Harry Potter e... escrita por VSouza


Capítulo 51
Capítulo 4 - HeMan e a Espada Mágica


Notas iniciais do capítulo

Amém feriado que eu consegui postar!! Estou quase acabando de escrever a fanfic, logo logo vem a batalha final, o desfecho!!



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CAPÍTULO 4

O salão de entrada dos Malfoys era algo absurdo. O resto da casa era todo feito das mesmas pedras grandes e escuras que o quarto de Draco, o que deixava tudo sombrio. As paredes eram repletas de espelhos e quadros antigos, da qual as pessoas pintadas a seguiam com um olhar de nojo e superioridade. Poucos móveis enchiam o ambiente, o que dava impressão que a casa era maior ainda.

Bellatrix deu um sorriso quando Amy entrou no saguão. A garota sentiu uma fisgada na perna, se lembrando do ferimento que a bruxa fez alguns anos atrás na batalha do Ministério da Magia. Apesar de estar abalada e com medo, ela tentou não demonstrar isso. Não poderia se mostrar fraca na frente daquelas pessoas, precisava ao máximo se concentrar no que tinha que dizer e fingir.

—Green. -ela disse assim que viu a menina.

—Bella. -Amy fez um formal aceno com a cabeça.

—Vamos ser diretos aqui, Senhorita Green. - Lúcio e Narcisa estavam na sala, e Amy mal tinha reparado neles. Os olhos malignos de Lúcio pareciam cansados, com olheiras, e até Narcisa parecia um pouco cansada, como se não dormissem bem há semanas. - Se você sabe onde está o Potter, poupe nosso tempo e fale logo. Não queremos manchar muito nossa sala, se é que entende.

—Não sei o que Draco falou para vocês, mas eu não sei onde Harry está. Não o vejo desde a queda do Ministério.

—Ah, Lúcio, não perca a graça da brincadeira. Eu faço as perguntas. - Bellatrix disse e  se aproximou de Amy. Com um movimento da varinha dela, Amy sentiu sua garganta ser apertada. O ar faltou em seus pulmões e seu músculo ardeu. Seus olhos logo encheram de lágrima e ela levou a mão ao pescoço tentando inutilmente parar aquilo.

—Diga onde o Potter está! - Bella disse com uma voz suave.

Amy não conseguia falar nada, apenas a encarou tentando expressar que não sabia a resposta daquela pergunta.

—Diga onde e eu faço parar. - Bellatrix sorriu  e virou a mão. O aperto ficou mais forte e Amy caiu de joelhos no chão, roxa por falta de ar. Poucos segundos depois, sua visão começou a escurecer e ela desmaiou antes de seu rosto bater no chão.

Acordou poucos segundos depois com Bellatrix dando um forte tapa no seu rosto. O ar voltou de uma vez para dentro do seu corpo, o que fez doer seus pulmões mas também foi um alívio.

—Nem pensar, garotinha, a brincadeira está só começando. - Bellatrix sentou em cima dela, prendendo o rosto da menina nas unhas. Todo toque fazia Amy querer morrer de raiva e desgosto. - Onde está o Potter?

—Eu não sei. Não tenho notícias dele há meses. - Amy disse com  voz falha.

—Mentirosa! -Bella gritou e pegou algo nas vestes. Amy só soube que era a faca que ela usou no Ministério da Magia quando sentiu seu braço arder com um fino corte que a mulher fez. Amy gritou e fechou os olhos, tentando não chorar. -Onde ele está?

—Eu não sei! - a garota disse com mais medo agora. -Eu juro.

Outro corte no braço dela fez Amy gritar e ela não conseguiu conter as lágrimas dessa vez.

—Eu deixei eles. Não fui com eles depois do casamento, eu juro! -disse com um certo desespero.

Bellatrix ergueu a faca novamente mas uma mão a deteve de continuar. Narcisa estava acima delas, olhando diretamente para a irmã.

