Harry Potter e... escrita por VSouza


Capítulo 53
Capítulo 6 - De Volta à Hogwarts


Notas iniciais do capítulo

Repostando :)



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Amy olhou confusa para onde tinha aparatado. Só quando deu meia volta e olhou para o alto percebeu onde estava. O castelo de Hogwarts se erguia sombrio e familiar na noite, alguns quilômetros de distância da onde estava. Ele já não era mais tão iluminado como nos outros anos. Olhou em volta, percebendo que estava em Hogsmeade, já que não podia aparatar na propriedade do castelo. A conversa com Petúnia deve ter deixado Hogwarts nos pensamentos da garota e quando desaparatou foi parar ali.

Amy logo esqueceu a conversa que acabara de ter com Draco, apesar de toda a adrenalina ainda estar no seu corpo. As casinhas e as lojas dali lhe trouxeram tantas lembranças boas que Amy teve que segurar as lágrimas para não chorar. A saudade veio como uma onda forte, assim como a dor e o arrependimento. Ela queria tanto estar com seus amigos agora, queria tanto que essa guerra acabasse e que tudo voltasse ao normal… mas para a guerra acabar, era necessário derrotar Voldemort, e o único jeito disso acontecer era com a morte de Harry, o que era a coisa mais injusta e cruel de toda a história bruxa.

Ela não conseguiu segurar as lágrimas com aquele pensamento, e seus joelhos tombaram na fina camada de neve que já começava a se formar naquela região do país. Não havia nada que ela poderia fazer para salvar Harry… simplesmente nada. E não podia apenas fugir para junto dele. Era a única pessoa que sabia da verdade e… na verdade, não a única.

Amy ergueu os olhos umidos para o castelo. Snape estava lá dentro, em algum lugar exercendo o cargo de maior poder da escola, um falso sucessor de Alvo Dumbledore. Aquele pensamento a enraiveceu. Todo o ódio, dúvida e mágoa que sentia por aquele homem voltaram para o sua cabeça e Amy se levantou decidida a encontrar ele naquele castelo.

Conjurou uma vassoura velha que havia dentro de uma loja qualquer. Estava tão decidida que seu patrono não teve problemas para afastar os dementadores na barreira da escola; ninguém a veria se aproximar pois a noite já havia caído. Amy voou até a janela da sala do diretor, abriu com um alohomora e entrou batendo os dois pés com força no chão de pedra.

A familiaridade da sala a fez congelar no lugar; muitos objetos de Dumbledore ainda estavam ali, como se o diretor ainda estivesse vivo. O ambiente estava iluminado por poucas velas e Snape não estava presente. Ela deu meia volta, olhando as poucas mudanças da sala, quando uma voz conhecida falou baixo e claro, fazendo os pelos da sua nuca levantarem.

—Boa noite, Amy. - a voz de Dumbledore soou calma em seus ouvidos.

Amy paralisou no lugar e engoliu em seco antes de se virar e encarar surpresa o novo quadro na parede de pinturas dos antigos diretores. Alvo Dumbledore olhava calmo e sorridente para ela. Tinha esquecido totalmente que um dia poderia voltar a ver o rosto e ouvir a voz do diretor e, depois de tudo, por mais que achasse que odiava Alvo, aquilo aqueceu demais seu coração.

—Professor. - ela o comprimentou num sussuro que era uma mistura de alívio e apreensão. Apesar da surpresa em ver ele, não podia esquecer que aquele não era o diretor, era apenas uma pintura no quadro.

—Ousadia sua entrar pela janela. O que faz aqui? - ele perguntou curioso.

—Eu… vim falar com Snape.   

—Entendo. - ele disse apenas.

Amy assentiu com a cabeça, ficando nervosa com o encontro… e com o que ia acontecer assim que Snape chegasse naquela sala. Ela poderia realmente entrar numa encrenca se as coisas dessem errado. Sua farsa poderia ir por água abaixo, mas ela precisava tirar aquela história a limpo. Estava tão nervosa e ansiosa que as palmas de suas mãos pingavam suor.

—Professor? Por algum acaso teria alguma bebida alcoólica aqui? - ela perguntou.

Dumbledore deu um sorriso simpático pra ela.

