As palavras da Meredith caíram como pedra em cima de mim. Eu tenho uma filha. Uma filha! E ela foi capaz de esconder isso de mim por anos. Meredith foi incapaz de amar essa criança por oito anos. OITO! E não me deu a opção de dar esse amor para uma criança que não tem culpa das escolhas da mãe.

Tudo seria diferente se eu soubesse dessa gravidez. Eu nunca teria feito Alexis passar por isso. Agora já é tarde demais. Agora não tem mais como reparar o erro que a mãe dela cometeu. Eu teria criado ela com amor. Com todo o meu amor. Não importa o que teria acontecido, mas eu sei que Gina me apoiaria nessa decisão.

Meredith foi mesquinha ao me esconder essa gravidez. Fútil e irresponsável. Oito anos. Se passaram oito anos e só depois que seu pai morreu e, teoricamente, ela teria que ter suas responsabilidade de mãe, ela achou que seria uma boa ideia me contar que eu sou pai a oito anos e não sabia.

— Eu não queria atrapalhar a sua vida.

As palavras dela soam ainda mais fúteis. Uma criança nunca me atrapalharia. Minha filha nunca me atrapalharia.

Há oito anos eu sou pai de uma menina, e eu não sabia. Há oito anos eu realizei meu sonho de ser pai, e não sabia.

— Você não tinha esse direito! – grito.

— E o que você teria feito? Teria largado a Gina e ficado comigo? Se casado comigo?

— Não sei. Mas com certeza não deixaria a minha filha de lado. Não trocaria o tempo que eu teria com ela por minha carreira. Eu não a trocaria por nada.

Meredith me tirou oito preciosos anos que não voltarão mais. Ela me impossibilitou de ver minha filha nascer, de ver ela dá o seu primeiro sorriso, seu primeiro passo, sua primeira palavra.

— Não posso acreditar que você foi capaz disso. – minha voz sai como um misto de raiva e lamento.

— Ela está aqui agora. – ela fala como se fosse simples. – você pode ser o pai dela.

— Ah, com certeza eu vou ser. Mas o que eu sei sobre ser pai? Nada. Porque você não me deixou aprender quando eu tive a chance. – as ultimas palavras saem como um grito.

— Rick eu estou fazendo isso porque é o melhor para ela.

— Meredith vai embora... – digo, cansado demais para discutir.

— Tudo bem... Quando posso trazê-la aqui?

— Amanhã. – falo firme, sem olha-la. A ultima coisa que escuto é a porta se fechando quando ela sai.

Eu poderia duvidar da Meredith. Eu poderia pedir um exame de DNA. Mas eu sei que apesar de tudo, suas atitudes e sua falta de senso, ela não mentira para mim assim. Pensando bem, lembrando-me de quando eu a vi hoje cedo, eu percebo que ela tem meus traços. Traços da minha família. Ela era ruiva como a minha mãe. Seus olhos eram azuis, mais azuis que os meus. O seu sorriso era exatamente igual ao meu. Não tinha duvidas de que Alexis era minha filha.

Agora eu tenho a chance de recuperar o tempo perdido. Eu vou cuidar da minha filha. Ela irá morar comigo e eu vou dar todo o amor que eu não pude dar durante todos esses anos. Não importa o que a Meredith diga ou o que todos pensem, Alexis ficará sobre minha guarda. Pego o telefone e mando uma mensagem para o meu advogado, dizendo que eu preciso falar com ele o mais rápido possível. Alexis é minha filha e vai ficar comigo. Tudo o que ela precisa é de um lar, de alguém que goste dela, que cuide dela, que der amor a ela. E eu vou lhe dar tudo isso. Eu já a amo.

Viro o meu copo de uísque de uma vez, sentindo aquele liquido quente descer rasgando. Ouço um barulho de carro entrando na minha propriedade, em seguida o barulho de portas batendo. Olho para o relógio em meu braço e vejo que já passa da meia noite. Quem poderia ser?

Um fio de desconfiança e desespero em mim diz que pode ser a Meredith de volta. Levanto-me e vou até a janela, observando a movimentação de uma única pessoa nos fundo de minha casa. Reparo bem no carro e vejo que é o da Kate, segundos depois a vejo caminhar pelo escuro até o celeiro.

