CAPITULO 1

— Estou te dizendo, Bella. O Charlie não está bem! -Angela, minha amada irmã falava pela tela do meu notbook. Parei de dar atenção para minhas unhas que estavam sendo pintadas de preto, e a olhei; Angela era um ano e quatro meses mais nova que eu. Fomos criadas como se tivéssemos a mesma idade, porém ela, apesar de mais nova, sempre se comportou como a mais velha. Quando decidi sair da cidade para cursar a faculdade e viver a minha vida, prometi que ela poderia vir morar comigo na Califórnia.

Ela não quis. Ficou morando em Forks, foi para a faculdade em Seattle e cuidou dos nossos pais.

Mãe depressiva.

Pai alcoólatra.

Angela era um anjo.

—Ang, não podemos fazer nada. Ele se aposentou antes da hora graças ao vicio, ele não quer ajuda! Não da pra ajudar quem não quer ser ajudada. Porra! - derramei o esmalte na minha colcha de cama roxa. Um presente do meu ex namorado da adolescência.

—Você não entende. Não sabe o que esta acontecendo! Mamãe fica nessa palhaçada de proteger você. Como se você precisasse!

—Me proteger? Angela Swan, seja direta. O que esta acontecendo em casa?

ela suspirou. Puxou todo o ar, prendeu e expirou.

—Bella, preciso de você em casa. Nesses cinco anos em que você não apareceu, a mamãe…

—Ang! Corra! Preciso de você aqui!

A voz de Charlie vinha de algum lugar na casa. Alta, alarmada.

—O que está havendo, Angela?! - a questionei.

—Não deve ser grande coisa. Papai é Deve

—querer levar a mamãe de volta ao hospital..

—Como assim hospital? O que ela tem?

Angela olhou me cansada. Na verdade ela sempre estava cansada. Eu costumava culpar a faculdade e os plantões como enfermeira no hospital Cullen. E ela ainda tinha um noivo misterioso. Mas minha irmã parecia esgotada.

—Bella, apenas venha para casa. Passe suas ferias aqui. Vou te contar o que houve e irei precisar do seu apoio e ajuda.

—Angela, o que esta fazendo? Edward está com você?  Venham aqui.

—Bella, apenas venha para casa. Preciso de você.

—Ang, espera!

Ela abaixou a tampa do notbook.

O que estava acontecendo em casa?

Eu nunca ia. Forks. Tinha medo de ficar presa lá. Como um animal enjaulado. Minhas grades eram as nuvens opacas e carregadas da cidade. Meus grilhões eram minha família. Eu tinha uma vida em Los Angeles. Estava há um ano em uma boa empresa. Tinha bons amigos. Eu não queria voltar para a melancolia de Forks e da minha familia.

Eu não entendia porque Angela ainda ficava lá. E quem era seu namorado. Ela nunca falava direito dele. O chamou de “Edu” certa vez. Só soube desse namorado graças a mamãe.

Eu também evitava falar com mamãe. Ela tinha dias bons, mas a maioria era péssima. Sempre triste, lamentando não ter se tornado uma bailarina de sucesso. E a morte dos meus avós. Eles morreram num acidente de carro, que ers dirigido por ela.

Charlie era alcoólatra desde que me entendo por gente. Nunca deu problemas em casa. Só vivia bêbado quando não estava em serviço, passando mal e vomitando pelos cantos.

O que fazia minha vida ser algo bom era ter minha irmã Angela e meu melhor amigo Edward.

Aos 13 anos nos tornamos namorados. E foi assim até que nos formamos e seguimos caminhos opostos.

Eu sentia falta dele. Seria mentira dizer que não. Quando um filme antigo passava na TV. Quando fazia maratona de uma serie legal. Em um dia frio e chuvoso. Ao ouvir uma musica. Quando ia ao médico.

Eu sempre amaria meu primeiro amor, era o que diziam de certa forma. Eu só não poderia desistir da minha vida. E terminar em Forks, presa naquela pequena cidade.

—Bella! Sabe o meu chefe? - Rosalie, minha amiga com quem divido o apartamento entrou no meu quarto. Loira e glamurosa, vestia um micro short jeans com as longas penas bronzeadas de fora.

—Seu chefe o musculoso safado com cara de inocente ou o loiro psicopata?

Ela fez bico na hora. Rose não gostava dos apelidos fofos que pus nos chefes dela no bar/ café.

—O nome do loiro psicopata é James! Mas eu estava falando do Emmett. - ela se jogou na cama, me fazendo com que outro vidro de esmalte derramasse.

—Desculpa!

—Desembuche, Rosalie Hale. O que andou aprontando?

Ela me olhou teatralmente com os olhos azuis arregalados.

—Transamos na dispensa.

soltou, prendeu a respiração aguardando minha reação.

Normalmente eu atiraria uma almofada nela e a chamaria de vadia, mas hoje, depois da conversa com Angela eu não estava no clima. Levantei da cama, disposta a ir para a cozinha comer. Olhei a por sobre o ombro.

—Você sabe o que penso. Se continuar sendo fácil assim, ele nunca irá largar a família.

—Ele tem uma filha pequena Bella! - ela fez a cara de coitada.

