I Can't Love You escrita por Mrscaskett


Capítulo 21
Capítulo 21 - Reviver.


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoas, como estão?

Bom, tive alguns contratempos esses dias e por isso não postei ontem. Mas aqui está mais um cap para vocês. Pela primeira vez não tem caskett nele, mas mesmo assim é um cap importante na história.

Quero agradecer a Babi pela recomendação linda ♥ e a todos vocês por lerem a fic. Fico muito feliz que todos gostem ♥

Não tem muito o que falar, apenas que aproveitem e boa leitura ;)



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Estaciono meu carro em frente ao meu prédio. Mais especificamente o prédio onde eu morava com a Gina. Um apartamento grande na quinta avenida. Grande demais para nós dois. Mas eu costumava gostar, porque no fundo, bem no fundo, eu sempre achei que a Gina mudaria de ideia sobre ter filhos, e aos poucos aquela casa ficaria cheia de castelinhos correndo e quebrando tudo. É impossível controlar o sorriso triste ao pensar naquele, que antigamente, seria uma lembrança boa.

As pessoas entram e saem do prédio a todo o momento. Jean, o porteiro, sempre com um sorriso no rosto abria a porta e cumprimentava a todos, mesmo que não fosse cumprimentado de volta. Ele estava sempre pronto para carregar as sacolas cheias de compras das madames que entravam ali, com o nariz empinado e, às vezes, com um cachorro dentro da bolsa. Bem cena de Hollywood.

Eu quase podia me ver chegando depois de um dia no shopping com a Gina. Ela sempre transformava um dia comum de cinema a dois em um dia de compras. Jean sempre me ajudava a carregar as incontáveis sacolas. Eu nunca reclamei de sua obsessão por sapatos ou da fortuna que ela gastava por semana, afinal, era por causa dela, por causa de seu incentivo, que desfrutava uma vida financeira confortável.

As coisas mudaram quando ela ficou doente, e eu não percebi. Deveria ter percebido. Deveria ter ajudado. Mas eu estava concentrado demais em uma turnê. Gina não comprava mais, não saia mais de casa e mal sorria. Ela não queria ver ninguém, somente eu, seus pais e minha mãe. Ela perdeu a alegria de viver e eu deixei a minha ir junto com ela. Demorei para descobrir o motivo de sua tristeza, mas quando descobri, meu mundo caiu aos seus pés.

Por meses, ela escondeu a doença de mim. Eu descobri da pior forma possível. Ela passou mal no meio da noite e eu a levei para o hospital. Foi lá, pelos médicos, que eu descobri tudo. Sinto meus olhos arderem só de lembrar.

— Senhor Castle? – uma voz masculina me desperta.

Abro os olhos e vejo o médico que a recebeu entrar no quarto. Me levanto, quase sem coragem, e paro a sua frente. Não tenho mias forças. E sinceramente, não sei se tenho coragem para escutar o que ele vai dizer. Eu sinto que é algo muito ruim.

— Como ela está? – engulo o nó na minha garganta. Tento parecer confiante e forte, mas eu sei que não dá para enganar ninguém.

— Eu suponho que o senhor não saiba ainda. – ele pega sua prancheta com alguns papeis pendurados, e fica concentrado ali alguns segundos. Segundos que me matam. – sua mulher pediu restrito absoluto sobre o seu estado de saúde, mas diante da situação eu não tenho escolha. – ele me olha sério.

Sinto um oco no meu estomago e uma vontade súbita de vomitar me atinge. Eu não sou capaz de suportar mais.

— O que ela tem? – pergunto com dificuldade. Meus olhos ardiam das lágrimas que já caiam livre pelo meu rosto.

— Sua mulher vem lutando contra um câncer a alguns meses. – a voz dele vai ficando fraca a meus ouvidos. Meu mundo começou a cair naquele momento, eu quero saber muitas coisas, mas agora eu não consigo nem suportar meu próprio peso sobre meus pés. – o câncer já estava em estado avançado, não tinha mais o que se fazer. O tratamento era apenas com remédios para minimizar os sintomas. – a cada palavra que ele diz eu me desmorono aos poucos. Essa mulher de quem ele estava falando não era a minha, não era a minha Gina. – Agora nós descobrimos mais um agravante. – MAIS UM? Minha mente grita com esse homem que eu nem sei quem é que fala coisas de uma pessoa que eu não conheço. Não é da Gina que ele está falando. NÃO É! – ela está com um tumor cerebral que precisa ser operado urgentemente. Mas a cirurgia é de risco.”

