Helena Lacerda

O mar negro de pessoas com roupas de luto, me deixa enjoada. A mão de Arthur soa e treme, enquanto segura a minha. 

 Vai ficar tudo bem queria poder dizer, mas tenho medo de quando falar eu cair junto a ele. Nunca gostei de funerais. Meus avós, tão queridos, partiram num desse. 

 Apenas aperto de leve sua mão, como para mostrar que ainda estou ali. Ao seu lado. 

 Todos nós usamos roupas de luto, apesar de não estarmos aqui pelo defunto ou pelos seus parentes chorosos. Estamos por Arthur. Atê Bruno e Luis, se mantem ao nosso lado.

 Guilherme abraça Gabi como a se a tentasse esconder de tudo aquilo. Nenhum dos dois queria estar ali. Deborah finge não se importar mas sei que quer muito segurar a mão de Bruno. Selena chora, não sei bem o motivo. 

 A irmã ainda se mantem em pé ao lado do caixão, sendo consolada e dando consolo. A qualquer momento ela pode cair, junto a irmã. 

 Arthur para antes de chegarmos as cadeiras. 

 _Arthur... - ele me olha. Esta com medo. E eu sou a unica que pode faze-lo mudar de ideia. - estou me sentindo tão culpada quanto você. - mentira. - ela tambem fez isso por mim. 

 Na verdade não me importo com as pessoas ali presentes. Abigail nunca fez parte da minha vida e apesar dele nunca ter a amado ele se sente culpado. Estamos todos ali por ele. 

 _vamos seguir em frente? - pergunto olhando em seus olhos. Passo a mão pelo tecido de seu terno funebre o que o reconforta. - estou com você. - lhe roubo um selinho o que o deixa surpreso mas funciona pois suas pernas se mexem.

  Driblamos a irmã chorosa e nos sentamos nas cadeira dobraveis, em frente ao funeral da garota. 

 Ao lado de Arthur, uma tia segura um enorme retrato dela, e percebo que Arthur fica desconfortavel. 

 _hey, vai ficar tudo bem. - roço meu nariz em sua buchecha e sua respiração fica entrecortada. - confie em mim. Estou aqui com você e vou ficar atê o ultimo minuto. 

 Ele vira o rosto e me beija. Eu não deixaria mas ele precisa de consolo. 

 _esta melhor? - pergunto olhando em seus olhos. 

 _obrigada Helena. Por estar aqui comigo. Por segurar minha mão e me fazer continuar. 

 Colo nossas testas e fechamos os olhos. 

 _eu sempre vou estar ao seu lado, Arthur. - admito. - sempre. 

 Me beija de novo. Seus labios colam nos meus com delicadeza e paixão. 

 _o melhor casal que você respeita. - sussurra Gabi nos fazendo reprimir um riso. 

 _vocês eram o que da minha Abigail? - pergunta a mulher que segura o retrato. 

 _amigos. - respondo mais rapido que o Arthur. 

 _o que aconteceu com ela? Vocés sabem?

 _foi suicidio não? - respondo me fazendo de desentendida.

 _a irmã disse que foi por um garoto. - ela chora. - minha Abby foi embora por um garoto. 

 Aperto forte a mão de Arthur. 

 _calma... - sussurro em seu ouvido. 

 Ariana chega sendo seguida por Nathalia, na maior cara de pau.

 Quando nos olha o sangue ferve.

 _o que estão fazendo aqui? - fala em tom baixo, mas a mulher do retrato no observa. - como tem a cara de pau de aparecer no funeral dela. 

 _eu vim prestar meu consolo a familia. - responde Arthur. 

 _foi sua culpa. 

 Ele fecha os olhos e encaro Ariana. 

 _cala a boca garota. Ela escolheu fazer isso. Ninguem poderia impedi-la. 

 Ela se senta nas ultimss cadeiras ao lado de Nathalia.

 Ela sabe muito bem que o que eu disse é verdade. 

 O padre chega para realizar o Funeral. 

 Cita algumas oraçoes, frases de livros famosos mas nao presto muita atençao. 

 E se fosse eu deitada naquele caixao?. Com todas as pessoas trites e chorosas ao meu redor. Eu nao ia suportar. Meus pais e amigos lamentando a morte da Helena filha e amiga. 

 Arthur não iria suportar. Talvez nem iria ao funeral. Nem sei como estariamos quando meu dia chegar. E sei que vai ser logo. 

 _eu era amiga proxima da Abby. - fala Ariana contendo um pouco das lagrimas. - ontem ela foi atê minha casa. Como eramos muito amigas, ela me contou sobre o garoto e a namorada doente dele. 

 Fala olhando diretamente para nós. Mas a unica que percebe e a mhlher do retrato. 

 _ela disse que estava com pena da menina e disse que sabia o porque do garoto gostar dela. - ela me olha nos olhos. - pena. Ela disse que ele sentia dó e que agora que ela esta adoentada ele não largaria ela de jeito nenhum. 

 Agora é a vez de Arthur apertar minha mão. É mentira esta tentando dizer. Eu sei que é. 

 _alguma coisa aconteceu depois da minha casa. Talvez ela encontrou esse garoto se decepcionou e decidiu fazer o que fez. Mas eu entendo ela. Sei como é amar alguem e não ser correspondido. 

 Sorrio orgulhosa. É obvio que ela fala de Miguel. E mesmo não tendo sido eu que o roubei, sorrio do mesmo jeito. 

 _Abigail passou os ultimos meses da vida dela, sentada esperando esse garoto chegar. Ele a chutou e foi morar em outro país. Isto que é ser um covarde, canalha. - ela deixa uma rosa rosa vermelha em cima do caixão e sai, chorando sem parar. 

 Lagrimas escorrem dos olhos de Arthur e ele não se importa em limpa-las. Mas eu sim. 

 As limpo com o polegar e beijo sua buchecha. 

 O funeral acaba depois do discurso da irmã. 

 Queriamos ir embora o mais rapido possivel, mas a mulher eo retrato nos obriga a ir falar com a irmã. 

 _qual são seus nomes?

 _Helena. - ela segura minha mão. 

 _Arthur. - seu rosto fica palido e ela o olha surpresa. 

 _você é o Arthur?

 _sou eu. 

 _ela me contou sobre você. Eu não te culpo, garoto. E não se culpe. - pega do bolso da jaqueta um papel. - Abby escreveu isso antes de... tudo. - entrega a Arthur. - tudo que ela escreveu é verdade. Eu sei disso. 

 Nos despedimos da moça e seguimos junto aos outros parentes atê o estacionamento. 

 _você esta bem? - Bruno me pergunta, ao perceber que respiro com dificuldade. 

 _estou. Eu só não gosto de funerais.

 Em minha casa, nos sentamos todos no sofá, em silencio. 

 _você esta bem? - pergunto a Arthur que assente sem me olhar. - suba e leia o bilhete. 

 _você não quer ler?

 Balanço a cabeça. 

 _é uma coisa sua. Só pra você. É seu momento. Vá lá. - me dá um beijo no topo da cabeça e sobe as escadas. 

 Apesar de eu estar morrendo de curiosidade, não vou atrapalhar isso.