Harry Potter e... escrita por VSouza


Capítulo 48
... as Relíquias da Morte - Capítulo 1- Tudo Fica para Trás


Notas iniciais do capítulo

Oiiii gente. Desculpa a demora em postar novamente, a vida ta uma loucura, mas saibam que a fanfic não foi abandonada!! Vem muita coisa por ai!!! Desculpa o capítulo gigante mas espero que gostem.



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CAPÍTULO 1

Amy apoiou o Profeta Diário na escrivaninha, a expressão séria refletia as notícias do dia. Após a morte de Dumbledore, era impossível não acompanhar as coisas, e elas estavam mais preocupantes a cada dia que se passava.

Tinha acabado de mandar as malas para a casa dos Weasley. Dali meia hora ela e Damon sairiam para escoltar Harry da casa dos tios dele. Eles seguiriam um plano maluco e arriscado, que Harry provavelmente não iria gostar, mas que ela tinha fé que daria tudo certo e que todos sairiam vivos.  

Eles não tinham se visto ou falado desde o fim das aulas. Se no ano anterior Amy tinha a sensação de que ela e Harry estavam estranhos um com o outro porque tinham se beijado, agora tinha certeza que estar na presença dele seria um grande desconforto. Mesmo depois daquelas semanas,  se sentia culpada por ter escondido dele e dos amigos que sabia (um pouco) sobre os planos de Malfoy, e sentia que não suportaria esconder dele a verdade sobre ele ser uma horcrux. O que a deixava com mais raiva e angustiada era que teria que esconder isso dele o tempo todo enquanto caçavam horcruxes e não teria tempo para achar uma saída para aquilo tudo. De alguma forma, em seu desespero de não aceitar a morte do amigo, Amy tinha se convencido que existia uma saída para ele, que Dumbledore simplesmente não teve tempo de de achar uma solução.

Houve duas batidas na porta e seu pai a abriu sem esperar uma resposta.

—Amy?

—Oi.

—Queria ver se está tudo bem. - Ele entrou encostando a porta atrás dele. Os olhos claros e as olheiras em volta demonstravam cansaço e preocupação. Após a morte de Dumbledore, ele tinha voltado a agir na Ordem da Fênix, o que a deixava feliz e preocupada ao mesmo tempo. - Tem certeza que está pronta pra hoje? Posso ir no seu lugar se quiser.

—É, porque você está super em forma depois de todos esses anos. -Amy o olhou com sarcasmo.

—E você está? -ele perguntou.

Matei um comensal menos de dois meses atrás, Amy pensou com pesar. Estranhamente, ela achava que aquilo tiraria seu sono durante meses, mas não foi o que aconteceu. Ficou apenas como algo que nem ela e nem Damon nunca falavam.

—Pai, não importa o que você fale ou faça, eu não deixarei de ir hoje. É sim perigoso, mas os melhores bruxos da Ordem estarão lá. Não fique tão preocupado! -Amy disse com a voz mais suave que conseguiu fazer.

Parecia que Theo já estava se conformando com a idéia de ter os dois filhos sempre em perigo nos últimos meses, já que Damon era um membro muito ativo na Ordem da Fênix e Amy não parava de se meter em problemas ao lado dos amigos; não tinha muito o que o homem fazer, então ele voltou a atuar na Ordem para ver se conseguia ficar mais próximo dos filhos e mais preparado para protegê-los, caso necessário.

Amy arrumava as últimas coisas no seu quarto, pensando que não voltaria para lá tão cedo. Pegou uma mochila e colocou algumas coisas básicas, depois duas páginas do Profeta Diário daquela semana que tinha guardado. O primeiro artigo era de Elphias Doge, que a deixou surpresa ao mencionar coisas da infância e adolescência de Dumbledore. Era estranho pensar que o diretor tinha passado pela idade dela, e convivendo esses seis anos com ele, não fazia idéia que ele tinha uma irmã doente morta e um irmão mais novo, nem que seu pai tinha sido preso por atacar trouxas ou que sua mãe tinha morrido quando ele ainda era jovem. Era estranho pensar que essas coisas aconteceram com o grande Alvo Dumbledore. A outra notícia era sobre o lançamento da bibliografia do diretor por ninguém menos que Rita Skeeter, o que enchia a menina de ódio só de imaginar as mentiras que teriam aquele livro.