Aquele foi o pior momento da minha vida. Eu fiquei parado na sala de espera do hospital por horas tentando entender o que o médico tinha me falado, tentando entender porque eu não sentia nada enquanto ele fala que a minha mulher ia morrer. Aquelas informações só poderiam ser falsas. Sim, falsas. Não era da Gina que ele estava falando. Não da minha Gina.

Eu não consegui acreditar em nada. Eu só acreditaria se a própria Gina me falasse. Eu convivo com ela todos os dias. Eu durmo e acordo com ela. Eu converso com ela, eu perceberia se algo estivesse errado, certo? CERTO! É impossível ela estar doente e eu não notar.

Bato devagar na porta e entro. Gina está deitada na cama olhando para a janela. A luz do sol entrava no quarto, deixando tudo claro demais. Ela nem se dá o trabalho de ver quem entra no quarto, no fundo ela sabe que sou eu. Aproximo-me e fico a observando em pé ao lado de sua cama. Eu não reconheço a mulher pálida e caquética que está a minha frente. Parece que se passou anos e ela mudou. Mas na verdade só se passaram algumas horas.

— Eu sinto muito. – ela fala com a voz embargada sem me olhar. Ela não tem coragem. Ela sabe que tudo o que eu mais presei no nosso relacionamento foi a verdade, e ela escondeu isso de mim.

Foi horrível descobrir isso assim. Ver minha mulher morrer aos poucos e não poder fazer nada. É horrível, mas mesmo assim eu não consegui sentir raiva dela. Gina estava a minha frente, cansada, pálida, visivelmente mal. Eu não podia sentir raiva dela agora. Não podia.

— Porque você não me contou?

— Estava esperando o momento certo. Não queria que você sofresse.

— SOFRER?! – falo mais alto do que eu gostaria. Gina se assusta e me olha com os olhos arregalados. – Gina eu passei horas naquela sala de espera tentando acreditar que minha mulher estava doente. Sentindo-me o pior marido do mundo por não ter percebido antes. Por não ter te ajudado. – a olho um segundo e vejo seus olhos vermelhos de lagrimas. – eu não te conheço mais, Gina. A mulher que está aqui não é a minha. A minha mulher teria me contado. Teria pedido ajuda. Teria me deixado apoia-la. – mesmo sem querer, minhas palavras saem cheias de mágoa.

As lagrimas correm soltas por seus olhos. É possível ver o quanto ela está frágil. O quanto ela se arrepende. Meu mundo desmorona completamente naquele momento. Na era preciso palavras entre nós. Vou ao seu encontro e a abraço forte. Mantenho-a nos meus braços como se sua vida dependesse disso. Como se eu pudesse protegê-la daquela doença.”

Era difícil lembrar. Todos aqueles momentos ainda eram dolorosos para mim. Eu lutei com ela. Eu a ajudei o quanto eu pude. Mas não adiantou muito. Ela morreu. Gina se rendeu a doença antes que sofresse mais. Era difícil vê-la naquele estado e não poder fazer nada. Dediquei-me a ela, mas não foi o bastante. Eu queria tirar aquela dor dela. Eu queria passar por tudo aqui no seu lugar. Mas infelizmente eu não tinha escolha.

Gina me deixou numa sexta feira. Numa manhã linda e cheia e sol. O céu estava esperando por ela. Mas não foi fácil vê-la ir. Ver os médicos lutarem por sua vida tentando traze-la de volta. Eu vi aquela máquina ridícula apitar em um zumbido constante enquanto ela partia. E depois de dois minutos de linha reta verde o médico deu a hora da morte. 09h43min da manhã eu perdi o amor da minha vida.

Respiro fundo e saio do corro. O vento frio da cidade me atinge em cheio. Encolho meus braços em meu corpo e corro até a entrada do prédio. Não me lembrava de que aqui era tão frio sim.

— Que bom tê-lo de volta, Senhor Castle. – Jean sorrir simpático para mim.

Sorrio em cumprimento e adentro o prédio. Tudo parece tão familiar e estranho ao mesmo tempo. As paredes brancas e o aspecto luxuoso do lugar me lembrava ela. Para Gina, quanto mais luxo melhor. Sorrio ao lembrar do rancho. Apesar de não parecer em nada com Nova Iorque, por dentro, a casa era quase tão luxuosa quanto nosso antigo apartamento.

