Persuasion escrita por Eponine


Capítulo 1
Ato I




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/699978/chapter/1

Persuasão

substantivo feminino

ato ou efeito de persuadir(-se).

certeza fortemente estabelecida; convicção.

 

 

 

 

O que Voldemort faz não é coerção, é persuasão.

 

 

 

 

 

ATO I

 

 

 

JULHO

 1981

 

 

— Dorcas Boadicea Meadowes. — o homem tirou seus olhos da ficha, olhando para a mulher sentada diante dele. — Correto?

— Sim, senhor. — afirmou, apertando seus joelhos levemente. Ele voltou a olhar a ficha e ela teve a liberdade de analisar o Gabinete do General do Quartel de Aurores. Atrás dele havia um mapa gigantesco da Grã Bretanha com diversos post-its, imagens, anotações e recortes de jornais. Ela deslocou seus olhos lentamente para as prateleiras de madeira escura. Os livros eram desorganizados, como se ele mexesse neles com frequência.

Dorcas abaixou os olhos rapidamente quando ele finalmente terminou de ler sua ficha e limpou a garganta, nervosa. Forçou um sorriso para o homem. O Auror Sênior, Malcom Murray, tirou seus óculos de leitura e retribuiu o sorriso da mulher ao acomodar-se em sua cadeira semelhante a uma poltrona.

— Boadicea...?

— O nome de uma rainha da tribo Iceni, significa "vitória". — respondeu prontamente. Ele juntou seus dedos sob as vestes, a analisando.

— Interessante. — a mulher esforçou-se para não desviar o olhar de seu superior. Ele deu uma leve batidinha em sua mesa, arrumando-se em seu assento. — Bem, primeiramente devo parabeniza-la, o teste Cervo não é para qualquer um e por anos não temos um vencedor.

Dorcas sorriu, orgulhosa.

— Obrigada, senhor.

— Excede Expectativas em todas as matérias de Hogwarts, nota máxima em todos os exames do Treinamento... Você parece ter um talento inegável para Legilimência e Oclumência, isso é fascinante.

— Obrigada, senhor.

— Bem, senhorita Meadowes, como a senhorita já deve saber, o aluno vencedor do teste Cervo irá poder acompanhar de perto um caso escolhido por seu mentor... O Auror Moody lhe direcionou para o caso do Lorde das Trevas, a senhorita tem alguma estipulação?

— Não, senhor.

— Muito bem, então vou apresentá-la a equipe. — ele se levantou, recolhendo a ficha de Dorcas, e ela o copiou, passando a mão no cabelo rapidamente. O senhor Murray abriu a porta de seu gabinete e abriu espaço para a mulher. Ambos andaram pelos corredores do Ministério, em direção do Quartel General. Ela apertou seus dedos, ansiosa, ficando na ponta dos pés algumas vezes, entrando em um corredor em que os estudantes normalmente não tinham acesso.

Olhou as diversas portas dos diversos escritórios e a falação alucinante. A iluminação mal-feita do local lhe deu um pouco de dor de cabeça. Finalmente chegaram a última porta do corredor e o senhor Murray a abriu, novamente dando espaço para que a mulher pudesse entrar. A sala estava cheia de homens falantes, pareciam prontos para uma apresentação.

— Boa tarde, rapazes... — ele fechou a porta atrás dela e Dorcas sentiu mais uma vez um banho de constrangimento quando cerca de vinte homens se viraram para olhá-la. Ela abaixou a cabeça levemente ao coçar sua nuca, extremamente desconfortável. — Esta é a estudante Dorcas Meadowes, ela é o Cervo do 3º ano do Quartel.

Eles mediram Dorcas com escárnio e malícia, tentando achar um pouco de curvas naquele uniforme. Ela era pequena e magricela, e estava pronta para toda a zombaria que cairia sobre ela naquele estudo, as pessoas tinham o confortável costume de lhe darem o título de incapaz.

— Vamos começar? — os Aurores tomaram seus lugares e Dorcas recolheu-se na última cadeira da última fileira, nervosa. Sacou sua caderneta e pena, pronta para ativar sua memória fotográfica. O Auror agitou sua varinha, fazendo o projetor ligar, e a imagem do cadáver desfigurado do ex Ministro da Magia, Nobby Leach, apareceu diante da tela, dando um certo desconforto a sala. Malcom Murray parou diante de todos, os fitando. — Nobby Leach, nascido trouxa, Primeira Ordem de Merlin, Ministro da Magia por quatro anos consecutivos, morto em 1968. Foi o nosso primeiro atentado.

