abraçando.

— O que aconteceu, meu amor? Porque está chorando? – eu a olhei, mas ela não disse nada. – Castle?

Ele estava sério. Minha tia se aproxima para saber o porquê de Alexis está chorando, mas ela não faz nada além de esconder o rosto no meu peito e chorar ainda mais.

— Alexis foi suspensa por um dia. – ele diz.

— O quê? Porque?

— Não quer contar para sua mãe, Alexis? – ruiva não responde, apenas se aconchega mais no meu abraço. – ela empurrou uma colega que caiu de mal jeito e machucou a mão.

— Alexis! – afasto a ruiva para olha-la, mas ela chora ainda mais. – porque você fez isso, filha?

— Me desculpa, mamãe. – ela diz chorando e as lagrimas corriam soltas por seu rosto.

Castle olhava a filha visivelmente chateado. A menina chorando sem parar em meus braços e meu coração despedaçado por isso. Ela não falava nada além de pedir desculpas.

— Já conversamos, Alexis. Você está de castigo. – ele decreta.

— Ok, vamos nos acalmar. – peço olhando fixamente para Castle e depois para Alexis. – você vai para o quarto trocar de roupa e lavar esse rosto, depois volta para a gente almoçar. Ok?

Alexis balança a cabeça confirmando e se levanta pegando a mochila e arrastando até o quarto.

— E você... – olho para Castle novamente. – senta aqui e me conta o que houve na escola.

Ele senta e começa a me explicar o que viu quando chegou na escola. Alexis estava sentada no corredor da diretoria chorando e a diretora estava conversando com a mãe da coleguinha da ruiva. Após ser anunciado ele entrou na sala com as duas mulheres e soube que Alexis tinha empurrado a colega e caiu de mal jeito e machucou a mão, e agora estava na enfermaria da escola. Castle perguntou o porquê da filha ter feito isso, já que Alexis sempre teve um comportamento excelente e nunca se me teu em encrenca na escola.

A direto disse que não sabia o motivo e a menina também não disse nada e não parava de chorar desde que chegou ali. Castle recebeu a punição da menina e disse que a levaria para casa. Ele tentou falar com ela no caminho, mas Alexis estava calada, não quis falar. Então ele apenas decretou que ela estava de castigo por duas semanas.

— Você não vai passar a mão na cabeça dela, né? – ele me olha.

— Claro que não. Eu só não quero me impor sem saber o que aconteceu. Quando ela se acalmar a gente conversa com ela, ok?

— Deve ter acontecido alguma coisa muito séria para Alexis agir assim... – minha tia pensa alto. – ela nunca se comportou assim.

— Isso vamos saber mais tarde. – suspiro. – e a menina? Se machucou muito?

— Não. Pelo o que a enfermeira disse ela apenas se apoiou de mal jeito e o pulso ficou doendo. Falei para a mãe dela que se ela precisasse levar ao médico ou fazer exames, seria por minha conta.

Eu balanço a cabeça concordando e Alexis aparece na sala, ainda com os olhos vermelhos de tanto chorar.

— Lavou as mãos? – perguntei com um sorriso pequeno e ela concorda. – ótimo, então vamos almoçar.

Sentamos todos à mesa, e pela primeira vez estávamos todos em silencio. Nunca ficamos assim. Alexis sempre preenchia o lugar com suas perguntas e contava como tinha sido na escola, mas agora ela estava calada mexendo com a comida no prato sem ter comido nada.

— Você não está com fome? – pergunto tocando sua mão por cima da mesa.

— Não... – pela primeira desde que sentamos eu escuto sua voz.

— Alexis eu sei que você está chateada pelo o que aconteceu, mas já passou. Agora você precisa encarar as consequências do que fez, e ficar sem comer não ajuda em nada.

— Eu estou sem fome... – ela diz e me olha. – posso ir para o quarto?

Olho para Castle que mantinha os olhos fixos na filha, mas não fala nada.

— Pode. – dou um meio sorriso quando a menina se levanta e vai em direção ao quarto.

— Kate, ela precisa comer.

— Eu sei... mas ela também está triste e precisa pensar no que fez. Eu vou separar o prato dela e guardar, mais tarde ela come. Ok?

— Tudo bem.

