Harry Potter e... escrita por VSouza


Capítulo 26
... a Ordem da Fênix - Capítulo 1 - Na Ordem, parte 1


Notas iniciais do capítulo

Vortei!!!!
Desculpem a demora, final de semestre é louco na faculdade, sai trabalho de tudo que é canto pra fazer.
Mas tamo de volta com capítulo grandinho sobre os primeiros dias da Amy na ordem.
Beijos, até lá embaixo!



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CAPÍTULO 1

—De jeito nenhum! Absolutamente não! Não posso acreditar que vocês cogitaram essa ideia! Isso é loucura, não, não e não! Esqueçam! - Theo Green disse bravo.

Era exatamente a reação que Amy esperava do pai.

Ela e o irmão, Damon Green, estavam sentados no sofá da sala de estar. Seu pai andava impaciente na frente deles. Sua aparência era completamente oposta da dos filhos: Theo tinha os cabelos loiros escuros, os olhos e pele claros, um físico que uma vez foi forte e definido, mas ainda assim continuava forte. O rosto tinha algumas rugas em volta dos olhos, mas nada que atrapalhasse sua beleza. A boca, uma fina camada de lábios, estava pressionada em desaprovação.

Faziam dezessete dias que Amy estava na sua casa em Londres, junto com o pai e o irmão. Gui Weasley tinha visitado eles alguns dias atrás, e falou especialmente com Damon sobre a Ordem da Fênix. O rapaz contou a conversa e o quanto queria entrar na Ordem na mesma noite para a irmã, e ela, mesmo sabendo que não poderia participar, quis adiantar sua ida para ficar com os Weasley, mas os dois sabiam que tinham um obstáculo pela frente: seu pai.

Theo participou da Ordem da Fênix anos atrás, mas por causa dela, tinha perdido a esposa, e sua posição na militância contra Voldemort nunca mais foi a mesma desde então. Deixar os filhos participarem da ordem que sua mulher estava quando foi morta estava fora de questão para ele, mas Amy e Damon não iam desistir de convencer o pai.  

—Pai, Você Sabe Quem está de volta. Quanto mais soubermos sobre seus planos e nos organizarmos contra ele, mais fácil será de derrotá-lo. - disse Damon.

—O Lorde das Trevas de volta… isso é loucura, Damon, loucura! E se ele estiver mesmo de volta…

—Ele está! -Amy disse convicta.

—Não são vocês que vão lutar contra ele e seus seguidores, deixem isso para os outros! -Theo disse bravo.

—E fazer o que? Sentar e assistir enquanto ele recupera suas forças? -Damon perguntou.

—Vamos sair do país se necessário. Ninguém ficará em perigo! -Theo disse.

Damon e Amy se olharam. Não iriam sair do país nem se fossem arrastados.

—Ninguém ficará em perigo? E os meus amigos? E Harry? Pai, não vou me afastar deles por causa disso, muito pelo contrário! -Amy disse subindo a voz. - Voldemort está de volta, ficar em casa assistindo os outros lutarem não vai nos deixar mais seguros. Eu quero lutar, Damon quer lutar, mamãe iria querer lutar! -Amy disse.

Ela soube que atingiu o ponto fraco assim que falou da mãe. Apesar do que tinha acontecido à ela, Theo sabia que a mulher nunca ficaria sentada em casa vendo seus amigos lutarem. Seria uma das primeiras a entrar na Ordem novamente.

Theo se sentou na poltrona na frente deles, a preocupação com os filhos e o incômodo da  situação fazia-o parecer alguns anos mais velho. Damon se ajoelhou na frente do pai, pegou sua mão e falou olhando em seus olhos.

