Enquanto tomo banho, ouço Britney Spears, pelo celular.
—filha quer que eu te ajude? - fala minha mãe, do outro lado da porta.
—não precisa mãe. Obrigada.
—tudo bem, querida. Qualquer coisa me chame.
—ok.
Passo as mãos pelos cabelos e fecho meus olhos.
A musica faz eco no banheiro.
Volto a abrilos e encaro o chão. Tufos loiros de cabelos, se amontoam em meus pés.
Passo a mão em meus cabelos e olhos. Fios entrelaçados em meus dedos.
Solto um grito e minha mãe entra no banheiro.
—o que houve, minha filha?
—meus cabelos.... mãe, meus cabelos!
Começo a chorar e ela me abraça.
—calma, Helena.
—...meus cabelos... meu cabelo...
me cobre com a toalha e saimos do banheiro.
Guilherme e Gabriel levantam e nos olham assustados.
—o que houve?
—os cabelos... - mamãe fala.
—ah, Lena. Sinto muito.
Continuo a chorar.
Meus lindos cabelos loiros.
—chame Kailaya. - manda mamãe.
Gabriel sai do quarto.
Ela me faz vestir um vestido qualquer.
Tenta mexer em meu cabelo, mas bato em sua mão.
Kailaya entra com uma maleta.
—oi, Helena. - não respondo.
—minha filha, você quer raspar? - pergunta minha mãe, com cuidado.
—raspar? Não! Eu não vou raspar!
—Helena, muito dos pacientes, passaram por isso. Sei que ama seu cabelo. Ele é lindo. Mas, se raspar, não ira sofrer muito. Não vai sofrer vendo seus cabelos cair. - fala Kailaya.
—Lena você tinha medo que seu cabelo caisse, por isso não queria fazer a Quimio. Mas fez.
Por causa do Arthur, pensei. Foi por ele.
—Helena, todos nós achamos melhor que raspe sua cabeça.
—filha, podemos comprar as melhores perucas.
—você pode pedir para fazer uma, com seus cabelos. - sugere Kailaya. - confie em mim.
Ela é sincera. Uma pessoa legal.
Assinto.
É a pior decisão da minha vida. Mas será melhor assim.
—eu... eu quero o Arthur aqui. - falo sem pensar.
Meus irmãos se entreolham. Como a terceira gemêa, eu posso entender seus olhares. Eles escondem alguma coisa.
—Lena, você disse que não queria mais nada com ele. Por que vai quere-lo aqui?
—eu sei. - suspiro. Estou começando a ficar maluca.
—podemos começar? - pergunta Kailaya.
Balanço a cabeça.
—estou pronta.
Abre a maleta.
Ela me pocisiona sentada na cama, para poder ter angulo melhor.
Gabriel e Guilherme suguram minha mão. Mamãe me abraça.
Quando ouço o barulho da maquininha, fecho meus olhos.
Volto a abrilos.
Meus cabelos caem como em camera lenta.
Desabo a chorar em silencio, enquanto vejo meu maior bem, cair a minha frente.
****
Me olho no espelho.
Mamãe esta chorando atras de mim.
Minha cabeça careca, brilha pela luz. Coloco a mão na boca, segurando para não chorar novamente.
—aqui Helena. - Kailaya me entrega um turbante cor-de-rosa. - este é um presente meu para você.
Me ajuda a coloca-lo.
Atê que não fiquei tão ruim.
—obrigada.
—de nada. Sinto muito querida. Mas continua linda... - me dá um beijo na buchecha, antes de sair.
Mamãe me abraça.
—esta bem?
—estou na medida do possivel. - ela sorri achando graça.
—quando sairmos daqui, temos que dar uma passada no shopping para comprar turbantes e lenços.
Balanço a cabeça concordando.
Mais um dia, sendo forte. Eu tenho que aguentar o maximo. Por mim, e por todos ao meu redor.