Agora e para Sempre escrita por Nadaluvia


Capítulo 71
2 Temp - Doces ou Travessuras


Notas iniciais do capítulo

Desculpa a demora, mas to aqui agora e esse capitulo compensa. Dessa vez não sei se ficarão bravos ou felizes. Me dizem nos Reviws pelo amor!!!!



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— Aqui! - exclama Gabrielle ao achar uma fantasia em meu closet. Fui liberada do hospital, agora estando em casa procurando fantasias para a nossa festa de Halloween.

— Ah, essa é minha fantasia da Merlin Moroe.

— Exato. Você usou na 8° Serie, quando dançou com o Arthur no baile de fim de ano. - a lembrança me traz uma dor no peito, e balanço a cabeça.

— Não vou usar isto.

— Por que? Ainda te cabe.

— De alguma forma, Arthur esta comigo - minha mão toca a barriga. - e não quero mais lembranças dolorosas.

Se senta ao meu lado.

— Ligue pra ele.

— Não.

— Ele merece saber. É o pai.

— Posso ser mãe solteira.

— Helena, ele vai amar.

— Como sabe? - a olho. - Guilherme arcou com as consequências pois não tem mais nada de interessante a fazer. Ele não se importa com faculdade ou mesmo  no trabalho. Você já o viu sair de manhã cedo para procurar um emprego? - não espero a resposta. - exatamente. Guilherme é um vagabundo. Já Arthur, não. Isso acabaria com a vida academica dele, a vidinha perfeita que tanto sonhou.

Ela me encara.

— Guilherme pode ser um vagabundo, mas pelo menos esta aqui, ao meu lado - isso doeu de uma forma inexplicavel. - esta aqui, vendo nosso bebê crescer enquanto o pai do seu filho esta do outro lado do mundo. Essa é a diferença, Helena.

Levanta, se direcionando á porta.

— fale comigo quando parar de ser egoista e se importar com as outras pessoas, alem de você.

— Sempre fui assim.

— Não, Helena. Você mudou, todos nós percebemos. - sai do quarto, me deixando sozinha.

Pego meu celular, pensando bem. A qualquer momento posso falar com Arthur, ouvir sua voz que tanto sinto falta.

Mas nego. Não posso.

Não posso.

Guilherme entra no quarto.

— O que você fez, Helena?

— O que?

— Gabi esta chorando lá embaixo. O que disse pra ela?

— A verdade. Que você é vagabundo e muito diferente de Arthur.

— O que eu fiz pra você?

Dou de ombros.

— Você disse mais coisa, não disse?

Abaixo a cabeça, não querendo dizer.

— Fale agora, Helena.

— Disse que você só esta com ela por que não tem mais nada pra fazer e que você não se importa em arranjar um emprego ou uma casa.

Ele se ajoelha a minha frente, para ficar a minha altura.

— A Gabi já esta muito emotiva com tudo que esta acontecendo. Os pais dela expulsaram-a de casa, mamãe tambem quer nos expulsar. Se não fosse Miguel, estariamos dormindo na praça. E eu não estou com ela pelo que você disse mas porque eu a amo e o filho é meu. - explica, calmo.

— Ninguem se importa comigo. Meu namorado me traiu, estou gravida e ele foi embora, e a qualquer momento posso morrer de cancêr levando meu bebê junto. A situação de vocês esta bem melhor que a minha não acham? - acariscia meu joelho, compreensivo.

— Nós nos importamos sim com você. Somos trigemeos, não somos? O que seria de nós sem você?

Não consigo conter uma lagrima de emoção, aliás, ainda me sinto muito sozinha.

— Hey, alguem por acaso sabe onde foi parar minha camiseta de bolinhas? - pergunto Gabriel, entrando no quarto. A perna mecanica serviu muito bem pra ele, mas enquanto não se acostuma tem que se apoair nas amuletas.

— Quem é que ainda usa camiseta de bolinhas? - disse Guilherme.

— Combina com minha fantasia.

— Qual é a sua?

— Lobisomem.

— Mesmo?

— Sim.

— Lobisomem? Tem algo mais clichê do que isso? - digo, gesticulando com as mãos.

Dá de ombros.

— E tem algo mais clichê do que Merlin Moroe? - rebate, reparando na fantasia em cima da cama.