—Eu sei que você tem medo que algo aconteça com a gente, pai, depois do que aconteceu com a mamãe. Eu sei, mas… não podemos ficar presos no passado, não queremos isso. As pessoas que mataram minha minha estão se unindo com Você Sabe Quem novamente, não podemos deixar que continuem a fazer o que fizeram anos atrás. Eu quero lutar, eu quero fazer alguma coisa, e Amy… bem, ela não vai participar da Ordem. Só vai estar conosco lá,  tenho certeza que não há lugar mais seguro no mundo do que uma casa onde Dumbledore colocou todos os feitiços de segurança possíveis e onde os melhores bruxos do país fazem guarda dia e noite! Você não pode afastar Amy dos amigos ou me impedir de lutar por medo, pai…

—Vocês não entendem o que estão me pedindo. Sua mãe e eu sofremos muitas perdas por causa da Ordem. Vocês sofreram. É muito perigoso.

—A ordem não causou as perdas, pai. Voldemort causou. Não podemos ficar sentados aceitando isso. -Damon disse.

Amy assistia a infelicidade do pai com o coração partido. Sabia que estava pedindo algo difícil para ele: morar na sede da Ordem da Fênix até o fim das férias, e ainda ter o irmão pedindo para participar lutando. Mas não aceitaria ficar em casa as férias inteira, enquanto seus amigos estavam reunidos. Theo olhou para o filho mais velho agachado à sua frente, depois para a caçula,os olhos pedindo que deixassem eles irem. Ele passou a mão no rosto, parecia cansado.

—Quero que me escrevam duas vezes por semana, sem exceções. Damon, terá que pedir minha permissão antes de aceitar qualquer tarefa da Ordem, e Amy, você não vai se meter onde não deve, entendeu? Vai ficar com os Weasleys mas nada de sair daquela casa, ouviu?

Amy abriu um sorriso enorme e correu para abraçar o pai.

—Não vou me meter em problemas, prometo. -Amy disse e deu um beijo na bochecha dele.

Theo acariciou o rosto da filha e deu dois tapinhas no ombro do filho.

—Eu amo muito vocês dois. Morreria antes de deixar qualquer coisa acontecer com vocês. - Theo disse e passou as mãos nos cabelos deles. - São tão parecidos com sua mãe. Ela estaria orgulhosa de vocês.

Os olhos de Amy se encheram de lágrimas com a referência à mãe. Ela e Damon abraçaram forte o pai.

—Te amamos, pai.- disseram os dois juntos.

 

 

Amy chegou na sede da Ordem da Fênix quatro dias depois. Para a sua surpresa, foi Remo Lupin que foi buscá-la em sua casa.

—Remo! - a menina se animou ao ver o ex-professor na porta e o recebeu com um abraço. Remo parecia um pouco cansado, mas já esteve com aparências piores. Damon se aproximou e os dois trocaram apertos de mãos.

Lupin aparatou com as bagagens deles primeiro, depois voltou com sua vassoura velha. A viagem com a vassoura nova de Amy foi uma das melhores partes da noite. Foi sensacional voar tão alto e rápido por cima da cidade de Londres, ela nunca tinha feito isso antes, claro. Quando chegaram no local, ela quase não acreditou quando uma casa surgiu no meio de outras duas no subúrbio trouxa.

—Façam absoluto silêncio no corredor - Remo disse e eles entraram cautelosos numa velha casa que parecia abandonada.

Um delicioso cheiro de batata assada e carne preenchia o ar. Remo seguiu o corredor até o final, Damon e Amy bem atrás dele, e abriu uma porta. Era a cozinha da casa, com uma enorme mesa central e um fogão velho do lado esquerdo. Sentados na mesa, um distante do outro, estavam Sirius e Snape. Mais ao centro, estava uma mulher magra, com espetados cabelos azuis. A Sra Weasley saiu de perto da pia e logo foi abraçar a menina, depois seu irmão.

—Que bom que vieram, que bom! -ela disse sorrindo para os dois.

Ao ver Amy ali, Sirius abriu um enorme sorriso. Ele estava diferente desde a última vez que Amy o viu. Os cabelos estavam limpos e aparados um pouco acima do ombro, a barba parecia ter sido feita há poucos dias, os olhos não eram mais fendas escuras no rosto e não estava tão magro como a última vez. Amy deu a volta na mesa e abraçou ele. Ela nunca admitiria para a Sra. Weasley, mas, tirando Damon, claro, Sirius era a pessoa favorita de Amy naquela cozinha. Enquanto abraçava Sirius, Amy viu Snape fazer uma cara de desgosto do outro lado da mesa.

