I Can't Love You escrita por Mrscaskett


Capítulo 67
Capítulo 67 — Alexis sumiu.


Notas iniciais do capítulo

Olá. Demorei mais do que previa, mas o que importa é que voltei o/

Um cap grande para vocês matarem a saudade. Curtam.



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CASTLE.

Kate falou sério quando disse que eu não voltaria para casa com ela. Desde que deixamos Alexis na escola, nós viemos direto para a clínica dela, onde ela me cedeu sua sala para que eu pudesse trabalhar um pouco na minha próxima noite de autógrafos. Não me importei em fazer o que ela dizia, já que ela estava visivelmente incomodada com a presença de Meredith em minha casa. Também fiquei surpreso ao saber que ela ficaria lá e, principalmente, ao vê-la quase sem roupa hoje de manhã.

No fundo eu me senti feliz com a atitude de Kate. Adoro vê-la com ciúmes e como isso pode afetar ela. E não posso dizer que não gostei de todas as vezes que ela veio até a sala ver se eu estava bem e nós aproveitávamos para namorar. Nunca me cansaria de beijar e admirar aquela mulher. Kate era simplesmente incrível. Ela é uma namorada incrível, uma mãe incrível, uma profissional incrível. Eu não sei como ela consegue conciliar tudo isso. Mas ela é incrível, então podia esperar menos dela.

Já estava quase na hora de pegar Alexis na escola. Hoje a menina não tinha aula a tarde, então nós iriamos voltar para casa e ela passaria um tempo com a mãe, foi isso que combinamos quando a deixamos na escola. E eu também tinha que conversar com a Meredith, e era melhor que essa conversa acontecesse logo. Kate ficou calada quando eu mencionei em passar a tarde em casa. Nós não tivemos muito tempo para discutir já que ela foi chamada para atender um paciente.

Antes que eu possa mandar uma mensagem para Kate, ela aparece na sala.

— Resolveu tudo? – ela se aproxima e eu abro um sorriso. Estico a mão para que ela se aproximasse.

— Quase tudo. – digo quando ela senta em meu colo. Inspiro seu perfume doce. Não importa a hora do dia ou o que estivesse fazendo, Kate sempre tinha esse perfume doce. – eu já disse o quando você fica sexy de jaleco?

Ela ergue as sobrancelhas e reprime um sorriso.

— Nem pense nisso. – alerta.

— Você nem sabe o que eu estou pensando!

— Em me ver usar esse jaleco para você sem nada por baixo dele. – droga, ela acertou!

— Bom, na verdade eu estava pensando em você com uma lingerie vermelha bem sexy por baixo dele, mas sem nada também é muito interessante. – ela dá um leve tapa tem meu braço. – isso dói Kate. – resmungo coçando meu braço.

— Para você deixar de se pervertido no meu trabalho. – sorrio e aproximo nossos rostos, quase colando nossos lábios. – lembra quando a gente dormiu naquele quartinho de descanso? – ela balança a cabeça. – a gente podia ir para lá... mas você sabe, não para dormir... – ela morde o lábio e revira os olhos. Mais sexy impossível!

Opa. Desculpa.— escuto a voz masculina e Kate rapidamente sai do meu colo.

— Will.. Oi.. – ela fala sem graça tentando se recompor.

Me acomodo confortavelmente na cadeira dela e fico encarando o homem a nossa frente. Will passa o olhar por nós dóis com dúvida se deveria continuar ali ou não. Eu queria que não, mas Kate chama a atenção dele e, finalmente, o homem se manifesta.

— Desculpe, eu posso voltar outra hora. Estou atrapalhando?

Está.

Não.

Kate e eu respondemos juntos e ela me encara feio. Dou os ombros e volto a encarar o homem. Ele parecia um bobo sem saber se continuava ou não, tive que me segurar para não rir.

— Pode falar Will, você não atrapalhou nada. – ela fala firme a última parte, olhando para mim.

Kate faz sinal para ele se aproximar e ele começa a mostrar algumas plantas do Hospital Veterinário para Kate. Me aproximo para olhar a obra que Kate tanto batalhou para conseguir realizar. Estou orgulhoso dela, e feliz por poder fazer parte desse assunto. Will mostra alguns detalhes que, para ele, seria essencial, mas eu rebato cada um deles. Eu não entendia muito de obras, mas minha mãe tinha um namorado engenheiro que me ensinou algumas coisas.

