Agora e para Sempre escrita por Nadaluvia
Notas iniciais do capítulo
Desculpa a demora, mas to aqui agora e esse capitulo compensa. Dessa vez não sei se ficarão bravos ou felizes. Me dizem nos Reviws pelo amor!!!!
— Aqui! - exclama Gabrielle ao achar uma fantasia em meu closet. Fui liberada do hospital, agora estando em casa procurando fantasias para a nossa festa de Halloween.
— Ah, essa é minha fantasia da Merlin Moroe.
— Exato. Você usou na 8° Serie, quando dançou com o Arthur no baile de fim de ano. - a lembrança me traz uma dor no peito, e balanço a cabeça.
— Não vou usar isto.
— Por que? Ainda te cabe.
— De alguma forma, Arthur esta comigo - minha mão toca a barriga. - e não quero mais lembranças dolorosas.
Se senta ao meu lado.
— Ligue pra ele.
— Não.
— Ele merece saber. É o pai.
— Posso ser mãe solteira.
— Helena, ele vai amar.
— Como sabe? - a olho. - Guilherme arcou com as consequências pois não tem mais nada de interessante a fazer. Ele não se importa com faculdade ou mesmo no trabalho. Você já o viu sair de manhã cedo para procurar um emprego? - não espero a resposta. - exatamente. Guilherme é um vagabundo. Já Arthur, não. Isso acabaria com a vida academica dele, a vidinha perfeita que tanto sonhou.
Ela me encara.
— Guilherme pode ser um vagabundo, mas pelo menos esta aqui, ao meu lado - isso doeu de uma forma inexplicavel. - esta aqui, vendo nosso bebê crescer enquanto o pai do seu filho esta do outro lado do mundo. Essa é a diferença, Helena.
Levanta, se direcionando á porta.
— fale comigo quando parar de ser egoista e se importar com as outras pessoas, alem de você.
— Sempre fui assim.
— Não, Helena. Você mudou, todos nós percebemos. - sai do quarto, me deixando sozinha.
Pego meu celular, pensando bem. A qualquer momento posso falar com Arthur, ouvir sua voz que tanto sinto falta.
Mas nego. Não posso.
Não posso.
Guilherme entra no quarto.
— O que você fez, Helena?
— O que?
— Gabi esta chorando lá embaixo. O que disse pra ela?
— A verdade. Que você é vagabundo e muito diferente de Arthur.
— O que eu fiz pra você?
Dou de ombros.
— Você disse mais coisa, não disse?
Abaixo a cabeça, não querendo dizer.
— Fale agora, Helena.
— Disse que você só esta com ela por que não tem mais nada pra fazer e que você não se importa em arranjar um emprego ou uma casa.
Ele se ajoelha a minha frente, para ficar a minha altura.
— A Gabi já esta muito emotiva com tudo que esta acontecendo. Os pais dela expulsaram-a de casa, mamãe tambem quer nos expulsar. Se não fosse Miguel, estariamos dormindo na praça. E eu não estou com ela pelo que você disse mas porque eu a amo e o filho é meu. - explica, calmo.
— Ninguem se importa comigo. Meu namorado me traiu, estou gravida e ele foi embora, e a qualquer momento posso morrer de cancêr levando meu bebê junto. A situação de vocês esta bem melhor que a minha não acham? - acariscia meu joelho, compreensivo.
— Nós nos importamos sim com você. Somos trigemeos, não somos? O que seria de nós sem você?
Não consigo conter uma lagrima de emoção, aliás, ainda me sinto muito sozinha.
— Hey, alguem por acaso sabe onde foi parar minha camiseta de bolinhas? - pergunto Gabriel, entrando no quarto. A perna mecanica serviu muito bem pra ele, mas enquanto não se acostuma tem que se apoair nas amuletas.
— Quem é que ainda usa camiseta de bolinhas? - disse Guilherme.
— Combina com minha fantasia.
— Qual é a sua?
— Lobisomem.
— Mesmo?
— Sim.
— Lobisomem? Tem algo mais clichê do que isso? - digo, gesticulando com as mãos.
Dá de ombros.
— E tem algo mais clichê do que Merlin Moroe? - rebate, reparando na fantasia em cima da cama.
— Não vou com essa fantasia.