Entro no elevador privativo e digito a senha para nosso apartamento. Sim, nosso. Esse apartamento sempre seria nosso. Quando as portas metálicas se abrem revelam aquele apartamento gigantesco. As cortinas claras e finas impediam que o sol entrasse por completo. Diferente das últimas vezes que estive aqui, Gina não está ali, parada no meio da sala, com os braços abertos, pronta para me receber. Meus olhos ardem, mas não choro.

Acendo a luz da sala e o apartamento está do jeito que eu deixei. Está sem vida, como se ninguém morasse aqui. E ninguém morava mesmo. Era estranho me sentir assim novamente. Eu encontrei a minha vontade de viver na Kate, e ver essa casa assim era torturante. Vou até as cortinas e as abro, deixando que a luz do sol entre. Mesmo frio, o sol hoje estava lindo na cidade. Fazia-me lembrar das manhãs ensolaradas do rancho.

Ando pela casa lentamente, gravando em minha memória cada pequeno detalhe desse lugar. O anuncio de venda sairia logo, e eu quero vende-lo o mais rápido possível. Eu vivi momentos incríveis com a Gina aqui, mas eu estava disposto a seguir em frente. E não poderia seguir convivendo com essas lembranças.

Eu olho cada lugar e posso ver nós dois ali. A sua presença ainda era tão viva naquele lugar. Eu a via na cozinha me ajudando a preparar o jantar. Vejo nós dois no sofá tomando um bom vinho enquanto admirávamos as luzes na cidade. Ando até meu escritório e vejo o local escuro, igual à sala quando entrei aqui. Abro as cortinas e sento na minha cadeira. Fecho os olhos e sinto-a sentar em meu colo, pedindo para eu dar uma pausa na escrita. Essa mesa de madeira escura, que dava um tom rustico no local, foi palco de muitas noites de amor.

Nós fizemos amor em cada lugar dessa casa. Nossos corpos enroscados era como estar no céu. Entro no nosso quarto e deito na cama. Foi aqui onde fizemos amor diversas vezes, louca e apaixonadamente. A sensação naquela época era de nenhum outro corpo me daria o prazer que ela me deu.

Estar aqui. Rever o local onde eu fui feliz e onde eu sofri, em silencio, nos últimos meses é péssimo. A dor em meu peito é capaz de me fazer explodir. Estar aqui é como sentir aquela amargura novamente. É me sentir tomado por um sentimento rancoroso por tudo o que vivi. Agora é como se eu estivesse me tornando àquele cara que eu era quando sai daqui. Estava acontecendo o que eu mais temia. Eu estou voltando a ser aquele cara rancoroso que eu era quando sai daqui. Eu não queria voltar. Mas Kate estava certa. Eu tinha que enfrentar tudo isso. E tinha que ser agora.

Joguei minha mala de mão no chão, perto da cama, e tirei minha roupa. Entre no banheiro e me joguei debaixo d’água. Tudo o que eu precisava agora é um banho. Um banho gelado, que acorde e me faça ver que eu não sou mais aquele cara rancoroso. Kate me mostrou o que é a vida, e é nisso que eu tenho que pensar. A água cai em meu rosto. Fria. Forte. Fecho os olhos e prendo a respiração, deixando que ela molhe o meu corpo inteiro.

Depois do banho eu visto uma roupa folgada e caio na cama. Passar a noite viajando não é fácil, principalmente dirigindo. Meus olhos ardem de cansaço. Deito do meu lado habitual da cama e me agarro nos travesseiros. O cheiro de flores de invade. O cheiro dela ainda está aqui. Depois de um mês, o cheiro dela ainda está aqui. Esboço um sorriso. Ele ainda causa o mesmo efeito em mim. Acalma-me. Acomodo-me na cama e me deixo levar por um sono profundo.

***

Um zumbindo insistente me acorda. Abro os olhos, ainda pesados de sono. Olho em volta e vejo que está tudo tranquilo. Foi um sonho, penso. Volto a fechar os olhos e a me acomodar na cama, até um novo zumbido me incomodar. Meu celular! Ergo a cabeça e vejo a tela brilhando por baixo do lençol fino da cama totalmente desarrumada. Pego a aparelho e vejo a foto da minha mãe nele. Ignoro. Não quero falar com ela agora.