Ela colocou as páginas do jornal num bolso da mochila, junto com uma foto dela com Harry, Rony, Hermione, Gina, Fred e Jorge na Toca. Verificou se tinha pego tudo que precisava no quarto, colocou o colar que Sirius lhe deu no pescoço e se olhou no espelho. Ela não tinha mudado muito nos últimos anos, mas de certa forma, estava diferente. Os cabelos castanhos escuros desciam até um pouco abaixo do peito e o rosto fino e olhos castanhos estavam mais sérios, como se ela tivesse amadurecido muito em pouco tempo. Amy tinha emagrecido uns seis quilos nos últimos meses, de forma que precisava usar um cinto para segurar as calças. Ela saiu do cômodo, descendo até a cozinha.

—Estou pronta. - gritou para Damon.

Ele apareceu na cozinha, apenas com a roupa preta e a varinha no bolso. Amy adorava a semelhança físicas entre os dois, e como o irmão era bonito e inteligente.

—Os outros já saíram da Toca, devem estar chegando no Harry agora. - Damon disse.

—Então estamos bem atrasados. Vamos?

Damon assentiu com a cabeça, a expressão ficando mais séria. Theo se despediu dos filhos com um forte abraço, pedindo para terem cuidado e ficarem juntos. O coração de Amy apertou ao deixar o pai, montar a vassoura e sair com Damon, não sabendo se ambos sobreviveriam àquela noite.

Eles pousaram nos fundos da casa dos Dursleys sem chamarem a atenção e se dirigiram para a entrada da cozinha. Harry parecia exaltado na sala de estar.

—Sem mais discussões, Potter! Esse é o melhor jeito, todos aqui são maiores de idade e sabem o que estão fazendo! - ela ouviu Moody falar decido. - Os falsos Potters, um passo à frente, vamos.

—Falta  um. -Lupin disse.

—Estou aqui. -Amy falou ao entrar na sala, seguida de Damon.

Seu olhar logo encontrou o de Harry e uma sensação estranha percorreu seu corpo. Pela primeira vez em anos, ela não se sentia exatamente feliz em rever o amigo, apesar dele olhá-la com o mesmo alívio e preocupação de sempre.

—Você também?! - Harry perguntou.

—Sim, a Green também! Sete Potters. Nem Lorde Voldemort pode se dividir em sete para ir atrás de você nessa noite. -disse Moody, entregando o frasco com a poção polissuco para Fred.

Harry, Hermione, Rony e Amy trocaram breves olhares com o comentário do ex-auror, mas nada disseram. Finalmente o frasco chegou em Amy, e ela tomou o líquido viscoso com uma carinha de nojo.

Era a primeira vez que tomava aquela poção na vida e foi muito estranho sentir seu corpo inteiro borbulhar e mudar. Seus cabelos diminuíram até a nuca, seu corpo esticou e sua visão embaçou.

—Uau! Estamos idênticos! - os gêmeos exclamaram.

—Você tem uma visão péssima, Harry. -Amy falou apertando os olhos.

—Não vamos perder tempo. Vistam-se e vamos nos mandar daqui! - Moody exclamou e todos os Potter começaram a se mexer para trocarem de roupa e encontrarem seus pares para partir.

Amy ia com Damon de vassoura para a casa de Tonks, o que a deixava meio aflita, pois os comensais provavelmente pensariam que o verdadeiro Potter estaria de vassoura por causa do quadribol. Ela sabia quem era o verdadeiro Harry e os dois se aproximaram antes de saírem da casa.

—Isso é estranho. -Harry disse, olhando para ela.

—Eu sei. -ela deu uma risadinha, depois abraçou ele e sussurrou -Não morra.

—Você também não. -ela sussurrou, seu peito doendo sabendo que aquilo aconteceria mais cedo ou mais tarde.

Os dois se afastaram e foram para o lado de fora, onde os outros esperavam para partir. Amy se aproximou de Damon, montou a vassoura e pegou sua varinha, pronta para um combate, e deu uma ultima olhada em todos ali, pensando que voltaria a ver eles dali uma hora mais ou menos; pelo menos ela esperava.

—Boa sorte à todos. -Olho Tonto disse - No três. Um. Dois. Três!

Houve um alto rugido da moto de Sirius, onde Hagrid e Harry estavam, depois testrálios e vassouras subiram ao céu, cada par com um Potter e um protetor. Amy sentiu o vento quente invadir seus cabelos curtos, e agradeceu por estar usando os óculos. Eles voaram por poucos segundos e então o grupo estava cercado. Luzes verdes e vermelhas voaram de todas para todas as direções, e Amy foi quase atingida se Damon não tivesse bloqueado um avada kedavra. Os membros da Ordem começaram a se defender, assim como Amy começou a lançar feitiço, ao mesmo tempo que voava com velocidade ao lado de Damon.

