Josh estava aqui! Eu não posso nem acreditar!! A raiva que eu sentia se foi assim que eu o vi. Eu pedi e ele veio. Ele não se importou com dinheiro, com o quanto isso era absurdo, ele simplesmente veio. Não consigo conter minha alegria.

Desde que Castle tinha vindo com o papo de vender os cavalos eu entrei em desespero. A única pessoa para quem eu poderia pedir ajudar era o Josh. Ele é dono do Haras da região. Eu trabalho lá e conheço bem o local. Nós já havíamos conversado em comprar alguns cavalos para ele, mas nunca mais tocamos no assim. E essa era a hora perfeita.

— Desculpe Senhor Castle. Mas eu não via a Kate a um tempo, e eu estava morrendo de saudade da minha gata. – reviro os olhos. Eu odeio quando ele me chama assim.

Josh aperta a mão na minha cintura e eu rio. Era bom demais tê-lo aqui comigo.

— Sem problema. Me chame de Castle. Senhor fica muito formal. – ele diz todo sério.

— Josh é dono do Haras onde eu trabalho. – Castle não diz nada, apenas concorda com a cabeça.

Não sei porque, mas o jeito que ele me olha é estranho. Me sinto incomodada em está aqui com ele, e o Josh me agarrando. Como a me sentir sufocada com isso.

— Lá é apenas um lugar para as pessoas guardarem seus cavalos. Quando elas querem, aparecem lá e praticam um pouco, mas a maioria do tempo não estão por lá. Eu estava pensando em expandir meu negócio, dar a oportunidade a quem não pode ter um cavalo de raça a fazer algumas aulas de equitação. Vai ser bom ter competidores da região.  Foi então que Kate me deu uma grande ideia.

— É mesmo? E qual é? – Castle olha diretamente para a mão de Josh na minha cintura. Mais uma vez o incomodo bate, e eu me afasto do Josh imediatamente.

— Eu falei com Josh que ele poderia comprar os seus cavalos. Afinal eles são ótimos para treinar.

— E assim eu poderia aluga-los por hora de aula. Facilitaria mais o meu trabalho.

— É, mas isso já faz tempo. Foi antes de....

— De eu decidir que não iria mais vende-los. – ele diz sério olhando para o Josh. – Passar bem.

Um aceno com a cabeça e ele sai. Ele parecia bravo comigo, ou com o Josh, não sei.

— Nossa. Como você aguenta esse cara? – Josh pergunto se voltando para mim, mas tudo o que eu conseguia ver era o Castle entrando no celeiro a passos largos.

— Ele não é sempre assim. – dou os ombros e volto minha atenção para ele. – como foi a viagem?

— Ótima. Acabamos de chegar, e... – ele levanta a mão esquerda dele com um anel masculino lindíssimo.

— NÃO! – digo boquiaberta e seguro sua mão nas minhas.

— SIM. SIM. SIM. – ele diz tentando conter sua animação.

— Demming te pediu em casamento? – eu não consigo tirar os olhos naquele anel cravejados de diamantes. Josh era realmente um homem de sorte. Não só pelo anel, mas porque ele encontrou o amor da vida dele, e agora vai passar o resto da vida com ele.

— Foi uma noite incrível. Uma noite antes de embarcarmos de volta para cá.

— OMG! Eu preciso saber dos detalhes. – solto sua mão e olho para seus lindos olhos claros brilhantes. – eu quero saber de tudo depois.

— Eu sei.  – ele diz usando sua voz mais gay. Eu não consigo deixar de rir. – agora já vou indo. Vai lá cuidar do seu homem bravo.

— Meu o quê?! – me forço para não rir.

— Ah, não me vem com essa. Eu sei que você está caidinha pelo Senhor Coração de Gelo ali. – ele diz apontando para o celeiro. – e quando ele se faz de bravo fica um gato.

Dessa vez eu não controlo minha risada.

— Tchau Josh. – digo empurrando ele em direção ao seu carro.

— Tchau gata, eu te amo. – ele grita.

— Eu também. – ele pisca e entra no caro.

Vejo ele sair e o sorriso não sai do meu rosto. Josh era meu melhor amigo desde a faculdade. Ele me entendia melhor que ninguém. Nós fingimos sermos namorados para os pais dele por um tempo, até ele ter coragem o suficiente para se assumir gay.

