I Can't Love You escrita por Mrscaskett


Capítulo 22
Capítulo 22 - Volta ao lar.


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoas. Sim, olha eu aqui de novo hahaha

Bom, eu terminei esse cap agora e fiquei ansiosa para postar. PS: todos sabem que eu sofre de ansiedade, é terrível.

Então aqui vai mais um pouco da viagem do Rick. Espero que gostem.
O nome do cap diz tudo né? então esperem pelo melhor nos próximos cap.

Boa leitura :)



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Desfaço o nó da gravata que apertava meu pescoço e me jogo no sofá. Enfim sozinho novamente. Apenas eu e meus pensamentos. Eu e meus sentimentos. Aquilo foi tudo uma perda de tempo. Apesar de ser uma homenagem digna a Gina, e ter como principal objetivo a arrecadação de fundos para pessoas com câncer, aquilo foi perda de tempo para mim.

As mesmas pessoas de sempre lamentando a morte da minha esposa. Apertos de mãos, abraços e falsos sorrisos. Sorrisos esses que não chegam nem perto dos que eu tinha quando estava no rancho, mais especificamente quando estou com a Kate. Mas fiz minha parte. Cumprimentei a todos e doei. Emocionei-me com as palavras da Senhora Cowell sobre a filha, mas não deixei transparecer.

Saí assim que as homenagens acabaram. Se fiquei mais de uma hora e meia no local foi muito. Aquilo tudo era uma perda de tempo, e todos só estavam ali por algum interesse. Saí de fininho sem que ninguém visse, principalmente minha mãe e Paula. Uma reunião sobre meus negócios há essa hora estava fora de questão.

Ao contrario do que eu pensei, não foi tão difícil encarar tudo isso. Ver fotos da Gina expostas no local. Ver seu sorriso em cada lugar daquele grande salão. Ver as pessoas falando o quanto ela era linda e o quanto gostavam dela fez meu coração se encher de orgulho da minha esposa. Ela era realmente excepcional. Mas me fez perceber também que, mesmo vendo tudo aquilo, mesmo estando em um ambiente que gritava por ela, eu já não sentia tanta dor quanto antes. Fez-me sentir que, talvez, de alguma forma, eu já esteja superando sua perda. Mas mesmo assim não foi o suficiente para continuar lá e encarar aquelas pessoas chatas, que eu mal conhecia, com seus falsos lamentos.

Mesmo na cobertura do meu prédio, eu podia escutar as buzinas e o caos do transito lá embaixo. Eu começava a sentir falta do rancho. Da calmaria e dos sons do vento batendo nas folhas, no meio da madrugada. Eu sentia falta da Kate. Da sua presença todas as manhãs. De seus sorrisos. Seu lindo sorriso.

Eu posso não admitir ou até me recusar a aceitar isso, esse pode até não ser o momento certo, mas a verdade é que a Kate já faz parte de mim. Ela faz parte da minha vida. Dos meus dias. Eu sei e ela também sabe. Aqui não era mais a minha casa. Eu não faço mais parte desse mundo. Minha casa agora fica a doze horas daqui, em um rancho lindo e rodeado de natureza.

Suspiro e levanto. O peso do meu corpo sobre meus pés parecia insuportável. Caminho até o mini bar no meio da sala e me sirvo de uma boa dose dupla de uísque já prevendo da noite de insônia que eu iria ter. Coloco o gelo em um copo e depois derramo a bebida quente. Misturo-os e em seguida bebo um gole, sentindo o liquido ainda quente descer rasgando minha garganta.

Olho em volta, analisando cada lugar da minha casa iluminada apenas pelo clarão da noite que entrava pelas grandes janelas de vidros. Suspiro. Há algum tempo atrás ela estaria aqui comigo. Lendo um livro. Assistindo a um filme. Mas não está mais. Começo a andar pela casa, lentamente, observando cada cômodo, cada móvel. Meu copo sempre na minha mão.

Tudo aqui nos representa. Representa o que somos, o que vivemos, o amor que sentíamos. Tudo aqui era eu e ela. Ela e eu. Se eu estava pronto para me desfazer de tudo? Não. Não estava. Mas era preciso. Eu estou começando uma nova vida. Construindo novas lembranças. E me desfazer dessas, era necessário.

Ando até meu quarto e, lá no fundo, eu posso sentir o seu perfume aqui. Essa casa estava rodeada de lembranças que eu jamais esqueceria. Eu sempre me lembraria de seu cheiro, seu toque, seu olhar, seu sorriso. Mas eu não podia mais viver em função disso. Há um ano eu me dediquei a ela completamente, mas ela se foi, e eu não posso querer ir junto com ela. Não mais. Não quando meu coração já pertence à outra.