Ele colocou as mãos para trás, as cruzando, andando diante da tela, fazendo a imagem de Nobby Leach se distorcer sob seu corpo. Dorcas olhou a frase marcada a fogo no torso do homem, um aviso: Morte aos Trouxas.

— Arquivamos como um crime de ódio, mas a população ficou brutalmente abalada. Nenhuma pista, um crime perfeito. Exatamente quatro meses se passaram e tivemos o Massacre no Clube de Upper Flagley. Vinte e três mortos, todos nascidos trouxas ou mestiços. Os sobreviventes foram apenas sangue puros. — ele agitou sua varinha mais uma vez e a imagem fora trocada para o chão do grande Salão do Clube de Upper Flagley, completamente devastado de sangue e corpos mortos pelo chão.

— Foi um ataque em grupo, todos usavam máscaras de ferros, apenas homens, foi anunciado para os sobreviventes a seguinte sentença: “Estou aqui para avisar que este lugar está sob nova direção, por Lord Voldemort. Limpamos a casa, não ousem sujar novamente”. — Dorcas inclinou-se em sua cadeira enfeitiçando sua pena para que escrevesse sozinha. — Nenhuma pista de quem eram essas pessoas. O Ministério caiu sob o Diretório Sangue Puro, que na época, estava na direção de Fleamont Potter, nos garantiu que nenhum dos integrantes tinha qualquer relação com os atentados.

Os Aurores deram alguns risinhos de descaso e a sala foi invadida de cochichos. Dorcas olhou para os lados, sem piscar. O homem ao seu lado inclinou-se para ela, aproximando-se de seu ouvido direito: “Claro, em um Diretório para Sangue Puros apenas”, sussurrou ele, com um sorriso perverso. Dorcas o ignorou, ainda fitando a tela.

— 1972, após dois anos de silêncio absoluto, Lord Voldemort manda cerca de 115 gigantes sob Londres, matando cerca de dez mil bruxos e doze mil trouxas. Parecia o fim do mundo, muitos de vocês estiveram na batalha e sabem do que estou falando... — ele passou os olhos em Dorcas antes de agitar a varinha novamente. Ela vacilou ao ver as imagens da destruição que a batalha causara. Lembrou-se veemente da loucura em Hogwarts, todos sedentos por informações, perguntando-se se estavam ou não seguros no Castelo. — Depois disso ele não parou de invadir o país com criaturas mágicas selvagens. Conseguiu distrair todos os Aurores para poder fazer o que realmente queria...

Ele trocou a imagem para o corpo desfigurado de Edgar Bones, próximo do lugar onde o corpo de Nobby Leach fora encontrado: em cima do braço do grande bruxo no Hall do Ministério da Magia. Entretanto, ele estava erguido como Jesus Cristo, pregado sob as costas do bruxo no Hall.

— Os irmãos gêmeos Prewett também foram assassinados, o Ministério recebeu a cabeça de ambos duas semanas depois do corpo de Edgar Bones ser encontrado. — Dorcas roeu suas unhas, com toda a sua atenção no Auror Sênior. — 1975, a Ministra da Magia Eugenia Jenkins também foi encontrada morta em seu quarto. Desta vez ele pareceu ter piedade, usou um Avada Kedavra.

Ele trocou a imagem para uma mulher loura de feições severas, colocada sob uma cama, como se estivesse dormindo, com as mãos sujas de sangue.

— Novamente, silêncio. Nos deu tempo para trabalhar. Frederic Avery foi o nosso primeiro suspeito como um Comensal da Morte, nome que ele dá a seus seguidores, segundo uma das vítimas que achamos no porão da casa dos Avery.

O Auror trocou a imagem novamente, desta vez era um porão escuro e imundo, com duas gaiolas gigantes, onde diversos corpos se apertavam desesperados.