Tento voltar a dormir, mas não consigo. Por mais que esteja cansado, eu não consigo. Olho as horas e vejo que ainda são três horas da tarde. Tenho tempo até a hora da homenagem. Sento-me na cama e olho pelo meu quarto. Espreguiço-me e levanto. Sem pensar muito, vou até o closet. Acendo a luz e fico observando o local por algum tempo.

Começo a separar minhas roupas para levar comigo, estava começando a ficar sem opções lá no rancho. Coloco minhas roupas dentro da mala e junto minha coleção de relógios, até me deparar com as joias dela. Gina tinha uma incontável coleção de joias. Pulseiras, brincos, colares... Tudo o que eu dei para ela no decorrer desses anos.

Abro mais sua gaveta de joias e vejo uma caixa florida escondida no fundo da gaveta. Era ali que ela guardava suas coisas mais intimas. Pego o objeto e vou em direção à cama, esquecendo o real motivo para eu estar ali. Devagar, abro a caixa pequena em minhas mãos. Logo de cara vejo algumas fotos dela pequena com os pais. A mesma foto que tinha exposta na nossa sala, só que maior. Pego um pequeno papel amassado, com um poema de amor que eu fiz para ela quando saímos pela primeira vez. Embaixo, depois de alguns cartões de viagens, tinha nossa primeira foto. Ver tudo isso faz meus olhos encherem d’água. Mas não de tristeza, e sim de saudade. Esses foram ótimos dias.

Estou a ponto de colocar todas as coisas de volta a caixa, mas percebo que tem um fundo falso. Com cuidado, viro a caixa de cabeça para baixo, deixando a cama de madeira falsa cair em minhas mãos. Junto com elas, algo grosso. Retiro-o totalmente da caixa e admiro o objeto. Era um livro. O meu livro. Mais especificamente meu primeiro livro. Sem meu nome, sem capa, sem nada. Apenas rabiscos de um personagem baseado nela, na minha Gina.

Nunca foi publicado. Apenas ela tinha lido. Eu a presenteei quando nos casamos. Foi com esse objeto em nossas mãos que, sozinhos no nosso quarto de lua de mel, prometemos sempre descobrir coisas novas um sobre o outro, para que nunca caíssemos numa rotina ou deixássemos de nos amar.

Folheio o livro devagar, vendo as palavras riscadas em meio a um paragrafo. De repente me deparo com algo no meio do livro. Um guardanapo de papel em formato de rosa. A mesma que eu fiz quando nos conhecemos no refeitório da faculdade. Ela guardou por todos esses anos.

Richard!— uma voz soa pelo meu apartamento.

Estava tão envolvido nessas lembranças que não escutei a porta abrindo. Mas eu reconheço essa voz, e deveria esperar por isso. Eu não atendi seu telefonema e o próximo passo, com certeza, era vir me procurar. Jogo todas as coisas dentro da caixa de qualquer maneira e fecho. Mas o livro ainda está em minhas mãos. Atrapalho-me na hora de guarda-lo dentro da minha gaveta e tudo que estava guardado dentro dele cai. Apanho de qualquer maneira e guardo dentro da gaveta, lamentando as folhas amassadas.

Apago a luz do closet e volto para o quarto, mas me deparo com um papel em cima da cama. Aproximo-me para pega-lo, mas aquelas letras me causam um efeito. Era dela. Um envelope amarelado com sua letra escrito “FOR RICHARD”. Pego a carta e guardo dentro da mala, que ainda estava no chão.

— Richard! – a voz de minha mãe me assusta novamente. Olho para a porta do quarto e lá está ela.

— Mãe! Você me assustou. Não sabe mais bater na porta? – sigo até ela e lhe dou um beijo. Apesar de tudo, eu sentia sua falta.

— Você chega e não avisa nada. Fiquei preocupada. – ela faz sua melhor cara de drama. Uma bela atriz. – o Jean me disse que você já estava aqui, por isso subi.

— Eu cheguei há pouco tempo. Fui dormir. – falo indo em direção a sala e me jogando no sofá.

— Olha para você. – ela fala apontando para mim. – está magro, pálido. Onde você se enfiou a final?

— Eu estou bem. Não se preocupa. – ela ainda me encara com seus olhos azuis, quase transparente, preocupados. Eu guardo na memoria cada e pequeno detalhe dela. Eu senti falta da minha ruiva. Como sempre, sua roupa e seu cabelo eram impecáveis. Para dona Martha, estar bem arrumada no dia a dia era fundamental.

