Harry Potter e... escrita por VSouza


Capítulo 49
Capítulo 2 - Perdida e Sozinha


Notas iniciais do capítulo

Oiii gente!! Ontem fez dois anos que postei o primeiro capítulo da Fanfic, então decidi postar um novinho hoje!
Como demorei pra postar, estou colocando o capítulo 2 e 3 juntos!!

Espero que gostem! Deixem seus comentários, recomendações!!



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CAPÍTULO 2

Um mês depois.

Amy bateu a porta do quarto com força, furiosa com si mesma.

Algum maldito Comensal da Morte havia reconhecido ela na rua e quase fora pega. Jogou a varinha e o casaco na cama, foi até o banheiro, abriu a torneira e lavou o rosto com água fria, depois se olhou no espelho manchado, apoiando as duas mãos na pequena pia branca. O hotel trouxa que estava hospedada era bem simples, o que o pouco de dinheiro que tinha podia pagar.

Fazia um mês que havia deixado os amigos no casamento de Gui e Fleur. Um mês que estava escondida no subúrbio trouxa de Londres. Levou algumas semanas para que ela se recuperasse do impacto que foi deixar Harry, Rony e Hermione; nos dias seguintes ao casamento, teve uma febre alta e ficou muito tempo de cama; arriscava dizer que só estava bem e viva por causa da bondosa senhora dona do hotel que cuidou dela quando adoeceu. Foram dias horríveis em que ela teve pesadelos e chorava todas as noites de culpa, medo e vergonha.

Depois de duas semanas enfiada naquele quarto, ela teve coragem e forças para sair e andar pela cidade. Foi arriscado ir ao Beco Diagonal só para pegar edições antigas do Profeta Diário. Amy não tinha poção polissuco, não tinha os ingredientes suficientes para preparar, mas precisava saber o que estava acontecendo no mundo bruxo e não arriscaria entrar em contato com ninguém que conhecia: eles sabendo ao não o que ela tinha feito, era arriscado demais tentar se comunicar, com certeza os membros da Ordem deviam estar sendo vigiados.

Ela pensou que o sentimento de culpa e vergonha não a deixariam tão cedo quando estava escondida no hotel, mas descobrir o que estava acontecendo no Ministério pelo Profeta Diário a encheu de raiva.

A primeira página era a foto de Harry como procurado número 1 pelo Ministério e uma onda de desconforto encheu seu estômago quando viu sua própria foto no canto da página, com a legenda PERIGOSA. Só aquilo irritou muito a menina. O golpe no Ministério tinha sido amenizado, como se Voldemort não estivesse por trás de tudo e o novo Ministro estivesse tomando medidas de prevenção e segurança à população, como interrogar todos os nascidos trouxas e taxá-los de perigosos e ladrões. Além disso, a presença obrigatória para todas as crianças do país em Hogwarts a preocupava muito. Cada dia era como se fosse véspera da explosão de uma guerra, apesar dela já estar acontecendo por trás das cortinas.

Fora isso, a cabeça da menina estava cheio de pensamentos que a estavam deixando louca, principalmente o mistério que era  sua herança deixada por Dumbledore.

Porque herdou a espada? Porque ela e porque a espada? Qual o objetivo se estava desaparecida? Dumbledore queria que ela procurasse?

Ela se sentou na cama e pegou o Profeta Diário daquele dia. Suas mãos amassaram o papel quando leu a notícia: Confusão no Ministério - Harry Potter gera caos e acidentes.

Harry, Rony e Hermione tinham invadido os Ministério no dia anterior. O jornal dizia que o tinham seguido até a casa do assassino Sirius Black, mas que os fugitivos tinham escapado. Amy tremia quando repousou as páginas nas pernas. Essa era a primeira notícia que aparecia dos amigos em um mês, a primeira vez que lia o seus nomes, que tinha a certeza que estavam vivos e bem, pelo menos até a fuga.

O que eles foram fazer no Ministério? Será que era uma horcrux? Amy duvidava que eles arriscariam tanto se não fosse por causa de uma, mas o que uma parte da alma de Voldemort estava fazendo lá? Por um segundo ela pensou que poderia ser a espada, mas se fosse, com certeza o Profeta Diário falaria alguma coisa.

