Prólogo

Pov Clary

Ruínas. Pedras e ruínas eram tudo que sobravam do que até ontem antes do crepúsculo era o meu lar. Um falso lar, mas ainda era melhor do que o quarto em que estava agora naquela mansão, como uma prisioneira.

 Fechei meus olhos tentando lembrar em como ontem tudo parecia promissor na minha vida, e como hoje tudo estava acabado. Toda minha vida era uma mentira e a verdade era realmente insuportável.

 Eu acordara como uma princesa adorada pelo meu povo, e agora eu não passava do corpo que carregava uma maldita pedra mágica praticamente igual a um cabide que só serve para pendurar um vestido bonito. Ninguém se importava com o cabide e era assim que me sentia.

  Não sabia se minha história era mais trágica ou patética, me apaixonar pelo meu inimigo, que me enganou só para se infiltrar em nosso castelo, ou descobrir que ele na verdade era meu irmão, não conseguia decidir qual das duas era a pior coisa que havia me acontecido.

  Fui tirada de meus pensamentos quando ouvi a porta batendo e senti o perfume dele invadir minhas narinas. Ele insistia desde ontem a noite de vir de três horas para deixar comida, mesmo vendo que eu não a comia. E tentar falar comigo, mesmo não obtendo nenhuma resposta.

 - Sabe você não vai poder me ignorar pela eternidade, Clarissa. – ele falou e esperou alguns minutos antes de desistir e ir embora mais uma vez.

  Em uma coisa ele estava certo, não pretendia ficar ali presa pela eternidade, mesmo que os meus carcereiros se intitulassem minha verdadeira família. Afinal de contas meu suposto pai só queria a mesma coisa que todos os outros, a maldita pedra. E tudo que eu queria era a minha liberdade. De todos eles.

    Mas principalmente dele. Jace, ou Jonathan, pouco me importava o verdadeiro nome dele. Tudo que eu desejo agora é poder ir pra algum lugar bem longe, onde eu não vou vê-lo nem saber dele nunca mais.

Pov Jace

   Entrei no meu quarto batendo a porta sem me importar se iria assustar Isabelle que estava esperando por mim.

    - Pelo visto ela continua não falando com você. – disse ela enquanto folheava um livro distraída.

     - Como desde que ela chegou aqui.

  - Bem, eu também não falaria com você se soubesse que fui enganada. Nenhuma garota gostaria disso.

   - Está ajudando muito, Izzy. – disse me jogando numa poltrona.

    - Estou sendo sincera, você já tem Alec pra passar sempre a mão na sua cabeça. Claro que ela iria odiar você. O que estava esperando?

   - Eu já sabia disso! Eu preciso de ajuda pra que ela pelo menos volte a falar comigo, mesmo que seja pra me xingar, jogar a comida em mim. Odeio que ela me ignore. – disse suspirando.

   - Bem quem sabe tenha um jeito. Diga para ela que você não mentiu totalmente, conte pra ela que está mesmo apaixonado. Aposto que pelo menos se levantar e jogar os pratos na sua cabeça ela vai.

   - Você acha mesmo?

   - Jace... Não pode ficar pior do que está, pode?

  Nisso Izzy tinha razão, eu duvidava que ela podia me odiar mais do que já odiava.