—Eu sei que você adora isso, Bella, mas estou cansada de tanta gritaria e show de horrores nessa casa. Essa garota é teimosa o suficiente para resistir à tortura, então pedi a Severo que mandasse um pouco de Soro de Verdade para usarmos nela. Vamos esperar a poção. - Narcisa disse determinada e com a voz controlada.

—Amélia Green está nas minhas mãos e você não quer que eu me divirta com essa imunda? -Bellatrix se levantou indignada.

—Vamos esperar Severo mandar a poção. Chega disso debaixo do meu teto! - Narcisa disse firme.

A respiração de Amy acelerou mais ainda, se isso era possível. Snape estava a caminho? Ele usaria o Soro da Verdade? Ela estava perdida!

—A poção deve chegar logo, é um método mais confiável. - Narcisa disse por fim.

—Não quero ter que ficar esperando… -Bellatrix seguiu a irmã pelo salão, quando foi interrompida por uma voz baixa, grave e familiar aos ouvidos de Amy, que fez sua pele arrepiar ao ouvir.

—Não se preocupe, Bella. Eu já estou aqui.

Severo Snape estava parado na entrada, vestindo a capa preta característica. O rosto sério não mudou quando viu Amy caída no chão, sangrando e com lágrimas no rosto. Amy logo sentiu uma mistura de sentimentos ao ver aquele homem: raiva, medo, confusão, traição…

—Eu fui claro quando disse que chegava logo e não era pra fazer nada enquanto isso. - ele disse, olhando para Bellatrix.

—Nós mal tínhamos começado, sua preciosa garota está intacta. -Bella disse sarcástica.

—Trouxe o soro da verdade, Severo? - Lúcio perguntou.

—Não. Nosso estoque de soro acabou. - Snape disse no mesmo tom de voz.

—Então o que diabos veio fazer aqui? - Narcisa perguntou.

—Eu mesmo vou interrogar Green. - Snape disse, olhando diretamente para Amy.

—Mas sem o soro… - Lúcio começou mas Snape o interrompeu.

—Não preciso do soro, Lúcio. Vou usar a legilimência nela. Green nunca foi muita boa em oclumência, eu mesmo tentei dar aulas à ela.

Os três pareceram considerar o ponto. Amy permaneceu imóvel no chão, o pânico crescendo dentro dela a cada segundo.

—É o bastante. - disse Lúcio por fim.

Bellatrix pareceu chateada, mas saiu do caminho do novo diretor de Hogwarts. Amy não sabia em que lugar Draco estava atrás dela, e não ligou. Quando Snape se aproximou, a garota achou forças para levantar e esperar por ele de pé. Não ficaria nos pés daquele homem nem por um segundo. Os dois se encararam quando ficaram frente a frente. O olhar de Snape era o mesmo de todos os anos anteriores, mas o de Amy era muito mais raivoso e rancoroso. Ele sabia que se os dois estivessem em um momento que as condições estivessem um pouco mais favoráveis para Amy, ela atacaria ele sem pensar duas vezes.

Ele não precisou falar o feitiço ou apontar a varinha, apenas levou os dedos à cabeça de Amy e tudo girou.

Ela estava no casamento, sentada na mesa junto com Harry quando o Patrono invadiu a tenda e logo em seguida tudo virou um caos. Ela viu os olhos de Harry urgentes nela, ele esticando a mão. “Não posso”, ela disse, e aparatou deixando os amigos para trás. Então reviveu todos aqueles dias no hotel, doente, morrendo de febre. Logo em seguida estava no Beco Diagonal pegando jornais velhos para ler algo. Vários momentos dela sozinha e frustrada passaram em sua mente, até que derrepente ela estava seguindo o pai na floresta. Os dois estavam cercados por comensais e em seguida, seu pai estava morto.

Amy sentiu seu corpo perder forças e ela tombou para frente. O cheiro forte de poções invadiu seu rosto e ela percebeu que tinha caído em Snape, mas ele a segurou antes de descê-la ao chão. Ela ergueu a cabeça e olhou ofegante para ele, temendo o que diria.