—Estupefaça! Crucio! -ela gritava sem parar e mirava nas pessoas de preto em cima das vassouras. De relance, ela viu a grande moto de afastar com Hagrid e Harry, ficando um pouco aliviada. Amy lançou outras feitiços e desviava de outros, até ver um rosto que fez seu estômago se retorcer.    

Severo Snape voava bem ao seu lado, atento ao comensal que duelava com um falso Harry. Aquele rosto tirou sua atenção de forma que não viu outro comensal se aproximar por trás dela. Inutilmente ela tentou lançar um feitiço, que passou muito longe dele. O homem acelerou até ela e Amy estava pronta para acertá-lo, quando alguém voou em sua direção, chocando-se com ela. Amy sentiu a ponta da vassoura quebrar sua costela e ela gritou, a dor e o impacto a fez largar a varinha e escorregar da vassoura.

Seu corpo caiu em direção ao chão, e nesses segundos ela não sabia onde era baixo e onde era cima. Por um milissegundo ela viu o chão se aproximar e viu que não tinha salvação, era o seu fim. Amy fechou os olhos, pensando que doeria menos se não visse, quando sentiu seu corpo ser parado no ar, como se algum elástico a tivesse puxado para trás. Ela abriu os olhos e estava a uns quatro metros do chão. Como se o elástico tivesse sido cortado, ela despencou e seu peito encheu de dor ao sentir mais uma costela se quebrando.

Tentou puxar o ar, que entrou com muita dificuldade nos seus pulmões, e sentiu algo quente escorrer pelos seus cabelos. Com muita dor, se virou de barriga para cima e demorou alguns segundos para enxergar os clarões verdes e vermelhos no céu. Ela sentiu sua visão escurecer lentamente, até apagar por completo.

Só acordou por causa da dor que sentiu ao aparatar. Ela gritou e levou a mão às costelas, percebendo que estava no colo de alguém.

—Amy! Não se preocupe, estamos quase na Toca. Você vai ficar bem! - ouviu a voz urgente e preocupada do irmão.

Amy conseguiu distinguir a Toca ao longe, a única coisa com luz no pântano que estavam. Quando se aproximaram da casa, viu que pessoas corriam ao seu encontro, Harry e Rony estavam na frente, seguidos de Lupin e Hermione.

—Amy! Amy! O que houve? -ela ouviu Harry gritar.

—Ela caiu da vassoura. - Damon respondeu quando entraram na casa.

Hermione tirou tudo o que estava em cima da mesa da cozinha com um aceno da varinha, e eles colocaram ela ali.

—Eu estou bem. -Amy disse num sussurro, mas assim que falou isso, voltou a apagar.

Pareceu que passaram só alguns segundos quando voltou a acordar, mas pelo menos uns quarenta minutos tinham corrido desde que chegou na Toca. A luz fez seus olhos doerem e as coisas demoraram para entrar em foco. Ela mexeu seu corpo e não sentiu nenhuma dor no peito, apesar do corpo estar levemente dolorido.

—Amy! - a voz de Damon ecoou pelo cômodo e houve um movimento em volta dela.

Todos estavam na pequena sala de estar da Toca. Hermione, Harry e Rony se aproximaram, os rostos aliviados em ver a amiga acordada.

—Oi. -ela disse com a voz rouca.

—Você está bem, querida? Sente alguma coisa? -Molly se aproximou e perguntou com preocupação.

—Não, não sinto dor. Estão todos bem? -ela perguntou olhando ao redor e viu Jorge deitado no sofá, a cabeça coberta por um pano ensanguentado.

—Ele vai ficar bem. Só perdeu muito sangue. - disse Molly com a voz triste.

—E a orelha. - disse Rony cabisbaixo.

—O que? -Amy perguntou incrédula.

—Obra do Snape. Ele é muito bom no Sectumsempra. -Lupin disse com amargura.

Um ódio subiu pelo corpo dela. Snape fez aquilo?

—Mas e você Amy, o que aconteceu? Porque caiu da vassoura? Você voa tão bem! -Hermione perguntou.

—Eu me distraí com um comensal que me atacou por trás e não vi o outro cara se aproximando. A ponta da vassoura foi direto na minha costela e eu caí por causa da dor. Se Damon não tivesse me salvado seria uma panqueca sangrenta agora.

—Eu? -Damon falou surpreso.-  Não fui eu. Pensei que você tinha se salvado.

Amy franziu o rosto.

—Não, eu perdi minha varinha assim que caí. Não foi você?

—Não! Na verdade eu demorei para perceber que você tinha caído, estava ocupado. Além disso, aqui sua varinha. Estava caída alguns metros de você. -respondeu Damon, entregando a varinha.