—Segundo armário à esquerda.

Amy desceu os degraus até os armários. Pegou um copo largo e baixo e um Whisky de Fogo. Sem nenhuma culpa, encheu metade do copo e virou tudo em dois goles, depois voltou a se servir mas não virou dessa vez. Ela pegou a garrafa e o copo e sentou nos degraus da sala, de costas para os quadros, ignorando os resmungos de desaprovação de alguns ex diretores.

—Dumbledore. - ela chamou nervosa. - Você se lembra do que aconteceu na Torre de Astronomia? Lembra do que Snape fez?

—Obviamente. - falou o ex diretor.

—Você o odeia por isso?

—Não, de modo algum.

Amy assentiu com a cabeça, tomando mais um gole da bebida. Porque você não odiaria a pessoa que te matou?

—Você sabia que Draco não ia te matar.

—Eu contava com isso.

—Contava que não morreria com aquele plano?

—Não exatamente.

Amy suspirou e tomou mais um gole da bebida, não querendo acreditar nas inúmeras hipóteses que se formavam em sua cabeça. Uma enorme angústia se formou dentro de si.

—Você não o perdoaria. Não pode ter perdoado. - Amy disse baixinho, tomando outro gole.

Uma lágrima silenciosa escorreu pelo seu rosto. Ela sequer sabia porque estava chorando. Talvez porque não aguentava mais o mistério daquela história, ou talvez porque sentia saudades de ser uma simples estudante naquele castelo. Ou talvez era uma mistura de tudo.

Uns vinte minutos se passaram até que um quinto da garrafa de Whisky se foi e ela finalmente ouviu alguém subindo as escadas. Olhou para a porta, depois colocou o copo na altura dos olhos e fez o líquido se deslocar de um lado para o outro do recipiente. Quando a porta se abriu, viu a surpresa de Snape quando ele parou de andar de repente assim que a viu sentada ali, e a encarou por alguns segundos, até que ela finalmente disse.

—Eu fui extremamente rude. Não brindei quando você foi eleito novo diretor de Hogwarts… então… - Amy ergueu o copo e deu um sorriso para ele. - à você! - e virou o resto da bebida.

—O que faz aqui? -ele perguntou cauteloso e sério, olhando da garota para o quadro de Dumbledore.

—Não vim lutar, se é o que pensa. - Amy pegou sua varinha e a colocou no chão à sua frente, demonstrando o que acabara de dizer.

—O que te fez pensar que podia pegar do meu estoque particular? - ele disse, olhando a garrafa na mão dela.

—Sobrou bastante pra você, se quiser. - ela levantou a garrafa, mostrando que estava quase cheia.

—O que veio fazer aqui, Green? -ele disse impaciente.

—Perguntas! Vim fazer perguntas, Snape, um monte delas. -Amy se levantou e andou até ele - E você vai me responder todas com a verdade.

—Isso é algum jogo?

—Eu faço as perguntas! - ela disse, apontando para si mesma - Pergunta número um: você me salvou da queda na noite em que tiramos Harry da casa dos tios dele?

Snape a olhou inquieto, vendo que não havia ataque no tom de voz da garota. Apenas cansaço e um pouco de ansiedade.

—O que te faz pensar isso?

—Não, não, eu faço as perguntas! - ela disse um pouco angustiada. - Você. Me salvou. Da queda da vassoura. Naquela noite?

Snape a encarou por alguns segundos antes de responder.

—Salvei.

Amy manteve o olhar nos olhos dele, e pareciam sinceros.

—Ok. - ela disse e respirou fundo. - Você contou à Voldemort que parte da alma dele vive em Harry?

—Contei que o Potter é um tipo de horcrux? Não. O Lorde das Trevas saberá no momento certo.

—Que momento certo?

—Quando o garoto estiver pronto para morrer.

Amy franziu as sobrancelhas. Um milhão de perguntas apareceu em sua mente, mas ela se manteve focada.

—Qual é a verdade por trás da morte de Dumbledore? - ela perguntou ávida, como se tivesse esperando essa resposta a vida toda.

—Green…

—Conte à ela, Severo. - a voz de Dumbledore interrompeu os dois, que olharam para o quadro.

—Alvo… -Snape começou a falar mas Dumbledore o cortou.