—Ela não sabe onde está o Potter. Não o vê ou entra em contato desde o casamento do Weasley. Ela o abandonou, e pelo o que conheço o garoto, ele a considera uma traidora. Não gastará forças vindo atrás dela. - Snape disse por fim.

Amy tremeu com suas palavras. Havia algo muito errado naquilo, extremamente errado, mas ela não conseguia fazer outra coisa a não ser olhar os olhos negros de Snape.

—Porque ela deixou os amigos? -Narcisa perguntou, olhando desconfiada para Amy.

Snape deu de ombros, indiferente.

—Não queria acabar como a mãe… ou pai, talvez. Ela sabe que Potter é o alvo de todos. -ele disse

Lúcio deu uma leve risadinha. Narcisa se aproximou da garota.

—É verdade então, garota? Deixou seus amigos para trás?

Amy ergueu as sobrancelhas.

—Não acredita no Diretor de Hogwarts? - disse, enojando as últimas palavras.

—É bem difícil de acreditar que a fiel amiga do Potter o abandonou por medo de morrer. -Narcisa disse.

—Dúvido que você não conheça a ações das pessoas quando elas estão com medo de morrer. - Amy disse.

—A garota fala a verdade, Narcisa. -Snape interrompeu as duas. - Por mais que não me agrade dizer isso, ela é boa em combate e muito esperta também. Pode ajudar no momento que pegarmos o Potter.

—Não acredito que o menino não viria atrás dela se ameaçarmos matá-la. - Bellatrix disse raivosa.

—Porque você conhece o garoto e conviveu com ele durante anos, não é, Bella? Podem gritar aos céus e terras que vocês tem Amy Green, Potter não fará nada, é um covarde e rancoroso como o pai.

Amy apertou a mão ao ouvir aquelas palavras. Ela queria enfrentar aquela hipocrisia mas manteve a boca fechada e os olhos fixos no chão.

—Já basta disso, não? - Draco finalmente falou, se aproximando de Amy. - Faço das palavras de Snape as minhas. Ela pode nos ajudar!

—Nunca pensei que veria vocês dois concordando em algo. -Lucio disse, andando até Amy. - Amélia Green, eu não sou idiota para soltar você, então, até que se prove o contrário, você é uma convidada nesta casa. - ele estendeu a mão pálida para ela. Amy demorou um pouco para processar e que ele a estava ajudando levantar. - Draco, mostre o aposento dela. Deve querer chorar um rio pela noite de hoje, Senhorita Green. - ele disse com maldade no olhar, se referindo à morte de Theo. Amy respirou, tentando não ser atingida.

—Na verdade, estou morrendo de fome. - ela deu um sorriso simpático.

—A janta será servida no seu quarto. - Narcisa falou sem paciência. - Draco, mostre o cômodo à ela.

—Claro. -Draco olhou para ela, fazendo sinal que a seguisse. Antes de sair da sala, Amy lançou um último olhar à Snape, que mantinha a mesma expressão de sempre, mas a encarou de volta e Amy jurou que tinha algo diferente em seu olhar.

—Não sabia que era tão boa em oclumência. - Draco disse quando eles viraram o corredor.

Amy encarou ele de forma dura.

—Você não sabe nada de mim, Malfoy.

Draco pareceu que ia falar algo, mas ficou quieto. Seria injusto discutir com ela depois de tudo o que a menina passou naquele dia. Ele a levou até o seu aposento. Era um quarto menor que o dele, no corredor do lado. Havia uma cama de casal, um guarda roupa mais modesto e uma penteadeira.  

—Pode ficar aqui. Meu quarto é logo…

Amy entrou no quarto, bateu e trancou a porta na cara dele. Esperou alguns segundos para ele ir embora, até encostar na porta, escorregar lentamente e começar a chorar.

