I Can't Love You escrita por Mrscaskett


Capítulo 39
Capítulo 39 - Agora não tem mais volta.


Notas iniciais do capítulo

Oláaa

Bom, eu sei que está tarde e provavelmente só irão ler o cap amanhã, mas cumprindo minha promessa de um cap nos fins de semana, está aqui mais um.
Até meia noite ainda é fim de semana, né? hauhasuahs

Se divirtam & boa leitura ♥



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— Bom dia... – Castle sussurra atrás de mim e beija meu pescoço. Sorrio.

— Bom dia. – me viro para ele.

Sorrio da sua cara de sono e seus cabelos amassados que o deixava ainda mais lindo.

— Ainda é cedo, porque acordou?

Arrumo seus cabelos com meus dedos, mas não adianta muito. Os fios finos insistiam em cair nos seus olhos.

O sol não tinha nascido completamente, o quarto ainda estava escuro.

— Senti sua falta na cama... – ele diz com sua voz manhosa e busca meus lábios em um beijo.

Me deixo ser levada por seus toques. Envolvo meus braços em seu pescoço e aprofundo o beijo. Eu posso me acostumar a ser surpreendida assim todas as manhãs. Castle era fácil de se viciar, mas seus carinhos e beijos eram tão bons, que se tornava ainda mais fácil de se viciar.

— Porque você está aqui? – ele olha pelo lugar quando o beijo acaba. Seus olhos param por cima do meu ombro e um sorriso começa a surgir em seus lábios. – você...

Dou os ombros.

— Eu não queria esperar. – Castle me olha abrindo seu sorriso.

Seus olhos varrem o armário praticamente vazio e param na única peça dobrada. Ele não fala nada. Por algum motivo eu sinto um frio na barriga.

Nervosa? Sim.

— Isso quer dizer que eu vou embora com sua camisa, você sabe né? – brinco e mostro a camiseta preta dele que visto.

Castle rir.

— Você fica linda com ela. – sinto suas mãos espalmadas em minha cintura, me prendendo contra ele. – mas eu não vou deixar você sair com ela na rua.

A possessão misturada com o ciúmes em suas palavras causa efeito em mim. Começo a não sentir minhas pernas. Minha respiração começando a descompensar.

— Mas você pode levar em conta que eu vou estar usando uma calcinha e minha calça... – provoco, mordendo meus lábios.  

Seus olhos brilhosos ganham um ar diferente. Suas pupilas dilatadas faz meu corpo inteiro se contrair. O olhar azul cristal a minha frente já é dono do meu coração, e de todas as minhas terminações nervosas, e eu não posso fazer nada com isso.

Me coloco na ponta dos pés e alcanço seus lábios novamente. O beijo doce e lento era perfeito para eu saborear o gosto de seus lábios nos meus. A intensidade em que suas mãos passeiam pelo meu corpo não combina em nada com o beijo amoroso que damos, mas isso era ainda mais excitante.

Eu não preciso de mais nada, apenas dele.

Seu perfume se mistura ao meu, formando uma nova fragrância incrivelmente mais viciante.

Ele era viciante.

Castle me guia de volta para cama. Não sinto meus pés se moverem, era como se estivesse flutuando sobre a mais linda nuvem de um céu azul. Me deixo ser levada por seus braços fortes que me rodeavam.

Diferente da noite anterior, dessa vez não havia urgência. Castle me ama sem pressa, deixando que eu sinta prazer cada toque seu.

Beijos. Toques. Sussurros.

Nós fizemos amor enquanto os primeiros raios de sol invadiam o quarto.

***

— Bom dia, Kate. – Alexis diz animada quando chega a cozinha. Sorrio e me viro para ela, beijando o topo de sua cabeça quando ela se aproxima.

— Bom dia, minha linda. – eu a olho. O uniforme da escola realmente a deixava ainda mais linda. O verde escuro parecia combinar perfeitamente com seu tom de pele e seus cabelos ruivos. – dormiu bem?

Ela concorda com a cabeça enquanto se senta à mesa.

— Você vai me levar a escolar hoje? – ela fala cortando um pedaço de bolo, que se quebra inteiro na mesa.

Rio e sento ao seu lado.

— Vou. – digo enquanto pego a faca de suas mãos e tiro um novo pedaço para ela. – quer suco? – a menina concordada e eu a sirvo.

— Então eu vou te mostrar que são as...

— Quem são o que? – Castle aparece no fim da escada sorrindo para nós enquanto deixa a mochila da menina perto do sofá.