Amy olhou para as outras pessoas que estavam presentes na hora, e todas fizeram que não ou encolheram os ombros, sem saber a resposta da questão. Foi então que ela percebeu que estavam faltando duas pessoas na sala.

—Onde estão Moody e Mundungo? - perguntou.

Todos os olhares se abaixaram, e Amy sentiu um grande desconforto.

—Olho Tonto está morto. Mundungo fugiu assim que conseguiu. -respondeu Gui.

—Ah… -o som saiu da sua boca, mas ela não sabia o que falar. Olho Tonto morto? Logo ele que era tão forte, experiente e bravo?

Amy ficou tão chocada com a informação que perdeu o começo de uma pequena discussão que acontecia entre Harry e os outros na casa.

—Todos vocês correm perigo se eu continuar aqui. Não quero que mais ninguém morra por minha causa! - Harry falava.

—Isso é maior do que você, Harry! - Amy disse de repente, alto o suficiente para chamar a atenção da sala. - Olho Tonto não morreu em vão, Jorge não perdeu a orelha em vão! Estamos fazendo isso por que você é a única pessoa que pode derrotar Voldemort, e de nada vai adiantar se você estiver morto antes da…

Amy se interrompeu abruptamente. Ela não podia usar aquelas últimas palavras, pois só ela sabia a verdade naquela sala. Respirou fundo e olhou para Hermione, tentando buscar algum apoio.

—Vamos lá para fora tomar um ar. - Hermione disse e olhou para Rony e Harry também.

Os quatro saíram sob o olhar do resto do pessoal. A noite silenciosa com apenas o vento batendo no mato e um grilo ao longe parecia totalmente falsa depois de uma noite como aquela. Era estranho que em alguns lugares no mundo ainda havia tranquilidade.

—Não está pensando mesmo em partir, não é Harry? -Hermione perguntou, parando de andar e os três olharam para o amigo.

Harry estava com a mão na cicatriz e assim que Hermione falou seu nome, ele levantou os olhos.

—O que foi? Foi alguma visão? -Amy perguntou.

—Voldemort está furioso com Olivaras por causa das varinhas.

—Que varinhas?

—Quando estava chegando na Toca, minha varinha agiu sozinha e destruiu a varinha de Lúcio.

—Porque Voldemort estava com a varinha do Malfoy?

—Nossas varinhas são gêmeas. Não duelam bem entre si por causa do núcleo feito com a pena da mesma fênix. -Harry respondeu. - Mas isso não importa agora. O que importa é que não posso me demorar aqui. -ele disse ansioso.

—Harry, você não pode fazer nada até completar dezessete anos, por causa do rastreador, então aquieta o facho. Além disso, você não tem nem idéia de onde estão as outras horcruxes. - disse Rony.

—Então temos quatro dias para decidirmos o que fazer. - Hermione disse.

—Cinco. Só podemos partir depois do casamento.  - disse Rony.

Amy sentiu um grande desconforto. Não sabia bem o porque, mas esperava que o dia que tivesse que partir com os amigos nunca chegasse. Ela tinha pavor só de pensar em estar com eles e ficar guardando aquele segredo dentro dela, ou então ter que olhar nos olhos de Harry todos os dias e fingir que estava tudo bem.

Nos dias seguintes na Toca, Molly parecia não querer desistir de saber o porque eles iam viajar e para onde iriam. Os quatro sempre insistiam que Dumbledore ordenou que não falassem nada, mas isso parecia não ser o suficiente para ela.

Amy não estava tão engajada em arrumar e planejar as coisas para a partida como estavam os outros. Hermione passou uns três dias verificando todos os livros que achava ser necessário levarem.

—Você não acha arriscado ir à Godric’s Hollow, Harry? - ela perguntou. Era uma tarde quente, dois dias antes do casamento, e eles estavam no quarto de Rony preparando mais coisas para a partida. - Quero dizer, provavelmente Voldemort deve estar mantendo o vilarejo em vigilância, pensando que você retornará lá quando estiver livre para ir onde quiser. Não acha melhor priorizarmos as horcruxes?

—Se ao menos soubéssemos onde está uma delas, concordaria com você. -disse Harry, sentado na janela, olhando para fora.

—Há alguma coisa sobre destruir horcruxes nesses livros? - perguntou Amy, olhando para as dezenas de livros espalhados pela cama. Ela mal podia acreditar que Hermione tinha pego tantos livros da sala de Dumbledore, logo após o funeral.