—Se não falar, eu mesmo falo. - disse o professor com calma.

Snape olhou desgostoso para os dois, então pareceu ceder.

—Um dos motivos de eu ter matado Dumbledore era porque ele já estava condenado à morte. O bruxo mais inteligente do mundo foi estúpido o suficiente para colocar um anel amaldiçoado e encher seu corpo de magia negra.

Amy olhou surpresa para o retrato do diretor e se lembrou da mão enegrecida do dele, depois pensou no anel do Avô de Tom Riddle.

—Morreria em poucos meses. Antes disso, antes de Draco conseguir completar sua missão suicida, eu deveria matá-lo. Eu, e nunca o garoto. Era o único jeito de Lorde Voldemort confiar plenamente em mim. -ele disse seco.

Amy deu um passo para trás, incrédula.

—Então… já estava combinado? - ela disse baixo.

—Exato. - Snape disse.

Amy olhou para o quadro do ex diretor, que ainda a olhava com serenidade.

—Você encomendou sua morte com Snape? Todo aquele tempo passou… sem contar à Harry… E Snape aceitou fazer isso…

—Bem, ele me devia alguns favores. - Dumbledore disse com um pouco de humor na voz.

—É, eu descobri.

Amy olhou para Snape, para aqueles olhos negros e profundos que tinham tanta raiva e remorso dentro. Mil lembranças dele se passaram pela sua mente, desde o terceiro ano, onde realmente começou a ter contato com ele, até o momento na mansão Malfoy. Ele ficou desconfortável com o jeito que a garota o olhou, mas permaneceu em silêncio, esperando a próxima pergunta.

—Você… - Amy precisou respirar algumas vezes e colocar os pensamentos em ordem - Você conheceu Lílian Evans quando eram crianças, e se tornaram amigos. E você a amou, até que seus caminhos se separaram, ela casou com uma pessoa que você detestava e você se envolveu com os seguidores de Voldemort. E você ouviu a profecia que falava sobre Harry… mas só ouviu metade dela, e foi contar ao seu senhor. Não sabia que tinha acabado de condenar a amiga de infância e todos que ela amava à morte. E você pediu ajuda à Dumbledore, pediu que salvasse ela, mas ela morreu, e você se culpa até hoje…. e é por isso que Dumbledore fez de você um espião duplo e… por isso tem ajudado a salvar a vida de Harry todos esses anos. Por causa de Lilian.

Amy viu os olhos e o rosto de Snape mudar conforme ela falava. Incredulidade e tristeza marcaram seu olhar, e ela soube que estava certa.

—Vá embora. - ele disse seco.

—Não até você falar que isso é verdade.

—Vá embora! - ele repetiu pausadamente.

Amy apenas balançou a cabeça negativamente. Snape avançou e agarrou o pulso da menina, apertando com força e repetindo a frase. O copo caiu de sua mão e se espatifou no chão. Uma lágrima escorreu dos olhos dela quando ela disse que não iria embora.

—Essa é a verdade? - ela perguntou com uma voz de choro. Pensou que se talvez não tivesse bebido, não estaria chorando, mas a verdade era que tudo era informação demais.

—Essa conversa acabou, Green!

—Não! Você falou pros Malfoys que eu sou péssima em oclumência, mas me falou o exato oposto durante as aulas! Falou que eu fugi por medo e que Harry nunca viria atrás de mim. Sabe que isso é uma mentira, você é o único que sabe porque fugi e também sabe que Harry faria qualquer coisa por mim! - ela disse amargamente.

—Eu não lhe devo satisfações…

—Sim, você deve! Você… Depois de todos esses anos… Eu preciso saber! Fala! Essa é a verdade?

Snape a observou por uns segundos, com uma mistura de pena e empatia. Ele se surpreendeu em ver tanto sofrimento em seus olhos que deixou que ela gritasse e avançasse nele.

—Vamos! Fala! Fala, seu covarde, fala! -ela gritou, avançando e batendo nele.