— As minhas amigas. – ela sorrir para o pai, que se aproximava da mesa.

Castle se senta na ponta da mesa e me olha interessado.

— Então você já tem amigas? – a menina concorda silenciosa enquanto come. – e você vai mostra-la para Kate e não vai me mostrar?

— Você quer conhecer elas? – Alexis pergunta interessada.

— Claro que sim. – ele segura a mão da filha. – eu quero conhecer todas elas.

Alexis sorrir.

— A mamãe dizia que conhecer minhas amigas da escola era perda de tempo porque ela nunca lembrava o nome delas.

Castle me encara. Assim como ele, meu coração se aperta diante as palavras da menina.

— Mas eu não sou a sua mãe. – ele diz sério, mas não menos carinhoso. – quero conhecer todas elas, e vou fazer questão de lembrar do nome de cada uma delas.

— Ele é muito bom com nomes. – entro na conversa.

A menina sorrir animada.

— Então a gente podia fazer uma festa. Eu posso chamar todos os meus colegas.

— Ok, vamos com calma. – Castle diz assustado. – todos os seus colegas apenas no seu aniversário.

— Mas vai demorar, pai. – a menina resmunga e eu quase morro de amores pela careta adorável que ela faz.

— Cinco. – entro na conversa novamente. Os dois me olham interessados. – você convida cinco amigas e a gente faz um lanche, assiste filmes... que tal?

— Você concorda, pai?

A menina olha com seus olhos pidões. Tem como dizer não?

— Tudo bem. – Castle se dá por vencido. – mas você vai estar aqui para me ajudar. – ele aponta para mim. – e isso não é um pedido...

— Ok. – jogo meus braços pro ar, me dando por vencida. – estarei aqui.

— Obrigada. Obrigada. Obrigada. Obrigada. – a menina levanta e agarra o rosto do pai entre suas mãos e o beija.

Castle solta um risada que aquece meu coração.

Se eu queria mesmo um futuro, esse seria o meu futuro. Uma família que eu ganhei do nada, mas que já significa tudo para mim. Fico observando os dois. As risadas e a conversa despojada deles me faz ama-los ainda mais.

Castle tinha um jeito especial de tratar Alexis, o que me faz desejar um dia poder aumentar a família e vê-lo brincar com nosso filho e colocá-lo para dormir. Um dia, quem sabe.

— Kate você sabe fazer penteado? – a menina pergunta naturalmente.

— Que tipo?

— Qualquer um. – ela dá os ombros.

— Você quer que eu faça? – ela assente. – então vem.

Nós caminhamos até o sofá e ela se senta entre minhas pernas. Começo a mexer em seus cabelos ruivos longos.

— Alexis, nós estamos apressados. – Castle surge apressado, procurando algo.

— Não, pai. A Kate vai fazer um penteado em mim. – ela resmunga.

Castle para e nos encara. Seu olhar indeciso entre não se atrasar ou atender o pedido da filha.

Impossível não se apaixonar enquanto ele faz sua cara confusa.

— Eu faço no caminho, que tal? – Alexis me olha por cima do ombro.

— Não vai ficar feio?

— Claro que não. – ela continua me encarando contrariada. – sabe quantas vezes eu já me arrumei no transito? Muitas. – sorrio. – e você acha que eu fiquei feia?

A menina balança a cabeça e eu rio.

— Então pode confiar em mim.

Alexis sorrir animada e levanta, segurando minha mão enquanto caminhamos até o carro. Me sento no banco de trás com Alexis enquanto Castle dirige. Os fios ruivos macios ganham forma com facilidade.  Faço um rabo de cavalo alto e prendo, colocando um laço na fita.

— Você está linda. – a menina se vira para mim e sorrir satisfeita.

Arrumo sua franja e sorrio de volta. Tiro uma foto rápida e seus olhos brilham quando ela ver.

— Obrigada, Kate. – ela me abraça.

Meu olhar cruza com o de Castle pelo retrovisor. Ele sorrir com os olhos como sempre faz e eu me sinto completa.

Eles me completam.

Castle não se cansa de falar o quanto eu mudei sua vida, mas ele não faz ideia do quanto mudou a minha também.

— Chegamos. – ele para em frente à escola.

Castle desce e pega a mochila no banco da frente. Eu ajudo a Alexis a descer e ela segura firme minha mão. Uma mulher acena para Alexis e ela acena de volta.

— Quem é?