Kate me encara feio mais algumas vezes, mas eu não ligo. Se ele tinha direito e opinar, eu também tinha. Afinal, eu sou o namorado dela.

— Bom, agora só falta você assinar a ordem e a obra vai começar imediatamente. – ele fala recolhendo os papeis novamente.

Kate solta um sorriso nervoso e me encara. Seguro sua mão gelada firme e ela suspira.

— Será que o Senhor Castle pode me ceder minha cadeira para eu assinar agora? – tinha um certo charme por trás de sua voz. Me levanto e ofereço a cadeira para ela.

— Eu vou registrar esse momento. – digo pegando meu celular.

Tiro fotos dela assinando o contrato. Parecia bobeira, mas ela iria gostar de lembrar desse momento para sempre. Kate deu um leve suspiro ao terminar de assinar todas as páginas. Um sorriso lindo, o mais lindo que eu já vi até hoje, surgiu em seu rosto e, por sorte, eu registrei isso também.

— Parabéns meu amor. – me inclino sobre ela e a beijo. – eu estou muito feliz por você. – murmuro em seus lábios.

— Obrigada. – ela acaricia meu rosto e eu roubo outro beijo dela. Seguro sua nuca com minha mão mantendo nosso contado o máximo possível. De repente ela se lembra que tinha mais alguém ali e se afasta. Kate se vira na direção do homem e recolhe os papeis que acabou de assinar, lhe entregando tudo. – quando começam as obras, Will?

— Depois do feriado. – ele avisa e sai da sala se despedindo com um sorriso que embrulhou meu estomago. Até quando esse cara ia ficar aqui? Reviro os olhos quando a porta bate e volto minha atenção para a minha mulher, que estava radiante.

— Eu acho que isso merece uma comemoração. – digo e ela me encara. Me encosto na beira da mesa e cruzo os braços.

— Tipo uma festa? Nós faremos isso quando o Hospital estiver pronto, Rick.

— Não uma festa... bom, será uma festa, mas nós dois seremos os únicos convidados. – sorrio sugestivo e ela se aproxima, levantando da cadeira e parando em minha frente. – uma noite inteira de comemoração. Por eu estar voltando a escrever e você por estar realizando um sonho, que tal?

— Só nós dois? – ela descruza meus braços e o leva até sua cintura. Eu a aperto firme e junto mais nossos corpos.

— Só nós dois. – confirmo num murmuro em seus lábios antes de beija-la.

Kate tinha os lábios mais aveludados que uma mulher podia ter, e isso viciante. Ela sobe suas mãos possessivas por meus braços até meu rosto, segurando firme e aprofundando o beijo.

WOW. – mais um vez uma voz nos pega no flagra, mas dessa vez era a Lanie. – hoje é dia de levar o marido para o trabalho? Eu não sabia... – a morena provoca e Kate fica vermelha na mesma hora.

— Hoje foi uma exceção... e nós não somos casados. – Kate explica saindo dos meus braços e sentando na sua cadeira novamente.

— Ainda. – completo e ela me olha assustada. – não somos casados ainda. Um dia isso vai acontecer. – digo olhando com um sorriso no rosto.

— Você está muito apressadinho. – ela cerra os olhos para mim e volta a atenção para a amiga. Eu rio. Eu sei que ela quer tudo isso, mas também quer ir com calma. – o que você está fazendo aqui? Não deveria estar de folga?

Lanie revira os olhos e senta na cadeira em frente à mesa de Kate.

— Deveria, mas ninguém me deixa ter um dia de descanso. Eu vim assinar uns papeis, estão com você?

— Não, o Will levou, mas vou ligar pedindo para ele vir até aqui.

Kate faz uma ligação rápida e eu olho o relógio, já estava atrasado para pegar Alexis na escola. Junto minhas coisas rápido e sinto o olhar de Kate sobre mim.

— Meninas, vou deixar vocês trabalhando e vou embora. – sorrio para Lanie e me aproximo de Kate, dando um beijo rápido sem chance para ela dizer alguma coisa. Mas ela é rápida e segura meu braço antes que eu possa me afastar.

— Para onde você vai? – sua voz parecia assustadoramente ameaçadora.