Aquela era a pior situação que ela já estivera na vida. Estava longe de todos os seus amigos, acabara de perder o pai e agora era “convidada” a morar na mansão Malfoy. Pensou que talvez fosse melhor tentar fugir mesmo, mas se lembrou do rastreador. Tinha que descobrir como tirar isso antes de tentar qualquer coisa.

Amy apoiou a cabeça nos joelhos e voltou a chorar. Ali pelo jeito era o único lugar que ela poderia demonstrar qualquer fraqueza nos próximos… dias? Semanas? Meses? Infelizmente não sabia quanto tempo ficaria naquela droga de mansão.

Quatro dias se passaram e ela apenas ficou trancada no quarto, até que recebeu sua primeira visita.

Amy tinha tudo o que precisava naquele cômodo: várias trocas de roupas no armário, tudo o que precisava para o banho e a comida era entregue no quarto por um elfo doméstico. Amy tentou falar com ele, mas a criatura pareceu aterrorizada quando ela lhe dirigiu a palavra. Deve ter recebido ordens para não falar ou interagir com a garota.

Mas Amy não tinha passado esses dias chorando como quando deixou os amigos. Ela a passou os dias pensando.

Primeiro se perguntou o que o pai estava fazendo naquele lugar. Pensou que talvez fosse uma missão da Ordem, mas então se tocou que ela conhecia aquela mochila que ele estava carregando. Era a mochila que Rony estava preparando para a viagem. Além disso, ele já sabia que ela tinha abandonado os amigos. Isso só podia significar que Theo estava indo encontrar Harry, Rony e Hermione quando estava entrando na floresta.

Fazia sentindo os três estarem escondidos num lugar distante e vazio. Seu pai provavelmente deve ter encontrado eles e foi buscar comida na cidade; os amigos já estariam sem poção polissuco àquela altura.

Amy tremia com a possibilidade dos amigos estarem à alguns metros deles naquele dia. Será que a tinham visto? Ou visto o que aconteceu com o pai dela? Será que teriam ouvido seus gritos e mesmo assim tinham ignorado? Harry estaria realmente bravo com ela? Snape estava certo quando disse que Harry não moveria um músculo para resgatar ela?

Limpou a lágrima que escorreu de seus olhos. Aquele pensamento lhe doía demais… mas era melhor que eles pensassem  que ela estava ali porque realmente tinha os abandonado do que pensarem que ela precisava de ajuda e arriscassem suas vidas para salvá-la. Era perigoso demais para Harry.

Ainda pensava nisso quando a porta do quarto se abriu e Amy viu com o canto do olho um elfo entrar.

—Está meio cedo para a janta, não? - ela perguntou, olhando para o céu fora da janela.

—Senhorita Amy? - uma voz aguda, esganiçada e maravilhosamente familiar falou.

Amy olhou para a porta e para a sua surpresa, era Dobby que estava ali.

—Dobby! - ela exclamou animada demais. Era fantástico ver um rosto amigável depois de tanto tempo. -O que… o que você faz aqui?

—Eu vim ver se Senhorita Amy estava bem? Estão todos muito preocupados com você. -ele disse esperançoso.

Amy conteve um pouco a felicidade.

—Todos? Quem são todos, Dobby?

—Os membros da Ordem, seu irmão principalmente, é claro.

—Foi ele que pediu pra você vir aqui? Digo… Damon pediu?

—Sim, senhora.

—Entendo.  -Amy disse lentamente. - E como meu irmão está? Damon sabe do nosso… do nosso pai?

—Sabe sim, senhora. O jovem Green ficou arrasado demais, ainda mais quando soube que pegaram a senhorita também. - ele disse desanimado, mas logo agitou os bracinhos- Mas um plano de resgate já está sendo bolado, e Dobby veio ajudar e avisar para não se preocupar…

—Não! Dobby, não! Ninguém pode vir atrás de mim! É arriscado demais!

