Alexander conversava normalmente com alguns vampiros de clãs diferentes quando sentiu a falta da garota ao seu lado, como havia sido durante toda a noite. Depois de assumirem o noivado publicamente, o que foi um choque para a maioria das pessoas presentes, já que nem o próprio clã por completo sabia que não passava de uma armação, o casal teve de conversar com cada ser presente na festa e fizeram isso de bom grado, pois ambos adoravam ser o centro das atenções, o que aumentava ainda mais o ego.

Da varanda do quarto, a garota tinha os olhos atentos no anel de brilhantes em seu dedo, que parecia carregar um peso ainda maior do que realmente era. Não estava muito no clima para festas, mesmo que sua presença fosse necessária. Sentiu uma brisa ao seu lado e não precisou nem mexer a cabeça para que soubesse quem era a companhia. A humana não fez questão de reprimir o sorriso, virando-se para encarar o amigo.

— Estamos comemorando o seu aniversário – falou, com as suas mãos atrás do corpo – Não deveria juntar-se à nós?

— Não acho que esse seja o motivo principal de todas essas pessoas estarem aqui, Demetri – ironizou sabendo que tinha total razão – Eles tem medo dos poderes de Aro Volturi e sua guarda.

O vampiro riu por um momento, mas percebendo que havia algo de errado com Alyssa, parou no mesmo momento, encarando a garota que tinha os olhos fixos na festa.

— Tudo bem? – perguntou mesmo sabendo da resposta.

Alec pediu licença para os Denali procurando Alyssa com os olhos, jurando para si mesmo que mataria a loira se tivesse se metido em algum tipo de encrenca justo hoje, que nada poderia dar errado. Fechou os olhos respirando fundo, para encontrar o cheiro de sua cantante. É claro que ninguém sabia disso, apenas Jane, a irmã gêmea-mais-nova do vampiro. Alexander sabia muito bem esconder um segredo, até mesmo de seus mestres. Aro confiava no vampiro cegamente para que não precisasse ler os pensamentos do mesmo. Seu olhar se direcionou imediatamente para a janela do quarto da garota, onde conversava com Demetri e o mesmo ria despertando a ira do vampiro. Nunca entendera o que os dois tinham, mas não gostava. Demetri vivia correndo atrás de Jane antes de Alyssa chegar ao castelo, e depois disso não desgrudava da garota, o que também incomodava muito sua irmã. Em questão de segundos se juntou aos dois na varanda, sem que a garota percebesse.

— Devia valer o mesmo pra você – disse com a voz arrogante, fazendo a loira assustar-se.

— Caramba, garoto! – levou as mãos ao coração – Eu ainda sou humana, sabia? E do que você está falando?

— Estamos oficializando um noivado – virou-se para ela – Não seria legal ser vista com outro vampiro.

Ela rolou os olhos, segurando um rosnado.

— Sabemos o quanto Demetri é caidinho por Jane, Alexander. Não se faça de bobo.

— Vocês dois só sabem brigar? – o rastreador se aproximou – É isso que farão na lua de mel?

— Temos outros planos, não é mesmo? – Alec perguntou sorrindo de canto para a garota.

— Prefiro morrer, Volturi – cuspiu as palavras. Então, por um momento parou para pensar que ambos carregavam o mesmo sobrenome, e quando casassem Alyssa teria de ficar com o sobrenome de Alexander, o vampiro que tanto odiava. Os dois vampiros ao seu lado tinham o cenho franzido, percebendo o silencio da garota.

— Alyssa? – Demetri a chamou, tocando em seu braço – O que foi?

— Temos o mesmo sobrenome – murmurou ainda pensativa – Alexander e eu temos o mesmo sobrenome.

Alec rolou os olhos.

— Eu assumo daqui, Demetri – disse ao amigo que beijou os cabelos de Alyssa sumindo em seguida – Não nasci com esse sobrenome, Alyssa.

 Foi a vez da garota rolar os olhos.

— Eu sei, gênio – bufou entediada  - Por que nunca me disse o seu sobrenome?

— Nunca conversamos por mais de dois minutos sem brigar – deu de ombros – Dê-me um bom motivo para dizer o meu sobrenome de humano.

— Porque nos casaremos em poucos meses, talvez – disse de forma obvia – O mínimo que achava saber sobre você era o nome, e nem isso sei. Seu sobrenome vai ser o meu sobrenome, Volturi, tenho direito de saber ao menos.

Alec não sabia se realmente queria falar, ocultava tudo que tivesse relacionado a sua vida humana, pois era doloroso demais pensar. Podia ser o vampiro mais complicado da face da terra quanto tratava-se de Alyssa, mas tinha de concordar que no lugar dela também ficaria curioso para saber o futuro sobrenome. Então fez um esforço para que o nome saísse de sua boca, com os olhos presos nos vampiros que se divertiam – ou fingiam – lá no jardim.

— Antes de me transformar meu nome completo era Alexander Vincent Bertrade – disse – Agora temos de voltar a festa.

Alyssa sabia.

Era melhor do que poderia pedir.