O único barulho que a humana poderia escutar era o de seus sapatos batendo com força no chão de porcelana do corredor. Alexander, que caminhava ao seu lado, podia ouvir bem mais além disso. Mas adorava ver sua noiva tão irritada com algo. Alyssa queria se ajoelhar aos pés da mãe e pedir que adiasse o casamento por mais uns cinquenta anos, já que eles tinham toda a eternidade, apostava que não faria diferença. Sabia que a mãe não apoiaria isso, por mais que fizesse todas as vontades da filha. Batia o pé na tentativa de pelo menos irritar o vampiro que, ao seu lado, parecia se divertir com a situação da garota. Eles subiram as escadas da torre juntos, por mais que a loira tentasse ultrapassar o moreno. Ela bufou quando parou de andar em frente a porta de seu quarto.

— Ela está ai dentro? – perguntou sem olhar para o noivo. Odiava ser a primeira a falar alguma coisa.

— Não – admitiu com um sorriso irônico nos lábios – Estão em uma das salas de reuniões.

— Então porque me trouxe até aqui? – indagou.

— Você precisa no mínimo tomar um banho, garota – rolou os olhos – Anda logo, não tenho tanta paciência quanto parece.

Ela ia retrucar, dizer qualquer coisa que pudesse o irritar, mas estava tão cansada e realmente precisava de um banho que preferiu ficar quieta. Alyssa entrou no quarto, fechando a porta em seguida, bem na cara de seu noivo. Alexander segurou a mesma com a mão, abrindo-a, deixando a loira ainda mais irritada.

— Eu odeio você – murmurou entrando no closet para pegar alguma roupa.

— Como se eu me importasse – gritou, jogando-se no sofá, para que a garota ouvisse.

O vampiro ficou lendo um livro qualquer que encontrou na estante de Alyssa, até que a garota saiu do banheiro pronta para o que tivesse que enfrentar. Sem trocar nenhuma palavra, os dois seguiram novamente para o castelo, na direção de alguma das salas de reuniões. Assim que soube onde era, ele abriu a porta para a garota, que entrou batendo o pé, e sem nem olhar para os seus pais ou para as outras pessoas que estavam ali, jogou-se em uma das poltronas pretas do lugar. Aro reprimiu a atitude da filha, mas não disse nada, faria isso depois. Alec também se sentou, ao lado da loira. 

— Olá, meus queridos – o pai adotivo de Alyssa os cumprimentou – Vou deixa-los sozinhos, porque não acho que a minha presença vai melhorar em algo aqui. Me encontre mais tarde na sala do trono, filha.

Ela apenas assentiu, sabendo que teria que ouvir um belo sermão do pai mais tarde. Alec e Suplicia conversaram por quase uma hora com os responsáveis pela decoração do casamento, em quanto ela apenas batia o pé no chão, concentrada com qualquer outra coisa que não fosse seu casamento. Observou por muito tempo o anel de noivado em seu dedo. O vampiro percebeu isso e ficou ainda mais incomodado. Pela primeira vez, sentiu necessidade de ser sincero com a garota.

— Tudo bem? – perguntou. Alyssa se surpreendeu, mas não amoleceu, apenas assentiu, voltando o seu olhar para o anel – É de família.

Franzi o cenho.

— O que?

— O anel, é uma herança de família.

Quis perguntar o  porque daquilo, já que o casamento nem era real. Mas não perguntou. Ele estava sendo sincero com ela, era mais do que poderia pedir.