Ainda com um sorriso no rosto eu entro no celeiro, e encontro Castle sério servindo ração para os cavalos. Sua mandíbula está rígida, e eu tenho certeza que ele está com raiva de mim. Talvez por ter tentado comprar os cavalos dele. Mas seja lá qual for o motivo, vou ignorar. Vou agir como se nada tivesse acontecido.

— Precisa de ajuda? – digo me aproximando dele. Castle me olha de lado e faz que sim com a cabeça. Era difícil servir ração com apenas um braço.

Pego o saco de sua mão e começo a servir a comida dos animais. Castle me observa minuciosamente, me acompanha em cada passo que eu dou. Tudo isso em silencio, um silencio torturante. Quando finalmente termino de servir todos os cavalos, vou nos fundos guardar a ração e quando volto, encontro Castle sentado no chão, nada limpo, do celeiro. Me aproximo devagar e me sento ao seu lado.

— Obrigada. – digo baixinho puxando assunto.

— Pelo o quê? – ele me olha sem entender.

— Por desistir de vender eles.

— Eu não vendi por você. – ele diz, olhando diretamente em meus olhos. – mas pensando bem, acho que se eu vendesse para o seu namorado eles iam finalmente ser seus.

Ele continua falando algo que eu não consigo compreender. Parei de escutar quando ele falou “namorado”. Me seguro para não rir na cara dele. Namorado? Eu sabia que ele ia pensar isso.

— Castle, em primeiro lugar aqui é o lugar dele. Eles cresceram aqui, e não há lugar melhor que a nossa casa. E em segundo.... Namorado? – Pergunto franzindo a testa.

Não é tão difícil de imaginar que ele fosse pensar nisso. Josh não parecia, nem de longe, gay. Ele é um cavalheiro, principalmente com mulheres. Se eu não fosse tão amiga dele até poderia flertar com ele em um bar, mas é só conversar dez minutos com ele depois de uns drinks que ele se liberta. Solta todo o seu lado gay sem se importar em quem está ao seu lado.

— Eu vi vocês. – Ele diz voltando seu olhar para frente, se negando a me olhar.

Eu realmente queria rir da cara que ele fez agora. Parece uma criança emburrada. Me levanto e me ajoelho em sua frente, obrigando-o a me olhar. Não sei porque, mas eu sinto que preciso explicar tudo para ele.

— Ele não é meu namorado. – Digo e ele bufa, desviando o olhar. – Ei? – Espero uns segundos até ele me olhar novamente. Toco seu braço, sentindo os músculos que ele escondia por baixo daquela camisa de manga longa. – Ele é gay, Castle. – Digo de uma vez.

— Gay? Conta outra, Kate. – Ele parece tão chateado com isso, que essa cara séria e emburrada ao mesmo tempo faz ele parecer ainda mais lindo. – Eu vi vocês dois se beijando, ok?

— Não, você viu ele me beijando. E é assim que nos cumprimentamos. É assim que ele cumprimenta as pessoas. Isso não quer dizer que nós namoramos.

— Ele me cumprimentou com um aperto de mão. – Eu rio.

— O que foi? Ficou com ciúmes, Castle? Queria um beijo na boca também? – Pergunto me divertindo com a cara que ele faz.

— Não, né! – Ele revira os olhos e eu tenho quase certeza que ele aprendeu essa mania comigo. Eu reviro os olhos para tudo. – eu ouvi ele dizer que te ama.

— Somos amigos. – dou os ombros, mas ele ainda não acredita em mim. – Castle ele estava com um anel de noivado. Ele está quase se casando com o namorado, você consegue entender isso?

— Sim. Isso eu entendo. Eu só não entendo porque ele te beijou. – eu sorri olhando para ele. Ele estava chateado por causa do beijo, e uma veia saltava na sua testa demonstrando o tamanho de seu incomodo com isso. É para eu ficar feliz com isso, não é?

Eu estou presenciando uma pequena cena de ciúmes. E talvez, talvez, com um por cento de chances, Castle esteja me vendo do mesmo jeito que eu o vejo.

— Se isso te incomoda tanto, eu vou pedir para ele não fazer mais isso. – ele me olha firme por um instante.

— Porque você faria isso? – essa pergunta poderia ter varias respostas, mas antes que eu possa responder, uma vozinha fina me interrompe.

