I Can't Love You escrita por Mrscaskett


Capítulo 24
Capítulo 24 - Ame novamente. Mas ame de verdade.


Notas iniciais do capítulo

Olá mores.
Bom, como prometido meu presente de natal está aqui. Um cap para vocês entenderem melhor a atitude do Rick. espero que gostem.

Um feliz natal a todos e boa leitura ♥



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Abro meus olhos com dificuldade. O cansaço sobre meu corpo era tão grande, que eu não conseguia me mexer direito. Encaro a janela aberta e o vento fresco que entra no quarto, fazendo as cortinas finas de moverem. Já estava escurecendo, e eu dormi o dia inteiro.

Fecho os olhos novamente e tento esvaziar minha mente para voltar a dormir. Mas não consigo. Faço um esforço maior e levanto. A passos preguiçosos eu vou até o andar de baixo que, diferente de quando eu cheguei, já está todo arrumado.

— Olá. – digo em meio a um bocejo.

— Senhor Castle, que bom que acordou. Já estava ficando preocupada. – Jenny me recebe com um sorriso.

— Estava cansado. – sento em um dos bancos altos da ilha da cozinha. – A Kate não veio aqui? Ou ligou? – pergunto ao lembrar que eu ainda não tive noticias dela desde que cheguei. Pedi para me chamarem quando ela chegasse, mas ninguém chamou. Ou ela ainda não veio aqui hoje. O que é estranho, já que ela tem vindo aqui todos os dias desde que estou aqui.

— Não, sinto muito. – ela diz ao ver minha cara de decepção. – Quer que eu prepare alguma coisa?

— Não precisa. Já não está na sua hora? – olho para o relógio e vejo que já passa das cinco da tarde.

— Já, mas antes queria lhe fazer um convite. – eu a encaro curioso. – hoje é o aniversario das minhas meninas... – ela começa com um sorriso orgulhoso nos lábios. – e eu preparei um bolo para elas, coisa simples, só amigos, e eu gostaria que o senhor fosse. Elas adoram o senhor. – Sorrio ao lembrar-me das gêmeas. Elas são incríveis. – o senhor não se incomoda, não é? Digo... A festa vai ser aqui e... Vai ter crianças.

— Claro que não. – rio. – eu adoro festa de aniversario, principalmente se for de criança. – Festa, bolo de aniversário, docinhos, refrigerante e muita bagunça? É claro que eu não me incomodava. 

— Que bom. Então quer dizer que o senhor vai?

— Vou tentar. Mas eu queria muito ir até a Kate. Tenho algumas coisas para conversar com ela.

— Ah, mas a Kate virá à festa. – eu a olho com interesse.

— Virá?

— Sim. Ela é madrinha das meninas. Com certeza ela virá.

— Então... Eu acho que eu vou. – sorrio.

— As sete. Não esquece. – ela diz enquanto caminha até a porta de saída.

Kate virá hoje à noite. Sorrio pensando. Ela não me ligou ou veio aqui porque não sabe que eu cheguei. Nem os meus funcionários me esperavam hoje. Levanto animado já pensado na hora em que eu vê-la. Como será? Será que ela sentiu minha falta como eu senti a dela? Será que ela vai ficar feliz em me ver? São tantas coisas para pensar que já nem sei como reagir na frente dela.

Abro a geladeira e pego um pedaço de torta de abacaxi. Eu adoro abacaxi. Sento-me novamente na ilha e sinto meu celular tremer em meu bolso. Apresso-me para atender. Pode ser a Kate. Tiro do bolso e... Não era ela. Era só o meu despertador. Frustrado, termino de comer minha torta. Mas já não tinha mais graça.

Subo para o meu quarto e pego a mala que estava parada perto da porta. Nada melhor do que arrumar o closet para passar o tempo. Deixo as duas malas no closet e volto para pegar o terno que usei na homenagem, que estava jogado no chão. Imediatamente lembro-me da carta.

Corro até a mesa ao lado da minha cama e pego a chave do quarto ao lado do meu. Respiro fundo e seguro firme a carta em minhas mãos. Assim que entro naquele quarto, totalmente escuro, sinto um frio na espinha. Fazia tempo que eu não voltava aqui. Tudo está tão sem vida. Sombrio.

Acendo a luz e entro no quarto, fechando a porta atrás de mim. Diferente das ultimas vezes que estive aqui, eu não sinto mais a presença dela.  Abro as janelas e deixo a brisa fresca entrar, tirando o cheiro estranho daqui. Não está perfeitamente arrumado. Ainda tem a garrafa de uísque que quase sequei da ultima vez que estive aqui.