Tentou ficar feliz com a idéia deles terem achado uma horcrux e estar um passo mais perto de destruir Voldemort, mas tudo o que pensava é que estavam mais perto da morte de Harry.

Ela fora tola o suficiente para achar que poderia descobrir alguma coisa sobre horcrux que Dumbledore já não soubesse. A verdade era que, apesar de pensar dia e noite em um jeito de iniciar sua busca, ela estava mais perdida e desorientada do que jamais estivera. Se condenou diversas vezes por ter sido tão infantil e irracional. Agora estava longe dos amigos, sozinha e sem um caminho para seguir.

Quase não ouviu o estalo e o baixo grito da dona Ingrid no andar de baixo. Levantou apanhando a varinha e guardando tudo o que tinha na mochila. Não era muita coisa e sempre deixava tudo na mochila pro caso precisasse fugir não deixasse nada para trás, mas logo precisaria de um feitiço de expansão. Ela ficou imóvel, tentando ouvir, pensando se não tinha imaginado o som, mas estava com um mal pressentimento. Até pensou em desaparatar, mas e se Ingrid estivesse em apuros?

Ela não ouviu nada nem ninguém se aproximar pelo corredor e foi totalmente pega de surpresa quando a porta do quarto explodiu e ela foi jogada para atrás da cama. Madeira, pó e concreto voaram para todo lado, mas Amy conseguiu se recompor e ver o mesmo homem que encontrou mais cedo naquele dia.

—Toc toc. -ele disse com um sorriso no rosto. - Pensou que eu não reconheceria essas madeixas de longe, han?

Amy franziu o rosto e não precisou dizer as palavras quando atacou, vinha praticando feitiços não verbais o mês inteiro; ela lançou um petrificou totales, e o tempo que ele levou para de defender foi o tempo necessário para ela desaparatar.

Se fosse um mês atrás, Amy ficaria e lutaria. Verificaria se a dona do hotel estava bem e salva no andar de baixo. Mas um mês atrás ela não estava sozinha. Um mês atrás ela não era uma procurada pelo Ministério, e nem era tão caçada por comensais da morte.

Aparatou num parque vazio de Londres, perto de uma árvore grande e afastada das pessoas. Amy olhou ao redor, para ver se tinha sido vista por alguém, depois verificou se tudo estava na mochila, se não tinha esquecido nada. Apressada, pegou a mochila, jogou o capuz para frente e saiu andando pela cidade.

Teria que achar outro hotel agora, mas antes disso, parou no primeiro bar de rua que encontrou. O bar era escuro e poucas pessoas bebiam e conversavam nas mesas. Ela olhou ao redor, se assegurando de que ninguém a encarava, e tirou sua varinha das vestes.

—Accio tesoura.

Uma tesoura grande de papelaria voou até sua mão e ela foi para o banheiro. Suas mãos tremiam de raiva e tristeza, mas ela não podia se arriscar tanto, não podia deixar que a reconhecessem tão fácil novamente. Olhou para sua imagem no espelho e tirou o capuz.

Com lágrimas nos olhos e tentando não pensar muito, ela levantou a tesoura, que tremia em suas mãos, na altura da orelha, pegou uma mecha dos cabelos ondulados e cortou. Junto com os fios, uma lágrima escorreu pelo seu rosto. Respirou fundo e continuou o trabalho até ficar quase irreconhecível para quem a conhecia.

Amy apoiou as mãos na pia e choramingou, tentando recuperar o fôlego que prendeu durante o processo. Jogou a tesoura na pia e secou as lágrimas que escorriam. Não tinha tempo para fraquezas, tinha que se recuperar logo, achar um outro lugar para ficar.

Ficaria em Londres? Iria para alguma cidade no interior? Qual era o plano? O que faria? Qual era a merda do plano???!!!

Com um movimento da varinha, Amy destruiu todos os vidros do banheiro. Não conseguiu evitar as lágrimas de frustração e raiva. Ela não tinha um rumo, não tinha um objetivo, estava sozinha! Isso era tão frustrante…

Quando ouviu os trouxas que se aproximavam para ver o que aconteceu no banheiro, pegou a mochila e aparatou de lá. Foi parar em outro canto de Londres, um lugar mais periférico, onde procurou um hotel de quinta para se hospedar. Quando abriu a mochila para pegar o dinheiro e pagar o dono gordo do hotel, percebeu que não tinha mais dinheiro trouxa e que seu dinheiro bruxo estava no fim também.