Ela o empurrou sem forças, depois bateu em seu peito, tentando descontar sua angústia fisicamente. As lágrimas mancharam seu rosto, que era puro sofrimento e descontrole enquanto ela gritava para ele confessar a verdade. Ele tentou controlar seu braços, mas a garota estava histérica demais. Conseguiu alcançar a varinha nas vestes, mas quando foi tentar impedir novamente as mãos de Amy contra ele, a garota segurou em sua mão e lançou um feitiço com a varinha dele sem querer, e os vidros dos armários em cima deles explodiram numa chuva de cacos. Snape puxou a menina para si, protegendo os dois do vidro.

Quando a chuva de vidro parou ela permaneceu com a cabeça em seu peito, chorando, exausta e triste demais, os soluços cortando sua respiração a todo momento. Snape ficou meio atônito, não sabendo o que fazer com os braços. Não se lembrava da última vez que tinha consolado alguém, ou até mesmo dado o mínimo de conforto para uma pessoa. Em poucos segundos a respiração dela se acalmou.

—Eu não aguento mais te odiar… e ao mesmo tempo sentir que esse sentimento é errado. -ela disse por fim, a voz saindo abafada nas roupas dele. -Você não cansa? De ser odiado?

Ela afastou o rosto das vestes dele e olhou para seus olhos, os dois juntos no meio do vidro, quase abraçados, os olhos mais verdadeiros como nunca estiveram antes. Ela se afastou e limpou as lágrimas, depois se sentou nos degraus, não ligando para os cacos de vidro no chão.

—Você não quis que me usassem para atrair Harry. - ela disse com a voz mais controlada - Você não contou à Voldemort sobre a horcrux, caso contrário ele não estaria perdendo seu tempo deixando Harry livre pelo país. Ele caçaria todas as pessoas que Harry ama e mataria uma por uma até ele aparecer.

O diretor não disse nada, apenas ficou olhando para ela. Ele não estava bravo, parecia infeliz, o que era algo novo para Amy. Ela olhou para ele, não desistindo de obter sua confissão.

—Eu não quero te entregar à Voldemort, se é isso que está pensando. É só que… eu estou sozinha agora, e provavelmente todos pensam que eu sou uma traidora, uma covarde. Talvez eu seja, não sei… não devia ter abandoná-los mas… eu precisava me afastar! Eu precisava tentar fazer alguma coisa, não só ficar do lado dele, esperando o dia da sua morte e esconder toda a verdade.

Ele continuou parado, apenas olhando para ela, deixando que desabafasse, afinal, ela não teve ninguém para conversar nos últimos meses, assim como ele não teve ninguém nos últimos anos.

—Você já me falou o suficiente para eu tirar minhas conclusões, mas eu preciso… você não precisa contar sua infância e adolescência ou tudo o que aconteceu nos últimos dezessete anos. Eu só preciso saber se… se você não é a pessoa que todos acham que é. - ela se levantou e foi até ele novamente.

Amy não queria atacá-lo ou se vingar, queria entendê-lo, e ele percebeu isso. Na verdade, algo em ela ser a primeira em todos esses anos em se importar e perguntar lhe causava um sentimento novo… de alívio.

—Preciso saber se posso confiar em você. Severo. Por favor. Chega de mentiras. - a sinceridade acalmou sua voz.

Snape continuou a encarar a garota. Nunca esperou que algo assim pudesse acontecer. Quando imaginou que alguém descobrisse suas ações e intenções, supôs que teria que lutar pela própria vida, e não ganhar uma… aliada?

—É verdade. Tudo o que você disse. Pode confiar em mim. -ele disse com a voz seca.

Os lábios de Amy tremeram de alívio com aquelas palavras. Ela não soube o que falar, não soube o que fazer, olhou para ele mas depois desviou os olhos e se afastou. De repente sentiu que botaria toda a bebida para fora. Ela precisava de ar, precisava sair dali, precisava pensar claramente.

—Eu… Eu tenho que ir… ir embora… Draco deve estar se perguntando onde estou… eu… - Amy apanhou sua varinha no chão e parou no meio da sala.

Snape continuava mudo, olhando meio atônito, meio sério para ela. Havia um pouco de tristeza em seu olhar também, que ela preferiu não pensar nisso. Amy lançou um último olhar ao retrato de Dumbledore, que não sorria dessa vez, então saiu desorientada pela porta.

 


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Notas finais do capítulo

Comentem aahhhh



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