— Não me diga que vai de Garota Depressiva? - debocha Guilherme.
Reviro os olhos.
— Ela ainda serve em você. Anda, vista. - me empurram para o banheiro.
A roupa ainda cabe em mim, como da ultima vez que o usei. Eu tinha 15 anos, era meu primeiro baile e Arthur era a unica pessoa disponivel para a dança romantica. Ninguem queria dançar comigo já que eu era um pé no saco, e Arthur já era um nerd na epoca.
FLASHBACK ON:
“— Quer dançar comigo? - Guilherme perguntou para Gabrielle, deixando a garota envergonhada.
— Dançar? - meu irmão assentiu.
— Vai logo. - eu a empurrei pra fima do garoto.
Me vi sozinha, no meio do salão lotado de casais. A musica romantica tocava alto, me deixando enjoada e triste ao mesmo tempo. O cara que eu tanto queria, Miguel, dançava com outra garota, sussurrando em seu ouvido.
Arthur, um VilasBoas egocêntrico e nerd, esta encostado perto da porta de saida, talvez arranjando um jeto de fugir da festa já que sua irmã o obrigou a ficar. Ele usa um terno maior que seu tamanho, ofazendo parecer mais baixo, apesar de não ser.
Ele me encontra no meio de toda a multidão, arqueando a sombrancelha como se perguntasse o porquê de eu o estar olhando. Faço o mesmo, o desafiando.
Um sorriso debochado aparesce em seus labios, e me aproximo, com os braços cruzados.
— O que esta fazendo? - pergunto. Ele não é tão mais alto que eu, então o encaro olho no olho.
— Só parado.
— Não tem par?
Dá de ombros.
— Ninguem quer dançar comigo. E você?
É minha vez de dar de ombros.
— Tambem não.
— E se dançarmos juntos? - perguntou meio envergonhado.
— Eu e você? Dançarmos?
— Tem mais alguma outra ideia?
— Não.
Ele pega em minha mão, me puxando para o centro do salão novamente. Suas mãos atrapalhadas tocam em minha cintura, ainda sem jeito, enquanto as minhas param em seus ombros.
Ele balança, me levando junto no ritmo da musica.
— Acho isso meio estranho. - ele concordou com a cabeça, risonho.
— Realmente. - mordi o labio, sem assunto. - Você não deveria estar sozinha.
— Mas estou.
— Por que?
Dou de ombros.
— Ninguem me pediu para dançar. Acho que não gostam de mim.
— É normal. Você tem dinheiro.
— As pessoas te odeiam porque é inteligente.
— Miguel fez isso.
— Você não se importa?
— Nem um pouco. Prefiro ser invisivel a ser notado de um jeito cruel, sabe, não quero ser motivo de chacota pelos corredores da escola.
— Bem, meus irmãos dizem que você é egocêntrico. Nem sei o que isso significa.
Ele ri.
— Não me acho uma pessoa metida.
— Significa isso? - assente. - então não concordo.
Sorri.
— Você me odeia, certo? Na verdade, sua familia inteira me odeia.
— Não. Não te odeio. E não temos culpa de nossas familias serem quem são.
Concorda.
— Tive essa impressão. Nunca nos demos bem.
— Lembro do dia do sorvete.
Ele ri, tambem lembrando.
— Não deviamos mais voltar naquela lanchonete. - rimos, juntos.
A musica acaba, nos fazendo parar.
— E agora?
— Podemos ser amigos? - estende a mão.
A aperto.
— Sim.
FLASHBACK OFF.
Meus olhos lacrimejam com a lembrança.
Apesar de eu ter aceito o pedido de amizade, dias depois me juntei a popularidade e parei de falar com ele. E realmente fiz o que ele nunca quis, faze-lo ser motivo de chacota pela escola.
Fui uma pessoa horrivel, me dou conta disso.
Quando saio do banheiro, Guilherme e Gabriel conversam sobre algo aleatorio.
— Wow - Gabriel disse, sorrindo com a fantasia. A peruca ficou bonita em mim.
— Ficou bonito. - disse o outro. - se sente bem?
— Nem um pouco.
— Vai ficar tudo bem.
O loiro beijou minha testa, me tirando do quarto.
Descemos as escadas, fazendo Georgia bater palmas.