Manter esse quarto quase não tinha mais sentido para mim, mas mesmo assim era importante. Nesse lugar eu posso guardar as lembranças que eu ainda não estou pronto para me desfazer. Deito-me na cama e seguro a carta com as duas mãos, criando coragem para abrir.

De tudo o que eu poderia lembrar dela, a coisa mais importante estava em minhas mãos. A carta, escrita a mão. Abro lentamente o envelope e o jogo de lado. O papel amarelado em minhas mãos tinha mais uma vez escrito “For Richard”.

Sinto um nó na garganta quando eu começo a ler.

“Meu amor, não sei quantas vezes já tentei escrever essa carta. Quantos papeis já amassei por não saber encontrar as palavras certas. Você foi o meu único e verdadeiro amor, Rick. Eu encontrei em você tudo o que eu sempre sonhei em um homem. Eu tive um amigo, um namorado, um marido e um amante maravilhoso, e me sinto sortuda por ter vivido tudo o que vivi com você. Por ter  te conhecido.

Você nunca quis falar sobre o fato de eu ter escondido minha doença de você, mas eu sei que pensou nas piores coisas sobre mim, então eu tenho que me explicar. Eu não queria que você vivesse em função de mim, você é jovem, tem uma vida inteira pela frente, uma carreira, amigos e família que te amam, não seria justo com você, e nem comigo, te privar de meses de sua vida quando a minha já não tinha mais jeito. Desculpa te esconder isso, mas quando eu descobri já era tarde demais, então eu te deixe viver para que eu pudesse viver como sempre vivemos, felizes. Porque te ver sorrir todas as manhãs quando eu acordava me dava esperança de que eu iria vencer essa batalha, mesmo sabendo que era impossível.

A vida não é justa, não é mesmo? Você deve estar culpando Deus por ter me tirado do seu lado e eu sei o quanto você está sofrendo, eu sofri o mesmo quando descobri da minha doença, e culpei Deus mais que qualquer outra pessoa. Mas não o culpe, e não se culpe por não poder me ajudar, ninguém podia.

Eu estou lutando com toda as minhas forças para ficar com você mais tempo, mas saiba, meu amor, que essa é uma guerra que eu vou perder. Minha vida acaba aqui, mas eu vou feliz por ter te conhecido, por ter vivido um amor como o nosso, por ter sido sua. Você é especial, não fique de luto mais que o necessário, viva, escreva, deixe que outras pessoas descubram a pessoa maravilhosa que você é.

Se você quer mesmo me fazer feliz, seja lá onde eu estiver, atenda esse meu último desejo: Ame novamente. Mas ame de verdade, se permita viver outras aventuras, outros amores, construa uma família que eu nunca pude te dar, e que sempre foi o seu sonho, viva e seja feliz. Por você e por mim. Porque te ver feliz sempre me deixou feliz.

Eu sempre estarei viva em suas lembranças, e principalmente, no seu coração. Eu sempre serei sua, e o amor que nós vivemos foi único. Mas nada disso te impede de amar novamente. Não importa quanto tempo demore, um mês, seis meses, um ano ou dois. Não importa. Se entregue ao amor quando você ver que vale a pena, e se permita amar novamente, e ser amado da mesma maneira.

Sempre sua, Gina.”

Eu reli aquela carta mais de dez vezes. Era difícil entender o que Gina estava dizendo ali. Tudo não pode ser tão simples assim. Nada é tão fácil assim. Ame novamente. Mas ame de verdade, se permita viver outras aventuras, outros amores, construa uma família que eu nunca pude te dar, e que sempre foi o seu sonho, viva e seja feliz. Por você e por mim. Aquelas palavras me tocaram de verdade. Não chorei na primeira vez que eu li aquilo tudo parecia irreal. Mas nas outras vezes eu não me contive. As lagrimas corriam livres pelo meu rosto.

Aquela carta era a prova do tamanho do coração dela. Gina era doce e gentil. Mesmo depois de sofrer tanto, ela ainda foi capaz de se preocupar comigo, com minha felicidade. Eu não posso acreditar nisso. Ela era mesmo a mulher que eu sempre achei que fosse. Incrível. Essa seria a palavra perfeita para descrevê-la.

Eu seguro em minhas mãos o sinal que faltava para eu saber que nada do que eu começava a sentir pela Kate era errado. Não existe certo ou errado no amor. Não que eu a ame, mas estou no caminho para isso. Eu já não sinto mais aquela sensação de estar traindo a Gina. Não era mais um pecado desejar uma mulher, que não a minha esposa. Agora eu me sentia livre para novas aventuras.

Eu não queria que a Kate fosse apenas uma aventura para mim. Eu quero que isso que estamos vivendo dure mais que uma simples aventura. Ela não era apenas mais um estagio do luto. Meu luto passou no dia em que a conheci. Kate é diferente, especial.