— Vou pegar a Alexis na escola e depois leva-la em casa.

— Em casa? Sua casa? Onde tem uma mulher andando nua? – ela estreita os olhos e eu me seguro para não rir. Ela fica linda com ciúmes.

Kate ergue uma única sobrancelha e sua testa fica um pouco enrugada.

— Amor, ela já deve ter vestido uma roupa essa hora. – provoco e sinto quando seus dedos me beliscam forte.

— Não me provoque Richard Castle. – eu rio e me inclino sobre ela, a beijando.

— Eu vejo você a noite. – murmuro.

Eu olhos seus olhos tão próximos aos meus e me perco ali. Era fácil saber o que ela queria dizer por trás daqueles olhos verdes. Eu podia ver através deles. Por um momento esquecemos da presença da morena ali. Era sempre assim. Quando estávamos juntos nós esquecíamos de tudo, do mundo. Ficávamos presos numa bolha só nossa e nada mais importava.

Lanie limpa a garganta e nós somos retirados do nosso pequeno universo paralelo. Eu rio vendo Kate ficar cada vez mais vermelha. Como ela consegue ficar ainda mais linda? Mesmo depois de tanto tempo ela ainda fica com vergonha quando trocamos carinho em público. É lindo e fofo. Sem falar que eu adoro deixa-la envergonhada. Beijo seu rosto antes de me afastar e me disperso de Lanie.

Antes que eu possa sair da sala, Kate me chama. Me viro e a vejo andando em minha direção.

— Vai no meu carro. – ela me entrega as chaves.

— Não precisa, Kate. Eu peço um táxi... – ela balança a cabeça.

— Eu não vou precisar dele, e eu moro aqui perto... vai nele e a noite você vem deixar. Eu vou te esperar as oito. – sorrio e recebo o mais lindo dos sorrisos de volta.

— Eu te amo. – murmuro antes de beija-la uma última vez.

 

KATE.

 

Assim que fecho a porta escuto uma risada de Lanie. Reviro os olhos e volto para o meu lugar como se não soubesse do que ela está rindo. Ela ainda tinha aquele sorriso malicioso no rosto que me matava, mas eu continuei calada. Me sento, ligo meu computador e começo a mexer em qualquer coisa, mas ainda podia sentir seus olhos presos em mim.

— Eu só não entendi uma coisa... – ela começa depois de um tempo. – tem mesmo uma mulher andando pelada na casa do Castle?

— Tem. – bufo de raiva.

— E porque essa mulher não é você? – sinto vontade de rir com essa pergunta. Volto minha atenção para a morena a minha frente. Eu precisava mesmo desabafar.

— A mãe da Alexis veio visitar ela... – começo séria. – isso não me incomodava até ela descer para tomar café da manhã vestindo uma calcinha e uma blusa transparente. – Lanie arregala os olhos e pela primeira vez eu a vejo sem palavras. – Acredite, dava para ver tudo.

— E você deixou ela ficar lá?

— Eu não deixei nada. Eu não tenho que deixar ou não... a casa é do Castle, e ele também não teve muita escolha.

— Ok, e você vai deixar ele lá com ela?

— Ele não vai fazer nada, Lanie. Eu confio no Castle.

— Isso não se trata de confiança. Se ela teve coragem de descer vestida daquele jeito sabendo que você estava ali, então ela queria provocar o Castle. Você vai deixar? – eu a olho indecisa. Não sei o que fazer. Estou morrendo de ciúmes em saber que eles vão estar juntos durante o almoço, mas eu não posso bancar a louca ciumenta.

— O que eu faço? – pergunto baixo, mas tenho certeza que ela escutou.

— A primeira coisa é: você não sai da casa dele até ela ir embora.

— Eu não posso morar lá, Lanie. – reviro os olhos.

— Eu não disse isso. Mas você pode dormir lá, eu sei que o Castle não vai reclamar e muito menos a Alexis.

Alexis. Assim que escuto seu nome um sorriso surge em meu rosto.

— Ela perguntou se podia me chamar de mãe ontem. – digo num sussurro e, mais uma vez, Lanie está sem palavras. – foi inesperado, mas eu fiquei tão feliz... eu sinto realmente que ela é minha filha.

— Então ela já te chamou de mãe? – balanço a cabeça.