O senhor olhou feio para ela.

—Eu… -Amy tentou pensar no que falar para ele.

—Sem dinheiro, sem quarto. Saia daqui, agora! - o homem falou furioso para ela.

Sem sentir qualquer remorso, ela sacou a varinha e murmurou “império”. Uma fina fumaça laranja saiu da varinha e a maldição foi até o homem, que reajeitou a postura e a fitou com simpatia.

—Quero o melhor quarto do hotel, já está tudo pago. - Amy disse firme.

—Pois não, querida. - ela disse, pegou a chave atrás dele e entregou para ela.

Amy subiu até o terceiro andar, onde era seu quarto, e trancou a porta. Com dor de cabeça, ela só deitou na cama e dormiu por seis horas seguida. Como sempre, ela sonhou, e dessa vez foi com Dumbledore.

Era a noite em que os comensais invadiram Hogwarts, e Amy e Harry estavam na Torre de Astronomia. Ela só conseguia enxergar três pessoas: Dumbledore, Malfoy e Snape.

Primeiro ela observou o rosto apavorado de Malfoy. Sentia uma enorme raiva dele, por tudo o que seu plano tinha causado, por tentar ajudá-lo e ele ter ferrado tudo no final. Mas não conseguia sentir só raiva dele. Não sabia ao certo explicar o que era, mas uma grande dúvida pairava sobre ela sempre que pensava no menino.  

Toda raiva e dúvida se multiplicava por mil quando olhava o segundo rosto. Snape mantinha a expressão neutra, os olhos sérios e analíticos. Sempre em seus sonhos ela ouvia três coisas em sequência: a voz de Dumbledore, dizendo “Confio completamente em Severo Snape”, depois a mesma voz, só que bem mais fraca e baixa, apenas o murmúrio “Snape. Por favor” que fez seu corpo paralisar naquela noite; e por último, a voz fria do comensal: “Avada Kedavra”.

Amy abriu os olhos na escuridão. Já passava das três da manhã, seu corpo estava levemente suado por causa do sono. Ela se sentou na cama e teve o reflexo de prender o cabelo. As mechas já não estavam mais ali,  e ela se sentiu péssima ao lembrar o que tinha feito mais cedo. Respirando fundo para tentar esquecer aquilo, se levantou da cama e foi até a pequena mesa que tinha no quarto. Pegou duas folhas de papel na mochila e começou a listar o que sabia sobre Snape.

 

Odiava James na época da escola Contou para Voldemort sobre a profecia Foi para o lado de Dumbledore antes da queda do Lorde das Trevas, segundo o diretorTrabalhou durante anos ao lado de DumbledoreTentou salvar Harry no primeiro anoTrabalhou como espião para a Ordem e para os Comensais Tentou descobrir o que Malfoy estava planejando Dumbledore confiava nele, o suficiente para contar sobre Harry ser uma horcrux.

O último item é que tirava o sono da garota. Todas as evidências apontavam que Snape era um filho da puta desde o começo, mas o fato de Dumbledore confiar no professor parecia balancear as coisas. Amy não conseguia acreditar que, mesmo com tudo o que aconteceu, Dumbledore acreditava em Snape. Alvo era a pessoa mais sábia e inteligente do mundo bruxo atual, e engolir que Snape tinha enganado ele com a desculpa de que tinha se arrependido do que aconteceu com James e Lílian era absurdo demais. O diretor sempre dizia que confiava sua vida à Severo, e no final, a perdeu pelas mãos dele.

Amy endireitou a postura. Algo nesse pensamento estalou em sua memória. Ela tentou raciocinar o que tinha de tão importante nisso. Escreveu “morte” no papel e ficou circulando por longos minutos, até que finalmente se lembrou de algo.

Na época que descobriu a verdade sobre as horcruxes, apenas uma informação era importante em sua mente: Harry tinha que morrer, mas na noite em que foi à sala de Dumbledore e ouviu a verdade, outras coisas chamaram a atenção dela, agora que parava para pensar nas palavras. Amy se lembrava claramente de tudo, até mesmo do tom de voz do diretor:

—... não discuta, não interrompa! Virá um tempo, depois da minha morte, em que o Lord Voldemort temerá pela vida da cobra dele. – foram as palavras do diretor.