Vejo minha mala jogada no chão do quarto, assim como eu a deixei mais cedo. Lembro-me da ultima vez que eu mexi nela, foi para guardar a carta que ela deixou para mim. For Richard. Abro o zíper na parte de trás da mala e puxo envelope. Repito o pequeno adesivo redondo vermelho e abro o envelope. Meu coração começa a palpitar. Perco a coragem de continuar e fecho o envelope novamente. Respiro fundo o guardo dentro do meu paletó.

Como em um impulso, eu levanto e pego minhas roupas dobradas dentro do meu closet. Guardo tudo em uma nova mala e a fecho. Não posso mais ficar aqui. Eu voltei apenas para a homenagem, e agora que acabou eu já posso voltar para minha casa. Sim, o rancho era o meu lar.

Dou uma olhada em volta para me certificar de que não estou esquecendo nada. Levo minhas malas até a sala e pego um bloco de papel que ficava ao lado do telefone. Começo a escrever um bilhete para minha mãe, que, com certeza, ficaria preocupada em chegar e não me encontrar aqui.

— Richard! – a voz da minha mãe me assusta. Eu me viro e a vejo sair de dentro do elevador privativo. Ela olha para as malas paradas perto da saída e me olha. – onde você pensa que vai?

— Embora. – amasso o papel na minha mão e jogo em qualquer lugar da sala. – Estou voltando para o rancho. Não tenho mais nada para fazer aqui.

— Claro que tem. Você tem seus negócios. Tem uma vida aqui. Tem a mim. Não pode simplesmente fugir de novo.

— Eu não estou fugindo. Estou voltando para casa.

— Aqui é sua casa! – ela fala alto. Visivelmente chateada.

— Aqui já foi a minha casa. Agora aqui é apenas um apartamento me dando despesas. Eu preciso voltar para o rancho. Eu preciso ver a... – me calo. Ela não precisa saber de tudo o que se passa em minha vida.

Minha mãe me olha desconfiada. Fecho meus olhos e respiro fundo, me preparando para o que vem a seguir.

— Você conheceu alguém, Richard?

— Não. – minto.

— Richard!

— Mãe, isso não tem nada a ver. Ela é uma amiga.

— Amiga?

— É. Amiga.

— Até quando? – eu a olho firme. Nem eu sei essa resposta.

— Até quando for à hora certa para sermos mais que isso. – digo depois de um tempo.

Passo por ela e pego minhas malas.

— Richard, você não precisa ir. Não precisa fugir de novo. Você pode chorar para mim. Pode contar comigo, você sabe. – ela diz com sua voz embargada. – você não precisa deixar sua vida.

— Mas eu não estou deixando nada. Eu estou voltando. – me aproximo dela novamente. – eu comecei uma nova vida lá, e estou bem assim. – seguro suas mãos. – eu não pertenço mais a essa casa, a essa cidade... Por isso eu tenho que voltar.

— Mas como eu vou saber que você está realmente bem? Você não me diz onde está. Não manda noticia. – uma única lagrima cai pelo seu rosto.

Sorrio para tentar conforta-la e a abraço, apertando-a em meus braços. Ela era a única pessoa que eu tinha na vida. Sempre fomos eu e ela. Eu para ela e ela para mim. E seria assim sempre. Não importa o que aconteça, não importa o quão longe eu estou. Eu sempre estaria pronto para ela.

— Eu estou bem. – reafirmo num sussurro. – lá é o meu lugar.

— Então me deixa ir com você. – ela afasta de mim e me olha. – me deixa ver que você está realmente bem lá.

— Você quer ir? – pergunto firme, querendo que ela vá. Mas no fundo eu já sei a resposta.

Eu estava disposto a leva-la comigo. Eu não queria que ela sentisse que tinha me perdido. Ela só tem a mim.

— Não quero me enfiar no meio do mato. – eu rio. Era bem a cara dela. – mas eu gostaria de ir qualquer dia.

— É só em dizer quando. – ela sorrir. Seus olhos sorriem.

— É bom saber que você não está se escondendo de mim.

— Nunca. – beijo o topo de sua cabeça. – eu te amo mãe.

Dou mais um abraço nela e saio, deixando-a sozinha.

***

Saio do meu prédio e a noite toma conta da cidade. Luzes. Buzinas. Carros. A cidade estava como sempre esteve, movimentada. Olho para o relógio e vejo que já são quase meia noite. Respirei fundo criando coragem para encarar a estrada. Tudo o que eu mais queria era chegar em casa e deitar em minha cama.

Jean aponta estaciona meu carro na porta do prédio e eu lhe agradeço com um sorriso.

— Quando volta Senhor Castle?

— Qualquer dia. – respondo gentilmente e ele acena.

Entro no carro e dou partida. A noite vai ser longa, e eu podia muito bem esperar para pegar estrada somente amanhã. Mas entre passar uma noite acordado pensando na minha vida de antes, e passar a noite acordado dirigindo de volta ao lugar que eu realmente me sinto bem, eu fico com a primeira opção.