— Ainda não. Mas no dia que isso acontecer vai ser o dia mais feliz da minha vida. – meu sorriso só aumenta e eu vejo a morena abrir um sorriso sincero.

— Eu fico muito feliz por você, amiga. – ela segura minha mão por cima da mesa. – vocês formam uma família linda.

— Castle quer aumentar a família. – falo de uma vez. A muito tempo eu não converso com a Lanie sobre meus problemas, e agora parecia a hora perfeita. Ela sabe o quanto eu posso demorar para me abrir para alguém. Mesmo que esse alguém seja ela.

— E vocês já conversaram sobre...

— Sim. – a interrompo sabendo sobre o que ela está falando. – ele falou em adoção.

— E o que você acha disso? – jogo meus ombros e suspiro.

— Eu não sei... acho que não está na hora, sabe?

— Você podia tentar engravidar... A Doutora Erica disse que...

— Eu sei o que a Erica disse. – a interrompo novamente. – e ela também disse que as chances de eu conseguir segurar uma gestação até o fim é praticamente nula.

De repente meu tom se torna sério. Não tenho mais vontade de sorrir. Esse assunto realmente mexia comigo e eu não queria mais falar sobre isso. Engravidar estava fora de questão. Lanie me encara por alguns minutos em silencio e a próxima coisa que sinto é seu abraço apertado. Não sei bem o momento que ela se levantou, mas agradeci por esse gesto. Retribui o abraço e graças a batida na porta eu não chorei.

Limpei uma única lagrima que descia pelo meu rosto e mandei que entrasse. Era Will. Ele jogou os papeis sobre a minha mesa e explicou tudo para Lanie, da mesma forma que me explicou mais cedo. A morena assinou todos os papeis e eu fotografei o momento. Parecia besteira quando Castle quis fazer isso, mas agora parecia o certo. Nós vamos querer lembrar desse momento.

— Bom, eu vou aproveitar o resto do meu dia de folga. Você está bem? – ela pega a bolsa e me encara.

— Estou. – sorrio. – vou pedir um almoço aqui mesmo, tenho a tarde cheia de consultas.

— Tudo bem. Qualquer coisa me liga. – ela se aproxima e beija meus cabelos. – se precisar conversar, ou apenas de companhia... é só me liga. – ela pisca e eu sorrio agradecida.

— Obrigada Lanie.

— Não precisa agradecer. – ela anda até a porta, mas antes de sair de vez ela se vira. – não esquece o que eu te falei. Fique com o seu bonitão, você não precisa dar chances para aquela ruiva dar em cima do Castle. Então saia mais cedo e faça uma surpresa para ele.

Lanie sai e me deixa sozinha. Meus pensamentos todos embaralhados. Eu não tinha razão para ter ciúmes do Castle, mas eu não gostava de saber que ele podia chegar em casa e encontrar Meredith andando só de calcinha pela casa. Talvez eu devesse mesmo ficar com ele até ela ir embora, só para deixar claro que ele tem dona agora.

Meu Deus! Eu nunca fui tão ciumenta e possessiva com alguém como agora.

Tento afastar esses pensamentos e adiantar meu trabalho. Já tinha em mente do que fazer essa noite para ele, e queria sair cedo daqui.

 

CASTLE.

 

Alexis estava animada em passar o dia com a mãe. A menina não parava de falar em como queria mostrar o rancho inteiro para Meredith e o quanto era maravilhoso morar ali. Fiquei feliz por ela estar gostando de morar aqui, mas ao mesmo tempo receoso com sua animação toda. Pelo o que eu conheço a Meredith, ela odeia mato e vai odiar fazer esse passeio com a menina. E ela não é bem o tipo de mãe que faz qualquer coisa pelos filhos.

E eu estava certo. Meredith deu uma desculpa qualquer depois do almoço e sugeriu que elas assistissem um filme. Fiquei feliz só em ela querer passar um tempo com a filha, e Alexis tinha que descansar, então era melhor que elas ficassem assistindo.

Passei a maior parte da tarde escrevendo. Tinha cada vez mais ideias girando em minha mente e eu tinha que coloca-las para fora. A personagem que eu estava criando sobre a Kate era incrível, mas totalmente diferente do que já fiz. Estava ansioso para mostrar esse livro para os produtores, com certeza seria um sucesso.

