Agora e para Sempre escrita por Nadaluvia


Capítulo 72
2 Temp - Uma chance.


Notas iniciais do capítulo

Desculpe a demora, fiquei sem internet. Mas esse capitulo vai compensar, prometo.
Boa leitura.



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Luis me aperta mais contra seu corpo e, por mais que eu queira continuar, aquele contato me deixa enjoada.

— Você esta bem? - pergunta, percebendo.

— Eu só… vou ao banheiro.

Disparo para dentro da casa, sendo empurrada pelas pessoas dançantes.

O banheiro do primeiro andar esta ocupado então subo e entro no primeiro quarto que vejo.

Coloco tudo pra fora, inclusive meus remedios anti-enjoo. Sento-me no chão, massageando as temporas, afim de acabar com a dor de cabeça.

— Entendi o recado - digo ao meu bebê e depois rio, ainda achando louco tudo isso.

Percebo que estou aonde não deveria estar.

Levanto, o coração batendo fortemente no peito, reconhecendo o lugar. A cama, a escrivaninha, o armario, os porta-retratos vazios.

Apenas uma foto restou, sozinha no quarto abandonado. Eu — ainda com meus cachos louros e olhos verdes incrivelmente iluminados — Estampo o quadro prateado.

Me doi saber que ele não quer se lembrar de mim daquele jeito, feliz e saudavel.

Não contenho as lagrimas e desabo na cama, abraçando o que restou dele. O que restou de nós. Seu cheiro ainda ainda esta ali, empreguindo minhas roupas. A saudade cresce mais e mais.

— Helena? - Luis me encontra. - eu estava te procurando e…

Se aproxima mas ergo a mão para que pare onde esta.

— Por favor… Aqui não.

Olha ao redor.

— É o quarto dele, não é?

Não vê que estou chorando, ou se vê não fala nada.

Assinto.

— Bem, ele tinha um otimo gosto - se senta no chão, pegando em minha mão.

Toma o maximo de cuidado para não encostar na cama. Sabe que não tem esse direito.

— Quando… - exita, formulando outro jeito de perguntar. - posso ter esperanças?

Entrelaço nossos dedos, tentando sorrir de uma forma convincente.

— Sim. Vou resolver meus problemas.

Luis não acredita. Na verdade, nem eu sei se estou falando a verdade.





— Quantos doces pegou? - pergunto para Leticia, apenas para passar o tempo.

— Não sei fazer conta. - rio disso, vendo a menina que um dia eu fui na minha irmã. Acariscio seu cabelo dourado.

Eu era tão inocente, pura, humilde. Não tinha ideia do que era sofrer por amor. Torço muito para que meu bebê nasça como ela. Como um dia eu fui.

— Por que esta me olhando desse jeito? - ela empurra meu braço. - esta me dando medo.

Saimos do carro, entrando em casa.

Deixo todos na sala, pego a cerveja que guardei na bolsa e subo para o telhado. Já é quase quatro da manhã, ainda esta de noite e o frio me faz encolher.

Eu vinha aqui quando criança, achava que aqui era o castelo e esperava que meu principe encantado viesse me buscar.

Mas parei quando entrei na adolescencia, sentindo que meu castelo estava caindo aos pedaços. Na epoca, meus pais terminaram pela ultima vez, sem chance de voltar. Aquilo era tudo que eu precisava para me tornar quem um dia eu fui. Helena Lacerda, a patricinha metida.

Pensando bem, acho que Arthur passou pela mesma coisa. Ele nunca viu seus pais juntos de verdade, então o garoto enfiou a cara nos livros, tentando fugir daquele mundo que vivia.

Temos mais em comum do que imaginavamos.

— Hey. - me viro, vendo Miguel passar pela janela e sentar ao meu lado.

— O que esta fazendo aqui?

— Precisa de um amigo. Aqui estou eu.

— Não preciso de ninguem.

Ele ri, o que me deixa mais raivosa.

— Você sempre precisou de alguem, Helena. Ninguem é de ferro.

Choro que nem um bebê, o que venho fazendo a meses desde de que descobri o cancêr e vi Arthur me deixar pela primeira vez.

Miguel não sabe lidar com mulheres chorosas, então apenas afaga minhas costas.

— Por quem choras, querida Julieta? - brinca.

— Não me faça rir, por favor - sussurro, escondendo a cabeça com o capuz da blusa.

— Ouvi dizer que você ficou com o Luis na festa.

— Quem disse isso? - fungo, controlada finalmente.

— Todos viram. É por ele?

Balanço a cabeça, pressionando os labios.

— É por… tudo. - minha voz sai embargada, quase como um sussurro. - Arthur, Luis, Nathalia, Abigail. Você.

— Por que eu?

— Você ainda é Você. Ainda é o cara que todas desejam e querem por perto. É o cara que vai ficar bem no final, casando com a garota que ama e criando os filhos em um mundo caro e perfeito ao seus olhos.

— Não é assim…

O encaro, as lagrimas voltando a cair, embaçando meus olhos.

— Enquanto todos ao meu redor vivem suas vidas como bem querem, eu estou aqui, presa em um mundo aleatorio, onde nada em minha vida dá certo. Vivendo o que nunca pensei em viver.

— Vai ficar tudo bem… - sussurra.

Olho para o cêu, feliz por estar de noite e não ter que encarar o sol brilhoso e injusto.

— Estarei presa neste cancêr, neste corpo medonho que não é o meu. Nem dinheiro e nem a merda do amor podem me salvar, Miguel. Sou um saco de tumor! - grito o que o assusta.

Dessa vez não choro ou me culpo mentalmente. Minhas unhas arranham meu pulso, atê que eu sinta o liquido metalico em meus dedos. A dor me fortalece, me faz sentir melhor.

Ele não percebe meu ato, apenas olha para meu rosto.

— Ninguem se importa comigo, Miguel. Quando eu partir, nada nem ninguem estara lá para discursar o quão boa eu fui em meus ultimos dias de vida, ou para resumir a minha infância. Eu estou sozinha e morrerei sozinha.

Não menciono o bebê, claro.

— Eu estou aqui - Segura em meus ombros, me trazendo para si.

Me abraça.

— Você nunca esteve.

Seus labios chegam ao meu ouvido, apenas para que eu escute:

— Você foi meu primeiro amor. Sempre vou estar.

Ele me deixa chorar, afagando minha cabeça atê que eu me sinta bem.

Por fim, consigo ouvi-lo dizer:

 — Vá atrás dele.

Sei de quem fala, e é isso que faço.





Corro. Corro como se minha vida dependesse disso. E depende.

Paro para recuperar o folego e digo para mim mesma que preciso ficar bem. Tomo mais um anti-enjoo e continuo o caminho.

Uma vez, vi a morte. Encarei meus pesadelos, meus pecados de frente. Fui salva, tive uma segunda chance.

Ele tambem precisa de uma chance.

Depois de minutos batendo em sua porta, ele a abre sonolento.

Antes que diga algo, tomo seus labios.

— O que esta fazendo? - pergunta ofegante.

— Você tem sua chance.


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Notas finais do capítulo

Eita...



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