De repente eu me sinto ansioso. Levanto da cama e começo a andar pelo quarto. Queria ir vê-la. Queria dizer que eu estou pronto. Queria abraça-la e dizer que estava com saudades. Queria olhar naquele par de olhos verdes e me perder neles. Queria tê-la em meus braços e beija-la como a tanto tempo eu desejo.

Saio do quarto e fecho a porta com força. Desço as escadas correndo e me assusto com a presença de Jenny ainda aqui. Ignoro a loira e procuro a chave do meu carro. Não está em nenhum lugar da sala! Eu preciso ver a Kate, não dá mais para esperar.

— O senhor precisa de alguma coisa? – Jenny pergunta, assustada com toda a minha agitação.

— Sim, das chaves do meu carro. Preciso ir ver a Kate agora.

— Mas ela já chegou. – ela fala com naturalidade. Olho através da porta de vidro e vejo que escureceu. Já era noite e eu nem tinha percebido! – eu vim pegar a torta que eu deixei no frízer... O senhor parece assustado.

— Eu não posso perder a festa das meninas. – digo com um sorriso. – vou me arrumar... – começo a subir as escadas, mas paro na metade. – e guarde um pouco dessa torta para mim. – Jenny sorrir e continua seu caminho pela porta de trás.

Tomo um banho rápido e me arrumo. Tento ficar o mais apresentável possível. Ela não sabe que eu cheguei e essa seria uma grande surpresa. Passo perfume e me olho no espelho pela décima vez. Uma calça jeans e um sapato social. A camisa social passada azul marinho passada um pano e um blazer. Espero que ela goste, porque hoje tudo mudaria entre nós. Olho-me mais um instante e tiro o blazer. Era aniversario de criança, não queria aparecer lá como o chefe rico que será o convidado de honra. Quero aparecer lá e não ser percebido por ninguém, somente a Kate.

Deixo a luz da sala ligada e saio pela porta dos fundos da casa. De longe eu posso ver alguns carros parados próximos à casa dos funcionários. Começo a andar em direção a musica infantil que ecoa pelo lugar. O caminho é escuro, mas mesmo assim eu posso ver uma mulher, de silhueta inconfundível, andar em minha direção.

Eu sabia de quem se tratava só pela forma de andar. Seu quadril mexe de um jeito diferente, e que me deixa louco. Sinto meu coração disparar e minhas mãos suarem. Passo-as pela minha calça e sigo decidido ao encontro dela. A luz da lua ilumina levemente seu rosto, mostrando o contorno lindo de seus cabelos ondulados.

Sigo em sua direção a passos mais rápidos. Toda essa distancia estava me matando. Eu posso sentir seus olhos em mim mesmo no escuro. Nós tínhamos um jeito único de se comunicar. Não eram necessárias tantas palavras e ou gestos. Às vezes um olhar dizia tudo. Um sorriso rasga meu rosto. Era bom tê-la por perto. Apenas sua presença me fazia bem.

À medida que nos aproximamos eu fico mais nervoso. Como um garoto que vai chamar a menina de quem gosta para o baile. Não sei se eu ajo por impulso ou crio um clima. Eu só sei que eu preciso beija-la, abraça-la... Senti-la.

— Oi... – ela diz com sua voz suave sorrindo para mim.

Abro minha boca para responder, mas não consigo. Não sei o que falar. Definitivamente um garoto.

Acabo com a distancia mínima entre nós e a seguro firme pela cintura. Minhas mãos espalmadas no tecido fino em sua cintura. Sua boca num batom vermelho pedia para ser beijada, e eu não podia negar. Colo seus lábios nos meus num beijo urgente e ao mesmo tempo delicado. Um beijo de saudade e carregado de sentimentos. Os lábios macios de Kate se encaixam perfeitamente nos meus. Cheio de línguas e dentes. Um beijo intenso e molhado. Simples e delicado, assim como nossa relação.

Seu corpo fica tenso no começo. Ela não esperava aquele beijo. Mas logo ela relaxa e se entrega em meus braços. Seguro seu corpo firme contra o meu. Esse momento poderia durar para sempre. Aos poucos o beijo desesperado vai se acalmando, deixando nós aproveitarmos o momento. O toque de sua língua com a minha me faz querer mais, aprofundando o contato. O gosto doce de sua boca faz com que eu deseje não parar nunca mais. Eu não quero solta-la.

Quando finalmente precisamos de ar Kate se afasta, mas não muito. E como se tudo fluísse a favor, a luz da lua está em seu rosto, me permitindo ver o verde escuro de seus olhos, e fazendo eu me perder neles agora.


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Notas finais do capítulo

Até breve ♥



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