— Este homem tinha vinte e seis trouxas, das mais diversas idades e dos dois sexos em seu porão, nessas gaiolas. Recolhemos todas as informações possíveis dessas pessoas e depois apagamos suas mentes, ainda temos alguns de nossos homens protegendo essas pessoas, algumas foram... Mutiladas. — ele abaixou os olhos, trocando a imagem para uma mulher sem os dois braços. Dorcas desviou o olhar, inspirando profundamente. — Esses são os que sobreviveram. Lord Voldemort aparentemente tinha uma escola particular, ele ensinava seus seguidores Poções, Feitiços, Maldições entre outros ensinamentos das Artes das Trevas.

Ele trocou a imagem para a de um homem que sorria maliciosamente para a câmera, de vestes escuras. Ele tinha um corte típico dos anos vinte e um bigode abundante.

— Este homem foi a nossa primeiríssima pista em oito anos. — disse Malcom Murray, cruzando os braços. — E ainda assim, deixamos que ele escapasse.

Dorcas olhou os Aurores na sala, constrangidos.

— Em 1977, ele voltou a aparecer com este homem: — ele trocou a imagem para um homem de pele marrom e olhos puxados. — Semanas antes, este homem, também conhecido como o Presidente Bruxo do Chile, nos escreveu dizendo que tinha informações sobre Lord Voldemort. Ele marcou uma reunião comigo e o Ministro, apareceu no hall às onze horas em ponto de uma segunda feira e se explodiu.

A sala ficou em silêncio absoluto.

— No segundo semestre de 1980, Auror Alastor Moody nos deu um pote de ouro. — ele trocou as imagens para dois cadáveres masculinos. — Estes são Evan Rosier e Pietro Wilkers. Ambos de famílias puro sangues, assim como Frederic Avery. Mais um fortíssimo sinal de que nossos inimigos estavam infiltrados entre nós. Nesta mesma época, o Diretório Sangue Puro estava na direção de Bellatrix Black Lestrange, após a morte de Fleamont Potter. A mulher sumiu com seu marido misteriosamente após seu primo ser assassinado, seus parentes dizem não terem a menor ideia de onde ela esteja e garantem que ela não tem nenhuma ligação com Lord Voldemort.

— As famílias Rosier e Wilkers foram investigadas e absolutamente nada que os incriminasse fora achado. O ano fora fechado com o desaparecimento de Cadaroc Dearborn, nosso melhor Auror da área recriação de crimes. — Dorcas parou de mordiscar os cantos internos de sua boca, abalada com a foto do Dearborn. Ele foi um de seus professores em seu 2º ano no Quartel. O Auror Sênior Murray ligou as luzes com um agitar da varinha e desligou o projetor, indo para a frente da sala, de braços cruzados.

— Lord Voldemort é algo, que não sabemos se é homem ou mulher, de que idade, que aparência tem e nem como é sua voz. Ele tem um nível de psicopatia que desconhecemos e chegou a chocar, acreditem senhores, até mesmo Gellert Grindelwald, quando o visitei em Nurmengard, fantasiosamente esperando algum tipo de luz do nosso último grande caso. — o senhor Murray pareceu incrivelmente velho e cansado. — Os senhores vão estudar e decorar essa história que contei hoje, façam o perfil deste assassino, investiguem, me tragam material fresco e novo. Dispensados.

Dorcas agarrou sua pena e caderneta no ar, levantando-se.

— Senhorita Meadowes, por favor. — a mulher desviou alguns homens, pedindo licença, indo até a mesa do Auror Sênior. Ele recolheu seus pergaminhos, sem olhá-la. — A senhora teve elogios impressionantes de seus professores na matéria de Análise, eu gostaria de ouvir o seu perfil sobre o assassino.

Ela sorriu, impressionada.

— Sim, senhor. — assentiu Dorcas.

— Aqui está o seu passe, tem acesso livre a nossa biblioteca. Não é permitido levar nada de lá, mas acho que a senhora não irá precisar, ouvi falar de sua memória fotográfica. — ele lhe deu um breve sorriso, a olhando rapidamente. Dorcas assentiu, envergonhada. — Isso é tudo.

— Obrigada, senhor.

Ela saiu da sala, ainda atordoada com a enxurrada de informações que tivera. Caminhou pelos corredores, impedindo-se de correr até seu armário. Chegou até o corredor de armários e pegou seus materiais, indo em direção da cafeteria em seguida.