—Sabia que iam conseguir convencer seu velho pai. -Sirius disse e soltou a menina.

—Bem, na verdade foi Damon. - Amy disse.

Damon se aproximou de Sirius e apertou sua mão. Alguns dias atrás, ele ainda pensava que Sirius era um assassino perigoso que tinha fugido de Azkaban, mas como ele ia participar da Ordem, Amy contou a verdade para ele.

—Olá, sou a Tonks. É um prazer conhecê-la, Amy. - a mulher de cabelos azuis falou e Amy se surpreendeu por ela saber o seu nome.

—Como sabe quem eu sou? -Amy perguntou.

—Bem, todos aqui falaram um pouco sobre os perigos que Harry passou nesses últimos anos na escola, e pelo o que parece você estava sempre encrencada também. -Tonks disse e deu uma piscadela para a menina.

Amy sorriu e deu de ombros. Não podia negar uma verdade tão absoluta. Snape revirou os olhos ao ouvir o comentário de Tonks.

—Rony e Hermione estão no quarto lá em cima, querida. Primeira à esquerda. Não faça barulho no corredor. -disse a Sra. Weasley.

Amy subiu imediatamente para o quarto. Abriu a porta e lá estavam Rony, Hermione e Gina conversando, Hermione com o Profeta Diário em mãos.

—Amy! -Hermione exclamou e correu para abraçar a amiga. Depois de abraçar Rony e Gina também, ela se sentou na cama com Hermione.

—Alguma novidade? - Amy perguntou, apontando para o jornal nas mãos da amiga.

—Só mais notícias de como Harry Potter é um garoto mimado tentando chamar a atenção. - Hermione disse.

Amy suspirou brava. Durante as férias toda o Profeta Diário tinha feito publicações para prejudicar a imagem de Harry e Dumbledore. Inclusive, não divulgaram nada sobre a morte de Cedrico no Torneio Tribruxo, o que deixou Amy muito brava.

—E como são as coisas aqui na Ordem? O que vocês fazem, o que eles fazem… e porque Harry não está aqui também? -Amy perguntou. Queria saber o máximo de informações.

—Não sabemos de nada. Mamãe não nos deixa chegar perto das reuniões e ninguém comenta na da sobre os planos de Você Sabe Quem. Praticamente estamos limpando a casa para deixá-la habitável novamente. -Gina disse.

—Calma, vocês não sabem de nada da Ordem? - Amy perguntou surpresa.

—Sabemos quem participa e algumas coisas por cima, como recrutar mais pessoas para a causa, seguir alguns Comensais da Morte e montarem guarda para Harry na casa dos tios dele. - Rony disse e deu de ombros.

—E porque Harry não está aqui? Eu já estava ansiosa para me juntar à vocês quando descobri sobre a Ordem, imagino ele. -Amy disse.

—Harry não sabe da Ordem. Dumbledore nos fez jurar que não contaríamos nada para ele, nada mesmo. Por algum motivo, ele acha que é melhor ele ficar na casa dos tios por um tempo. -Hermione disse.

—O que? Isso é cruel! Harry odeia aquele lugar, como pode ser melhor para ele ficar excluído e sem saber de nada? -Amy estava se revoltando. O que Dumbledore estava fazendo deixando o garoto de lado daquele jeito?

—Eu concordo, mas Dumbledore nos fez jurar que não contaríamos nada e disse que esse era o melhor jeito. -Hermione disse triste.

—Então vocês estão aqui ha quase um mês limpando a casa, Harry está trancado nos tios, enquanto os outros participam de toda a ação?! Isso é ridículo, não somos mais crianças para nos tratarem assim! -Amy disse.

—Mamãe não parece pensar assim. -Gina disse.

Amy cruzou os braços. Amava a Sra. Weasley, mas não admitia ser tratada como criança nem pelo seu pai, imagina pelos outros.