—Não tenha medo, senhorita Amy…

—Não Dobby! Você não entendeu. Não quero que ninguém se arrisque por mim! Eu fui embora do casamento, eu abandonei a Ordem e os meus amigos! Eu quero estar com os Malfoys!

—Mas… mas… os Malfoys são mals! -o elfo disse incrédulo e confuso - Eles mataram o seu pai!

—Não foram eles! Se não fosse por Draco teriam me matado também! Por que sou amiga do Harry! Eu não quero que ninguém venha atrás de mim, entendeu Dobby?

—Mas… mas…

—Promete que vai deixar isso bem claro para o meu irmão e os outros membros! Eu não quero ir embora! Eu fugi e não quero voltar para a Ordem!

A mágoa e a tristeza nos olhos grandes do elfo quase fizeram Amy chorar, mas ele devia ser bem dura e clara. Não podia deixar que resgatassem ela. Tinha acabado de perder o pai, não queria perder mais ninguém por conta de uma escolha dela. Ela mesma acharia um jeito de fugir… ou aproveitar que estava ali e agir à favor da Ordem e dos amigos, mesmo que eles pensassem que ela era uma traidora.

—Como quiser Senhorita Amy. -Dobby disse na voz mais triste e infeliz que ela já ouviu na vida.

—Sinto muito, Dobby. Mas as coisas estão diferentes agora. -ela disse numa voz baixa. Se ajoelhou na frente do elfo e disse com gentileza - Agora vá! Não quero que te peguem aqui… e também não quero que volte!

Dobby olhou triste para ela, antes de sumir na sua frente.

Amy não conseguiu evitar que as lágrimas caíssem, pesadas com a dor de estar abandonando e afastando os amigos novamente.

 

Durante a primeira semana que Amy passou na mansão, Draco não ousou entrar ou bater no quarto. Apesar da intenção dele ser verdadeira em querer ajudar a garota, sabia que os dois não eram amigos, e havia anos de mágoa, raiva e rivalidade entre eles. Além disso, ela devia estar num luto horrível: tinha acabado de perder o pai e não tinha ninguém que amava por perto para ajudá-la naquele momento.

Ele tinha até estranhado que ninguém tivesse vindo resgatar a menina, nem mesmo o próprio Potter. Apesar de ter concordado com Snape na hora, tinha suas dúvidas sobre o menino ir mesmo atrás dela ou não, mas nada tinha acontecido naqueles dias.

Foi uma surpresa para ele quando alguém bateu na porta de seu quarto e quando se virou para ver quem era, Amy estava parada no batente, os braços cruzados no peito e a expressão séria.

—Eu quero sair. - disse apenas.

—O que? - Draco perguntou, colocando o livro que estava lendo em cima da penteadeira. Amy levantou o olhar com esse movimento.

—Você sabe ler?! -disse num tom surpreso e irônico.

Draco revirou os olhos e ignorou a frase.

—O que você quer? - ele perguntou.

—Quero sair. Vocês disseram que eu podia ajudar quando fosse necessário, e não estou fazendo nada trancada naquele quarto. Eu quero sair, quero ver as ruas e as pessoas…

—Quer ver como todos estão com medo e nos ajudar a torturar pessoas? - ele perguntou  com um leve sorriso no rosto.

—Não aguento mais!

—Só está aqui há uma semana, não seja tão ansiosa. Além disso, não tem chances de você ver ou falar com seus amigos da Ordem.

—Ah, eu queria mesmo anunciar minha traição e ver os rostos contentes. Eu abandonei meus amigos no meio de uma batalha, não voltei para tentar falar com ninguém e agora estou hospedada no maior ninho de cobras de todo o Reino Unido. Eu realmente não quero ver a cara de desgosto deles.

—Falando nisso… - ele a contornou e fechou a porta atrás deles. - Quero saber a verdade agora. Os outros podem acreditar que você fugiu por medo, mas eu não caio nessa, Green, sei que não faria isso.