Terminamos de almoçar e ficamos na sala. Não queria entrar no quarto agora, queria deixar Alexis sozinha pensando no que fez. Na hora certa nós conversaríamos e ela contaria como tudo aconteceu. No meio da tarde minha tia fez um lanche para que eu levasse para ela. Alexis não tinha tocado na comida do almoço e ela não podia ficar sem comer. Castle estava escrevendo na sala, então aproveitei o momento para conversar a sós com a minha filha. Abri a porta devagar e a vi deitada de lado em sua cama, de costas para a porta. Coloquei a bandeja no fim da cama e sentei na ponta, olhando para a ruiva dormindo.

— Alexis... – toco em seu rosto fazendo um carinho e ela acorda. – está na hora de acordar, senão você não vai dormir a noite. – ela concorda e coça os olhos. – está com fome? Trouxe um lanche...

Mostrei a bandeja com suco e um sanduiche e ela sentou na cama. Coloquei a bandeja em seu colo e ela começou a comer. Devagar, sem me olhar diretamente.

— Você está melhor? – ela balança a cabeça. – quer conversar? Talvez me contar o que aconteceu...

— O meu pai está bravo comigo... – fala antes de beber um pouco de suco.

— Alexis eu ainda não entendi muito bem tudo o que aconteceu, mas se você empurrou mesmo a sua coleguinha, ele tem razão em estar bravo com você.

— Não foi porque eu quis... ela fala falando de mim. – seus olhos começam a marejar novamente.

— Tudo bem, você não precisa chorar. – limpo seu rosto. – eu só quero que você me conte o que aconteceu e porquê.

— Essa garota nova na escola está mexendo comigo desde que as aulas começaram. Disse que meu cabelo parecia ferrugem e que era feio... eu não ligava, eu me acho parecida com a vovó e ela disse que nosso cabelo é especial e muito bonito. A minha mãe também tem o cabelo assim...

— Seu cabelo é lindo, meu amor... – sorrio para ela. – mas continue.

— Hoje ela votou a falar de mim. Disse que minhas sardas eram feias e meu cabelo também. Eu ignorei como sempre faço, mas ela não parou. Ela ia até minha cadeira na sala e ficava falando mal de mim. Eu levantei brava e empurrei ela, mas eu não queria. Eu me arrependi e pedi desculpas. Mas ela começou a chorar e dizer que estava com dor. – ela funga chorando. – será que eu machuquei muito ela?

— Não, meu amor... vem cá. – me sento ao lado dela e a abraço. – eu sei que você não queria, e eu entendo seus motivos. Mas você deveria ter falado com sua professora. Ou com a gente... nós teríamos falado com a direto.

— Ela é muito chata, mãe. Ela vive implicando comigo.

— Tudo bem, da próxima vez você fala para mim ou para seu pai. Nós cuidamos disso ok? – ela concorda. – mas mesmo assim você empurrou e machucou sua colega, precisa entender que isso foi errado e arcar com as consequências.

— Eu sei... meu pai disse que estou de castigo por duas semanas. – ela diz triste.

— Sim, está. Nada de TV ou vídeo game...

— Posso pelo menos ler meus livros?

— Sim, os que você já tem. Nada de livros novos por um mês.

— Mãe!

— Alexis, não vamos discutir, ok? – ela balança a cabeça triste. – agora eu quero que você vá pedir desculpas a seu pai pelo o que aconteceu na escola.

— Ele está decepcionado comigo...

— Não está filha...

— Está sim. Ele disse no carro... – eu suspiro vendo o quanto ela estava triste por ter decepcionado o pai.

— Mais um motivo para você ir falar com ele... – acaricio seus cabelos ruivos. – ele vai viajar hoje à noite, e você quer que ele viaje assim?

— Não...

— Então... – ergo as sobrancelhas para ela. – eu vou com você.

Ela concorda e eu me levanto. Alexis deixa a bandeja de lado dizendo que depois levava a cozinha e levanta, segurando minha mão. Nós caminhamos pelo pequeno corredor até chegar na sala, onde Castle digitava sem parar.

— Amor... – acho sua atenção. – Alexis quer falar com você.