O Treinamento de Aurores dura três anos, mais um ano de especialidade. Ter o título de vencedor do teste do Cervo no currículo era abrir suas portas para uma graduação de ouro e Dorcas se preparou para o teste desde seu último ano de Hogwarts. O teste era aplicado em um dia inteiro, onde você tinha que manter um nível sobrenatural de excelência nos seguintes requisitos: Transfiguração, Oclumência, Legilimência e Resistência.

Ela teve a sorte de ser excelente em Legilimência.

Entrou na fila do café, impaciente. Ignorou os chamados irritantes de Thomas Keating, gargalhando com seus amigos, se achando muito engraçado por assobiar para Dorcas. Todas as mesas estavam lotadas, grande parte com os estudantes de seu ano. Alguns pareciam particularmente irritados com a vitória de Dorcas no teste Cervo, especialmente Thomas Keating. Pediu seu café para o senhor idoso que atendia na cafeteria e enfiou a mão no bolso de seu uniforme, caçando alguns nuques.

Olhou para o chão, sem jeito.

— Senhor Fitz...

— Tudo bem, baixinha. — sorriu ele, aceitando os três nuques.

— Eu vou lhe pagar, não se preocupe, eu...

— Seu café irá esfriar. — ele apertou seus olhos escuros carinhosos, dando-lhe um sorriso de confidência, seu cabelo branco feito neve se destacava em sua pele escura. Ela pegou o copo, retribuindo seu sorriso, encabulada e agradecida. Saiu da cafeteria, não olhando para seus companheiros de classe. Praticamente voou para a biblioteca do Ministério, sedenta para entrar no lugar onde foi tanto barrada.

Sorriu ao apresentar seu passe, entrando no local, admirada. Era extensão e abarrotado de prateleiras confusas, sem nenhuma ordem particular. As mesas de estudo ficavam no fundo e tinha uma iluminação artificial incrível, com luzes fortes, provavelmente para evitar o sono. Pensou em como Hogwarts devia adotar aquele método. Pegou uma das mesas vazias e abriu sua bolsa velha, pegando seus materiais.

Anotou:

 

LORD VOLDEMORT,

UMA ANÁLISE

 

 

Tomou um gole de seu café, respirando fundo.

Recolheu todas as suas aulas de Análise em sua mente, fechando os olhos, entrando em transe. Decidiu começar por suas intenções: Ódio declarado a trouxas, nascidos trouxas e mestiços. Provavelmente, é um sangue puro. Sexo masculino, se auto intitula Lorde. Tem mais de trinta anos, pois tem um vasto conhecimento de magia. É extremamente inteligente, deve ter sido da Corvinal ou da Sonserina, provavelmente da Sonserina, já que é sangue purista.

Tomou mais um gole de café.

Levantou-se de supetão, indo em direção da placa de História da Magia. Procurou pelo rótulo de famílias nobres, procurando o livro do Diretório Sangue Puro. Voltou para sua mesa, tendo cuidado com as páginas amareladas e frágeis. Passou seus olhos em cada uma das famílias, riscando mentalmente as menos propensas, tomando um gole de seu café.

Abbott: O patriarca tem mais de 70 anos, suspeito como Comensal.

Avery: Comensal da Morte, possível candidato, apenas Frederic do sexo masculino, mais de doze primas.

Black: Regulus Black desaparecido, Sirius Black menos de trinta anos, parente dos Rosier, suspeitos como Comensal.

Bultrone: Patriarca com mais de cinquenta, suspeito.

Carrow: Amico Carrow, menos de trinta anos, suspeito como Comensal.

Crouch: Sem chances.

Fawley: Sem patriarcas.

Flint: Suspeitos como Comensais.

Gaunt: Extintos.

Greengrass: Sem patriarcas.

Lestrange: Rodolphus Lestrange, quase trinta anos, suspeito. Rabastan Lestrange, suspeito como Comensal.

Longbottom: Frank, mais de trinta anos, dificilmente, mas... Suspeito.

Macmillan: William, menos de trinta anos, suspeito como Comensal.

Malfoy: Lucius Malfoy, menos de trinta anos, suspeito como Comensal.

Nott: Suspeitos como Comensais.

Olivaras: Será? Nah...

Parkinson: Sem patriarcas.