A madrugada chega em um piscar de olhos. A estrada tranquila e o vendo fresco que entre pelas janelas do carro, fazem eu me sentir melhor do que antes, mas o silencio já estava me matando. Ligo o rádio e rezo para estar em uma área boa que sincronize em alguma rádio. Logo uma musica começa a tocar. Nunca tinha escutado antes, mas a melodia me agrada. Ela era tão suave e a voz do cantor, que eu não reconhecia, era tão gostosa de ouvir que eu não queria que aquela canção acabasse nunca.

 “Gravity is working againt me

And gravity wants to bring me down..”

A voz macia, e sem nenhum esforço, do cantor faz com que eu me identifique com aquelas palavras. Era assim que eu me sentia. Tinha algo me puxando para baixo. Algo que eu não me deixava sair de um buraco que eu nem sei como fui parar lá. Mas era uma força maior que eu. E, sozinho. Eu não podia contra ela.

 “Just keep me where the light is

Just keep me where the light is

Just keep me where the light is

Come on, keep me where the light is

Away from all the dark”

Sorrio. Aquela musica parecia ter sido feita para mim. Parecia entender os meus problemas. Os meus conflitos. Eu não queria mais ir para a escuridão. Como dizia a canção, eu queria ficar na luz. Na luz que Kate me trouxe. Ela foi mais forte que eu, mais forte que a gravidade, ela me puxou para cima para que eu pudesse voltar a ser quem eu era. Ela me tirou de um buraco que eu já tinha me enterrado a mais de um ano, e não sabia.

***

Assim que entro na avenida que começa a cidade onde eu habito agora, vejo o quanto aqui é movimentado de manhã. O centro da cidade é lotado. Pessoas andam de um lado para o outro a todo o momento. Eu nunca tinha parado para reparar nas pessoas daqui. A cidade não é tão pequena quanto se parece. Não chega aos pés de Nova Iorque, mas com certeza não parece em nada com as típicas cidades do interior. Passo em frente à clínica de Kate e vejo seu carro estacionado na entrada. Minha vontade é parar e ir falar com ela, mas estou cansado demais. Sigo meu caminho até o rancho.

O sol de quase meio dia já brilha constante no céu. A imensidão verde tinha o contraste com a luz do sol. Passo pela grande plantação de girassóis perto do rancho, propriedade de um rancho vizinho ao meu. Nunca tinha reparado, mas eles eram lindos. O cheiro daqui agora parece tão familiar. Era como se a terra tivesse sido molhada por chuva, mesmo que não tenha nenhum sinal de chuva.

Vejo o rancho se aproximar aos poucos. Sorrio em pensar que estou em casa. Assim que entro na propriedade vejo Ryan trabalhando nas flores do jardim, como sempre, enquanto suas filhas brincam embaixo de uma arvore ali perto.

Esposito se aproxima de mim assim que desço do carro, assim como no primeiro dia que estive aqui. Não gosto da forma como ele me olha, queria demiti-lo, mas fazer isso ia deixar a Kate triste, então vou esperar mais um pouco até resolver essa situação com a Kate, e só então, caso seja mesmo necessário, tomar alguma decisão. Dou as ordens para ele levar as malas até meu quarto e saio em direção a entrada principal da casa.

Assim que entro, vejo Jenny na cozinha bagunçada. Nunca tinha visto a cozinha assim. Rio da forma como ela parecia distraída e me aproximo.

— Boa tarde. – digo sério.

— Senhor Castle! – ela se assusta. – eu não sabia que o senhor chegaria hoje.

— Nem eu. – sorrio para tranquiliza-la, ela parece mesmo desconcertada. – dia de faxina? – digo analisando os objetos jogados pela cozinha.

— É. – ela sorrir sem graça. – mas eu posso preparar alguma coisa rápida para o senhor, se quiser.

— Não se incomode. Eu vou subir e dormir, estou cansado. Pode terminar sua faxina a vontade. – sorrio e me viro, mas sair, mas logo me lembro de algo importante. – se a Kate aparecer ou ligar pode me chamar, ok? – ela assente eu sigo escada a cima.

Quando chego ao quarto minhas malas já estão lá, paradas ao lado da porta. As olho na tentação de arrumar, mas estou tão cansado que não vou conseguir. Tiro minha roupa e as jogo em qualquer lugar do quarto. Tudo o que eu preciso agora é de algumas longas e boas horas e sono.

Deito-me na cama e fecho os olhos. Segundos depois me perco em um sono pesado.


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Notas finais do capítulo

A música que o Rick escuta é Gravity do John Mayer :)

Nos próximos tem...... e também tem..... e ...... e......
Tem muitas coisas. Até lá



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