Saí para fazer um lanche no meio da tarde e vi Alexis conversando com a mãe enquanto colocava outro filme. A menina parecia feliz em estar junto com a mãe e eu soube que realmente tinha feito o certo em ligar para Meredith. Voltei quieto para meu escritório e deixei as duas curtindo o tempo sozinhas.

— Oi. – Meredith aparece na porta do meu escritório um tempo depois.

Levanto minha cabeça encarando a mulher e paro de digitar.

— Oi. Já acabaram os filmes?

— Não. – ela sorrir. – mas a Alexis acabou dormindo no meio do segundo filme, então... – ela deixa as palavras no ar e entra de vez no cômodo, sentando-se nas cadeiras a minha frente.

— Seria bom se você ficasse mais tempo com ela...

— Nós passamos a tarde juntas. O que você quer mais?

— Que talvez você pudesse fazer alguma coisa que ela gosta. Ela está louca para te mostrar os cavalos, por exemplo. Por você não vai com ela amanhã?

— Rick eu tenho pavor de bichos. Cavalos então... – ela faz uma careta. – eu ainda suporto aquele cachorro. – ela aponta para a sala. Cosmo estava deitado perto da menina, dormindo.

— Ok, então você pode ir passear com ela pelo rancho. O lugar é lindo...

— Odeio mato. – ela diz simplesmente e eu respiro fundo.

— Então a leve no shopping daqui. Dê uma volta com ela na cidade... ela quer passar um tempo com a mãe. – começo a me irritar.

— Porque essa insistência toda? Eu já estou aqui, passei a tarde com ela... pensei que já estava de bom tamanho.

— Tudo bem, Meredith. Só não esquece que a Alexis precisa de uma mãe.

— Pelo visto ela já arrumou uma. – ela insinua e eu a encaro sem entender.

— Como assim?

— Ela passou a tarde falando da sua namorada. Estava chamando ela de mamãe Kate. É sério isso, Rick? Eu peço para você cuidar da sua filha por um tempo e você arruma uma mãe para ela?

— Eu não arrumei nada. A Alexis é louca pela Kate porque ela dá atenção para a menina. – falo um pouco mais alto e tento me conter para não acordar Alexis que dormia na sala. – Kate faz as coisas que você deveria fazer, então não se faça de vítima.

— Alexis já tem uma mãe, não precisa de outra. Por favor diga isso a sua namorada.

— Ela escolheu a Kate para ser sua outra mãe. Não há nada que eu ou você possamos fazer. – Meredith solta uma risada irônica.

— Ainda bem que eu vou leva-la daqui em algumas semanas. – ela pensa alto.

— O quê? – a ruiva se assustando quando eu praticamente grito. – você não vai levar a Alexis para lugar nenhum. Ela mora aqui, e ninguém vai tirar minha filha daqui.

— Você está esquecendo que ela é minha filha também? E que eu tenho a guarda legal dela?

— Não. – abro a minha gaveta e pego um envelope. Tiro alguns papeis e jogo na frente dela. – aí está o teste de DNA que comprova que Alexis é minha filha.

— Então você fez um teste... – ela diz com deboche e pega o papel. – e se ela não fosse sua filha?

— Eu não fiz esse teste para eu ter certeza que Alexis era minha filha porque ela se tornou minha filha no momento em que a vi. Eu fiz esse teste para que eu pudesse registra-la com meu nome. – jogo um envelope com os documentos novos da menina. – e mesmo que ela não fosse minha filha de sangue, eu não deixaria você leva-la.

— Isso está fora de discussão. – Meredith deixa os papeis sobre a mesa novamente e me encara. – daqui a seis semana eu acabo de filmar o filme e volto para pegar Alexis e...

— Eu entrei com um pedido de guarda. – interrompo a mulher, que me encara feio.

— VOCÊ FEZ O QUE? – ela fala alto e se levanta da cadeira. – você não pode fazer isso. Alexis é minha filha e ninguém vai tira-la de mim.

— VOCÊ NUNCA TEVE A ALEXIS, MEREDITH. – grito. – seu pai sempre cuidou da menina e depois que ele morreu você a trouxe e a jogou numa casa que ela não conhecia, com um pai que ela não conhecia. Você nunca foi mãe e não vai mudar agora.

— Eu posso tirar a Alexis daqui quando eu quiser.