— TIA KATEEEEE. – me viro e vejo Jolie e Ana correndo até mim.

Assim que elas veem Castle elas param. Ele estava sentado no chão com os braços apoiados nos joelhos, e eu de joelhos em sua frente, com a mão acariciando seu braço.

— Oi meus amores. – digo abrindo o sorriso, mas elas parecem encabuladas com a presença de Castle. – venham aqui, ele é feio mas não morde.

— Ei! – ele protesta e eu rio.

Devagar, as meninas se aproximam. Ainda com um certo receio de Castle.

— Cadê meu beijo? – pergunto já abrindo os braços para acolher as duas num abraço só. Elas quase me derrubam, e isso faz Castle rir, dando um leve gargalhada.

— Porque estão acordadas tão cedo? Pensei que estivessem de férias. – pergunto ajeitando os cabelos loiros de Ana atrás da orelha.

— Nós já decidimos o nome do cavalinho. – diz Jolie.

— É mesmo? Qual será?

— Espera. O cavalo é meu sabia? Eu deveria participar da Escolha. – Castle faz sua melhor cara de ofendido, e eu sorrio.

— A gente pode trocar ideia então. – Ana diz animada.

— A Tia Kate pode decidir. – Jolie completa.

— Porque eu?

— Porque você é a adulta aqui. – Castle diz e isso me faz rir lembrando da tarde ontem. – Ok. Meninas, vamos fazer assim, nós vamos olhar para ele e cada um vai dizer um nome que combine com ele, certo?

— SIIIIM. – elas dizem animadas.

Nós nos levantamos e vamos até o estabulo onde o potro e a Juma estavam. Castle pega Jolie nos braços e a coloca sentada na grade da porta do estábulo. Ana estava em meus braços, rodeando meu pescoço com seus bracinhos finos.

— Eu acho que ele tem cara de Cosmo. – Castle é o primeiro a falar.

— Cosmo? Que nome horrível Castle!

— Melhor que Matilde! – ele diz dando os ombros e eu não posso discordar disso.

— Eu acho que ele tem cara de Bob. – diz Jolie.

— Bob é nome de cachorro meu amor. – digo alisando seus cabelos.

— E que tal Glee? É o meu seriado favorito – diz Ana, e eu não posso deixar de rir, ela ama esse seriado.

— Não, ele é meu xodó, não pode ter nome de seriado. – protesta Jolie.

— Está aí um nome. Xodó. – elas me olham curiosas.

— Porque? – Ana pergunta.

— Porque ele é pequeno e é o xodó daqui. – Castle diz, como se lesse meus pensamentos.

— Isso. – concordo sorrindo olhando pra ele.

— Vem cá xodozinho. – Jolie chama estendendo seus bracinhos e o potro reage, vindo até ela. Ana se segura na grade e fica ao lado da irmã.

— Eu acho que ele gostou do nome. – Castle diz e eu me aproximo dele, vendo as meninas brincarem com o Xodó.

Quando eu finalmente convenço as duas a deixarem o pequeno Xodó descansar elas saem correndo do celeiro. Elas não param um segundo, era impossível fazer elas pararem. Eu e Castle vamos andando atrás delas, vendo as duas correrem pela grama verde em nossa frente.

— Você foi ótimo com elas. – Digo quebrando o silencio.

— Eu adoro crianças. Sempre quis ter filhos. – Ele diz olhando fixamente para frente. – a Gina não podia ter filhos, e nem queria adotar. Então não tive muita escolha, - ele solto um sorriso triste e continua andando.

— Mas você ainda é jovem. Muita coisa pode acontecer. – ele dá os ombros.

— Eu duvido muito... – Castle me olha. – E você, Kate. Não tem namorado, noivo, marido, ou nada tipo?

— Não. – digo rindo. – mas ainda vou encontrar alguém legal com quem eu possa ficar e seguir a vida, sempre juntos.

— Você vai encontrar. – ele diz olhando pra mim e sorrir.

— Eu sei que vou. – eu sorrio para ele um pouco envergonhada.

Tudo o que eu queria era poder ter alguém para mim. Para me apoiar, para me aconselhar, para me manter segura... para formar uma família comigo. Esse sempre foi meu sonho desde de menina, ter uma família. E se fosse para escolher alguém, eu escolheria o homem que está ao meu lado agora.