Ele ergue o olhar o computador e encara a menina. Alexis aperta forte minha mão e eu a encorajo a ir até o pai. Seus passos são curtos e cuidadosos, mas quando Castle fecha o notebook e coloca no sofá ao lado, ela corre para o colo do pai o abraçando e pedindo desculpas.

— Desculpa, papai. Por favor... eu não queria decepcionar você. – ela fala quase chorando de novo e isso me dá vontade de chorar também.

Castle fecha os olhos e abraça forte a filha sussurrando baixinho que a desculpava. Voltei para o quarto e peguei a bandeja para levar até a cozinha. Quando passei pelos dois novamente, Alexis contava o que tinha acontecido ao pai, que escutava com atenção. Fiquei atrás do balcão prestando atenção na conversa dos dois.

Quando a ruiva finamente terminou de contar o que tinha acontecido, Castle repetiu que praticamente as mesmas coisas que eu disse, que ela deveria ter nos contado e falado com sua professora. Alexis promete que não vai acontecer novamente e beija o pai com todo o amor de seu coração.

Olho para baixo e vejo meus dois bebês protegidos em minha barriga. Não demoraria para eles saírem e logo estariam na escolinha, e então nós teríamos mais brigas para lidar. Deus, que vocês sejam comportados. Peço mentalmente.

 

***

 

— O táxi chegou. – Castle pega o casaco e eu levanto. – vocês vão ficar bem?

— Sim. – sorrio, mesmo sabendo que não ficaria bem por conta da saudade.

— É só uma noite. Amanhã estou aqui, ok? – balanço a cabeça concordando e ele me beija.

— Você já vai, papai? – Alexis se aproxima e ele a segura nos braços.

— Já, meu amor.

Os dois se despedem com um longo abraço e ele coloca Alexis no chão.

— Vou almoçar com seu tio amanhã. – ergo as sobrancelhas surpresa. – ele quer saber como a Thereza anda se comportando. – ele zomba com minha tia que rir alto na cozinha.

— Eu que deveria saber como ele anda se saindo. Ele pode ser bem assanhado as vezes. – ela se aproxima. – boa viagem Rick. – ela o abraço rápido.

— Vou dizer que você mandou lembranças e que não pretende mais voltar.

— Assim você acaba meu casamento.  – ela brinca nos fazendo rir. Quando tia Thereza se afasta, volto minha atenção para Castle, que envolve seus braços em minha cintura.

— Vê se volta logo, e pede para o motorista ir devagar. Está chovendo... – ele concorda sabendo que eu tenho pavor em dirigir na chuva. – vou morrer de saudade.

— Ah, mas você vai ter uma certa ruiva para preencher meu lado da cama, né? – ele olha para a ruiva sorridente ao meu lado.

— Eu vou fazer companhia para a mamãe e os bebês um e dois. – reviro meus olhos.

— Parem de chamar meus filhos assim.

— Não dá mais para chamar de pontinhos, mãe.

— Isso me lembra uma coisa. – Castle chama a atenção da menina. – a senhorita trate de pensar em um nome para o seu irmão, porque quando eu voltar a gente vai decidir de uma vez, ok?

— Tá bem. – ela vibra e eu sorrio

— Agora eu preciso mesmo ir. – ele beija a ruiva e logo depois sela nossos lábios num beijo demorado. – eu te amo.

— Eu também te amo. – o beijo mais uma vez.

Castle se afasta e pega sua mochila preta de couro. Ele não precisava de muito já que ficaria apenas uma noite. E então ele se vai. Odeio ter que me despedir dele. Já deveria ter me acostumado, mas essa é a pior parte. Eu sempre fico com meu coração apertado de saudade quando ele se vai.

— Filha, que tal a gente deitar na nossa cama quentinha e ler um livro?

— Posso escolher o livro?

— Pode. – concordo mesmo sabendo qual será. Ela tem um apego especial pelo livro que eu dei quando ela estava no hospital, assim como eu tinha quando o li.

— Vou preparar um chocolate quente para nós. – minha tia se prontifica e a ruiva vibra.

Eu não podia ter o meu Castle aqui, mas eu tinha a minha mini Castle, que ocupa o mesmo espaço em meu coração. E assim nós ficamos a noite inteira, encolhidas demais das cobertas, com meias nos pés, um bom livro e uma caneca de chocolate quente para nos aquecer.


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