— Ficou lindo. Ainda cabe.
Sorrio falsamemte.
Gabi me olha, sinda chateada e só com um olhar ela percebe meu pedido de desculpas.
É assim que amigas se comunicam.
Ela sorri e me abraça.
— Desculpe, estou começando a ficar paranoica.
— Eu sei, culpa da gravidez.
Apesar de não ser, concordo. Miguel entra pela porta da frente, cheio de si, como sempre.
— Oi familia.
Me olha dos pés a cabeça, aqueando a cabeça.
— Conheço essa fantasia.
— Com certeza.
— Foi na primeira vez que ficamos juntos, certo?
— Oh, você reparou? - revira os olhos. - onde esta Deborah?
— Em casa, arrumando os ultimos detalhes.
— Do que vai se vestir? - ele gira apontando para as proprias roupas.
— Aqui esta.
— Mas isso não é uma fantasia.
— Bem reparado Helena - pisca. - estou vestido de mim mesmo.
Caio na gargalhada.
— De você mesmo? Faça-me favor Miguel.
— Pelo menos não sou eu que estou usando uma roupa de quase uma decada atrás.
Mostro a lingua.
— Chega de briga crianças - diz mamãe. - Estão todos prontos?
— Não, mãe. Ainda falta nós. - responde Guilherme.
Ela o ignora, como se Gabrielle e o proprio filho não existissem.
— Querem uma carona para a festa?
— Não precisa. Eu pego o carro. - respondo, mau-humarada do nada.
— Não é seguro que você dirija.
— Por que estou gravida ou poque os remedios estão me deixando retardada? - explodo outra vez. Agora sei o motivo. Ela quer esquecer que o filho e o neto existem, trocando ele por mim. Sempre foi assim.
Ela não se deixa abalar, sabendo que talvez isso tem haver com a quimioterapia.
— Calma, não é isso que estou dizendo. Só não quero que você e seu irmão corram perigo.
— Irmãos — a corrijo. - Guilherme tambem é seu filho.
Ela vira o rosto, como uma adolescente rebelde. Olhando assim, ela se parece muito comigo.
— Você não vai ignora-lo e expulsa-lo dessa casa, esta ouvindo?
Georgia me encara.
— Olha como fala comigo, mocinha.
— Guilherme é seu filho, pai do seu neto. Não vai troca-lo por mim, entendeu?. Tambem espero um filho o que não é muito diferente desses dois. - aponto para o casal.
— Eu sou a mãe, me respeite.
— Você não tem direito aqui, Georgia. A casa é nossa, papai nos deu. E se não quiser viver na rua, aceite Gabrielle, Guilherme e seu neto. - consigo ver lagrimas no canto de seus olho, o que me deixa fraca, quebrando minha armadura. Não consigo ver minha mãe chorar.
Fui dura, não podia ter chegado a esse ponto. A abraço, sem saber o que fazer direito.
— Desculpe, desculpe, desculpe. - sussurro em seu ouvido, sentindo minha mãe desmanchar em meus braços.
Meus irmãos se juntam a nós, em um abraço coletivo.
— Perdão, por tudo. - responde ela, soluçando.
— Mãe podemos te ajudar - digo me soltando. - Todos nós precisamos.
— Somos uma familia tão maluca. - rimos.
— Vamos ficar bem no final.
— Vamos - repete ela, tentando acreditar.
A casa esta decorada com tudo que o festa de Halloween tem que ter. Aboboras com caretas assustadoras, bruxinhas e fantasmas de lençois na parede, musica alta e doces.
Leticia pula de um lado para o outro, recolhendo confetes do chão e jogando dentro de sua bolsinha de guloseimas.
— Onde esta sua mãe? - pergunta a Deborah, escorada na banqueta da cozinha.
— Deu uma saida. Parece que esta com namorado novo. - sorrio. - Arthur ia odiar a ideia, sempre foi ciumento.
— Verdade. - concordo, tristonha. Ela repara, fazendo uma careta.
— Perdão.
— Tudo bem. Estou tentando.
— Eu sei. Apesar de ser dificil né?
Assinto.
— Muito.
Deborah esta vestida de Bruxa, usando um vestido sexy e apertado. Só dá para perceber que ela esta vestida disso, e não de dançarina de bordel, por causa do chapéu.
