Persuasion escrita por Eponine


Capítulo 2
Ato II




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A serpente detém o serpentino enigma da morte e da vida.

 

 

 

 

ATO II

 

 

 

 

AGOSTO

1981

 

 

— Bom dia... — Dorcas limpou a garganta diante da sala lotada de homens, não demorando-se para abrir sua pasta, envergonhada com o público. Apontou sua varinha para o interruptor, desligando a luz, e apontou para o projetor, o ligando. A imagem da Marca Negra se posicionou na tela e Dorcas respirou fundo. Todos aqueles rostos masculinos, entediados, dispersos ou simplesmente fazendo um esforço monumental para por toda a sua descrença naquela garota de um metro e meio pareciam irradiar diretamente no rosto de Dorcas. Ela respirou fundo, ainda desconfortável, mas tentou manter a calma. — Bem, meu nome é Dorcas Meadowes, sou o Cervo do 3º ano do Quartel e esta é a minha análise, a qual dei o nome de Grande Serpente Invisível.

Ela respirou fundo e começou, largando seus papéis, pronta para entrar completamente na meticulosa pesquisa e dedução que fizera durante o mês de julho.

— Meu nome é Lord Voldemort. — apresentou-se ela. — Eu tenho entre quarenta e cinquenta anos. Sou sangue puro, fui da Sonserina em Hogwarts, não sei de que lugar sou da Grã Bretanha, mas é bem possível que eu seja da Inglaterra. Bem, em Hogwarts, eu estive por lá entre 1930 e 1940... Hum... Eu tenho uma inteligência acima da média, e muito perfeccionista, o que me encaixa perfeitamente no papel de um psicopata. Ou sociopata? Enfim, eu passei muitos anos estudando as Artes das Trevas, e como sabemos, os principais pontos de Magia Negra são na Albânia, África e Salem... — a garota sentiu seu coração disparar quando a sala foi aberta e fechada por ninguém menos que Albus Dumbledore, que sentou-se em um cantinho, em silêncio, como se não fosse ninguém importante. A garota olhou para os próprios pés, mais nervosa ainda, segurando um sorriso. — Bem, partindo dessa suposição, eu já não tenho uma aparência humana, pessoas que se utilizam de Magia Negra acabam perdendo suas características humanas e ficam semelhante... Praticamente uma criatura mágica.

“Bem... Após esses anos eu voltei para a Grã Bretanha e juntei meus aliados. Grande parte acha que eu os coagi, mas eu não precisei. Vocês se esqueceram que desde a eleição do nascido trouxa Nobby Leach, houveram grande levantes dos sangues puristas contra o ex Ministro. Eu fui nessas pessoas, não precisei coagi-los, eles pensavam como eu. O resto foi... Persuasão. Explicarei mais tarde. Seguindo, eu reuni um grande exército, mas eu tinha meus especiais. Eu mantive os reais sangue puros mais próximos, porque, como os senhores provavelmente estão pensando, não existem tantos sangue puros assim”

Dorcas apertou a varinha em suas mãos, fechando os olhos, realmente se sentindo seu assassino. Sentiu-se alta e sem rosto, sem aparência definida. Sentiu uma voz gélida e rouca. Sentiu determinação.

“Os que andam ao meu lado, dei máscaras de ferro e uma marca”, ela tocou seu antebraço direito, ainda de olhos fechados, “eu os marquei, para conseguir diferenciá-los, mas provavelmente eu os fiz pensar que essas marcas os fariam especiais, parte de um clube secreto... É uma tática muito usada por governos totalitários... Psicologia de massas e a servidão voluntária dos indivíduos a um líder, grupo ou causa mítica. Enfim, para que não façam idiotices, eu os treinei, então meu grupo é rigorosamente organizado. Ensinei apenas uma miséria do que eu sei, eu jamais compartilharia todo o meu conhecimento, eu sou egoísta e vaidoso, mas também sou prepotente e autossuficiente, não acredito que eles possam alcançar a minha perfeição. Meu primeiro aviso ao mundo fora Nobby Leach”

Dorcas trocou a imagem para o ex Ministro morto.