— Não, não pode. Ela está em minha responsabilidade desde que a jogou aqui como se ela não fosse nada. Alexis é uma criança... você a deixou aqui e nem ao menos voltou para se despedir. – eu rio ironicamente lembrando da situação. – eu lutei para que essa menina se sentisse amada, para que ela não se sentisse abandonada. Alexis sabe que aqui é o seu lar e você não vai leva-la nunca mais. Aqui ela tem um pai que a ama e faz de tudo por ela. Aqui ela encontrou uma família e, principalmente, encontrou uma mãe que não é sua mãe biológica mais é bem mais presente e que a ama como se fosse sua filha.

— Ela sabe que eu a amo. – agora ela tinha lagrimas nos olhos.

— Jeito estranho de demonstrar que ama. – respiro fundo. – olha eu não quero que isso se torne uma guerra. Não vai ser bom para ninguém. Mas eu estou disposto a um acordo.

— Acordo? – balanço a cabeça e abro uma gaveta, pegando uma pasta.

— Nessa pasta tem um documento feito pelo meu advogado. – lhe entrego o objeto e Meredith abre. – nele você abre mão da guarda legal da Alexis para mim. – ela solta uma risada. – todos os meses você irá receber uma boa pensão para que possa se manter confortavelmente. Você pode ver a menina quando quiser, desde que me comunique.

— Isso só pode ser uma piada. – ela joga o documento na mesa. – você está querendo me comprar... está querendo que eu venda minha filha.

— Ou você aceita ou nós vamos para a justiça. – digo firme. – e lá eu vou dizer que você escondeu essa gravidez de mim por anos, depois apareceu e simplesmente jogou a menina nos meus braços como se ela fosse uma boneca. – minha voz vai se elevando aos poucos. – eu vou dizer tudo, Meredith. E você vai sair perdendo. Você vai ficar sem a Alexis e sem um bom dinheiro todos os meses.

— Isso é chantagem, Rick.

— Não. Isso é o melhor para a Alexis e você sabe. Então assine esse papel. – pego uma caneta e coloco em cima do documento.

— O melhor para Alexis é viver longe da mãe?

— Ela já faz isso. Você fez questão de ficar longe de sua filha desde que ela nasceu... e eu não vou te manter longe, você pode vê-la. Eu nunca impediria isso.

— O que você vai querer depois? Que eu deixe sua namorada virar mãe dela de verdade? Não, isso não vai acontecer. Você está querendo construir uma família com minha filha e me deixar de fora. NÃO! ISSO NÃO VAI ACONTECER!

— VOCÊ SEMPRE ESTEVE DE FORA. – grito mais alto que ela. – você nunca participou de nada na vida da Alexis. Não sabe o filme favorito dela, não sabe da forma que ela coloca a salada no prato para ficar mais bonito. Não sabe como ela prefere o leite antes de dormir. Você não sabe que ela ama pizza aos domingos porque é o melhor jeito de terminar o fim de semana. Você não sabe o quanto sua filha pode ser madura e tão criança ao mesmo tempo. Você não sabe sua música favorita ou o filme que ela mais gosta. Não sabe como ela gosta de prender os cabelos num coque alto e deixar a franja solta porque isso faz realçar seus olhos. – sorrio melancólico ao lembrar de escutar ela falando isso para Kate um dia. – você não sabe de nada disso porque você não convive com ela. Alexis é linda e esperta, mas você não se importa com isso.

— Eu a amo. – ela diz enquanto uma lagrima desce por seu rosto.

— Eu sei. Do seu jeito você a ama... mas ela é uma criança e precisa de atenção, carinho, cuidados... e isso você não pode dar.

Meredith me encara por alguns segundos e desaba chorando. Essa não era a minha intenção, mas ela precisava ouvir.

— Assine esse documento. Será o melhor para ela, e sei que você quer o melhor para sua filha. – ela fica calada. – eu vou te deixar sozinha... vou ver a Alexis.

Saio da sala e escuto um soluço. Suspiro e olho em volta, procurando por Alexis, mas ela não está aqui.

 

KATE.

 

Decidi sair cedo da clínica para comprar algumas coisas para minha surpresa para Castle. Eu queria fazer um jantar especial para nós dois. Bom, não só para nós dois, para Alexis, Martha e Meredith também, é claro. Mas meu objetivo maior era agradar o meu amor.

