Home

Capítulo 23

—Ai. - Reclamei de novo sentada na poltrona do quarto. A leitura não estava ajudando em nada para despertar meu sono ou acalmar os bebês dentro de mim. Era duas e meia da manhã e tanto Enzo quanto Carlie pareciam brincar de dar piruetas alegres na minha barriga.

Eu completaria nove meses na próxima semana, o que era algo admirável para uma gravidez de gêmeos, então a falta de espaço para ambos era algo mais cansativo que numa gravidez de apenas um bebê.

—Vocês querem sair logo não é? – sussurrei. Como se para me responder eles me chutaram, primeiro um chute leve depois um mais forte. Eu desconfiava que o mais forte vinha da minha menina.

Edward se agitou na cama murmurando meu nome e tateado os lençóis a minha procura. Coitado do meu marido estava dado plantão de sete da manhã a sete da noite para que eu não ficasse sozinha na parte da noite, porem quando chegava a casa não ia descansar, queria conversar comigo, me ajudar com as roupas dos bebês (que eu adquirira o habito de arrumar o guarda roupa deles todos os dias) e ainda brincar com Tony até a hora dele dormir nos dias em que ele estava conosco. Edward estava exausto e eu não queria perturbar seu sono com minha insônia e falta de posição para dormir.

—Estou aqui. – falei bem baixo na penumbra do quarto. Passei as mãos pela minha enorme barriga tentando acalmar os bebês.

—O que faz ai? – ele se sentou apoiado nos cotovelos bocejando. Era uma imagem fofa que encheu meu coração de ternura por aquele homem. Olhou o relógio de cabeceia e vendo que faltava bastante para o amanhecer suspirou aliviado e veio se ajoelhar aos meus pés.

—Não consigo encontrar uma posição para dormir. – me justifiquei. – e os pequenos estão muito agitados.

—Contrações? – ele passou de marido a medico num piscar de olhos.

Suspirei confessando meu segredo.

—Pela manhã.

—Bella!

—Desculpe! Não queria alarmá-lo tão cedo, sei que demora.

—Suas contrações começaram e você não quis me alarmar?— ele bufou incrédulo. As mãos foram para minha barriga. Enzo e Carlie se acalmaram imediatamente ao toque do pai.

—Por que você consegue acalmá-los tão facilmente e eu não? – reclamei.

—Por que eles sabem que o papai é quem manda. – ele piscou para mim e beijou o topo da minha protuberância recebendo um chute de volta.

 -Ei galerinha, vamos nos comportar para que a mamãe possa descansar?

—Parece que você está comandando um time de futebol quando fala assim.

—Sou treinador amor. Agora volte para a cama, vamos para o hospital amanhã cedo.

—Edward...

—Bella. Não vamos ter essa discursão de novo. Você está entrando em trabalho de parto e eu não quero passar por toda essa tensão e risco de... – ele engasgou.

—Shi. Eu sei amor. Eu sei. – tentei acalmá-lo. Edward tinha medo que algo desse errado e ele perdesse um de nós. - você não vai nos perder, ok?

—Você não pode garantir. Mas pode deixar que marque uma cesariana para amanhã bem cedo.

Ele realmente estava com medo e eu não podia culpa-lo, a única coisa que eu podia fazer era acalmá-lo e para isso era só ceder a sua vontade.

—Esta bem. – sussurrei. Ele me beijou de leve nos lábios e me guiou de volta a cama.

Ele logo voltou a dormir, e fiquei quietinha ao seu lado, observando seu rosto sereno e lembrando do dia onde finalmente conseguimos concordar com o nome dos bebês.

Estávamos assistindo ao filme dos mínions pela milésima vez junto de Tony, quando o nosso pequeno furação adormeceu no nosso meio no grande sofá da sala.

—Todos estão ansiosos sobre o nome dos bebês, e devo confessar que eu também. Já esta na hora de darmos. – Edward começou.