— Não vou com essa fantasia.

— Não me diga que vai de Garota Depressiva? - debocha Guilherme.

Reviro os olhos.

— Ela ainda serve em você. Anda, vista. - me empurram para o banheiro.

A roupa ainda cabe em mim, como da ultima vez que o usei. Eu tinha 15 anos, era meu primeiro baile e Arthur era a unica pessoa disponivel para a dança romantica. Ninguem queria dançar comigo já que eu era um pé no saco, e Arthur já era um nerd na epoca.

 

FLASHBACK ON:

 

“— Quer dançar comigo? - Guilherme perguntou para Gabrielle, deixando a garota envergonhada.

— Dançar? - meu irmão assentiu.

— Vai logo. - eu a empurrei pra fima do garoto.

Me vi sozinha, no meio do salão lotado de casais. A musica romantica tocava alto, me deixando enjoada e triste ao mesmo tempo. O cara que eu tanto queria, Miguel, dançava com outra garota, sussurrando em seu ouvido.

Arthur, um VilasBoas egocêntrico e nerd, esta encostado perto da porta de saida, talvez arranjando um jeto de fugir da festa já que sua irmã o obrigou a ficar. Ele usa um terno maior que seu tamanho, ofazendo parecer mais baixo, apesar de não ser.

Ele me encontra no meio de toda a multidão, arqueando a sombrancelha como se perguntasse o porquê de eu o estar olhando. Faço o mesmo, o desafiando.

Um sorriso debochado aparesce em seus labios, e me aproximo, com os braços cruzados.

— O que esta fazendo? - pergunto. Ele não é tão mais alto que eu, então o encaro olho no olho.

— Só parado.

— Não tem par?

Dá de ombros.

— Ninguem quer dançar comigo. E você?

É minha vez de dar de ombros.

— Tambem não.

— E se dançarmos juntos? - perguntou meio envergonhado.

— Eu e você? Dançarmos?

— Tem mais alguma outra ideia?

— Não.

Ele pega em minha mão, me puxando para o centro do salão novamente. Suas mãos atrapalhadas tocam em minha cintura, ainda sem jeito, enquanto as minhas param em seus ombros.

Ele balança, me levando junto no ritmo da musica.

— Acho isso meio estranho. - ele concordou com a cabeça, risonho.

—  Realmente. - mordi o labio, sem assunto. - Você não deveria estar sozinha.

— Mas estou.

— Por que?

Dou de ombros.

— Ninguem me pediu para dançar. Acho que não gostam de mim.

— É normal. Você tem dinheiro.

— As pessoas te odeiam porque é inteligente.

— Miguel fez isso.

— Você não se importa?

— Nem um pouco. Prefiro ser invisivel a ser notado de um jeito cruel, sabe, não quero ser motivo de chacota pelos corredores da escola.

— Bem, meus irmãos dizem que você é egocêntrico. Nem sei o que isso significa.

Ele ri.

— Não me acho uma pessoa metida.

— Significa isso? - assente. - então não concordo.

Sorri.

— Você me odeia, certo? Na verdade, sua familia inteira me odeia.

— Não. Não te odeio. E não temos culpa de nossas familias serem quem são.

Concorda.

— Tive essa impressão. Nunca nos demos bem.

— Lembro do dia do sorvete.

Ele ri, tambem lembrando.

— Não deviamos mais voltar naquela lanchonete. - rimos, juntos.

A musica acaba, nos fazendo parar.

— E agora?

— Podemos ser amigos? - estende a mão.

A aperto.

— Sim.

FLASHBACK OFF.




Meus olhos lacrimejam com a lembrança.

Apesar de eu ter aceito o pedido de amizade, dias depois me juntei a popularidade e parei de falar com ele. E realmente fiz o que ele nunca quis, faze-lo ser motivo de chacota pela escola.

Fui uma pessoa horrivel, me dou conta disso.

Quando saio do banheiro, Guilherme e Gabriel conversam sobre algo aleatorio.

— Wow - Gabriel disse, sorrindo com a fantasia. A peruca ficou bonita em mim.

— Ficou bonito. - disse o outro. - se sente bem?

— Nem um pouco.

— Vai ficar tudo bem.

O loiro beijou minha testa, me tirando do quarto.

Descemos as escadas, fazendo Georgia bater palmas.

