CAPÍTULO 4  

Na semana seguinte, as coisas só pioraram em Hogwarts.

Para o desprazer de todos, Dolores Umbridge foi nomeada Alta Inquisidora de Hogwarts, o que significava que ela podia inspecionar e fazer feedbacks dos professores para o Ministério. Além de aguentar as aulas sem magia daquela mulher, eles tinham que aguentá-la nas aulas de outros professores, fazendo perguntas inúteis e sendo horrorosa como sempre.

A única notícia boa era que Hagrid tinha voltado. E ele foi fazer exatamente o que Amy achava: negociar com gigantes, o que, pelo o que o amigo contou, não deu nada certo. Ele voltou com feridas realmente horrorosas e preocupantes. E tudo só piorava quando eles pensavam que sua volta como professor podia ser curta com Dolores na cola dos funcionários.

—Acho que isso vai ficar realmente perigoso para nós se não tomarmos uma iniciativa. -Hermione disse quando os quatro estavam no Salão Comunal fazendo os deveres de casa e discutindo sobre a incompetência das aulas da Umbridge.

—Tomarmos uma iniciativa?! O que você quer dizer? -Amy perguntou, abaixando o pergaminho e olhando curiosa para a amiga.

—Quero dizer que devemos aprender Defesa Contra as Artes das Trevas por nós mesmos. -ela disse.

—Sem chance! Você quer que façamos mais lição de casa?! - Rony exclamou indignado.

—Não estou falando de dever de casa, Ron, mas de algo mais importante. Estou falando de aprendermos a nos defender de verdade para o que está lá fora, e não praticar algumas azarações dos livros na biblioteca. -Hermione disse.

—Mas, se não vamos aprender com os livros da biblioteca, quem vai nos ensinar? -Amy perguntou.

—É óbvio, não é? Harry! -disse Hermione e olhou animada para o amigo.

Harry voltou o olhar confuso para Hermione, como se não tivesse entendido uma parte da conversa.

—Calma, eu o que? -ele perguntou incrédulo.

—Você! Ensinar Defesa Contra as Artes das Trevas! -repetiu Hermione.

Harry olhou para Amy e Rony, depois para Hermione de novo, talvez esperando que alguém falasse é brincadeira, cara, estamos só te zuando!

—Até que é uma boa idéia. -Amy disse pensando.

—É… é sim. -Rony disse com as sobrancelhas juntas.

—Vocês estão loucos? -perguntou Harry incrédulo. - Não posso, não sei…

—Não sabe?! Vamos ver, no primeiro ano você lutou contra Você Sabe Quem e salvou a Pedra Filosofal. Segundo ano você matou um basilisco. No terceiro você lutou com mais de cem dementadores ao mesmo tempo, e no quarto, duelou contra Você Sabe Quem de novo… -disse Rony.

—Fora as tarefas do Torneio Tribruxo. Pensando bem, Harry, você é bem qualificado, sim! -Amy disse.

—Não, não, me escutem! Vocês não sabem como são essas coisas. Na maioria das vezes eu só tive sorte ou ajuda e… PAREM DE RIR! - ele disse furioso quando os três se olharam com risinhos no rosto. - Vocês ficam aí achando que sobrevivi por que sei os feitiços! Cedrico sabia os feitiços e isso não ajudou ele! Vocês não entendem como é não ter nada entre você e a morte a não ser…

—Harry, nós não falamos nada disso! Você entendeu errado! Não estamos falando de Cedrico - disse Rony.

—É por isso que precisamos de você. Precisamos saber como realmente é enfrentar… V- Voldemort. -disse Hermione.

Era a primeira vez que ela tinha falado o nome dele. Harry afundou na cadeira, chateado com os amigos, pegou sua pena e voltou a escrever no dever de Feitiços.

—Bem… eu vou dormir- Hermione disse enquanto recolhia seus pergaminhos. -Er.. Boa noite.

—Eu vou também. Você vem, Harry? -Rony disse, arrumando suas coisas também.

—Só vou terminar isso. -Harry disse sem erguer os olhos.

—Ok, então. Boa noite.

—Boa noite, Ron.

Amy pegou sua pena e encarou o pergaminho por alguns segundos, depois não se aguentou e começou a encarar Harry em silêncio. Após um minuto, Harry sentindo os olhos da amiga nele, respirou fundo e encarou de volta, meio bravo e meio de saco cheio.

—Para com esse olhar! -ele disse e voltou a escrever.

—Só promete que vai pensar no assunto? É sério, Harry.

—Amy, isso é loucura!

—Não, não é. E você sabe disso. Eu vou dormir também. -ela disse e começou a arrumar suas coisas.

—Espera. -Harry disse antes que ela se afastasse - Eu queria pedir desculpas, por quebrar minha promessa. Devia ter contado para vocês sobre minha mão.