—Na verdade, sim. Aqui fala que o objeto deve ser completamente destruído por algo tão destrutivo que não há chances de ser restaurado por magia, como o veneno do basilisco que Harry usou no diário. Só há um antídoto para esse veneno, e é extremamente raro. -disse Hermione.

—Lágrimas de fênix. - Amy falou, se lembrando de tudo o que ocorreu na câmara secreta no segundo ano.

—Exatamente.

—Mas se destruirmos o objeto, o fragmento de alma não pode se mudar para outro objeto? - perguntou Rony.

—Não, porque o fragmento depende exclusivamente daquele objeto para sobreviver. -respondeu Hermione.

—Eu devia ter perguntado para Dumbledore como ele destruiu o anel. - falou Harry com amargura.

—O que devíamos ter feito não vai ajudar agora. Então nossas pistas são que podemos destruir as horcruxes usando presas de basilisco, que no caso, não temos nenhuma, e que esse tal R.A.B esteve com o medalhão verdadeiro; se ele conseguiu destruir ou não, também não sabemos. -Amy disse, tentando analisar a conjuntura que estavam.

—Estamos na merda. - resumiu Rony.

—Gregorovitch. -Harry disse de repente. Os três se viraram para ele, confusos.

—O que? -Amy perguntou.

—Gregorovitch. Vocês sabem quem é? Acho que Voldemort está procurando por ele. - ele disse.

—Pobre homem. - Rony falou.

Amy ia falar alguma coisa, mas houve duas batidas na porta e Gina abriu, parecendo um pouco tensa.

—Vocês têm visita.

Os quatro se entreolharam. Hermione jogou o cobertor por cima dos livros e eles saíram para a sala. Para a surpresa dos quatro, o próprio Ministro estava lá, com uma maleta preta e a usual juba grisalha.

—Ministro. - Harry disse sem muita empolgação. - O que faz aqui?

—Bem, estou aqui pelo testamento de Dumbledore. - respondeu o homem. Os quatro pareceram surpresos, principalmente Rony, Hermione e Amy. - Bem, vejo que é surpresa para todos. Digam-me, Sr. Weasley, Srt. Green e Srt. Granger, vocês eram íntimos de Alvo?

—Eu e Hermione? Não! - Rony disse com surpresa, e os três olharam feio para ele.

—Está sendo modesto, Ron. O Professor Dumbledore adorava quando íamos tomar chá na sala dele. -Amy disse.

—Mesmo? - perguntou o Ministro. - Dumbledore teve milhares de alunos, porque só se lembrou de vocês quatro no final?

—Porque simplesmente não entrega o que é nosso? -perguntou Harry sem paciência.

—Pois bem. - Ele abriu a pasta de mal gosto e tirou um pergaminho lá de dentro. -Vamos ver… ah! “Para Ronald Weasley, deixo meu desiluminador, na esperança que se lembre de mim quando usá-lo.” - ele pegou algo pequeno da mala, que parecia um isqueiro de prata, e entregou para Rony, que olhou curioso para o objeto. - “Para Hermione Granger, deixo meu exemplar de Os Contos de Beedle, o bardo, na esperança que ela o ache divertido e instrutivo.” - o homem pegou um fino livro de dentro da mala e deu para Hermione, que o recebeu com contemplação. - “Para Harry Potter, deixo o pomo de ouro que ele capturou em seu  primeiro jogo, para que se lembre das recompensas da perseverança e da competência”. -ele pegou uma pequena esfera dentro da mala, embrulhada num lenço, e entregou para Harry.

Hermione, Amy e o Ministro olharam ansiosos para Harry. Ela sabia que Pomos de Ouro guardavam na memória o toque de quem o capturou pela primeira vez, e talvez Dumbledore tivesse usado isso para algo, mas nada aconteceu quando Harry segurou a bolinha de ouro com a mão, o que claramente deixou o Ministro desapontado.

—Pois bem… ah… sim… e “para Amélia Green, deixo a Espada de Godric Gryffindor, para  que se lembre sempre da sua lealdade e coragem, e lembrá-la de que, apesar das aparências, nunca estará sozinha”.

—O que? -exclamaram Hermione, Rony e Harry juntos.

—O que? -Amy sussurrou. - Dumbledore me deixou uma espada? Eu ganhei uma espada? -perguntou perplexa.

—Infelizmente, Green, aquela espada não pertencia à Dumbledore para que dispusesse dela, e além disso, ela está desaparecida. -disse o ministro.

—O que? Não está na sala de Dumbledore? -perguntou Harry.

—Não, senhor Potter. A espada não é vista desde a morte do diretor.

—Eu ganhei uma espada desaparecida?!