Ela escreveu essas palavras na folha e analisou atentamente a frase. Não foi como se talvez houvesse a possibilidade dele morrer na guerra que viria, ele falou como se sua morte já tivesse sido planejada, como se já tivesse no seu calendário de coisas a fazer.

—Isso é absurdo! -ela exclamou para si mesma.

Da onde tinha tirado isso? Como Dumbledore poderia prever a morte dele? Amy estava passando dos limites, colocando significados em palavras aleatórias para tentar dar sentido às coisas.  

Mas porque Dumbledore confiaria logo essa informação à Snape? Se eles estavam certos sobre o professor, Voldemort já devia estar sabendo que Harry era uma horcrux e que ele estava caçando as outras que existiam. É verdade que Dumbledore não usou exatamente a palavra ao falar com Snape, mas se o professor contou ao Lorde das Trevas o que sabia, Voldemort agiria. Atacaria Harry… mas… não foi isso que aconteceu naqueles meses que Dumbledore estava morto.

Se Voldemort sabia que Harry estava caçando Horcrux, porque estava viajando para fora do país atrás de um fabricante de varinhas? Porque não estava dando prioridade à busca por Harry?

Obviamente Harry não se questionou isso quando estavam na Toca, porque não sabia que Dumbledore contou à Snape isso… Porque Amy não tinha se questionado isso antes?

Ela se levantou inquieta. Ficou tanto tempo presa na sua dor de perder Harry que esqueceu de coisas importantes que estavam bem debaixo do seu nariz.

Snape não tinha contado sobre a parte da alma de Voldemort que habita em Harry? Por que? Porque Dumbledore se referiu à sua morte na conversa com Snape?

Porque Snape a salvou da queda da vassoura?

A última pergunta era algo que ela vinha se questionando há semanas. Se lembrou diversas vezes da noite em que escoltaram Harry para a Toca. A única pessoa da Ordem que estava perto o suficiente para vê-la cair era Damon, que disse que não a salvou. Todos os outros eram Comensais da Morte… inclusive Snape.

Amy pegou uma folha do Profeta Diário que guardou de uma edição passada. A matéria anunciava Severo Snape como o novo diretor de Hogwarts. Amy olhou pela janela do quarto. Amanhecia o dia 1º de setembro de 1997. Era o dia em que os alunos, esse ano, eram obrigados à voltar para Hogwarts, e Amy sentiu uma enorme vontade de embarcar no expresso apenas para olhar cara a cara Snape e fazer falar toda a verdade, depois esquecer que tinha uma varinha e quebrar a cara daquele homem.

As noites e dias que passava pensando nos enigmas do professor já se fixavam nas linhas do seu rosto, deixando-o cada dia mais sério. Era tanta informação, tanto achismo e tantas dúvidas que o que os fatos se misturavam com suas emoções exaltadas, e nada mais fazia sentido.

Naquela manhã ela dormiu sentada encostada na cama, com a foto no novo diretor de Hogwarts amassada na mão.  

Quando acordou algumas horas depois, foi como se apenas tivesse piscado os olhos. A foto de Snape ainda estava amassada em suas mãos. Se lembrando da noite que ouviu a conversa, foi até as folhas e caneta que ainda estavam em cima da mesinha e fez outra lista:

—Diário de Tom Riddle

—Anel do Avô

—Medalhão de Salazar Sonserina

—Harry Potter

—Cobra

Mas e as outras duas horcruxes? Como eles descobririam o que eram? Uma horcrux podia ser qualquer objeto…

Aliás, como eles destruiriam os pedaços? Porque Dumbledore não falou nada de como destruí-las? Não era como se qualquer faca ou arma pudesse destruir uma horcrux. Amy se lembrou das palavras de Hermione, que apenas algo tão mortífero como o veneno de um basilísco poderia destruir o objeto.

Ela se sentou na cadeira exausta. Parecia que não dormia há dias, e sua cabeça estava latejando de fome.

Pensou que não tinha dinheiro para comprar comida, mas não ia passar fome. Foi estranho usar uma maldição imperdoável num trouxa ranzinza, mas não teve opção. Não podia ser cem por cento politicamente correta se quisesse sobreviver, os tempos eram outros agora.