Saio em busca dela. A Luz do celeiro já acesa. Me aproximo e a vejo mexendo em algumas coisas no armaria de medicamentos dos cavalos.

— Esqueceu alguma coisa? – falo e ela se vira bruscamente para mim.

— Castle! Você me assustou! – ela levanta e vem até mim. – eu te acordei? Desculpa.

— Não... – sorrio e toco seu braço, subindo e descendo em um carinho suave. – eu não estava dormindo. Eu ouvi quando chegou, então vim te procurar...

— Só vim pegar algumas que esqueci aqui. Como foi a conversa com sua amiga?

Não falo nada, apenas a encaro sério.

— O que houve? Porque essa cara?

Meus olhos se enchem de lágrimas na mesma hora. Eu ainda não tinha me permitido sentir nada em relação a essa história. Mas ao ver a Kate um turbilhão de sentimentos se misturou dentro de mim. Eu me entreguei.

As lágrimas caiam e Kate simplesmente me abraça. Um abraço apertado e cheio de carinho. Me deixo levar ainda mais pelas minhas emoções. Kate tinha se tornado meu porto seguro sem que eu percebesse. Ela podia me ver chorar agora e eu não ligava. Ela é a pessoa que eu mais confio nesse momento.

— Castle, você está me assustando. – ela diz baixinho em meu ouvido. Seus dedos acariciam meus cabelos lentamente.

— Eu tenho uma filha. – digo em um sussurro.

Afasto nossos corpos aos poucos, mas sinto Kate ficar tensa. Ela me olha confusa e surpresa.

— Do que você está falando?

Limpo minhas lágrimas e me afasto dela, andando pelo celeiro tentando achar palavras para explicar o que está acontecendo comigo.

— Meredith veio aqui e jogou essa bomba em mim. – falo de uma vez. – ela escondeu isso de mim esse tempo todo. Ela me impediu de fazer parte da vida da minha filha, e agora ela simplesmente chega e diz que eu sou pai e vou ter que agir como um agora. Ela...

— Castle, calma. – Kate pede quando eu como a falar rápido demais, sem parar para respirar. – A filha da Meredith é sua filha?

Olho para Kate e seus olhos arregalados. Ela está tão surpresa quanto eu fiquei ao receber a noticia. Analiso-a por um momento e depois confirmo com a cabeça.

— Como? – ela tapa a boca com uma mão e vira de costa. – você não sabia? Como... – ela vira novamente para mim.

— Ela nunca fez questão de me contar. Acho que isso nunca passou por sua cabeça. – esclareço. – ela escondeu minha filha por todos esses anos.

— E a criança é mesmo sua?

Kate me olha incrédula, como se essa história fosse ridícula. É ridícula. Mas é a verdade, não posso ignorar isso.

— Ela é a minha cara, Kate. Ela é ruiva como a minha mãe. Os olhos azuis como os meus... – sorrio ao lembrar. – Meredith vai deixa-la comigo. Ela precisa se dedicar a carreira e eu vou cuidar da Alexis.

— O quê?! – sua voz sai alta. – ela vai simplesmente largar a filha aqui com você? Que tipo de mãe ela é?

— Ela não é mãe, nunca foi. Esse é o problema. Ela nunca cuidou da filha. Sempre a deixou nas mãos de babás ou do pai dela. Agora ele faleceu e ela não quer assumir as responsabilidade, então achou que deveria participar da vida da filha.

— Castle isso é terrível.

— E eu estou no meio de tudo isso, sem saber o que fazer. – me aproximo dela novamente. – o que eu faço Kate?

Minha voz sai embargada. As lagrimas se formando de novo em meus olhos. Kate se aproxima e segura meu rosto entre suas mãos, acariciando-me.

— Você precisa ir com calma. – sua voz é doce. – peça um exame de DNA primeiro.

Franzo meu cenho.

— Castle eu não estou dizendo que ela não é sua filha, mas você sabe que sempre existe a possibilidade de...