—E o que o Snape está fazendo na Ordem? Dumbledore pediu para ele fazer alguma coisa arriscada na noite do Torneio, lembram? Vocês tem noção do que é? -Amy perguntou, lembrando da presença do desagradável professor na cozinha. Snape não era bem o perfil de bruxo que luta contra as artes das trevas, mas exatamente o oposto.

—Não fazemos a menor idéia. - Rony disse.

Mas Amy tinha um palpite arriscado. Como o professor era um ex-comensal da morte, Dumbledore podia estar pedindo a ele que entrasse em contato com seus antigos colegas para descobrir algo sobre Voldemort. Ele era a pessoa da Ordem mais provável para espionar os Comensais, e Amy tinha certeza que Dumbledore tinha espiões.

—Ah, e Amy, não mencione Percy para meus pais. -Rony disse meio cabisbaixo.

—Porque, o que aconteceu? -ela perguntou.

—Ele foi um idiota como sempre. Brigou com o papai por causa do posicionamento dele achando que Você Sabe Quem está de volta e saiu de casa. Ficou assim porque foi promovido para assistente pessoal do Ministro, mas papai achou que só ganhou o cargo porque o ministério quer ficar de olho na família já que somos próximos de Dumbledore. -Gina disse.

—Não acredito que o Ministro ainda está negando tanto a volta de Voldemort. -Amy disse indignada.

—Bem você viu o Profeta Diário. Só estão acabando com a imagem de Dumbledore e Harry, não querem que acreditem neles. -Hermione disse.

Amy revirou os olhos. Pensava que o Ministro era alguém legal e sensato, mas agora ele se mostrava um verdadeiro babaca.

A Sra. Weasley chamou todos para a janta. Snape não estava mais presente na casa quando eles desceram. Fred e Jorge aparataram na cozinha, fazendo um alto barulho que fez a Sra. Weasley pular de susto.

—Olá Amy. Que bom que chegou! -Fred disse e se sentou do lado da amiga.

Sirius, Tonks e a Sra. Weasley apenas estavam de adultos para o jantar. Amy queria fazer várias perguntas sobre a Ordem, mas Hermione aconselhou que não fizesse, seria em vão. Ela passou o jantar inteiro conversando com os gêmeos. Como ainda não tinha espaço no quarto de Gina e Hermione, Amy teve que dormir no quarto com o Rony. Ela se deitou meio chateada, esperava mais indo morar na sede. Contudo, ela já sabia exatamente com quem falaria para roubar algumas informações nos próximos dias. Tinha certeza que Sirius contaria algumas coisas para ela.

 

No dia seguinte, ela estava voltando da limpeza num dos quartos no segundo andar, quando ouviu um barulho de ave e passos pesados no andar de cima. Cuidadosamente, subiu as escadas e se aproximou de uma porta que estava meio aberta. Quando entrou, um enorme e cinza hipogrifo estava de pé no meio do quarto totalmente sem móveis. Amy abriu um sorriso antes de avançar devagar para a criatura e fazer uma reverência. Bicuço abaixou a cabeça, mas logo se aproximou trotando da garota e aproximou seu bico do rosto dela.

—Olá, rapaz. Quanto tempo, não? -ela disse e acariciou as penas macias dele.

Bicuço soltou um baixo grasnado e se aproximou mais da menina, e Amy teve que ir um pouco para trás para não perder o equilíbrio.

—Ow, vai com calma, garoto. Também estou feliz em te ver. -ela disse.

—Ele não recebe muitas visitas, por isso fica assim. -uma voz na porta disse.

Amy se virou e Sirius estava encostado na porta, com os braços cruzados e uma cara de satisfação.

—Deve ser muito triste ficar aqui trancado esse tempo todo. -Amy disse, olhando com pena para o animal.

—Você não imagina o quanto. -Sirius disse e Amy percebeu um pouco de mágoa em sua voz. Ela olhou para ele e já não tinha mais satisfação em seu rosto.

—Porque esse tom?- Amy perguntou, Bicuço tentando chamar sua atenção novamente.

—Bem… estou na mesma situação que Bicuço. Voldemort deve saber que sou animago agora, Pedro deve ter contado, então Dumbledore não acha sensato eu ficar saindo por aí. -ele disse Dumbledore com uma certa mágoa na voz.