Quando sua barriga roncou absurdamente alto pela terceira vez, foi tomar um banho e trocar de roupa para sair. Era estranho lavar o cabelo tão curto como estava. Colocou o colar que ganhou de Sirius no quinto ano para dentro da roupa, levantou o capuz e saiu do hotel.

Era uma manhã nublada numa área periférica de Londres. Uma fina garoa caia e deixava tudo mais frio e cinza. Havia uma padaria de esquina perto, onde pediu um café grande e um lanche completo. Fazia mais de trinta horas desde a última vez que tinha comido, mas apesar da fome, diminuiu o ritmo ao chegar na metade do lanche e pensou onde Harry, Hermione e Rony estariam agora. Estariam bem? Comendo? Tinham um lugar para ficar? Estariam pensando nela? Se perguntando o que tinha acontecido, porque não tinha voltado para eles?

Pensou em Harry, se ele sentia sua falta ou se estava muito ocupado caçando horcruxes. Teriam achado outra? Teriam achado um jeito de destruí-las?

E Gina, Neville e Luna em Hogwarts? Estariam bem? Estariam sendo perseguidos? O que Snape estava fazendo como diretor de Hogwarts? Já era preciso outra viagem ao Beco Diagonal para roubar outro Profeta Diário do lixo.

Na hora de deixar a padaria, Amy pegou um saco de bolachas e um pacote de pão, lançou um feitiço no trouxa do caixa e saiu para a rua. Estava tão distraída pensando em Hogwarts que quase não percebeu que estava sendo seguida. Pegou sua varinha discretamente e quando pensou em fazer alguma coisa para ver quantos e quem eram, foi empurrada brutalmente para uma viella. Apesar de estar duelando melhor do que em qualquer momento de sua vida, Amy não estava pronta para um choque físico tão grande. Ela sequer reconheceu quem agarrou seu corpo por trás e prendeu seus braços, só viu o homem loiro que caminhava sorridente em sua direção. Apesar de presa, ela ainda conseguia usar a varinha, e fez uma enorme caçamba de lixo voar na direção dele. Foi uma das piores cenas que ela viu na vida mas estava ocupada demais tentando se soltar de braços que estavam mais furiosos agora.

O outro comensal a jogou no chão com força e chutou uma perna dela. A varinha da garota tinha caído longe e ela estava sem defesas, tentando se levantar quando o homem avançou para ela, mas antes que ele chegasse perto demais, um feitiço acertou seu corpo, que bateu contra a parede e caiu desacordado.

Amy virou a cabeça tão rápido para quem lançou o feitiço que quase machucou o pescoço. Sentiu seu corpo gelar e as unhas apertarem com força as palmas das mãos quando viu quem era.

Draco Malfoy estava parado à sua frente, os olhos ansiosos nela, a varinha fora da posição de ataque. Os dois ficaram se olhando por longos segundos, a adrenalina percorrendo o corpo da menina.

—Você mudou o cabelo. -ele disse derrepente.

Ela apenas continuou encarando ele, até que finalmente conseguiu falar algo.

—Você… -sua voz tremeu demais. Ela desviou o olhar e respirou fundo, tentando se recompor, então falou - Como me acharam?

—Foi sem querer. Troy viu você passando na rua e te seguiu. - ele disse sem demora, sem tirar os olhos dela.

—O que estavam fazendo aqui?

—Interrogando um nascido trouxa. Não fazia a mínima ideia que vocês estavam por perto.

—Vocês? -ela perguntou.

—Vocês… você? -ele disse confuso. - Não está com seus amigos?

—Não os vejo há meses. - Amy admitiu. Era bom os comensais saberem que ela não era um caminho para Harry mais.

Draco pareceu um pouco surpreso com essa novidade, mas Amy não quis desviar o assunto.

—Quer então que eu acredite que esse encontro foi uma feliz coincidência? Porque me ajudou?

Draco apenas balançou os ombros, desviando o olhar também. Amy esperou por alguns segundos que ele falasse. Seu silêncio incomodava demais ela.

—Porque? -ela perguntou novamente mas ele apenas se manteve em silêncio, encarando-a.

—Fala. -ela disse entre os dentes, a adrenalina subindo cada vez mais por seu corpo. Ele permaneceu em silêncio e parado, mesmo quando ela agachou para pegar sua varinha e foi até ele, pressionando-a contra seu coração e agarrando com força seus cabelos, puxando a cabeça para trás. - Fala! Fala qualquer merda!