Sai do supermercado e fui direto para casa dele. Ainda estava claro quando eu estacionei o carro perto da entrada. Mesmo antes de descer do carro eu pude escutar alguns gritos. Não consegui entender o que diziam e muito menos sobre o que falavam. Mas eu podia identificar voz de Castle totalmente alterada e a de uma mulher que eu sabia que era a Meredith. Eles estavam discutindo, e eu só rezava para Alexis não estar presenciando nada disso.

Decidi não tirar as compras do carro e fui direto para dentro da casa. A porta estava aberta, eu entrei e encontrei os dois na sala.

— VOCÊ É IRRESPONSÁVEL. COMO VOCÊ PÔDE? – Castle gritava enquanto pegava o telefone e discava um número.

— EU ESTAVA COM VOCÊ. A CULPA NÃO É MINHA! ELA ESTAVA NAQUELA PORCARIA DE SOFÁ. SE EU SOU CULPADA VOCÊ TAMBÉM É. – Meredith jogava as palavras com raiva, tanto quanto Castle.

Os dois gritavam na sala enquanto Martha e Jenny estavam na cozinha assustadas.

— EU NÃO SEI PORQUE VOCÊ VEIO, DEVERIA SUMIR DA VIDA DELA! – ele diz e eu sei que ele não quis dizer aquilo de verdade.

Encontro o olhar assustado de Martha, que assim que me ver fica mais aliviado.

— Katherine, que bom que chegou. – ela vem na minha direção, mas nem Castle e nem Meredith notaram minha presença.

Chamo Castle baixinho e ele finalmente me olha e, depois de alguns segundos, seus olhos relaxam, como se ele estivesse aliviado por eu estar ali. Castle desliga a chama e vem até mim. Rick me abraçou tão forte que eu senti que tinha muita coisa errada.

— O que aconteceu? – pergunto baixinho acariciando seu rosto quando o abraço acaba.

— Não é da sua conta. – Meredith fala e Castle a interrompe.

— CALA A BOCA! – ele se vira rápido e aponta o dedo contra a mulher.

Meu coração saltou naquele momento. Nunca o vi tão irritado quanto agora. Meredith se cala imediatamente e eu podia ver o quanto ela estava assustada. Seguro os ombros de Castle e o forço a se virar para mim.

— Rick, olha para mim... – peço e ele me encara. Seu rosto estava vermelho e as veias de seu pescoço estavam saltando. Eu nunca o vi desse jeito. – Rick se acalma e me conta o que aconteceu.

Ele respira fundo e fecha os olhos por poucos segundos.

— A Alexis sumiu. – sua voz sai tão baixa que se eu não estivesse tão perto eu não escutaria. Ele me olha e eu vejo a dor em seus olhos. Olho por cima de seu ombro e encontro o olhar de Martha preocupada.

— Como assim sumiu? Onde ela estava?

— Ela estava aqui no sofá e não está mais. Eu já procurei ela em todos os lugares e não encontro Kate. – a maneira como ele diz meu nome parte meu coração.

— Calma, meu amor. – passo as mãos em seu rosto tentando acalma-lo. – você olharam no celeiro? Quem sabe ela está brincando com as gêmeas? – olho na direção de Jenny, mas ela balança com a cabeça. – ela pode estar se escondendo.

— Onde? – sua voz parecia desesperada. – eu já gritei por ela, já procurei dentro de todos os cômodos da casa, ela não está aqui. Será que levaram ela... ou ela fugiu..

E de repente uma ideia passa pela minha cabeça. Eles procuraram por todos os lugares, menos em um. Olho para Castle e sorrio. Ele me olha sem entender e eu seguro sua mão.

— Vem comigo, Castle. – saio puxando ele para fora da casa sem dar explicação a ninguém. Escuto Martha perguntar para onde iriamos, mas não tenho tempo de responde.

Se eu estivesse mesmo certa, sei onde Alexis está. Eu já tinha comentado com ela que quando eu estava chateada ou alguma coisa acontecia eu corria para minha casa de brinquedos, ela pode ter feito a mesma coisa. Agora aquela casa era dela também. Enquanto caminhamos pergunto o que aconteceu para Castle estar tão bravo a Meredith, mas ele diz que eles brigaram. Sem detalhes.