—Bem, pelo menos você sabe das coisas que a ordem está fazendo.

—Ah, é super legal ouvir os relatórios entediantes de Snape e ver os outros em ação enquanto eu fico em casa. -Sirius disse irônico.

—Sinto muito. -Amy disse.

—É, eu também. Amy, eu queria conversar com você… não tive a oportunidade com a correria do que aconteceu no Torneio Tribruxo. -Sirius disse, os olhos ficando mais tristes.

—Lógico. O que é?

—Eu não disse que sentia muito… por Cedrico.

Uma pontada de dor fez Amy abaixar os olhos para o chão. Ela pensava na injustiça da morte de Cedrico todos os dias, mas era muito mais dolorido quando alguém falava o seu nome.

—Eu vi vocês no campo de quadribol uma vez. Você voa muito bem, aliás. Não sei ao certo se estavam juntos ou não, mas pelo jeito que você estava na enfermaria, presumi que sim.

—Nós… huum… nós tínhamos… algo. -Amy disse com dificuldade.

—Sinto muito que ele tenha sido tirado de você.

Houve um silêncio no ar, um momento de triste que Amy relembrou a noite em que Cedrico morreu.

—Outra coisa que eu queria falar é... te agradecer.

—Pelo o que? -ela ergueu os olhos surpresa.

—Por tomar conta de Harry. Eu não posso estar com ele todo o tempo, mas fico mais tranquilo com sua teimosia de querer sempre ele seguro. Dumbledore me disse como você desceu ao campo quando percebeu que tinha algo errado e como foi com eles seguir Moody, mesmo Cedrico tendo acabado de ser morto. Você é uma grande amiga para ele.

Amy abriu um sorriso meigo. Sabia que se preocupava demais com amigo, mas não se importava com isso.

—Não faço isso sozinha, Rony e Hermione ajudam bastante e ... sei lá, não consigo evitar não me preocupar. Harry significa muito para mim, assim como Rony e Hermione. E falando em preocupação, Sirius, eu estou bem preocupada agora. Ele deve estar furioso de estar na casa dos tios sozinho e isolado, vendo Hermione e Rony juntos mas sem saber de nada o que está acontecendo. Isso é injusto, é cruel.

—Eu sei, concordo com você. Mas Dumbledore quer que ele fique com os tios mais um tempo antes de vir para cá, mas nos proibiu de contar qualquer coisa para ele, mesmo quando Harry chegar. -Sirius disse e parecia discordar com tudo o que falava.

—Mas porque? Porque Dumbledore está fazendo isso? -ela perguntou.

—Ele deve ter seus motivos.

—Harry vai chegar furioso aqui, fica só vendo.

—Imagino que vá. Mas não podemos fazer muito agora.

—Olha,  eu não sou mais uma criança! Posso muito bem saber o que Voldemort está fazendo, o que a Ordem está fazendo. A Sra. Weasley não quer que saibamos mas ela não é minha mãe, não tem esse direito de responder por mim.

Sirius abriu um sorriso ao ouvir aquilo.

—Você me lembra muito a sua mãe.

—Você conheceu ela? - Amy disse espantada. Ele nunca tinha mencionado a mãe dela para Amy.

—Claro, éramos parte da Ordem juntos. Nos conhecemos em Hogwarts é claro. -ele pareceu lembrar de uma lembrança específica dela, pois abriu um sorriso travesso. - Celine era uma mulher maravilhosa, muito corajosa e esperta, como você. Fiquei arrasado quando soube da sua morte, foi antes de eu ir para Azkaban. Tentei ajudar seu pai nos dias que sucederam sua morte, mas ele estava arrasado demais, não queria companhia nenhuma, nem do seu irmão.

—É, me falaram que ele ficou bem mal depois do que aconteceu. Ficou desempregado uns cinco anos e só então conseguiu voltar para trabalhar no ministério. Não como auror, claro. Mas ele está bem melhor agora.

—Fico muito feliz de saber.