—Eu fico tão feliz que você e Snape se acham tão conhecedores do meu caráter e do Harry. -ela disse ironicamente, depois olhou direto em seus olhos - Eu não lhe devo satisfações sobre o que faço ou fiz.

—Eu salvei sua vida.

—Eu continuo não lhe devendo satisfações sobre nada.

Draco suspirou impaciente, pensando que aquela conversa era inútil.

—Aqui não é uma hospedagem, você não sai a hora que quer. Minha família sequer me permite sair, imagina você.

—Mas você estava na rua aquele dia… interrogando nascido trouxas…

—É, e imagina o que aconteceu quando voltei sozinho, com um Comensal morto e outro sem memória!

Amy juntou as sobrancelhas.

—Não lancei nenhum feitiço de memória. - ela disse confusa.

Draco desviou os olhos e suspirou de novo, erguendo os ombros.

—Eu lancei. - confessou.

—Porque?

—Para ele não te reconhecer. Falei que fomos atacados e eu desmaiei logo, quando acordei, Troy estava morto e Philipe não lembrava de nada.

—Porque não falou que fui eu?

—Porque não, ok? Quer saber, chega de perguntas, fora do meu quarto!

Ele abriu a porta e a empurrou para fora, fechando o quarto na cara dela logo depois. Amy ia protestar, mas não sabia direito o que falar. Não esperava aquela confissão sobre ele ter escondido dos Malfoys quem atacou os Comensais naquele dia. Na verdade, se eles soubessem disso, talvez não teriam poupado sua vida como aconteceu.

Amy voltou para o quarto e ficou lá por mais alguns dias. Só no começo de Outubro que ela foi começar a andar pela casa e percebeu como havia um movimento de Sequestradores quase todos os dias, sempre trazendo informações sobre aqueles que não eram a favor de Voldemort. Amy ficava aliviada toda vez que não tocavam no nome de Harry, Rony, Hermione e Damon. Sabia que a família Weasley estava sendo vigiada, mas nada aconteceu com eles até então, e Neville, Gina, Luna e o resto de seus amigos estavam parcialmente salvos em Hogwarts.

Para a sorte dela, Voldemort não visitara a mansão nenhuma vez, e ao mesmo tempo que se sentia aliviada em não se encontrar com o Lorde das Trevas (não sabia se ele seria tão misericordioso como foram os Malfoys), se perguntava o que ele estaria fazendo de tão importante que não estava supervisionando de perto a procura por Harry. Achar o amigo era trabalho fundamental dos Comensais da Morte, mas Voldemort não estava tão preocupado com isso.

Isso levantou novamente na cabeça dela se Voldemort sabia que os amigos estavam caçando horcruxes, e se ele sabia que Harry era uma delas. O fato dele não saber era mais confuso ainda, porque significava que Snape não contou a ele a conversa que teve com Dumbledore, aquela que ela ouviu atrás da porta.

Snape…

O nome cada vez mais atiçava seus instintos e suas dúvidas. De fato, era ridículo acreditar que não havia a mínima chance de Harry tentar salvar ela na casa dos Malfoys. Snape conhecia a garota mais que Draco, sabia que ela não fugiria por medo de morrer… Draco tinha mentido para proteger Amy, Sape estava fazendo o mesmo? Porque?

Confio totalmente em Severo Snape, Dumbledore dizia. E aquela frase não saia dos sonhos da garota.

—Ele não é confiável. Ele não é confiável. - Amy dizia todas as noites quando se deitava para dormir. Parte dela queria acreditar que o professor ajudou ela a estar viva na casa dos Malfoys, mas não queria dar ouvidos à isso.

Já era quase novembro quando finalmente saiu daquela mansão. Estava parada no canto da sala, ouvindo mais um dos relatos dos sequestradores quando Lúcio falou seu nome.

—...Draco e a Green irão com você para dar reforços. - ele disse numa voz baixa.