— Minha professora. – ela sussurra. – ela conversou com ele também. E aquelas duas também. – ela aponta disfarçadamente para duas mulheres conversando perto do portão.

Ergo minhas sobrancelhas enquanto examino as mulheres. Bonitas, mas eu não tenho com o que me preocupar.

— Estão fofocando o que? – Castle se aproxima.

— Nada. – a menina se apressa em dizer. – eu tenho que ir.

Alexis se põe na ponta dos pés e forma um bico em seus lábios. Me abaixo e deixo que ela me beije. Ela faz o mesmo com o pai e depois segue até a entrada da escola. Antes de entrar ela vira e acena para nós. Sua professora sorrir amigável e ajuda com sua mochila.

— Então... – começo. – essas são as mães taradas de quem a Alexis falou?

Castle me encara, e eu finjo não notar.

— Não sei, não reparei nada. – ele disfarça e dessa vez eu o encaro.

Não demora muito para rirmos. Castle me abraça pela cintura e eu enlaço seu pescoço.

— Você está se saindo bem possessiva, sabia?

— Ah, eu não te contei? – ele balança a cabeça. – além de ciumenta, eu sou possessiva.

— Acho que você escondeu esse detalhe.

— É acho que sim. – Mordo meu lábio e ele rir.

Castle aproxima nossas bocas e eu o beijo. No fundo, me sinto orgulhosa por estar nos braços do homem que eu amo e poder mostrar para qualquer uma que ele tem dona. Não que isso me incomodasse, ainda não, mas é melhor não deixar dúvidas entre as mães atiradas.

— Amor, sabe o que eu lembrei? – começo quando o beijo acaba. – eu ia te contar ontem e acabei esquerdo...

— Se for notícia ruim, nem fala. – ignoro sua fala.

— Semana que vem eu vou a Nova Iorque.

— O que? Como assim? – sua voz sai fina e um pouco surpresa.

— Vai ter uma conferência internacional sobre veterinária e eu vou. Acho que a Lanie também vai, ela não decidiu ainda.

— E quando você vai? – sorrio vendo sua testa enrugada.

— É só no fim de semana, mas vou na segunda para ver alguns equipamentos novos para a clínica.

— E você vai ficar a semana toda lá?

A pergunta sai como um resmungo. Meu peito se aperta por dentro. Eu não queria passar tanto tempo longe, eu sei o quanto foi ruim para mim quando ele foi a Nova Iorque por bem menos que uma semana.

— Desculpe. – amasso meu rosto enquanto o olho.

— Não, não precisa se desculpar. É o seu trabalho. – ele fala firme. – mas eu vou sentir sua falta.

— Eu sei, eu também vou... – dou um sorriso triste. – mas eu prometo que até lá, nós vamos matar a saudade antecipada.

Castle sorrir malicioso.

— Então eu posso concluir que você vai dormir lá em casa todas as noites? – reviro os olhos.

— Não. Mas isso não nos impede de... – me aproximo de seu ouvido e sussurro meus planos.

— Oh, Kate, você sabe que eu vou cobrar não sabe? – mordo minha língua enquanto sorrio. – vamos sair logo daqui.

Castle segura minha mão e me puxa para dentro do carro novamente.

— Castle! – meu grito se mistura com uma risada com o movimento rápido e inesperado. – para onde você vai? Eu tenho que trabalhar.

— E você vai. – ele me olha. – depois que cumprir sua promessa.

Seu olhar cheio de desejo me excita.

— Eu tenho que trocar de roupa ainda, não posso me atrasar... – tento, mas ele coloca sua mão entre minhas pernas.

— Você vai passar uma semana fora, me deve uma.

Abro minha boca para revidar, mas tudo que sai é um gemido inesperado.  Seus dedos habilidosos já me acariciavam por cima da calça.

ALEXIS ON.

— Bom dia, Alexis. – a professora se aproxima de mim e segura minha mochila.

— Bom dia, professora. – sorrio.

Antes de entrar me viro para meu pai e Kate e aceno. Vejo meu pai abraçar Kate e sorrio. Gosto de pensar de ela também é da família.

— Quem é aquela mulher que te trouxe hoje, Alexis? – minha professora pergunta curiosa quando entramos na sala.

Eu a olho e sorrio.

— É a minha mãe. – respondo rápido.

Me sento na fila da frente e começo a tirar meus livros de dentro da bolsa.

— Eu não sabia que... – ela se cala. – ela é muito bonita.