“Eu deixei que ele me visse, e lhe expliquei minhas razões, eu não sou tão frio assim. Eu coloquei nele uma maldição que mataria algumas pessoas que tocassem nele ao tentar tirá-lo do Hall, mas não porque queria mata-los, e sim para contar mais um detalhe. Eu não simplesmente matei Nobby Leach, eu contei uma história: Eu sou alguém que domina as Artes das Trevas...” Dorcas apontou para a frase ‘Morte aos Trouxas’ no torso de Leach na foto “Odeio os nascidos trouxas, mestiços e trouxas, e tenho uma força comigo, afinal, o Ministro era odiado pelos sangue puristas. Tive o cuidado de coloca-lo sobre o braço do bruxo no Hall. Quis falar sobre a superioridade de um bruxo sob um nascido trouxa. Aquele bruxo também representa a sociedade bruxa... Então seria a oposição da sociedade aos trouxas e seus derivados”

Dorcas mudou a imagem para a ex Ministra Eugenia Jenkins.

“Como podem ver, eu apenas usei um Avada Kedavra nela... Por que? Ela era uma aliada. Como assim? As mãos. As mãos da ex Ministra estão banhadas em sangue, isso significa que ela deixou a população bruxa sofrer e não fez nada, ela participou ou apenas observou o caos? Eu suponho que participou. Eu também brinquei com a alusão a famosa frase ‘atrás de um grande homem há uma mulher com sangue nas mãos’, esses são os sacrifícios feitos por ela em meu nome.”

Ela mudou para a imagem de Edgar Bones pregado no bruxo do Hall, como Jesus Cristo.

“Matei Edgar Bones também com um Avada Kedavra e o preguei as mãos dele nas costas do bruxo no Hall. Bones significa sacrifício. O coloquei da mesma forma que um importante símbolo religioso trouxa, Jesus Cristo, para dar a alusão que ele morreu por toda a sociedade trouxa. O preguei atrás do bruxo, tanto para dar a alusão a um inimigo, como para dizer que ele também morreu pela sociedade bruxa, de certa forma.”

O projetor novamente mudou de imagem, para as cabeças dos gêmeos Prewett.

“Estes dois... Os gêmeos foram usados para representar o signo de gêmeos. Eles estão relacionados ao Deus Mercúrio mensageiro Alado, filho mais inteligente de Zeus e ao mito de Castor e Pólux: Triste pela morte do irmão Castor em uma batalha contra Idas e Linceu, Pólux pede a Júpiter, seu pai, que o traga de volta à vida. Tocado pela demonstração de amizade dos irmãos, Júpiter determina que Pólux compartilhe sua imortalidade com Castor, alternando diariamente com ele a vida e a morte. Provavelmente um dos dois descobriu algo e eu o matei. O outro gêmeo só foi questão de tempo. Entreguei as cabeças em demonstração de força”.

Dorcas mudou a imagem novamente para uma serpente.

“Nunca vou aos massacres, se vou, eu não mato ninguém. Sou um assassino organizado, eu faço planos e os executo. Como um típico assassino organizado, eu não simplesmente mato essas pessoas, eu passo um tempo com elas. Tanto para tirar informações como para... Persuadi-las. Eu brinco com suas mentes, tiro tudo de bom que há nelas. Como podem ver, eu tive o cuidado de deixar as vitimas com suas varinhas, e quando são revelados os últimos feitiços de suas varinhas, é visto que eles não tentaram se defender. Como muitos de vocês disseram, eu posso ter simplesmente os prendido, coagido, mas eu não sou assim. Eu não preciso fazer isso.”

“Não sou um psicopata serial killer, eu não mato o mesmo tipo de gente, eu mato quem eu devo matar. Eu sou um sociopata. Eu nasci assim? Talvez... Mas houveram outros fatores. Eu tive um pai abusivo com uma grande obsessão sangue purista? Provavelmente. O que vocês devem saber é que sou narcisista, sofisticado, egocêntrico, prepotente e muito, muito ambicioso. Estou jogando xadrez com vocês. Eu pauso por anos e quando volto sou mais forte do que antes. Eu crio uma mentira, simplifico e continuo afirmando de quando em quando, eventualmente, será uma verdade”.

“Vocês me criaram. Vocês que me deram força. Vocês apavoraram a população por mim. Eu não precisei fazer nada, vocês me deram tudo que eu precisava. Colocaram um sangue ruim no poder, contrariando a elite bruxa, eu só precisei abrir a boca. Persuasão. Todos me escutaram, Eu prometi orgulho e ascensão do sangue puro.” Dorcas andou pelo local, ainda olhando seus pés. “Agora se perguntem, o que eu quero? Eu me encaixaria no quadro de esquizofrênia paranoide? Eu tenho uma ideia muito bem estruturada, muito bem arquitetada, convincente e forte, que consegue convencer outras pessoas facilmente. Talvez a minha loucura seja algo muito organizado. Que produz seguidores”.