— Por onde você esteve meu filho? – ela adota sua voz preocupada e macia. Senta-se ao meu lado e segura minhas mãos. – você sumiu logo após o velório, fiquei preocupada.

— Eu estou bem mãe. Comprei uma casa em uma cidade há algumas horas daqui. Estou bem. – reafirmo.

Seus olhos se enchem de lágrimas e eu a colho para um abraço novamente. Seus abraços me apertam forte contra seu corpo, assim como quando eu era criança e saia de casa sem avisar. Ela é apenas uma mãe preocupada, e eu um filho que não avisou onde estava indo. Sussurro um eu te amo para ela e sinto um sorriso se formar em seu rosto.

— Você parece bem. – Ela diz quando se afasta de mim, mas não muito, apenas o suficiente para me olhar. – parece diferente.

— Você acha?

— Sim. Pelo menos parece melhor do que a ultima vez que eu te vi. – sorrio.

— Eu estou bem. Só precisava de um tempo.

— Por isso comprou um rancho no fim do mundo? – sua voz e sua feição agora são de reprovação.

Não falo nada. Desvio meu olhar do dela e acabo com nosso contato.

— Mark contou, não foi? – pergunto já sabendo a resposta. Era óbvio. Ele era a única pessoa que sabia. Não existe mais sigilo entre cliente e advogado.

— Não importa. – ela levanta e arruma a roupa em seu corpo. – Você voltou, é isso que importa agora. A Paula já me arrumou sua agenda. Você vai votar na turnê do seu ultimo livro em breve, agora você que tem que tomar conta da editora. – ela me olha firme. – a Paula não sabe mais o que fazer lá, e está me deixando louca.

Eu fico apenas parado observando-a tomar conta da minha vida. Uma vida que eu não queria mais. Que eu não fazia mais parte. Ela estava à frente dos meus negócios por opção, eu não pedi isso. Então ela não pode reclamar. O Mark sempre cuidou de tudo.

— Mãe, eu não vim para ficar. – falo quando ela se cala. – eu já coloquei esse apartamento a venda.

— Como não? Você escutou o que eu acabei de dizer? – o sorriso de antes já não existe mais.

— Eu estou bem como estou. Não pretendo voltar agora. – ela pisca algumas veze, mas não fala nada. – eu vou continuar administrando tudo de longe, como tenho feito até agora.

— E seus livros? Sua carreia?

— Não haverá mais turnê. Nem sei se ainda vou escrever... – essa ultima parte sai mais como um sussurro, mas ela escuta.

— Você está desistindo de sua carreira, é isso?

— Não. Eu só estou dando um tempo.

— Richard! – ela fala alto e eu me altero.

— Não! Sem Richard. – levanto impaciente. – eu não desisti da minha carreira, está bem? – falo depois de um tempo. – despois que a Gina morreu eu não tenho tido inspiração para escrever... Ela se foi e levou junto meu dom de escrever. Minha inspiração. – paro um segundo e sinto meus olhos cheios de lágrimas, prontas para cair. – eu não consigo mais. – desabafo em uma voz fraca.

Ela se aproxima de mim. Devagar, com receio. Fecho os olhos e tudo o que eu sinto são seus braços me acolhendo, exatamente como quando eu era pequeno e tinha medo. A calma e a paz que seus braços me trazem são reconfortantes. É uma sensação inexplicável. É maravilhoso.

— Richard, eu sou sua mãe. Você pode chorar a vontade. – ela diz quando eu me afasto de seus braços.

Eu a olho um segundo, mas nego com a cabeça.

— Eu preciso me arrumar. – digo e saio caminhando até meu quarto.

Fecho a porta atrás de mim e me tranco. Não gosto que me vejam chorar, até mesmo minha mãe. Esse é meu ponto fraco. Esse é o meu lado mais frágil. Não gosto de demonstrar fraqueza. Nunca, ninguém, nem a Gina, me viram chorar.

Olho o terno preto bem passado no sofá do meu quarto. Não tinha percebido ele ali até aquele momento. Só então eu percebo que chegou a hora. Era hora de reviver o pior dia da minha vida.


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Notas finais do capítulo

FINALMENTE MARTHA NA HISTÓRIA O/

ela vai ajudar ou..... :s



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