—Já pensei em alguns. – confessei baixinho para não acordar Tony.

—Eu também. Isabel.

Fiz uma careta.

—Não vamos dar um nome tão parecido com o meu.

—Ok. – ele parecia resignado. – Geovanna? É italiano como o seu.

—Queria homenagear seu pai. Carlisle sempre foi um grande modelo a ser seguido, e mesmo quando eu era jovem e estupida, eu já o admirava, e agora que ele não estará aqui para guiar os netos... Bem, quero lembra-lo de alguma forma.

Os olhos verdes de Edward estavam marejados.

—Obrigado. – sussurrou.

—Não por isso. Sendo assim... – peguei sua mão levando aos meus lábios e a beijei. – Pensei em Carlie. Assim Charlie também não se sentiria excluído.

—É perfeito Bella.

Então estava decidido.

—E nosso menino?

—Pode ser algo Itália? – ele sorriu.

—Se suas ideias forem melhores...

—Lorenzo? Sempre gostei. – ele disse meio incerto.

—Enzo. Carlie e Enzo. – testei gostando de como suava.  – perfeito.

— Então está decidido.

—Ok. Sim tudo bem... Até lá. E... obrigado.

—Com quem estava falando? – perguntei ao Edward quando o vi desligar o celular e o colocar de volta a cabeceira da cama. Se sentou ao meu lado enquanto eu tentava sentar. Ele me ajudou e afagou meus cabelos.

—Sua medica. Falei que as contrações começaram.

—Edward! Foi apenas uma pela manhã!

—Sua ultima refeição foi às nove da noite? – ele e ignorou.

—Sim.

—Ótimo. Seu jejum começou ali então. Já arrumei as coisas dos bebês e a sua bolsa.

—Edward...

—Amor, vai ficar tudo bem. Agora vamos.

Ele me ajudou no banho e a me arrumar, coloquei um vestido leve e um casaco por cima, estava frio. Olhei nossa sala longamente antes de air pela porta.

—Vamos?

—Quando voltarmos, teremos duas crianças. – sussurrei maravilhada. Ele me abraçou pelos ombros.

—eu sei meu amor. Isso é incrível.

—E se eu não for uma boa mãe?

—Bella você já é mãe. tem sido a mãe do meu filho desde que ele nasceu.

—Mas é diferente.

—Olha pra mim. - ele pegou meu rosto em sua mão.

—Você vai se sair muito bem, e eu estarei lá o tempo todo para te ajudar.

Eu estava colocando muito medo em algo simples eu sabia. Eu tinha passado por isso com o nascimento do meu sobrinho, e o tive como um filho desde o primeiro momento com a ausência de sua mãe.

Segurando a mão de Edward, sai de nossa casa sem olhar para trás, ansiosa pelo momento em que voltaria com os nossos bebês.

Contrariando a vontade de edward, eu entrei no hospital andando bem devagar, mas andando, até o quarto reservado a mim. era maior que a maioria, isso devido ao fato de que o hospital era meu de certa forma.

Boa parte da minha família estava lá.

—Bella. – Esme veio logo me ajudar e me direcionar para a cama.

—É bom ver vocês. – ok eu estava com vontade de chorar.

—passei só para te dar um beijo, tenho que correr para o restaurante. – Alice me beijou e acariciou minha barriga.

—Vou sentir falta.

—Pode parecer estranho, ainda mais com todo esse peso, mas sentirei saudades também. Onde está Yasmin?

—Dormindo em casa com Jasper. Ele esta trabalhando em casa.

—Bella vai ficar tudo bem. – Angela sorriu.

—Nosso pequeno?

—Na escolinha. Depois vou busca-lo e... – ela olhou para Edward incerta. – devo trazê-lo para te ver?

—Acho melhor amanhã. –Esme tomou a decisão.

Charlie estava queito e parecendo deslocado veio para perto de mim pegando minha mão.

—vou ficar aqui espernado vocês. Vai dar tudo certo.