—A senhorita sabe por que ele te deixou a espada? - perguntou o Ministro.

—Pelo visto para me lembrar da minha lealdade e coragem. - disse ainda chocada com a informação.

O ministro começou um longo discurso sobre a importância e eficiência do trabalho dele, e como era importante que os quatro ajudasse, o que, obviamente, Harry discordou com firmeza.

Todos na casa queriam saber o que o Ministro queria depois dele ir embora. Amy era a que menos falava sobre o ocorrido e tentou não pensar nisso, mas no dia seguinte, no aniversário de Harry, não conseguiu evitar.

Todos comemoravam num excelente jantar preparado por Molly no jardim. Apesar de tudo que Harry pensava era ir embora logo, ele adorou a surpresa que fizeram. Amy deu um parabéns cordial para ele, o que claramente fez ele estranhar sua atitude. Sem conseguir agir normalmente com os amigos, ela apenas entrou para dentro da casa e foi até o quarto onde estava dormindo.

As palavras no testamento do diretor não saiam de sua cabeça: lealdade, coragem e nunca estar sozinha, apesar de parecer. Amy ficou incomodada especialmente com a última frase: com Harry, Rony e Hermione, porque Amy sentiria que estava sozinha? Não tinha o porque Dumbledore pensar que ela não teria os amigos. Mas afinal das contas, não era exatamente como ela se sentia naquele momento: sozinha? Ali estava ela, solitária no quarto, sem querer estar na presença de Rony ou Hermione, e principalmente Harry. Desde que ela descobriu naquela noite que Harry era uma horcruxes, e depois as duas pessoas que sabiam disso, uma tinha morrido, a outra a tinha matado, ela se sentia completamente sozinha, à deriva e o pior de tudo, ela se sentia inútil.

Quando Hermione tinha lido que o objeto de uma horcrux tinha que ser completamente destruído para acabar com o fragmento de alma, ela se sentiu sem chão; pensou que talvez, de fato, não havia salvação para Harry: ele teria que se sacrificar no final. Mas ela odiava aquele pensamento, odiava ter que apenas sentar e sorrir para Harry todos os dias, fingir que tudo acabaria bem e que ela não podia fazer nada a respeito. Alguma coisa tinha que ser possível, afinal, todos achavam inviável dividir a alma em sete pedaços, mas ali estava Voldemort para provar o contrário. E se ela achasse uma saída para Harry?  

Céus, ela odiava Alvo Dumbledore. Odiava que tenha confiado aquele segredo à Snape, odiava que ele tinha deixado uma espada desaparecida para ela… afinal, o que ele achava que ela faria com uma arma daquela? Era óbvio que o presente era totalmente simbólico: de fato, só para ela se lembrar da lealdade, força, coragem e de saber que nunca estará sozinha, seja lá o que isso significasse.

As lágrimas brotaram nos olhos da garota de repente. Ela não queria ir viajar com Harry sabendo daquilo. Ela não queria ficar caçando horcruxes para no final falar que ele teria que se sacrificar. Ela não queria não poder descobrir se ele tinha alguma chance ou não. Ela não queria mais sentir medo da dor de perder Harry, não queria ter que abandonar todos os pensamentos que teve ao pensar nos dois depois de terminarem Hogwarts.

Houve duas batidas na porta e ela secou as lágrimas rapidamente.

—Pode entrar.

Harry abriu a porta lentamente, meio hesitante.

—Oi.

—Oi. - ela deu espaço para ele sentar na cama, e por alguns momentos, os dois ficaram em silêncio.

—Você quer me contar o que está acontecendo? -ele perguntou com a voz mais calma e suave possível.

—Como assim?

—Amy… eu sei que a gente brigou no final do ano letivo… eu fui um idiota, um completo babaca de falar e pensar aquelas coisas de você…

—Eu nunca devia ter escondido nada de vocês…

—Isso não justifica meu comportamento! Olha, eu sei que te magoei… mas eu não sei se fiz alguma coisa agora. A gente mal se falou desde que nos reencontramos, e tudo está estranho entre nós… e entre você e Rony e Hermione também.

Amy desviou os olhos do amigo. Não fazia ideia do que falar para ele, apenas sentia seu estômago afundar com suas palavras.

—Harry… não há nada de errado com a gente… o mundo está uma bagunça. Pessoas estão morrendo, sendo torturadas, não sabemos quem vai viver até o final do dia e amanhã a noite partiremos para caçar horcruxes pelo país. Só é muita coisa pra lidar. -Amy tentou falar com a maior naturalidade possível.