— Sim, ela é. – concordo sorrindo. Meu plano deu certo.

Não gosto da ideia do meu pai conversando com outras mulher. A Kate é a namorada dele, e nós somos uma família. Hoje as mães que estavam na porta viram que eles estão juntos, e eu não poderia estar mais feliz.

— Você se parece muito com ela. – ela diz antes de se afastar.

Talvez eu pareça mesmo com a Kate. Rio sozinha.

— Alexis. – minha amiga Lara se aproxima, sorrio.

Ela senta ao meu lado e nós começamos a conversar sobre o dever de casa, que eu não fiz, mas ela me empresta o dela.

ALEXIS OFF.

— Castle, pega a toalha para mim por favor. – estico meu braço para fora do boxe do meu banheiro e ele me entrega a toalha.

— Não sei para quê toalha se você fica muito melhor sem. – ele comenta.

Eu saio do boxe e o vejo com um bolsa preta em cima da bancada, retirando algumas coisas de dentro. Paro e fico observando ele.

Os cabelos molhados e desajeitados. A toalha presa em sua cintura. Os pingos d’água caindo sobre seu corpo. Respiro fundo. O cheiro dele quando ele saia do banho era maravilhoso. Não era perfume. Era o cheiro dele.

— O que você está fazendo? – pergunto ainda encostada na parede do banheiro enquanto o admirava.

Castle me olha e sorrir travesso.

— Espero que não se importe... – ele segura o seu desodorante nas mãos e balança me mostrando o objetivo depois o coloca em cima da bancada junto com meus itens de higiene.

Não falo nada, deixo que ele termine seu serviço. Castle se vira e abre as portas do meu armário observando cada detalhe.

— É, eu acho que você já tem coisas demais. – ele parece triste. Sorrio.

— Tenta aquela outra... – indico a porta ao lado.

Assim que ele abre seu sorriso surge de novo. Eu já tinha separado um lado para ele, assim como já tinha pensado em deixar algumas roupas minhas em sua casa.

Castle abre as duas gavetas livres e sorrir mais ainda. Ele guarda suas roupas, que eu não tinha visto antes, e se vira para mim.

— É, eu acho que estamos definitivamente comprometidos um com o outro. – sorrio.

— Agora não tem mais volta. – me aproximo dele, abraçando seu corpo molhando e sentindo seu cheiro me invadir.

— Não... – ele concorda. – e nem eu quero isso.

Castle me beija devagarinho, mas logo ganha vida.

— Castle... – sussurro entre seus lábios.

— Eu sei... – ele concorda enquanto quebra nosso beijo. – você vai trabalhar agora?

— Vou... me espera?

— Claro. Eu te deixo lá.

Sorrio e me afasto dele. Ficar tão perto dele assim é perigoso. Procuro alguma coisa para usar hoje, mas nada me agrada. Opto por um vestido confortável, já que hoje, mais uma vez, eu vou passar o dia cuidando dos números da clínica.

— Eu posso vir te pegar que horas? – ele diz ao parar de frente a clínica.

— Amor hoje eu não vou poder dormir em sua casa... – lamento. – eu tenho tanta coisa para fazer antes de viajar que não sei que horas vou sair daqui.

Passo as mãos em meu cabelo. Eu sempre amei sair de casa para trabalhar, exceto nos dias que eu tinha que cuidar da parte burocrática da clínica.

— Eu passo aqui antes de voltar para casa então, só pra te ver...

Sorrio. Isso realmente ajudaria a meu dia ficar melhor.

— Isso seria ótimo.

Castle se inclina na minha direção e me beija. Foi difícil sair do carro e deixa-lo ir. Queria aproveita-lo o quanto pudesse.

***

Meus olhos ardem. Tiro o óculos de grau do meu rosto e jogo sobre a mesa. Me apoio sobre os cotovelos na mesa e escondo meu rosto entre as mãos, massageio minhas têmporas.

Hoje o dia foi puxado. Passei o dia sentada vendo e revendo os números da clínica que insistiam em não bater. Minha vista doí. Minha cabeça está latejando. Minhas costas está me matando.

Me recosto na minha cadeira e fecho os olhos enquanto suspiro. O silêncio absoluto da minha sala faz eu perceber que o desconforto estranho em minha barrigada nada mais era do que fome.

Minha última refeição foi o café da manhã, e depois disso apenas os cafés que minha secretária trazia a cada duas horas. Não tive tempo de respirar.