—Obrigado pai. – sussurrei.

—Bom dia! Como vai a mamãe? – minha medica entrou aminada.

—Ansiosa. – falei. Eu queria poder ligar para Rosalie, mas ela ainda devia estar dormindo.

—Vamos começar a preparar você. Papai? Vem com a gente?

—Com certeza.

Toda a equipe começou os preparativos em mim e na sala. Meu coração batia rápido pela ansiedade de logo ter meus bebês em meus braços.

—Fique completamente parada. – um enfermeiro me orientou segurando forte meus ombros para que o anestesista aplicasse a anestesia na base da minha coluna.

—Ai. – sussurrei com o susto, mas não me movi. Sabia que era perigoso de mais.

Edward conversou comigo durante todo o momento para que eu não me concentrasse no fato de que estavam cortando meu corpo. Ele sabia que isso era o que me apavorava. Não demorou muito e também não foi tão assustador. Havia uma musica calma ao fundo, e conversar tranquilas. Então um chorinho baixo invadiu o espaço. E senti meu coração perder uma batida.

—Temos um garotinho aqui!

—Enzo amor. – Edward sussurrou com os olhos lagrimejantes. Eu estava chorando já.

—Quero vê-lo. – pedi.

—Logo.

Um choro mais alto e forte invadiu a sala.

—Temos uma menina! – os médicos aplaudiram comemorando.

—Diga oi para a mamãe. – duas enfermeiras trouxeram meus bebês sujinhos para meu rosto. Meu olhar estava basento pelas lagrimas.

—Oi . –sussurrei olhando de um para o outro.

—Logo, logo vocês se verão no quarto. – a enfermeira me prometeu.

—Obrigado. – Edward sussurrou.

—Não tem de que. – devolvi.

As horas seguintes foram como um borrão. Eles me costuraram, a medica fez recomendações, e eu cai no sono.

Quando acordei meu corpo parecia fora do lugar por dentro. como se meus órgãos estivem todos soltos. Acho que por que agora eles estavam se readaptando a ter espaço de novo.

Abri os olhos para a claridade do quarto.

—Oi. – edward me recebeu.

—Oi. E os bebês? – eu sentia muita sede.

—Estão bem. Bella eles são lindos! Nossa menina parecia uma miniatura sua! E Enzo? É tão quietinho...

—Quero vê-los. – não era justo que Edward já tivesse visto eles e eu não.

—Logo amor. Vou chamar a enfermeira.

Eu estava bem, e logo minha sogra e meu pai entraram no quarto. Eu havia dormido o dia todo e estava doida para amamentar meus bebês. Uma enfermeira me orientou e logo trouxeram meu pequenos.

Carlie estava com um macacão lilás e Enzo com um azul marinho. Edward colocou minha menina em meus braços e se sentou ao meu lado com o nosso menino. Eu olhava o rosto de cada um deles encantada. Aquelas duas coisinhas perfeitas haviam saído de mim!

—Oi meu amor. Eu sou a mamãe e já te amo muito. – sussurrei para um e para outro.

Charlie parecia emocionado ao lado de Esme. Ela o abraçou e eu vi o laço de amizade ali. Sob o olhar amoroso do meu marido e dos nossos pais, eu amamentei nossos filhos pela primeira vez.

(...)

Seis meses depois.

Carlie chorava de mais. estava fazendo birra, porque Antony havia pegado sua chupeta.

—Devolve a chupeta da sua irmã. – reclamei.

—Não.- Ele disse serio.

—Antony! – falei mais seria e ele resmungando devolveu. Ela é uma boba chorona!

—Ela é bebê meu amor. Você também era assim.

—Eu não. Eu era normal.

Eu ri da sua carinha emburrada.

—Vai ver como está sua mãe. Eu vou ver o seu pai Ben.