Prewett: Extinta.

Rosier: Sem patriarcas.

Rowle: Extinta.

Selwyn: Extinta.

Shacklebolt: Deus, não.

Shafiq: Extinta.

Slughorn: Não mesmo, mas, suspeito.

Travers: Domnhall, mais de trinta anos, suspeito.

Weasley: Arthur, mais de trinta anos, suspeito.

Yaxley: Forrest, mais de trinta anos, suspeito.

Dorcas fez um rolo inteiro de anotações, bagunçando sua mesa inteira, buscando referências bibliográficas fervorosamente. Fechou seus olhos, abrindo sua mente.

Eu sou Lord Voldemort, pensou, O sangue puro de meus ancestrais corre por minhas veias. Fui da Sonserina, devo honrar Salazar. Meu objetivo é limpar o mundo bruxo dos nascidos trouxas e mestiços...

Riscou metade dos nomes, deixando apenas Black, Lestrange, Malfoy, Avery e Bultrone. Pegou a foto do cadáver da Ministra Eugenia Jenkins, colocada em sua cama em uma posição pronta para o caixão, com as mãos sujas de sangue. Pegou as fotos de Nobby Leach e Edgar Bones, as analisando. Pegou o copo, mas decepcionou-se ao ver que tinha tomado tudo e não notara.

Ele quer falar algo, há uma simbologia nesses assassinatos, pensou Dorcas, olhando as fotos. Pegou as fotos de massacres, avaliando os estragos. Ele não esteve nesses lugares, ele podia ser pego. Pegou seu pergaminho.

Massacres: Apenas Comensais.

Assassinatos: Ele em pessoa.

É um homem mais velho... E vaidoso. Suas pausas de anos são para aumentar o caos. As pessoas irão especular, inventar mentiras, contos, irão usá-lo como demônio para tudo, aumentando sua fama já grande. Talvez essas pausas também sejam para planejamento...

Ele usa Imperius em todas essas pessoas ou elas fazem tudo por vontade própria?

Senhorita! — Dorcas levantou a cabeça rapidamente, não acreditando na escuridão que vinha das janelas. A mulher idosa parecia irritada, provavelmente a chamou várias vezes. — Já vamos fechar!

Recolheu suas coisas com um acenar da varinha e pegou o copo vazio, o jogando fora. Colocou sua bolsa transversal e saiu quase correndo da biblioteca para o vestiário, pegando suas roupas, correndo para uma cabine, fechando a porta. Trocou-se em uma velocidade assustadora e saiu, colocando seu uniforme em seu armário e o trancando.

Praticamente voou para o elevador, lotado dos alunos do segundo ano, todos homens. Ficou de costas para eles no elevador, bem de frente para a fresta que se abria. Mexeu a alça da bolsa até ter certeza de que ela cobriu sua bunda por inteiro, sentindo olhos em cima dela como porcos olham para a lavagem, desesperados.

Desceu no Hall, sabendo que não estava tarde pela quantidade de pessoas circulando pelo local. Entrou em uma das lareiras e em uma piscada apareceu na cafeteria Baker & Baken, atropelou algumas pessoas no estabelecimento lotado, tentando chegar até o balcão.

— Freddie... Será que pode me vender um café fiado? Eu juro que vou pagar até o fim do mês! — o homem alto continuou atendendo seus clientes como se não tivesse visto Dorcas ali. Ela foi empurrada por uma mulher alta, mas continuou segurando-se firmemente, até Freddie lhe entregar um copo médio de café. Ela sorriu para o homem. — Obrigada, muito obrigada, eu voltarei para pagar! Coloque na minha conta!

Ela correu para fora da cafeteria bruxa, queimando a boca com o café. Parou no meio da rua, fechando os olhos com dor, diminuindo o passo. Ela tinha que terminar algum TCC para conseguir alguns trocados, estava tendo uma semana quase miserável. Dorcas voltou a caminhar mais rápido, tentando se lembrar de quantos Trabalhos de Conclusão para cursos diversos ela conseguiu vender.

Finalmente chegou na rua Little Whinging, entrando na casa de número 74, conferindo se não tinha ninguém atrás dela. Deu de cara com Remus Lupin, visivelmente esgotado, que não foi educado ao praticamente empurrar a garota para fora do caminho, saindo pela porta que ela abrira, fechando a porta com violência.