— Como foi? – Lanie abre a porta da minha sala, falando o mais alto que o preciso.

— Lanie, você pode falar um pouco mais baixo. – peço, quase implorando.

Coloco meu antebraço sobre meus olhos, tapando qualquer claridade que vinha daquela sala.

— Nossa, você está um trapo. – ela diz e eu escuto o ranger da cadeira quando ela senta.

Solto um sorriso fraco.

— Obrigada.

Ficamos em silêncio. Ela esperando eu falar, e eu torcendo para ela não falar.

— Kate... – ela começa novamente.

— O que é? – pergunto em um sussurro cansado, mas não mudo de posição.

— Me diz que você conseguiu... – a voz chorosa dela me deixa triste.

Tiro o braço do meu rosto e a encaro. Não era preciso dizer nada para que ela entendesse.

— Não... – ela resmunga. – você viu toda a papelada de novo? Não deixou passar nada? Porque você pode ter pulando alguma coisa, feito alguma conta errada.

Lanie fala tão rápido que não para nem para respirar.

— Lanie eu revi duas vezes, só hoje. – a encaro. – fora as três de ontem, e as da semana passada... está faltando alguma coisa que eu não sei o que é.

— Como assim não? São número, se está falta do alguma coisa, essa coisa com certeza é dinheiro. – ela dispara ríspida.

— E da onde é? – pergunto. Seu tom de voz, de alguma forma, me incomodou.

— Eu não sei. Quem cuida dessa parte é você. – ela aponta para mim enquanto levanta rápido da cadeira. Visivelmente irritada.

— Lanie está tudo aqui. – mostro os papéis em minha mesa e o dados arquivados no meu computador. – se você quiser ver tudo isso aqui, pode ficar à vontade, mas eu não posso fazer mais nada.

— Kate... – ela para e respira, me encarando. – eu não estou desconfiando de você... eu só não entendo.

— Eu sei, Lanie. Mas eu também não sei mais o que fazer. Eu não estou entendo mais nada disso aqui. – levanto, andando pela minha sala. – eu sei que você quer muito seguir com os novos planos mas... eu não posso mais fazer isso aqui.

Ela sabia o quanto eu odiava essa parte do meu trabalho.

— Isso já durou demais, né? – ela me olha culpada. Eu sorrio.

— Quase dez anos. – afirmo. – está na hora de contratar alguém para cuidar dos números.

— Você tem razão. E você resolve isso. – ela joga para mim. Eu rio. Sempre sou eu.

— Isso é fácil. – me jogo no sofá da minha sala. – quem achar o que está de errado com esses números ganha o emprego.

— Ótima ideia. – ela rir. – vou pedir para Maggie providenciar tudo...

Sinto seu corpo se jogar ao meu lado no sofá.

— Cadê o seu bonitão?

Sorrio. Mesmo de olhos fechados eu aposto que estão brilhando.

— Ele me ligou mais cedo, mas estava tão atolada de trabalho que preferi não sair.

— Por isso você está chata desse jeito... deveria ter saído, beijado, tirado uma casquinha dele...

— Lanie você só pensa nisso. – eu a encaro e ela joga os ombros.

— Eu só tenho feito isso ultimamente. – ele diz naturalmente e eu não consigo evitar a risada.

— Ok, não quero saber da sua vida sexual com o Espo.

— Oh, você iria ter inveja. – eu a olho rápido, erguendo minhas sobrancelhas. –treme tudo. – ela se gaba.

— Lanie, posso te pedir um favor?

— Claro.

— Vai embora. – cubro meus olhos novamente. Escuto ela rir baixinho e depois levantar.

— Eu já estou indo.

— Apaga a luz. – aviso e sinto a escuridão tomar conta do lugar, diminuindo a dor na minha vista. 

Respiro fundo.

A clínica é minha responsabilidade desde que me formei. Eu cuidei de cada centavo que entrava e saía daqui, e agora... agora o dinheiro sumiu. Há duas semanas eu tenho tentado descobrir onde esse dinheiro se meteu, mas eu desisti. Não aguento mais ver números e faturas na minha frente. Contabilidade não é comigo!

Sinto a raiva começar a tomar conta do meu corpo. Eu raramente sinto raiva, mas quando sinto... bom, é melhor sair da frente. Soco forte a almofada do sofá e deixo um pouco dessa raiva sair.

Um brilho no fundo da sala me chama atenção. Levanto e pego meu celular sobre a minha mesa. 22:00 horas. Olho as mensagens recentes procurando por um nome específico, mas não encontro.