—Mas não vamos mudar de assunto. -Amy disse e manteve o olhar firme para Sirius, mostrando que queria mesmo saber das coisas. -  Eu quero saber o que está acontecendo. Por favor, Sirius.

—Não posso, Amy. Não agora, pelo menos.

Amy suspirou chateada. Aquilo  era muito frustrante.

—Ótimo. Vai ser perfeito ficar nessa casa velha e feia sem saber e participar das coisas. -ela disse e voltou a acariciar Bicuço.

—Concordo com você sobre a casa. Meus pais tinham um gosto péssimo.

Amy se virou surpresa para ele.

—Esta casa é dos seus pais? -perguntou surpresa.

—Era. Como sou o único Black que restou, agora é minha. Oferecer para ser a sede da Ordem foi a única coisa útil que consegui pensar em fazer com ela.

—Nossa! Há quantos anos você não vinha aqui?

—Muitos. Fugi de casa quando tinha 16 anos. Fui morar com os Potters.

Amy sorriu ao ouvir aquilo e imaginou um jovem Sirius e James vivendo juntos.

—Porque fugiu de casa?

—Porque odiava todos eles. Meus pais, minhas tias, primas… meu irmão se tornou um Comensal da Morte e…

—Tá brincando?! -Amy exclamou surpresa.

—Não. Ele era um babaca, claro. Foi morto pouco depois que entrou para o círculo íntimo de Voldemort. Odiava todos eles e eles me odiavam. Não tinha o porque eu ficar. -Sirius não parecia chateado com o que aconteceu no passado.

—Sinto muito por isso.

—Foi há muito tempo.

Nesse momento, Amy ouviu a Sra. Weasley gritar seu nome no andar de baixo. Ela já estava a um bom tempo fora da faxina.

—Acho que preciso ir. -Ela disse e deu um último carinho para Bicuço. Quando estava saindo do quarto, Sirius a chamou de volta.

—Eu sei que Harry é meu afilhado, por isso somos tão próximos para contar um com o outro. Mas saiba que sempre que precisar de mim, para qualquer coisa, estarei com você.

Amy foi pega de surpresa com as palavras dele, mas lançou um doce sorriso para ele.

—Sei disso, Sirius. É como se você fosse meu padrinho também. -ela disse e desceu as escadas

 

Amy quase quis brigar com Hermione por ela defender os direitos dos elfos domésticos quando conheceu Monstro. Aquela criatura era detestável, mas ao mesmo tempo que dava raiva, sentia um pouco de pena dele. Ela passou os próximos três dias limpando a casa junto com os meninos enquanto Monstro xingava eles em voz alta. O coitado deve ter ficado tanto tempo sozinho que não sabia mais reconhecer quando falava alto ou baixo. Sempre que Amy tentava se aproximar de alguma reunião, a Sra. Weasley aparecia e pedia para ela fazer alguma coisa. Nem com as Orelhas Extensíveis de Fred e Jorge eles conseguiam ouvir algo.

Amy escrevia ao pai de cinco em cinco dias. Não contava muita coisa, tinha que ser sigilosa caso a carta fosse pega pelo ministério ou algum comensal. Fora o cartão de parabéns que ela mandou para Harry, Amy não tinha mandado nenhuma carta para o amigo. Não queria esconder que estava junto com Rony e Hermione, mas também não queria deixar isso claro, ele só ia ficar mais magoado. Por fim, ela acabou escrevendo uma carta perguntando como ele estava e dizendo que estava tudo bem com ela e a família.

Era um final de tarde comum na Ordem. Alguma reunião estava acontecendo na cozinha e só se ouvia algumas pequenas explosões no quarto de Fred e Jorge. Amy estava no primeiro andar lendo um livro que achou jogado pela casa sobre as famílias bruxas mais nobres do século (o que Amy achava uma grande bobagem, mas leu mesmo assim) quando ouviu um alvoroço vindo da cozinha. Bem rápido, ela desceu as escadas, mas antes que chegasse no térreo, viu Dumbledore sair apressado do cômodo. Seu rosto não estava nada gentil. Ele passou tão depressa que Amy não teve a oportunidade de perguntar o que estava acontecendo. Ela correu imediatamente para a cozinha, e alguns membros da ordem como Moody, Quim, Sirius, Tonks, Lupin e o sr. Weasley estavam agitados e preocupados, falando alto.