A respiração de Draco se intensificou, mas ele não reagiu à ela, apenas desviou os olhos, não podendo mexer a cabeça que estava presa nos dedos da garota.

—Está feliz? Era isso que você queria? Cumpriu a merda da sua missão?! - o sangue e todo o sentimento de raiva que ela sentia por ele vieram à tona. Ele continuou quieto, o olhar ficando mais intenso e sério. –Fala!

—Você não sabe o que eu tive…

Ela soltou seu cabelo e empurrou seu peito, abaixando a varinha.

—Não! Não diga que fez aquilo para salvar sua família, que você não tinha escolha! Você foi um puta de um covarde, sempre foi um puta de um covarde egoísta! - ela gritou.

Nenhum dos dois esperavam aquela reação tão explosiva dela. Amy não sentia só raiva, sentia mágoa, e Draco percebeu isso. Ele não conseguia encarar ela, o peso de suas ações e suas consequências estavam de novo sobre ele, e ouvir tudo da voz dela o atingia de uma forma que ele não gostava também. Porque simplesmente não deixou que os comensais acabassem com ela? Porque teve que ajudá-la e agora ouvir tudo isso?

—Draco! - ela falou, cobrando uma resposta dele. O fato dela não ter chamado ele de Malfoy quase passou batido.

—O que, quer que eu diga que estou feliz agora? Realizado? Quer que eu diga que era tudo que eu sempre quis pra você poder me xingar e falar do monstro egoísta e covarde que eu sou? Não, eu não estou feliz, mas você não entende nada! Só sabe bancar de herói junto com o Potter, não sabe o que é estar na minha família, crescer onde cresci! O que queria que eu tivesse feito, falado não à Voldemort? -ele disse, perdendo a calma também.

—Queria que tivesse confiado em mim! -ela disse com a voz falhando. Os olhos de Draco fixaram-se culpados nos dela, e para a surpresa dele, tinham mais mágoa do que raiva. - Queria que tivesse me deixado ajudar. Foi tudo o que eu pedi, foi tudo o que eu te ofereci...

O corpo de Draco tremeu ao ouvir aquelas palavras e ele não conseguiu evitar que as lágrimas se formassem em seu olhos, e fez de tudo para que não caíssem. Se tivesse aceitado a ajuda de Amy, talvez tudo estaria diferente agora. Talvez Voldemort não tivesse no poder e todo o medo, toda culpa e raiva que ele sentia passariam.

—Eu… eu sequer contei pra Dumbledore… não que fizesse diferença, mas…- a voz dela tremia e falhava ao ver os olhos dele, e ela odiava muito que seu corpo vacilava daquele jeito naquela situação. Queria apenas ter raiva e acabar com ele, mas não conseguia não se magoar também. - Eu… escondi seu segredo dos meus amigos… podia ter contado à Harry e esperar que ele acabasse com você mas eu fui burra… fui uma idiota e senti que tinha que proteger você… e você sequer pensou em ninguém em Hogwarts quando colocou Comensais da Morte dentro do castelo…

Ele estava pronto para negar aquela última frase, mas sua voz não saiu, apenas algumas lágrimas escaparam enfim dos seus olhos. Demorou alguns segundos pra ele conseguir sussurrar um “eu sinto muito”, que ela sequer ouviu, apenas olhou para ela com os olhos culpados, enquanto ela o encarava de longe.

—Eu tenho pena de você, Malfoy. -ela disse entre os dentes e saiu da viela.

Teria sido um alívio se não estivesse doendo tanto. As palavras dela foram como socos em seu estômago. Ele odiava que tinha chorado na frente dela, odiava que estava magoado com o que aconteceu, odiava que se importava com o que aquela menina insuportável pensava ou sentia por ele. Odiava que ela tinha razão, e que ele podia ter feito tudo diferente.

Draco lançou um feitiço de memória no comensal que ainda estava vivo, ajeitou suas vestes e desaparatou dali, tentando não pensar em Amélia Green.

 


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Notas finais do capítulo

Eai, o que acharam? O que esperam que vai acontecer daqui pra frente? Não esqueçam de comentar e recomendar a fanfic! Isso me ajuda a escrever mais rápido!
Beijos!



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