“Partindo disso, sim, eu quero um mundo sangue purista. Quero a ditadura mágica. Mas além disso, eu quero poder. Eu não quero dinheiro, eu não quero coisas, eu quero o poder.”

“Dentre os símbolos primordiais, a serpente é aquele que mais fortemente encerra toda uma complexidade de arquétipos... A serpente guarda em si intrigantes paradoxos; se por um lado exprime uma ameaça, já que de seu veneno pode sobrevir a morte, por outro, resume no processo de renovação de sua pele escamosa todo o intrincado mistério da vida, que se atualiza em movimento rejuvenescente. Então, estou sempre mudando e me fortalecendo, sozinho e com a ajuda de vocês. ” Dorcas apontou sua varinha para o interruptor. “Obrigada, senhores”.

A sala foi banhada de aplausos fervorosos e Dorcas segurou seu sorriso, constrangida, continuou de cabeça baixa, quase correndo para a mesa, recolhendo seu material.

 

 

BETHNAL GREEN

03:07 AM

 

 

Dorcas mordeu seu hambúrguer mais uma vez, tentando alcançar com a língua tudo ao redor da sua boca, sugando qualquer vestígio de maionese. Ela estava sentada na mesinha central no único cômodo de seu apartamento imundo, ignorando a bagunça em sua cama, seu armário prestes e desmoronar e a pilha de louça na pia, tendo certeza que ouvira movimentações entre as panelas sujas. Chupou seus dedos, ainda folheando as páginas do Diretório Sangue Puro, estudando sobre cada família.

Olhou o relógio mais uma vez, conferindo as horas.

Às quatro, ela iria até a casa dar um jeito de rastrear Sirius Black e segui-lo. Passou algumas horas lendo a história dos Black e não se surpreenderia se o próprio Sirius fosse Voldemort. Ela deu um riso de escárnio, entupindo-se de suco de groselha, rindo de sua própria piada. Apesar de estar intrigada em saber quem era o tal Lord das Trevas, ela queria mesmo era descobrir quem era o espião da Ordem. Ela passava horas tentando se imaginar como as outras pessoas da Ordem, tentando ver algum tipo de motivação, algo que esse espião ganharia.

Mas quem disse que ele está fazendo isso por vontade própria? Persuasão? Se sim, essa pessoa ainda assim tem algo contra alguém da Ordem. Ou estariam ameaçando a família dessa pessoa? Dorcas balançou a cabeça e folheou o grande livro mais uma vez, chegando nos Gaunt. Enfiou algumas batatas fritas na boca, erguendo as sobrancelhas ao ver que aquela, entre todas as outras, realmente podiam se auto intitular família de sangue puro.

Não havia uma fuga ou traição sequer, todos eram sangue puristas.

Olhou os últimos da árvore genealógica, perguntando-se o que acontecera com Morfino e Merope. Pegou sua varinha e apontou para a pasta de famílias extintas do Ministério, folheando até a letra G:

— Que porra é... — Dorcas enrugou as sobrancelhas, completamente apavorada com a lista de crimes da família Gaunt. O livro do Diretório pegou leve quando os descrevera como “peculiares”. Passou os olhos nos últimos acontecimentos da família, vendo que Morfino Gaunt morreu em Azkaban e Merope dada como desaparecida.

Fechou a pasta, terminando de comer o sanduíche deitando-se num monte de livros e pergaminhos, pensativa. Lord Voldemort se adequaria aos Gaunt se eles não tivessem sido extintos, ele tem que ser de uma família sangue purista radical, assim como eles. Ela fechou os olhos, cansada de sua cabeça só gritar Black. Talvez esse homem nem seja da Inglaterra, ele pode ser da Escócia... Mas por que ele atacaria aqui?

Poder, Dorcas, poder. Este homem pode ser Nicolau Flamel, talvez? Pessoas com sede de poder tendem a ser obcecadas pela imortalidade e vaidade. Nah, ele é amigo de Dumbledore... Mas a Pedra Filosofal não, pensou a garota, abrindo os olhos, sentando-se lentamente.

— Por que eu quero o mundo bruxo? — Dorcas pensou nos grandes ditadores do mundo trouxa e até mesmo no próprio Grindelwald. Eles tinham discursos inflamados que lavavam os cérebros das multidões. Eles diziam o que as pessoas queriam ouvir, mas não faziam o que eles queriam. — Na verdade, eles nunca quiseram...