Só uma pessoa pode me fazer bem agora, e essa pessoa é Castle.

“Oi.” Envio a mensagem na dúvida se ele ainda está acordado, já que faz algumas horas que ele não visualiza.  

Espero alguns minutos, mas ele não responde. Bloqueio o celular e jogo sobre a mesa novamente.

Me sento na cadeira e ligo o monitor do computador. Encaro os números novamente e quero desistir de tudo, mas eu não posso. Enquanto não contratar alguém, eu preciso continuar tentando descobrir o que aconteceu.

O vibrar do meu celular chama minha atenção. A foto de um Castle sorridente aquece meu coração. Sorrio e atendo a ligação.

— Achei que estivesse dormindo. – a felicidade em minha voz era perceptível.

— Não, estava colando a Alexis na cama. Ela parecia que estava ligada no 220. – eu rio. – e também estava esperando você ligar.

A voz dele também parece feliz, e eu me sinto satisfeita com isso.

— Já está em casa?

— Não. – começo devagar. Minha voz demonstrando todo o meu cansaço. – e pelo visto vou passar a noite aqui.

— Kate... – ele me repreende. – é a história do Cosmo novamente. Eu vou precisar ir aí para você descansar um pouco?

Sorrio.

— Eu bem que queria dormir com você... – penso alto.

— Então vem. Não está tão tarde.

Permaneço em silêncio. A proposta era realmente tentadora, mas eu não posso.

— Eu não posso amor. Tenho que arrumar uma solução para essa enrascada que eu me meti. – solto uma respiração pesada e cansada. – e eu vou ficar de plantão com a Lanie hoje. Quando eu viajar isso aqui vai ficar com pouco pessoal então...

Deixo as palavras no ar, sabendo que ele vai me entender.

— Ok. – ele concorda baixinho. – mas se precisar de companhia me liga, eu vou estar aqui.

Sorrio. Até em seus gestos mais simples, ele me fazia ficar ainda mais apaixonada por ele.

— Eu ligo. Mas então, como foi seu dia?

A pergunta sai automaticamente. Nunca imaginei ter alguém para perguntar como foi seu dia, ou para se preocupar comigo.

— Bem. Hoje eu falei com a minha mãe, contei sobre a Alexis...

— Mesmo? E o que ela falou?

— Quis saber de tudo, mas ficou super animada. Aliás, tão animada que amanhã está vindo para cá para conhecer a neta.

Ele fala entre uma risada. Eu rio de volta, nervosa.

Meu corpo inteiro paralisa. A mãe dele está vindo? Com certeza ele vai querer nos apresentar e eu não sei se estou pronta.

— Isso é bom.

— Você acha? – ele parece surpreso.

— Claro. Alexis precisa de uma avó também...

— Que bom. É a oportunidade perfeita para vocês se conhecerem também.

Ele parece animado.

— Você acha? — eu não tenho tanta certeza quanto a isso.

Eu nunca tive que conhecer nenhuma mãe dos meus namorados porque nenhum deles era importante. Mas com Castle é diferente. Muito diferente. Ele parecia querer isso de verdade.

— Claro que sim. Você vai gostar dela.

— E ela? Será que ela vai gostar de mim? – não posso esconder o medo em minha voz.

— Você não quer conhecer minha mãe?

Escutando essas palavras parece egoísmo de minha parte, mas não é, é apenas medo mesmo. Medo de não agradar e vontade de parecer uma nora perfeita.

— Não, é que... – solto a respiração presa desde que ele tocou no assunto. – eu não sei como isso funciona...

Ele fica em silencio, mas posso escutar sua risada baixa no fundo.

— Você só precisa ser você... – ele começa. – e eu aposto que ela vai se apaixonar por você. Essa é a mania dos Castle, se apaixonar por veterinárias bonitas.

— É melhor tirar o plural dessa parte. – brinco e ele rir, agora com vontade.

— Como você quiser.

Nós ficamos em silencio por um tempo, mas isso não era desagradável para nós. Eu podia ouvir sua respiração e, se fechasse os olhos, podia sentir como se estivesse ao seu lado.

Mais confortável impossível.

— Vai ficar tudo bem. – ele diz depois de um longo tempo, e eu já não sei se ele fala do meu problema na clínica ou do encontro com sua mãe. Mas em todo caso, eu prefiro confiar nele.

Tudo ficaria bem.


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Notas finais do capítulo

Até sexta ♥



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