—Amy, tem certeza? Você… -Ele se aproximou mais dela, de uma forma que ela não esperava, como se fosse beijá-la, mas não o fez. - Você sabe que pode me contar qualquer coisa. Qualquer! Eu sei… sei que disse que não podíamos ficar juntos, eu nunca quis estar tão errado na minha vida… eu… eu te amo, Amy. Eu te amo e você sabe disso, sabe que estarei aqui para você sempre que quiser e precisar. Ok?

Amy desviou o olhar, escondendo o rosto nos braços dele. Fez o maior esforço do mundo para não chorar, apenas concordou com a cabeça tudo o que ele disse. Ela não sabia se ia responder algo ou não, mas agradeceu quando duas batidas na porta fizeram os dois se separarem.

—Harry? Amy? Estão aí? Vamos cortar o bolo! - Rony anunciou sem abrir a porta.

—Estamos indo. -Harry gritou e se levantou da cama.

—Vá você na frente, eu já vou.

—Ok. -ele disse, dando uma última olhada nela antes de sair. Mas Amy não foi. Não saiu do quarto naquela noite.

Assim que Harry deixou o cômodo, ela pressionou seu rosto no travesseiro e chorou. Chorou muito, porque doía demais: a situação, as palavras de Harry, o medo e o sentimento de solidão.

Amy sempre se gabou de ser uma pessoa racional, que sabia lidar bem com os problemas, mas ela não conseguia lidar com aquilo, ela não sabia o que fazer, se sentia perdendo o controle de tudo, e esse sentimento era desesperador.

Só percebeu que tinha dormido quando Damon a acordou no dia seguinte, bem de manhã.

—Não pense que vai fugir de ajudar no casamento. -ele disse ao tirar seus cobertores; ela não se lembrava de ter se cobrido. - Comprei isso para você, espero que goste. - disse e saiu do quarto sem fechar a porta.

Amy olhou ao redor, se perguntando ao que ele se referia, quando viu um lindo vestido azul estendido na cadeira. Olhou admirada, finalmente sentindo algum sentimento bom naqueles dias.

O dia foi uma loucura por causa dos últimos preparativos do casamento e às 18h Amy e Hermione desceram para a tenda branca. Os cabelos pretos, longos e alisados faziam contraste com o azul do vestido. Rony e Harry (que tinha tomado poção polissuco para ser um distante primo Weasley) pareciam enfeitiçados ao olharem as meninas. Hermione olhou para ela com um sorriso escondido. Amy sorriu de volta, revirando os olhos.

—Vamos acabar logo com isso. -Amy disse e as duas entraram na tenda.

Foi uma cerimônia lindíssima, Hermione até chorou, o que Amy achou bobo. Quando as pessoas já estavam dançando, ela foi até o banheiro para se olhar no espelho. Até ela mesma se estranhava com as feições tão sérias, tentando inutilmente colocar um falso sorriso no rosto. Ela queria deixar esse sentimento para trás: dali algumas horas eles partiriam para caçar horcruxes, e aquilo só ia atrapalhar ela, fazer a convivência mais difícil.

Quando saiu do banheiro foi se sentar em uma das mesas. Rony e Hermione estavam dançando, e ela não sabia onde Harry estava, até ele se sentar na mesa com ela.

—É meu primeiro casamento. Espero que esteja ocorrendo tudo bem. -ele disse, olhando para os convidados.

—Tudo normal até agora. -ela falou sem olhar para ele.

Ele parecia que ia falar alguma coisa, mas se calou quando um senhor se aproximou e pediu para se sentar com eles. Harry olhou estranhamente para ele e Amy se surpreendeu quando ele se arrumou na cadeira e falou:

—Sr. Doge, sou Harry Potter.

O homem pareceu surpreso e depois completamente satisfeito em falar com Harry. Amy olhou aquela estranha interação sem comentar nada. Eles começaram a falar sobre o artigo de Rita Skeeter no profeta diário, até uma tia velha de Rony entrar na conversa e começar a defender a jornalista. Amy estava pronta para se levantar e dar uma volta, quando a mulher soltou uma frase que a fez se prender à cadeira.

—Você achará Dumbledore um santo mesmo quando revelarem que ele matou aquela bruxa abortada que era a irmã dele!

—Muriel! - exclamou Doge, ao mesmo tempo que Harry e Amy quase gritaram um “o que?!”

—A irmã dele não era um aborto, ela era doente, não era? -Harry perguntou, olhando para Doge.

—Pensou errado, Barry! Dumbledore guardou à sete chaves o que realmente aconteceu à irmã dele. Nunca ninguém soube dela até sua morte! Ficou anos trancada em casa enquanto Dumbledore ganhava medalhas em Hogwarts! -exclamou Muriel.