Dorcas olhou seu cubículo lentamente, completamente sozinha.

— Não quero um mundo para sangue puros, eu quero um mundo só meu. Não quero a morte dos nascidos trouxas... Eu não acredito na superioridade dos sangue puro, isso é bobagem. Eu só quero o poder. A filosofia de um objetivo é... Apenas uma desculpa.

Sua mente não conseguia parar de associar o nome Lord Voldemort com a imagem de Adolf Hitler. Dorcas colocou a touca de seu agasalho e levantou-se em um pulo, pegando sua varinha no chão. Enfiou os pés em suas botas gastas e saiu de sua casa, pronta para aparatar na rua da casa de Sirius Black. Surgiu na rua escurecida e tocou a câmera protegida por seu agasalho.

— ... Melhor você aparatar, Wormtail! — Dorcas jogou-se em um arbusto, transfigurando-se na mesma hora ao ouvir a voz de Sirius. Inclinou-se um pouco para cima, tentando ver Peter e Sirius no meio da rua antiga. Não havia iluminação no local. A jovem mulher forçou os olhos, vendo o corpo gordo de Peter começar a andar para o fim da rua.

— Nah, já está amanhecendo. — respondeu o Pettigrew. — Eu vou na padaria da Avenida 43... Já deve estar aberta.

Meadowes ergueu-se, ainda cuidadosa, assistindo o Black simplesmente desistir e entrar dentro da casa novamente. Dorcas havia decidido vigiar Sirius, mas naquela madrugada ela ia seguir Peter, talvez tomasse um café fiado quando ele saísse da padaria. Dorcas mudou seu rosto e seu corpo, transformando-se em uma mulher grávida. Fingiu-se de preocupada, andando muito atrás de Peter, que olhava para trás desconfiado. Finalmente chegaram na avenida e Dorcas ultrapassou o garoto, para que ele parasse de desconfiar.

Pediu informação para um taxista enquanto observava Peter atravessar a Avenida que começava a ter movimentação, em direção da padaria bem iluminada. Agradeceu o taxista e atravessou a rua em um minuto, e quando chegara do outro lado, tinha uma aparência idosa. Tirou seu agasalho e ficou apenas com sua blusa de tricô, de cabeça baixa, no ponto de ônibus com algumas pessoas.

Assistiu Peter olhar para fora mais uma vez, desconfiado, mas não para ela.

— Que demora, hein? — sorriu ela para a mulher idosa perto dela. Olhou para Peter através da parede de vidro da padaria, ainda sorrindo. — Meu nome é Lílian, qual o seu?

Puxou assunto com outra mulher idosa, comentando sobre os preços absurdos da padaria, mesmo nunca tendo entrado lá dentro. Convidou-a para tomar um café, o ônibus ia demorar. Dorcas sorriu lentamente, andando devagar e curvada em direção da padaria, sentando-se a dois bancos de Peter, que fitava seu café puro com pesar.

— Tenho tido dificuldade para comer até pães esses dias, meu neto Kevin... — Dorcas fez o pedido, escutando a idosa relatar seus problemas com a dentadura. O coração da Meadowes parou quando um homem de capa sentou-se ao lado de Peter. Ele tinha o rosto tão escurecido pelo chapéu que a garota seria vítima de desconfiança caso se inclinasse demais para tentar olhá-lo.

— Que perfume é esse? — abraçou a senhora ao seu lado, olhando fixamente para o homem de negro colocas uma pequena moeda no balcão, arrastando para o Pettigrew, que pegou rapidamente.

— Eu não uso perfume nenhum. — disse a senhora, confusa.

— Ah, não? Senti um cheiro de morango. — explicou Dorcas, pegando o café, quase quebrando seus olhos ao assistir o homem sair da padaria, sem virar o rosto. Segurou-se no balcão, trêmula, querendo voltar ao normal naquele exato momento e agarrar-se a Peter e força-lo a explicar quem era aquele homem.

— Está tudo bem, Lílian? — questionou a senhora, vendo as mãos trêmulas de Dorcas. Peter virou o rosto lentamente em direção das duas, parecendo enfartar. A jovem mulher sabia que devia desviar o olhar, manter seu disfarce, manter-se no papel. Mas não conseguiu. Dorcas focou seus olhos castanhos envelhecidos nos jovens olhos de Peter, completamente imersa.