— Ela não faria isso, Kate.

— Você achava que ela esconderia que vocês iam ter uma filha anos atrás? – ela me pega de surpresa. Fecho os olhos e suspiro.

— Não... – confesso.

— Então... Você precisa ter certeza antes de cair nisso tudo de cabeça.

— Mas ela se parece tanto comigo... com minha mãe.

— Mesmo assim, você sabe que isso é o certo. Depois você pensa no próximo passo.

— Eu já pensei. – ela me encara.

— Alexis vai morar comigo. E eu vou pedir a guarda dela definitivamente assim que o resultado de DNA sair.

Pode ser uma decisão impensada, mas não tinha nada a se fazer, além disso, eu tenho que ter certeza que Alexis ficará comigo e não com uma mãe que não sabe cuidar de si mesma.

— Você tem certeza disso? Você pode estar se precipitando.

— Kate ela veio aqui simplesmente dizer que vai jogar a criança comigo. Ela não está nem ai para a filha. Eu não posso simplesmente fechar os olhos para isso. Se a Alexis for mesmo minha filha eu preciso lhe dar um lar apropriado. Ela precisa se sentir amada, ela precisa saber que tem um lar. Não posso me negar a isso, Kate. Eu sempre quis ter um filho e você sabe disso!

— Eu sei. E é por isso que estou preocupada. Você está fazendo planos com uma criança que você diz ser sua porque ela tem o cabelo ruivo e olhos azuis. A Meredith é ruiva e isso pode não ter nada a ver com sua família.

— O que você está tentando dizer com isso?

— Eu quero dizer para você ir com calma. – ela suspira. – conheça a menina, dique amigo dela. Depois peça o teste e espere o resultado. Se ela for mesmo sua filha você pode fazer tudo isso, eu vou ser a primeira a te apoiar. Mas se ela não for... – Kate exita em continuar. – eu não quero te ver devastado por se encher se esperanças em relação a uma criança.

Respiro fundo e fecho os olhos. Me encosto na parede e escorrego por ela até sentar no chão. As lagrimas escorrendo pelo meu rosto novamente. O nó preso em minha garganta. Kate se ajoelha em minha frente e toca em meu braço, um pedido silencioso para que eu a olhe.

— Obrigada. – murmuro antes de olha-la.

— Eu sei que você está confuso, foi muito casa de uma vez só. Mas você pode contar comigo. Always.

— Você não vai se afastar? – o medo evidente em minha voz. – se ela for mesmo minha filha, eu a quero perto de mim. Você pode achar que...

— Nem termina. – ela me interrompe. – Castle isso é um absurdo. Eu não vou me afastar de você porque você tem uma filha.

— Isso pode ser demais para você.

— Isso vai ser demais para você. Mas eu vou estar ao seu lado se você quiser. – ela toca meu rosto e sorrir.

— É o que eu mais quero. – sorrio e vejo-a abrir mais seu sorriso.

É fácil se perder no sorriso de Kate. Ele traz uma paz, uma calmaria, que nenhum outro jamais trouxe. Ele me dá forças para enfrentar algo maior do que eu posso. Me sinto forte toda vez que ela sorrir para mim.

— Ter uma filha é a segunda melhor coisa que poderia ter me acontecido nos últimos dias. – declaro ao aproximar nossos rostos.

— É mesmo? E qual a primeira?

— Você.

Seus olhos brilham. Nada mais foi dito. Acabo com a distancia que existia entre nós. Selo seus lábios com os meus em um beijo calmo. Prendo-a em meus braços e coloco nossos corpos, fazendo-a ficar entre minhas pernas em uma posição que não sei bem se era sentada ou meio deitada. O que importa é que ela estava em meus braços.

Kate mudou a minha vida desde o primeiro dia em que a vi pela primeira vez. Ela me mostrou o que eu não podia enxergar. Nosso beijo se tornava urgente, cheio de sentimentos. Ao mesmo tempo em que matávamos nosso desejo um do outro, nós nos entregávamos de corpo e alma ao sentimento ainda confuso para mim.

Gina pode ter sido meu primeiro amor. Mas a Kate é o meu grande amor.