Dorcas tomou seu café de sobrancelhas erguidas, andando pelo corredor escuro, chegando na Sala de Estar, onde os outros conversavam. Ela jogou sua bolsa no sofá, ao lado de Sirius Black, que ouvia atentamente o que Peter Pettigrew lhe contava. Ela semicerrou seus olhos para o homem, se perguntando se ele era o traidor da Ordem. Provável, ele é o mais propenso. Há grandes chances de sua preocupação absurda com os Potter não passe de uma farsa. Ele parece sentir o olhar de Dorcas e virou-se lentamente para ela, arrogante e grosseiro:

— Sim? Posso ajuda-la? — ela tomou mais um gole de seu café.

— Não, só estava admirando sua beleza. — sorriu ela. Sirius, entretanto, continuou sério e voltou a olhar o amigo, que continuou relatando seja lá o que fosse. Decidiu que ele seria sua vítima do mês. Todos os meses, Dorcas escolhia alguém da Ordem para vigiar e seguir quando tinha tempo, e daquela vez seria Sirius, na verdade, só faltava ele, Emmeline e Peter, então decidiu começar por ele.

Dorcas só estava na Ordem da Fênix porque Alastor a colocou lá dentro. Eles precisavam de infiltrados em todos os lugares possíveis, no 1º ano do Quartel eles tinham Emmeline Vance, no 2º, Marlene e Bennet McKinnon, e no terceiro, Dorcas.

Subiu as escadas da casa, em busca de Dumbledore, queria o feedback de seu relatório onde ela apresentou provas concretas de que Lucius Malfoy tinha relação com os Comensais da Morte, desde a fotos a rastros, ela passou seis noites de seu mês em claro observando a Mansão dos Malfoy, quem entrava e quem saia. E interceptou cartas suspeitas também.

— Ei — chamou a garota, batendo na porta entreaberta, achando Alice e Frank tendo uma discussão. A mulher virou o rosto, caminhando para longe da visão de Dorcas, mas Frank apenas respirou profundamente e a olhou, esperando a pergunta. — Desculpe, eu estou procurando Dumbledore.

— Ele já foi, você perdeu a reunião. — Dorcas bateu o pé no chão, irritada consigo mesma. — Ele não te deu nenhuma missão, ficou sabendo que foi admitida no teste do Cervo... Ele disse que você é nossa luz agora.

 

 

WHEN SHE WENT AWAY

 

 

Dorcas sorriu, mas Frank estava sem paciência e apenas agitou a varinha para a porta, a fechando delicadamente. Ela segurou seu sorriso, terminando seu café, deixando em uma das mesinhas de corredor. Desceu as escadas às pressas, pegando sua bolsa, saindo da casa sem se despedir de ninguém.

As ruas estavam vazias e ela devia aparatar, mas decidiu andar até sua casa, ou o muquifo que chama de casa. Os nascidos trouxas, e ela estava inclusa nesta categoria, não podiam mais simplesmente andar pelas ruas tranquilamente. Ela podia sumir misteriosamente, cair morta em um estampido, ou aparecer com o corpo mutilado em cima do bruxo no Hall do Ministério.

Mas Dorcas era conhecida por sua inconsequência, e também inteligência, por este motivo foi posta na Corvinal em seus tempos de Hogwarts. Dorcas sabia como sobreviver a um campo de batalha, ela veio do bairro mais pobre de toda Londres, Brixton, com guerras de gangues e palco de rebeliões raciais. Essa guerra é só mais uma guerra de gangues, ela já passou por várias.

Vasculhou sua bolsa, procurando seu sanduíche quase velho, o mordendo com tanta força que fora metade do lanche.

Sorriu para a lua, de boca cheia.

Praticamente brincou de paralelepípedo para paralelepípedo.

 

 

 

 

 

FIM DO ATO I

 

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Eu já tinha um esboço dessa história, algo sobre a Dorcas, porque ela morreu? O que ela fez de tão grave que fez Voldemort, LORD VOLDEMORT levantar da cadeira e matá-la?

Espero que eu consiga atingir expectativas e esteja sendo original.

Opinem! Criticas são muito bem vindas, não tenham vergonha de me sapatear!

Espero que gostem...

;)