Amy sorriu levemente para ele.

—É, você devia. Boa noite, Potter. -ela lhe deu um beijo na têmpora e subiu para o dormitório.

Alguns dias depois, Hermione retomou o assunto com Harry e ele topou ensinar Defesa Contra as Artes das Trevas.

—Mas só para vocês três, está bem? - ele disse.

—Ah, na verdade, Harry, estive falando com algumas pessoas que talvez topariam aprender também. Marquei uma reunião para a nossa proxima visita em Hogsmead. Não se preocupe, é só uma meia dúzia de pessoas. - disse Hermione.

Mas não foram exatamente meia dúzia de pessoas que apareceram no Cabeça de Javali no dia de visita ao vilarejo, mas sim quase trinta pessoas, incluindo os gêmeos, Neville, Luna e Gina, Dino, Simas, Cátia e Angelina do time de quadribol, Cho e uma amiga da corvinal. Amy se surpreendeu com o número de pessoas. Todos pediram uma cerveja amanteigada e esperaram Hermione começar a falar.  

—Bem… er… Oi! Eu tive a idéia de termos aulas de Defesa Contras as Artes das Trevas porque… bem… não podemos dizer que estamos aprendendo alguma coisa com a Umbridge, e é muito importante que saibamos nos defender agora que Vocês Sabem Quem voltou. -Hermione disse.

—Onde está a prova que ele retornou?- perguntou agressivamente um menino loiro da lufa-lufa.

—Dumbledore acha que sim! - disse Hermione.

—Você quer dizer que Dumbledore acredita nele! -disse o garoto e apontou para Harry.

Harry ergueu as sobrancelhas em desafio, e ajeitou a postura para falar.

—O que me faz acreditar no retorno de Voldemort? Eu vi ele, lutei com ele. Mas  Dumbledore disse o que aconteceu ano passado, e se não acredita nele, não vou gastar saliva tentando convencer você! -disse Harry agressivamente, enquanto todos prendiam a respiração ao ouvir o nome de Voldemort.

—Tudo o que Dumbledore disse foi que Você Sabe Quem matou o Diggory e você trouxe o corpo dele de volta para Hogwarts. Acho que todos nós gostaríamos de saber dos detalhes da morte do… -disse o garoto loiro, mas Amy o cortou.

—Não, nem todos nós gostaríamos de saber dos detalhes! -ela disse olhando feroz para o garoto. Ele encolheu levemente os ombros. -Marcamos esse encontro para discutir as aulas de defesa, se está interessado em outros assuntos, você pode se retirar se quiser.

Todos olharam para a mesa e ficaram quietos por um instante.

—É verdade que você sabe conjurar um patrono com forma, Harry? - perguntou uma menina de tranças.

—Sim, é verdade.

—Caramba, Harry! Não sabia que você conseguia! -exclamou Lino.

—E ele matou um basilisco com a espada da sala de Dumbledore no segundo ano! Fora que enfrentou as tarefas do Torneio Tribruxo e os dementadores nas férias. -disse Cho e sorriu para Harry.

Os outros alunos concordaram com os feitos de Harry. Amy sentiu um leve desconforto com o jeito que Cho olhou para Harry e o fez corar. Mas tirou isso da cabeça.

—Bem, acho que todos concordamos sobre urgência de aprendermos a nos defender, e também que Harry é qualificado para nos ensinar os feitiços necessários. Agora resta saber onde e com que frequência vamos nos encontrar. - disse Amy.

Houve uma pequena discussão dos lugares e dias da semana, e acabou que Hermione avisaria a todos quando encontrassem um bom lugar para praticar. Eles escreveram o nome num pergaminho (alguns relutaram um pouco mas acabaram assinando) e a reunião se desfez.

—Aquele Zacarias da lufa lufa é um chato! -Rony disse quando saíram da Cabeça de Javali.

—Espero que ele não nos denuncie. - disse Amy.

—Ah, não vai. Coloquei um feitiço naquele pergaminho, vamos ficar sabendo se alguém nos denunciar. -Hermione disse pomposa.

—Mandou bem, Hermione. Até achei a reunião interessante, pensei que poderia ser bem pior. -disse Harry.

—Lógico que achou a reunião interessante. Cho não tirou os olhos de você, não é? -Hermione disse com um risinho.

Amy olhou meio surpresa de Hermione para Harry que corou ao ouvir aquilo. Até Rony deu uma risadinha e Amy se viu obrigada a sorrir também.

Por que diabos Cho Chang estava tão interessada em Harry, do nada?

—Podemos passar na Zonkos? Adoraria comprar alguns doces. -Amy disse enquanto encarava o chão com as sobrancelhas juntas. Aquela visita à Hogsmead parecia longa demais, derrepente.