—O que? -Amy logo perguntou, não entendendo ao que ele se referia.

—Draco e Snape disseram que você podia ajudar, Amélia, mas está nesta casa quase dois meses sem levantar um dedo, apenas comendo e bebendo. Eis sua chance de se mostrar útil. - Lúcio sorriu. - Sei que você sempre foi um imã para encrencas, quem sabe se com você na jogada as coisas não ficam mais animadas?

Amy apertou as mãos e não disse nada, apenas trocou um olhar com Draco. Finalmente ia sair daquela casa escura e horrível.

—Estou pronta. - ela disse, erguendo a postura.

—Não vai a lugar nenhum com essa roupa. Se vista… à caráter. Seria até prudente lhe dar uma marca negra, mas  O Senhor das Trevas não quer ser incomodado. -Lúcio disse com o sorriso no rosto.

Amy tremeu levemente ao pensar que poderia receber uma Marca Negra. Era ir longe demais na sua farsa.

—Eu levo as coisas no seu quarto. - Draco disse, olhando de canto para ela.

Amy descruzou os braços, olhou do filho para o pai, depois para o homem sequestrador e se retirou da sala para o seu quarto. Draco apareceu alguns minutos depois, com uma pilha de roupas negras como as que os Comensais vestiam.

—Isso é sério? - perguntou, estendendo uma capa preta gigante com as mãos. Havia ainda uma calça preta de couro e uma blusa preta de mangas e um decote em V. - Você que escolheu isso? - perguntou olhando o decote.

—Peguei o que tínhamos. - ele disse e levou a mão ao bolso de trás da calça e pegando algo que Amy pensou ter perdido na Floresta.

—Minha varinha! Pensei que tivesse perdido. - ela pegou a varinha e Draco não hesitou em devolve-lá para a garota.

—Os homens acharam na Floresta e devolveram para mim.

 

—Obrigada. 

—Claro. - ele disse meio sem jeito, depois ficou parado, antes de sacudir a cabeça e se tocar que tinha que sair para Amy se arrumar. - Te espero no salão de entrada.

Amy não disse nada quando ele deixou o quarto, apenas colocou as roupas escuras e foi ao banheiro terminar de se arrumar. Seu cabelo estava uns dois dedos mais longo agora, mas mal chegava no pescoço. Ela estava um pouco menos magra e pálida do que quando estava sozinha pelo país.

Tentou não gerar nenhuma expectativa para aquela saída. Sabia que não encontraria ninguém da Ordem, sabia (e esperava) que não encontraria Damon, Harry, Rony e Hermione.

E foi isso que aconteceu. Foi muito mais frustrante do que achava que poderia ser. Eles apenas andaram pelas ruas do Beco Diagonal atrás de um bruxo que Amy não conhecia. Visitaram uma casa abandonada e no final da tarde ela já estava de volta à mansão, com a cara fechada.

Estava tão frustrada que não falou nada, nem quando estavam na rua, nem quando chegaram em casa. Esperava no mínimo descobrir algo naquele dia, mas tinha andado pela cidade sem muitas respostas, apenas olhando para todos os cantos a todo momento para ver se via alguém conhecido.

Apesar da frustração, sabia que era melhor estar lá fora do que presa na casa. Lúcio tinha razão: uma hora algo ia acontecer, e ela queria estar presente. Saiu mais uma, duas, três vezes na semana que se seguiu, e foi na terceira vez que finalmente falou com Draco, algo que tinha escutado o pai dele falar alguns dias atrás.

—Lúcio falou que queria me dar uma Marca Negra, mas que O Lorde das Trevas estava ocupado demais. O que é mais importante do que Harry agora para ele?

—Acha que ele deixa bilhetes quando sai? Eu sei lá, ele só deixou o dever de achar o Potter e só chamar ele quando isso acontecer.

Amy não disse mais nada naquele dia.