— Ficou lindo. Ainda cabe.

Sorrio falsamemte.

Gabi me olha, sinda chateada e só com um olhar ela percebe meu pedido de desculpas.

É assim que amigas se comunicam.

Ela sorri e me abraça.

— Desculpe, estou começando a ficar paranoica.

— Eu sei, culpa da gravidez.

Apesar de não ser, concordo. Miguel entra pela porta da frente, cheio de si, como sempre.

— Oi familia.

Me olha dos pés a cabeça, aqueando a cabeça.

— Conheço essa fantasia.

— Com certeza.

— Foi na primeira vez que ficamos juntos, certo?

— Oh, você reparou? - revira os olhos. - onde esta Deborah?

— Em casa, arrumando os ultimos detalhes.

— Do que vai se vestir? - ele gira apontando para as proprias roupas.

— Aqui esta.

— Mas isso não é uma fantasia.

— Bem reparado Helena - pisca. - estou vestido de mim mesmo.

Caio na gargalhada.

— De você mesmo? Faça-me favor Miguel.

— Pelo menos não sou eu que estou usando uma roupa de quase uma decada atrás.

Mostro a lingua.

— Chega de briga crianças - diz mamãe. - Estão todos prontos?

— Não, mãe. Ainda falta nós. - responde Guilherme.

Ela o ignora, como se Gabrielle e o proprio filho não existissem.

— Querem uma carona para a festa?

— Não precisa. Eu pego o carro. - respondo, mau-humarada do nada.

— Não é seguro que você dirija.

— Por que estou gravida ou poque os remedios estão me deixando retardada? - explodo outra vez. Agora sei o motivo. Ela quer esquecer que o filho e o neto existem, trocando ele por mim. Sempre foi assim.

Ela não se deixa abalar, sabendo que talvez isso tem haver com a quimioterapia.

— Calma, não é isso que estou dizendo. Só não quero que você e seu irmão corram perigo.

Irmãos — a corrijo. - Guilherme tambem é seu filho.

Ela vira o rosto, como uma adolescente rebelde. Olhando assim, ela se parece muito comigo.

— Você não vai ignora-lo e expulsa-lo dessa casa, esta ouvindo?

Georgia me encara.

— Olha como fala comigo, mocinha.

— Guilherme é seu filho, pai do seu neto. Não vai troca-lo por mim, entendeu?. Tambem espero um filho o que não é muito diferente desses dois. - aponto para o casal.

— Eu sou a mãe, me respeite.

— Você não tem direito aqui, Georgia. A casa é nossa, papai nos deu. E se não quiser viver na rua, aceite Gabrielle, Guilherme e seu neto. - consigo ver lagrimas no canto de seus olho, o que me deixa fraca, quebrando minha armadura. Não consigo ver minha mãe chorar.

Fui dura, não podia ter chegado a esse ponto. A abraço, sem saber o que fazer direito.

— Desculpe, desculpe, desculpe. - sussurro em seu ouvido, sentindo minha mãe desmanchar em meus braços.

Meus irmãos se juntam a nós, em um abraço coletivo.

— Perdão, por tudo. - responde ela, soluçando.

— Mãe podemos te ajudar - digo me soltando. - Todos nós precisamos.

— Somos uma familia tão maluca. - rimos.

— Vamos ficar bem no final.

— Vamos - repete ela, tentando acreditar.







A casa esta decorada com tudo que o festa de Halloween tem que ter. Aboboras com caretas assustadoras, bruxinhas e fantasmas de lençois na parede, musica alta e doces.

Leticia pula de um lado para o outro, recolhendo confetes do chão e jogando dentro de sua bolsinha de guloseimas.

— Onde esta sua mãe? - pergunta a Deborah, escorada na banqueta da cozinha.

— Deu uma saida. Parece que esta com namorado novo. - sorrio. - Arthur ia odiar a ideia, sempre foi ciumento.

— Verdade. - concordo, tristonha. Ela repara, fazendo uma careta.

— Perdão.

— Tudo bem. Estou tentando.

— Eu sei. Apesar de ser dificil né?

Assinto.

— Muito.

Deborah esta vestida de Bruxa, usando um vestido sexy e apertado. Só dá para perceber que ela esta vestida disso, e não de dançarina de bordel, por causa do chapéu.