Ele saiu correndo escada a cima. Tony estava ficando cada vez mais parecido com Edward. E especialmente hoje usando seu terno bem alinado, especial para o casamento da mãe. peguei Carlie no colo tentando arrumar seu vestido rosa.

—Ben? – batia a porta do quarto do andar. Ben estava se olhando no espelho. O smoke branco lhe serviu bem.

—Você está muito elegante cunhado.  – elogiei.

—Estou nervosa. Ela não fugiu?

Eu ri me aproximando e arrumando sua gravada vermelha.

—Ela não teria coragem. Está muito feliz assim como você, do contrario não teria aceitado o pedido.

—Levou quatro anos para que ela aceitasse.

—Se você pensar bem... Foi um tempo curto. Cuide bem da minha irmã doida.

—Vou continuar cuidando. – ele disse e pegou minha filha no colo a fazendo rir. Ben era muito atencioso com meus filhos e com a filha de Rosalie, Emily, e eu sabia que parte dessa atenção se devia ao fato de que ao aceitar ficar com Ângela ele mesmo não teria filhos gerados dele. Ângela não podia mais ter filhos.

—O noivo está pronto? – Emmett entrou fazendo barulho com seus gêmeos.

—Eu passei para checar se ele não havia fugido. – brinquei. –Vou me preparar para entrar. E Rose?

—Amamentando Emily, nossa pequena esfomeada. – ele disse sorrindo orgulhoso.

Mais uma vez o jardim da casa de Esme estava decorado para um casamento, o ambiente mais elegante e chique dessa vez, mas a cara de Ângela.

—Tia? – Melanie estendeu os braços pedindo que eu lhe desse Carlie. As duas eram daminhas e Melanie entraria com a minha princesa nos braços.

—Você está linda querida.

—Obrigado tia.

—Minha filha realmente é linda. Puxou a mãe. – Kate apareceu estonteante num vestido preto longo feito para noite de Forks.

—Sim Kate. – foi tudo o que disse. Ela estava mais presente na vida da filha agora, embora ainda morasse em Paris, e ela e Rosalie tinham uma boa relação por Melanie.

Os convidados já estavam nos seus lugares.

—Onde você estava? –sussurrei brava para Edward que vinha esbaforido com Enzo em seu colo. Quando me viu estendeu os bracinhos para que eu o pegasse no colo. O peguei.

—Nosso garotão aqui encheu a fralda. – ele disse com uma careta. –Agora esta limpinho e pronto para a cerimonia.

—Esse pai é o meu herói. – brinquei beijando Edward nos lábios. Enzo reclamou querendo puxar meus cabelos. Andava com muito ciúme de mim.

Tomamos nossos lugares na frente. Logo Melanie entrou com Carlie em seu colo jogando flores. Todos sorriam para as duas. Tony veio na frete de Ângela e Charlie, todo homem sorrindo encantador.

—Nosso filho vai arrastar uma fila de mulheres. – Edward sussurrou no meu ouvido.

—Todos os dois. - sussurrei de volta.

O casamento foi lindo. Me recostei em Edward com Enzo sonolento em meu colo, olhando minha pequena menina no colo de Melanie, e meu lindo Tony sentadinho ao lado delas se comportando como um verdadeiro cavaleiro. Rosalie nas cadeiras do outro lado capitou meu olhar e sussurrou uma mensagem; está feliz?

Eu sorri de volta. Nos braços do grande amor da minha vida, cercada pelos nossos filhos e família, feliz era uma palavra até pequena para descrever todo o meu agradecimento aos céus por eu ter conseguido tudo o que sempre sonhei; o amor e minha família.

—Sim. – sussurrei. Edward beijou o topo da minha cabeça e eu apertei mais Enzo em meus braços.

‘’A vida é curta. Ame muito. Viva intensamente. Perdoe mais, deixe o rancor pra trás! Mantenha perto quem realmente é importante pra você, seja grato por tudo que tem e principalmente pelas pessoas que tocaram a sua vida e a tornaram melhor.’’ – Thayane Paixão