—O que aconteceu? -Amy se aproximou de Lupin e perguntou.

Hermione e Rony chegaram na cozinha nesse momento, olhando a confusão toda. Fred e Jorge logo depois.

—Parece que Harry usou um feitiço em Little Whinging, na frente de um trouxa. O ministério já está contra ele, essa é uma ótima desculpa para expulsar Harry de Hogwarts. -Lupin disse preocupado.

—O que? Não podem expulsá-lo! -Hermione exclamou.

—Não se preocupem. Dumbledore foi agora mesmo para o Ministério resolver isso. Tenho total confiança que ele vai conseguir acalmar os ânimos do Ministro. -disse Tonks.

Amy, no entanto, não estava tão calma.

—Que feitiço ele usou? -ela perguntou.

—O pratonum. -Lupin disse mais sério.

Um frio percorreu a espinha de Amy ao se lembrar dos dementadores. Só tinha topado cara a cara com um uma única vez, no expresso de Hogwarts, mas a experiência já foi bastante traumatizante para ela temer as criaturas.

—Parece que o trouxa que viu a magia foi o primo dele. -Amy ouviu Quim comentar com Sirius atrás de Amy. -Pelo o que a senhora Figg disse, os dois foram atacados.

Amy tentava pensar claramente para não ficar ansiosa ou nervosa demais.  Harry já tinha enfrentado dementadores sozinho antes, muitos deles aliás. Sabia que o amigo estava salvo, ele era um excelente bruxo para sua idade. Mas se o primo trouxa foi atacado, fora o problema com o ministério, Harry teria problemas com os tios trouxas também. Eles ficariam irados ao pensar que o filho sofreu com alguma coisa mágica que Harry tenha atraído. Ele até talvez fugiria de casa; não seria a primeira vez. Já estava emocionalmente abalado com a volta de Voldemort e a distância dos amigos.

—Ele vai fugir de casa. -Amy disse para quem quisesse ouvir.

Sirius, Lupin e o Sr. Weasley viraram a cabeça para a menina.

—Ele já deve estar muito bravo por estar sozinho o verão todo. Quando começar a discutir com o tio sobre o ataque ao primo, ele não vai querer ficar lá. Tenho certeza. - ela disse.

—Amy está certa, ele não vai ficar na casa. - Hermione reforçou preocupada.

Amy não entendia a urgência de Harry precisar ficar na casa dos tios, mas os outros pareceram entrar em pânico e Sirius mandou um bilhete para Harry mandando ele não sair da casa por nada e que Dumbledore já estava no Ministério resolvendo tudo.

Sr. Weasley despachou o bilhete e todos ficaram tensos durante alguns minutos.

—Será que o garoto deu ouvidos ao bilhete de Sirius? - Quim perguntou.

—Aposto que deve estar reconsiderando fugir daquele lugar. -Lupin disse nervoso.

—Ah, céus. ele não pode deixar aquela casa. -disse a Sra. Weasley preocupada.

—Por que não? -Amy perguntou.

—Não é seguro. -Sirius disse sucinto.

Amy quis gritar com eles e perguntar o porque não era seguro, porque diabos ele tinha que ficar naquela casa, mas não disse nada.

—Amy, escreva um bilhete para ele. Fale para não sair de casa. -Sr. Weasley disse.

—Porque eu? - Amy perguntou. Harry só ficaria mais bravo ainda de saber que ela estava junto com os outros.

—Ele vai te ouvir, tenho certeza. -disse Sirius.

Amy suspirou e pegou uma pena e um pergaminho que estava na beira da mesa e escreveu o bilhete.

“Hermione me escreveu o que aconteceu. Não saia de casa, Harry, não é seguro.”

Ela odiou mentir sobre como ficou sabendo do que aconteceu, mas achou que era a melhor saída para o momento.