— Kate porque nós estamos aqui? – ele pergunta sem entender. – está escurecendo, a Alexis não está aqui.

— Mas e se estiver? Ainda estava cedo quando ela veio...

— Ela não viria sozinha, ela sabe que não pode.

— Castle. – paro e me viro para ele. – ela pode não ser minha filha biológica, mas ela se parece comigo as vezes. Eu já contei para ela que eu vinha sempre aqui quando estava chateada, e eu tenho certeza que ela está aqui.

— Espero que você esteja certa. – ele suspira.

— Eu estou. – sorrio e continuo o curto caminho da trilha até a casa.

Já estava quase escuro e as luzes da casa estavam acesas, então é claro que a Alexis estava aqui. Se ela não estivesse eu realmente iria me preocupar, mas meu coração bate aliviado quando eu a vejo sentada na varanda da casa. Paro e me viro para Castle novamente.

— Me espera aqui?

— O quê? Não. Quero falar com ela... – ele olha por cima do meu ombro e ver a filha. Rick suspira aliviado e eu sorrio. – eu fiquei tão preocupado...

— Deixa eu ir na frente, eu falo com ela depois você se aproxima, ok? – mesmo relutante ele balança a cabeça concordando. Dou um beijo rápido em seus lábios e caminho até a casa.

Alexis estava sentada na varanda da casa e penteava os cabelos de sua boneca. Podia escutar sua voz baixinha conversando com a boneca e não contive o sorriso. Parece que eu estava revivendo o passado, só que dessa vez eu estava buscando a minha filha naquela casa, do mesmo jeito que minha mãe me buscava aqui.

— Filha... – essa palavra simplesmente pula da minha boca quando me aproximo e minha voz sai falha. Não sei porque, mas eu me emocionei. Nunca a chamei assim, mas pareceu tão natural. Alexis me olha e abre um sorriso que aquece meu peito. Eu a amo tanto.

— Oi, mamãe. – ouvi-la me chamar assim faz meu mundo cair, mas no bom sentido. Impeço que uma lagrima escorra pelo meu rosto e me aproximo.

— Meu amor o que você está fazendo aqui? Já está tarde...

— Eu sei, mas meu pai estava brigando com a minha mãe e eu não queria ficar lá. Quando eu vi já estava escuro e fiquei com medo de voltar sozinha. – ela fala um pouco envergonhada e eu me abaixo em sua frente.

— Você sabe que não pode vir sozinha e nem sair sem avisar, não sabe? – ela balança a cabeça. – então não faz mais isso, porque você deixou todo mundo preocupado.

— Você está brava?

— Não. – balanço a cabeça e sorrio. – eu estou feliz que esteja bem. – passo a mão em seu rosto.

— E você papai? – ela vira o rosto e percebo Castle próximo a nós.

— Eu só estava preocupado... – ele diz se aproximando mais. – promete não fazer mais isso?

— Prometo. – ela beija os dedos cruzados e sorrir. Nesse momento meu amor por ela só aumentou.

— Amor, porque você não vai apagando as luzes e fechando tudo? – sugiro querendo mudar de assunto. – eu comprei umas coisas e vou preparar um jantar hoje. – pisco para a menina.

— Você vai cozinha, Kate? – Castle me olha sem entender.

— Eu até poderia, mas como eu não sei cozinhar muito bem, você é quem vai. – pisco e ele rir, entrando na casa fechando tudo. – eu e a Alexis vamos ser as suas companhias essas noite.

A menina passa os braços em meu pescoço me agarrando forte. Eu a seguro firme em meus braços e levanto, Alexis passa as pernas em minha cintura e beija meu rosto.

— É, eu e a mamãe vamos dizer se está bom ou não. – eu nunca me cansaria de ouvi-la me chamar assim.

— Eu cozinho muito bem, vocês não têm do que reclamar. – Castle se defende se aproximando. Ele para na nossa frente e sorrir. – vocês são a minha vida e eu amo muito vocês.

Ele nos agarra em um abraço de urso, como se quisesse nos proteger do mundo. E naquele momento eu me senti exatamente assim, protegida. Eu estava completa. Nós éramos uma família e nada mudaria isso. Castle beija meus lábios e depois nós beijamos as bochechas da menina em meus braços, fazendo um mini sanduíche de Alexis.


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