— Ele pergunta de mim?
— As vezes. Eu sinto muito mesmo por ter deixado ele ir embora.
— Não é meu destino.
Balança a cabeça, concordando.
— Apesar de amar vocês juntos, tenho que te apoiar. Siga em frente.
Respiro fundo.
— Vou tentar. - automaticamente minha mão chega a minha barriga, fazendo Deborah perceber o que esta havendo.
— Ai meu Deus, você… - tampo sua boca.
— Fique quieta.
Alguns garotos entram na cozinha, carregando garrafas de cerveja.
— Estou. - sussurro.
— Quem mais sabe?
— Todo mundo da minha familia. Minha mãe não segurou a lingua.
— Arthur precisa saber disso.
Pega o celular mas seguro seu braço.
— Não.
— Hey, ele é pai.
Os garotos saem, nos fazendo voltar a falar em boz alta.
— E dai? Arthur esta com a vida ganha. Não vou estraga-la por causa do bebê.
— Tem que contar, Helena.
Bato em seu celular derrubando-o no chão.
— Não, Deborah. É meu filho. Vou fazer o que quero.
— Isso é injusto e egoista!
— Se você contar, eu acabo com você.
— Não tenho mais medo de você, Helena. - se aproxima, o rosto levemente rubro pela raiva. - você tem coração mole e uma hora vai deixar isso a tona. Ele vai saber algum dia.
— Algum dia. Mas não agora.
— Vou guardar o segredo. E vou ajudar a cuidar dessa criança. Mas saiba que se você não contar, eu conto.
Me viro, saindo dali.
Mais uma no meu pé. A festa esta badalada, tendo mais gente do que esperavamos.
Vou atê Guilherme.
— O que aconteceu? - repara em minha frustração.
— Deborah. Quer contar para Arthur.
— Bem, eu não gostaria de não saber sobre meu filho.
— Não posso correr esse risco. Nossas vidas estão em perigo.
— Aff - responde ele, tomando sua bebida. - chega de drama. Você esta otima.
— Atê quando? A qualquer momento explodo.
— Fique bem longe de mim, não quero sujar meu terno.
Reviro os olhos.
— Lena - Gabi me puxa. - aquele ali não é o Luis?
Aponta para o garoto entrando na festa, vestido de Woody do Toy Story. Esta sozinho, e incrivelmente bonito.
— Vai lá falar com ele.
— O que? Não!
— Vai logo, antes que eu te arraste atê ele.
Ela me empurra em sua direção.
Antigos costumes nunca mudam.
— Oi. - ele sorri, charmoso.
— Oi.
— Você fica bem de cowboy. - dá uma voltinha mostrando a roupa.
— Realmente.
Rimos.
— por que esta sozinho?
— Não tenho companhia.
— Agora tem.
O puxo pela mão.
Uma musica super agitada começa a tocar, mas não consigo me mexer. Simplesmente, porque ainda estou fraca demais pra isso.
Ele percebe, apenas sorrindo e segurando minha cintura.
Como uma boneca, ele me puxa e me faz seguir seu ritmo. Solto gargalhadas enquanto sou girada.
E estou de volta aos meus 15 anos, como uma criança normal que só quer um cara para dançar uma musica qualquer. Dessa vez não é Arthur que segura minha mão e me faz rir. Ele não esta aqui, e por mais que eu sinta sua falta, não queria que estivesse. Luis me faz rir, me fazendo esquecer de todos os meus problemas.
A musica agitada é substituida por uma romantica, me fazendo agarrar em Luis. Quero esse contato, e ele tambem.
— Você ainda não esta preparada, esta? - sussurra em meu ouvido.
— Posso estar?
O vejo sorrir.
— Com certeza.
Encontro seus labios. O beijo é delicado e viciante.
Não quero sair dali, mas ele me puxa para fora.
Crianças brincam no gramado, jogando doces para o alto, sendo supervisionados por minha mãe. É vergonhoso, mas não posso ficar sozinha.
Luis me beija, me apertando contra seu corpo.
— O que esta fazendo? - pergunto.
— Só me beije. Vai ficar tudo bem.
Me entrego a ele. Uma pontada de esperança nasce em meu peito, feliz por ter alguma.
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Eai?