Menos de uma hora depois, receberam notícias de Dumbledore que ao invés de uma expulsão imediata, haveria um julgamento no Ministério para o caso. Logo em seguida, Edwiges apareceu com quatro papéis endereçados para Amy, Rony, Hermione e Sirius, com a mesma frase repetida.

“Fui atacado por dementadores. Quero saber o que está acontecendo e quando posso finalmente sair desse lugar”

O coração de Amy se partiu com as palavras do amigo. Ela quis responder logo, mas Moody falou que Dumbledore deu ordens de Edwiges não voltar com respostas, o que deixou Amy um pouco revoltada.

Ela não entendia as ações do diretor, não entendia seus motivos, não entendia nada do que ele estava fazendo com Harry. Ele podia ser um grande bruxo, mas Amy não teria medo de questioná-lo para saber o que estava acontecendo de verdade.

Amy parou um pouco para raciocinar o que acabara de pensar. Sua proteção em relação ao amigo parecia dez vezes mais forte desde as férias. Ela tinha uma ótima razão, claro: Voldemort estava de volta, e se Harry já vivia em perigo antes, agora era como se ele estivesse à beira da morte todos os dias.

A Ordem da Fênix inteira parecia com um ar de preocupação no rosto. Muitos estavam bravos com Mundungo Fletcher por ele ter deixado o seu posto e ter perdido o ataque dos dementadores, deixando Harry sozinho para enfrentá-los. Não que Amy estivesse preocupada com a capacidade de Harry em se livrar dessas criaturas, ela sabia o quanto ele era bom.

Ela só percebeu que a Ordem estava planejando buscar ele na casa dos tios quando a Sra. Weasley pediu para Amy levar seu colchão para o quarto de Gina e Hermione, para abrir espaço no quarto do Rony. Os amigos também perceberam, mas nem se deram o luxo de perguntar para os membros da ordem, sabiam que iriam enrolar eles. Amy só não achava que seria tão cedo. Três dias depois do ataque, ela estava saindo do banho quando ouviu alguém gritando. Primeiro, pensou que era na reunião na cozinha, mas alguns segundos depois, percebeu que conhecia muito bem aquela voz, apesar de não estar acostumada a ouvi-la tão alterada. Amy saiu do banheiro com os cabelos pingando e a camiseta tombada para um lado. Foi em direção ao quarto de Rony e a voz de Harry parecia realmente furiosa.

—MAS PORQUE EU DEVERIA SABER O QUE ESTÁ ACONTECENDO? POR QUE ALGUÉM SEQUER SE IMPORTARIA EM ME CONTAR O QUE ESTÁ ACONTECENDO?

Amy ouviu Hermione tentar se defender, falando, mas Harry não lhe deu chances.

—ACHO QUE NÃO QUERIAM TANTO ASSIM, AFINAL. PODERIAM TER ARRANJADO UM JEITO DE ME MANDAR UMA CORUJA, MAS “DUMBLEDORE NOS FEZ PROMETER…”

—Ele fez… -tentou falar Rony.

—EU PASSEI QUATRO SEMANAS PRESO NA RUA DOS ALFENEIROS, PEGANDO JORNAIS DO LIXO PARA TENTAR SABER O QUE ESTAVA ACONTECENDO….

Ela não aguentou mais ficar parada atrás da porta ouvindo ele atacar Rony e Hermione. Entrou no quarto no meio da fala do amigo. Harry se virou e se calou ao ver Amy ali, uma mistura de alívio e raiva pareceu preencher os seus olhos verdes.

—Harry. Pensei mesmo ter ouvido a sua voz. -ela disse.


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Notas finais do capítulo

Eaii, o que acharam? Ficou ruim um capítulo muito grande assim, ou ficou suave de ler?? O que esperam da Amy nesse quinto ano, ansiosos como eu estou? Ah, e mais pra frente vocês vão ficar sabendo do porque Sirius ser mais chegado na Amy do que na Hermione e Rony (hehehe)
Comentem, critiquem me falem o que estão pensando!!

Beijos, até o próximo capítulo.



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