—Isso não é verdade! -Amy disse, sem saber o que falava. Ela sequer sabia que Dumbledore tinha irmãos antes de ler a matéria no Profeta, como podia defender o que era verdade ou não?

—O que você sabe da verdade, garota? Batilda Bagshot contou tudo à minha mãe, e eu ouvi! Os dois irmão Dumbledore brigaram no funeral, Aberforth gritava que era tudo culpa de Alvo, e ele sequer se defendeu!

—Batilda Bagshot? A autora de História da Magia? -Harry perguntou, reconhecendo o nome.

—Exatamente! E digo mais: tenho certeza que Batilda deu com a língua entre os dentes para Rita! Com certeza Skeeter não perdeu tempo em procurar a velha gagá em Godric’s Hollow.

Amy e Harry se sobressaltam.

—Batilda mora em Godric’s Hollow? -perguntou Harry alarmado.

—Claro! Onde você acha que ela e Dumbledore se conheceram quando eram jovens? -disse Muriel.

Amy viu o rosto de Harry se abrir mais em surpresa.

—Dumbledore morava em Godric’s Hollow? -Amy fez a pergunta por Harry.

—Foi o que acabei de dizer, não foi? Ele e a família moravam lá, foi onde o pai foi preso por atacar trouxas. -disse Muriel.

Amy não viu a reação de Harry, pois estava ela mesma olhando meio atordoada para Muriel.

Era como se ela nunca tivesse conhecido Alvo Dumbledore, nem ao menos visto o rosto dele. De repente as palavras do testamento entraram em sua cabeça. “apesar das aparências, nunca estará sozinha”.  A segurança e confiança que sentiu por seis anos no diretor, em tudo o que acreditava dele, estava começando a rachar bem ali, naquele casamento; ela se sentiu novamente perdida, sozinha, perdendo o controle das coisas.

Naquele momento, uma luz prateada voou para o centro da pista de dança. Todos param o que estavam fazendo e olharam para ela. Amy se levantou cautelosa, apanhando a varinha. O patrono tinha a forma de um lince e quando falou, a voz de Kingsley era baixa e séria, se confundia com os batimentos de seu coração que pareciam altos demais.

—O Ministério caiu. O Ministro está morto. Eles estão vindo.

Tudo pareceu parar por alguns segundos. Ninguém falou ou se mexeu, até que alguém gritou, e todos começaram a correr e aparatar. Amy olhou para Damon do outro lado da lona, os dois sabendo que ela teria que partir naquele momento, e que ele ficaria para lutar. Seu irmão apenas fez um aceno com a cabeça antes de sacar a varinha e correr para fora.

—Accio Mochila! - ela gritou e apontou para a Toca. Sua mochila preta saiu voando da janela do quarto e ela a pegou na ar.

Quando ela olhou para onde todos dançavam, viu pessoas de máscaras e roupas pretas. Viu Lupin e Tonks erguerem as varinhas e gritarem “Protego”. Viu luzes verdes e vermelhas voarem por todo o lugar.

—Rony!! -Hermione gritava, atrás do amigo.

Hermione, Harry e Amy estavam próximos, e só esperavam Rony para aparatar dali. Quando o ruivo finalmente apareceu aos tropeços, Hermione segurou o braço dele  e de Harry. Ele esticou a mão para Amy, que estava pronta para agarrá-la, mas não o fez.

Foi como se todo o tempo tivesse congelado ao redor deles, e tudo o que Amy viu foram os olhos urgentes de Harry. Então a voz de Dumbledore ressoou em sua cabeça, algo que ele falou depois que ela ouviu a conversa do diretor com Snape.

— Talvez… isso te leve a lugares que você jamais pensou em estar. - ele disse.

Uma paralisia e confusão se alastraram na garota, e tudo o que ela conseguiu fazer sem pensar foi olhar para Harry, para aqueles olhos urgentes e verdes.

—Não posso. Eu… - ela disse numa voz baixa.

Harry olhou atordoado para ela, sem entender o que estava acontecendo.

—Amy! - Rony gritou apressado e confuso.

—Sinto muito. -ela disse e sem pensar no que estava fazendo ou no que faria, ela aparatou sozinha, deixando Harry, Hermione, Rony e todo o resto da sua vida para trás.


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Notas finais do capítulo

Eai, esparavam isso? Foi previsível? Me contem o que acharam, quero muito um feedback de vocês. É isso, Amy está de volta e vai rolar muita treta ainda.

Beijos até o próximo capítulo.



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