— Ele pergunta de mim?

— As vezes. Eu sinto muito mesmo por ter deixado ele ir embora.

— Não é meu destino.

Balança a cabeça, concordando.

— Apesar de amar vocês juntos, tenho que te apoiar. Siga em frente.

Respiro fundo.

— Vou tentar. - automaticamente minha mão chega a minha barriga, fazendo Deborah perceber o que esta havendo.

— Ai meu Deus, você… - tampo sua boca.

— Fique quieta.

Alguns garotos entram na cozinha, carregando garrafas de cerveja.

— Estou. - sussurro.

— Quem mais sabe?

— Todo mundo da minha familia. Minha mãe não segurou a lingua.

— Arthur precisa saber disso.

Pega o celular mas seguro seu braço.

— Não.

— Hey, ele é pai.

Os garotos saem, nos fazendo voltar a falar em boz alta.

— E dai? Arthur esta com a vida ganha. Não vou estraga-la por causa do bebê.

— Tem que contar, Helena.

Bato em seu celular derrubando-o no chão.

— Não, Deborah. É meu filho. Vou fazer o que quero.

— Isso é injusto e egoista!

— Se você contar, eu acabo com você.

— Não tenho mais medo de você, Helena. - se aproxima, o rosto levemente rubro pela raiva. - você tem coração mole e uma hora vai deixar isso a tona. Ele vai saber algum dia.

— Algum dia. Mas não agora.

— Vou guardar o segredo. E vou ajudar a cuidar dessa criança. Mas saiba que se você não contar, eu conto.

Me viro, saindo dali.

Mais uma no meu pé. A festa esta badalada, tendo mais gente do que esperavamos.

Vou atê Guilherme.

— O que aconteceu? - repara em minha frustração.

— Deborah. Quer contar para Arthur.

— Bem, eu não gostaria de não saber sobre meu filho.

— Não posso correr esse risco. Nossas vidas estão em perigo.

— Aff - responde ele, tomando sua bebida. - chega de drama. Você esta otima.

— Atê quando? A qualquer momento explodo.

— Fique bem longe de mim, não quero sujar meu terno.

Reviro os olhos.

— Lena - Gabi me puxa. - aquele ali não é o Luis?

Aponta para o garoto entrando na festa, vestido de Woody do Toy Story. Esta sozinho, e incrivelmente bonito.

— Vai lá falar com ele.

— O que? Não!

— Vai logo, antes que eu te arraste atê ele.

Ela me empurra em sua direção.

Antigos costumes nunca mudam.

— Oi. - ele sorri, charmoso.

— Oi.

— Você fica bem de cowboy. - dá uma voltinha mostrando a roupa.

— Realmente.

Rimos.

— por que esta sozinho?

— Não tenho companhia.

— Agora tem.

O puxo pela mão.

Uma musica super agitada começa a tocar, mas não consigo me mexer. Simplesmente, porque ainda estou fraca demais pra isso.

Ele percebe, apenas sorrindo e segurando minha cintura.

Como uma boneca, ele me puxa e me faz seguir seu ritmo. Solto gargalhadas enquanto sou girada.

E estou de volta aos meus 15 anos, como uma criança normal que só quer um cara para dançar uma musica qualquer. Dessa vez não é Arthur que segura minha mão e me faz rir. Ele não esta aqui, e por mais que eu sinta sua falta, não queria que estivesse. Luis me faz rir, me fazendo esquecer de todos os meus problemas.

A musica agitada é substituida por uma romantica, me fazendo agarrar em Luis. Quero esse contato, e ele tambem.

— Você ainda não esta preparada, esta? - sussurra em meu ouvido.

— Posso estar?

O vejo sorrir.

— Com certeza.

Encontro seus labios. O beijo é delicado e viciante.

Não quero sair dali, mas ele me puxa para fora.

Crianças brincam no gramado, jogando doces para o alto, sendo supervisionados por minha mãe. É vergonhoso, mas não posso ficar sozinha.

Luis me beija, me apertando contra seu corpo.

— O que esta fazendo? - pergunto.

— Só me beije. Vai ficar tudo bem.

Me entrego a ele. Uma pontada de esperança nasce em meu peito, feliz por ter alguma.


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Notas finais do capítulo

Eai?



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