Já era quase final de Novembro e o clima tinha esfriado bastante nas últimas semanas. A neve começaria a cair qualquer dia agora. Amy sentia saudades de ver os lindos jardins do castelo de Hogwarts cobertos pelo branco, e pensou se os amigos estariam bem, onde quer que estivessem.

Naquela semana eles teriam que sair mais uma vez, para uma cidade distante, atrás de outro bruxo que Amy não conhecia. Era mais um patrulha chata e entediante. Eles estavam separados dessa vez, ela, Draco, e mais dois Comensais que estavam com eles. Draco e Amy trocavam poucas palavras durante essas missões, pois Amy não queria se aproximar demais do garoto, apesar dos vários olhares que Draco lançava à ela durante esses meses. Ela era grata por ele ter ajudado, mas não tinha esquecido tudo o que ele tinha feito.

Amy andava despreocupada pela rua. Não era a sua intenção abordar ninguém, nem do lado de Voldemort, nem do lado da Ordem. Passava em frente à uma loja de televisores e parou para ver um desenho infantil que passava numa TV em exposição. Era o desenho de um homem forte e loiro, que um de seus primos trouxas distantes amava assistir sempre que sua família se reunia. Amy olhava o personagem, enquanto ele levantava um enorme espada e várias luzes saiam dela, indicando seu poder. A imagem infantil fez a garota dar um sorriso bobo, até que a cena que seguiu fez deixou sua expressão séria e pasma.

O personagem na TV ergueu a espada e desceu contra um medalhão quadrado e preto, que parecia ser algum objeto do mal na história. Aquela imagem fez Amy perceber o quanto ela foi cega nos últimos meses.

Tinha deixado a história da espada que herdara de lado, já que não conseguia entender pra que ela servia e não conseguiria sair à sua busca agora que estava com os Malfoys. Mas se ela não tivesse ficado tanto tempo se lamentando e sofrendo por ter abandonado os amigos, teria percebido o que Dumbledore tinha deixado à ela.

Uma forma de destruir as horcruxes! Realmente não tinha sentindo algum Harry ter que achar todas e não ter um meio de destruí-las, mas Dumbledore tinha sim deixado um jeito, a poderosa espada de um dos fundadores de Hogwarts, forjada por duendes. Era tão rara como a presa de um basilisco. Era tão óbvio, como não tinha pensado nisso antes?

Amy continuou andando, perplexa com a descoberta. Ela até mesmo entrou numa rua menos movimentada para se encostar na parede e pensar melhor. Mas onde estava a espada? Se estava com Dumbledore, porque ele simplesmente não deixou com eles, de uma forma mais simples?

—Traidora! -uma voz gritou à sua frente.

Amy se virou e deu de cara com um moço gordo, na casa dos trinta anos, que segurava a varinha em uma mão e tinha o outro punho cerrado.

—O que? -Amy perguntou confusa, não entendo o que ele queria.

—Você… com essas roupas… você traiu O Eleito! - ele disse bravo e magoado.

—Eu conheço você? - Amy perguntou confusa.

A resposta dele foi avançar na garota, sem sequer usar a magia. Amy tentou afastar ele com os braços, mas o homem era muito pesado e forçou a garota contra a parede. Ela estava tão surpresa que não conseguiu afastar ele, nem mesmo quando ele apertou seu pescoço.

Quando Amy pensou que agora realmente tinha que revidar, uma garrafa se quebrou na cabeça dele, que caiu desmaiado aos seus pés. Amy virou o rosto para se proteger dos cacos de vidro, e quando olhou para ver quem era, viu a última pessoa que esperava encontrar naquele mundo.


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Notas finais do capítulo

Ai gente, ainda falta um pouco pra acabar mas já estou com saudades de escrever sobre a Amy. Fiquei me perguntando o que vocês gostariam de ler sobre ela, ou algum evento que não coloquei aqui na fanfic e que vocês imaginaram... Me diz ai!
Um beijo, até o próximo capítulo!



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