O garoto praticamente jogou o dinheiro trouxa no balcão e pulou para fora da padaria, alarmado. Dorcas pegou a xícara novamente e tomou todo o café puro, sentindo o conteúdo quente rasgar de forma monótona sua garganta já acostumada com a agressão. Apertou o braço da idosa com um sorriso.

— Preciso ir, esqueci minha bengala! — Dorcas não se importou em continuar andando devagar quando pisou fora da padaria, mudando seu rosto novamente para a de um garoto, colocando seu agasalho e a touca. Olhou para os lados, desesperada, temendo Peter ter aparatado na frente dos trouxas. Achou um garoto corpulento andando apressado, para outro quarteirão.

Dorcas atravessou a rua às pressas, quase sendo atropelada. Sentiu o calor do carro em seus joelhos quando tocou o capô do veículo, soltando um grito de susto. O motorista arregalou os olhos como se tivesse dormido durante aquele tempo e pessoas começaram a se acumular ao lado da garota, sufocando-a.

Saiam da frente! — gritou  Dorcas, empurrando um homem, tentando ver em que direção Peter tinha ido, mas o garoto sumiu. A jovem arfou, tirando a touca, desesperada, ainda com feições masculinas. Quase arrancou os cabelos, trêmula.

 

 

LITTLE WHINGING

06:14

 

 

SOMETHING UNDER HER SKIN

 

 

— Onde está Dumbledore? — Dorcas olhou para cima, tentando chamar atenção de um Remus Lupin quase dormindo acordado. O corredor escuro do Esconderijo da Ordem estava barulhento e lotado, alguém falava na entrada da Sala de Estar, tentando manter o controle. A garota passara aquelas três horas vigiando a casa de Peter, esperando, completamente ansiosa, mas esperando. Pagou um garotinho que passara na rua para bater na porta e pedir biscoitos, mas Peter apenas abriu a cortina, desconfiado e fechou em seguida. — O que está acontecendo?

O Lupin finalmente olhou para baixo, visivelmente exausto. Tinha um cheiro insuportável de algo morto e suas roupas remendadas estavam imundas.

— McKinnon morreu.

Dorcas olhou para Remus, completamente paralisada.

Empurrou ele e todos que estavam na sua frente com uma força tirada de suas últimas reservas, chegando até quem estava falando na entrada da Sala. Deu uma cotovelada em Alice, desesperada, chegando até o homem de pijamas que gritava para que todos no corredor ouvissem. Frank continuou relatando o que todos deviam fazer e para onde deveriam ir, mas tudo que Dorcas fez foi olhar Moody, recolhido em seu cajado, parecendo estar em outro planeta.

Marlene morreu? — questionou Dorcas, mas ela não conseguia ouvir nada em seu corpo: Seu coração parecia ter parado, sua voz não passava em seus ouvidos e sua mente se esvaziou de uma forma que nem a maior concentração que tivera em vida conseguira fazer. Sirius era o úncio dentro da Sala de Estar, fitando o nada, parecendo concentrado com suas mãos segurando o queixo.

— Dorcas... — Frank respirou profundamente, visivelmente cansado. — Eu sinto muito. Não consegui te encontrar... Foi essa madrugada.

Ela tapou a boca, sem acreditar. Segurou-se em Emmeline, sentindo seu corpo pender para trás. Fechou os olhos com força, negando-se a cair. Soltou-se dos afagos e livrou-se dos chamados, abrindo espaço para fora da casa. Sentiu a mão de Remus Lupin passar em seu braço, também tentando segurá-la, mas Dorcas não foi gentil em se soltar.

Colocou a touca de seu agasalho, trêmula, não conseguindo reconhecer nada ao seu redor. Começou a caminhar em silêncio, sentindo todo o seu corpo tremer. Abraçou-se, abaixando a cabeça para o vento frio de Londres, começando a sentir o desespero tomar conta de sua respiração.

Não ia conseguir segurar sua solidão.

 

 

 

 

 

FIM DO ATO II

 

 

 


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Notas finais do capítulo

Eu demorei, eu sei, mas antes tarde do que nunca hahahahahaha Ainda estão todos aí?

Todos acertaram as inspirações nos comentários, mas se esqueceram no principal, depois da Lisbeth Salander, a versão masculina dela, isso aí, Elliot Alderson hahahaha Alguém assiste Mr. Robot?

O próximo capítulo já o nosso encontro com o misterioso Lorde Voldemort...

Espero que gostem, comentem!

Obrigada por ter lido!