—Rose, isso não é desculpa. Ele tem que se separar da mulher e não da filha.

—Emmett vai fazer isso!

—Quando a filha for pra faculdade?

—Não sua boba! Isso vai levar mais 10 anos né?

Ela fez língua para mim. As vezes Rosalie era muito infantil.

—Você não merece isso. Estar com alguém que não é tão seu.

—Você hoje esta muito moralista.

Ela resmungou.

Bom, ela pediu uma lição.

— Rosalie, você é linda, tem vinte e quatro anos, é inteligente por mais que não pareça as vezes, trabalha naquele lugar desde que a conheci, não esta indo a lugar algum! Não quer ir para a faculdade, não quer outro emprego, e já esta nessa relação com o Emmett desde que ele chegou na cidade! Dois anos! Dois malditos anos perdidos! Se acha que ele ainda irá largar a mulher, tenho novidades; a vida dele está ótima assim; uma mulher em casa para ‘’fazer as coisas e cuidar da filha’’ e uma na rua pra ele ‘’comer’’. Ele NUNCA irá deixa-la.

Terminei meu desabafo. Ela ficou só lá me olhando o rosto ficando vermelho. Os olhos cheio de lágrimas. Esperei que ela quisesse me bater. Levantou se da cama. Passou por mim. Pegou um casaco na porta e saiu.

Durante todo seu trajeto prendi a respiração. Talvez eu fosse dura de mais com ela. Rose cresceu em um orfanato. Nunca teve família, teve que batalhar muito pra chegar até aqui sem fazer algo errado. A conheci no bar onde trabalha, no meu primeiro fim de semana aqui. Um mês depois ela veio morar comigo. Seu apartamento era em um bairro horrível.

Nos tornamos grandes amigas, mas desde que o irmão de James veio morar aqui e trabalhar no bar... nossa relação ficou difícil. Emmett estava se aproveitando de Rosalie, eu tinha certeza!

Eu só tinha que fazê-la enxergar que merecia mais. Muito mais.

Deixando meus problemas com Rosalie de lado, comecei a preparar minhas coisas para ir a Forks dali a dois dias.

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Eu estava indo para Forks depois de cinco anos sem pisar naquela cidadezinha. Teria um mês de férias do trabalho, e passaria esse tempo na minha cidade natal. Angela dizia que todos meus amigos do colégio continuava lá e eu adoraria revê-los. Claro, claro.

Queria mesmo era conhecer esse noivo dela.

Falei com mamãe brevemente ao telefone, e ela disse que ele me buscaria no aeroporto de Port Angeles.

Angela estava de plantão no hospital, e Renée não sentia se bem para dirigir. E claro, Charlie não dirigiria comigo em um carro jamais. Eu não confiava nele desde meu aniversario de dez anos, quando ele bateu o carro porque estava ‘’levemente alcoolizado’’. Não foi nada grave, só um susto.

Quando desci no aeroporto eu não sabia  o que ou melhor quem preocurar. Talvez ele tenha trazido uma placa com ‘’bem vinda cunhada’’?

Eu tentava ligar para Rosalie, de novo, desde nossa pequena discursão ela saiu de casa e não voltou. Liguei para o psicopata do James e ele disse que ela tinha ido trabalhar normalmente.

Desistindo quando caiu na caixa postal de novo mandei uma mensagem.

Rose, desculpe meu mau jeito, as vezes sou um pouco boba com essas coisas, e insensível, sei que gosta dele e tals,mas eu queria que você pensasse e entendesse que que merece muito mais. Merece toda uma vida, merece uma família.

Eu te amo, serei sempre sua amiga. Já estou em Forks, vou conhecer meu cunhado. Espero que essa cidade não me pire. Hehe

Me ligue quando puder. Bjs

Eu estava clicando em enviar quando esbarrei em alguém, com tanta força que quase fui ao chão se braços fortes não tivessem me segurado e firmado.

— Ah, desculpa! Não vi você. – comecei minha sessão de desculpas enquando pegava minha mala do chão.

— Nunca me veria. Andando cheia de coisas e digitando no celular. – disse meu obstáculo salvador.

Sua voz gerou uma enxurrada de lembras por minha mente. Lembranças que faziam meu coração apertar e eu tentava não lembrar. Durante cinco anos eu passei me convencendo que foi o melhor, segui minha vida, deixar tudo para tras, porem eu não ouvia as mesmas musicas, não ficava em casa assistindo filmes bobos nos fim de semana. Eu evitava fazer coisas que fazia com meu ex namorado. Edward.

E eu nunca, jamais, perguntava a Angela como ele estava. Eu fui horrível com ele. O deixei quando perdeu o pai e precisava de mim.

E aqui esta ele. Edward Cullen. Me olhando com um sorriso tranquilo, calça jens, all star, camisa vermelha xadrez, e o pesado casaco. Os cabelos mais curtos do que lembrava, a barba levemente por fazer.

Eu havia deixado um jovem de dezoito anos cheio de responsabilidades em Forks, e encontrei um homem.

— Edward? – gaguejei como uma idiota. Seu sorriso iluminava todo o pequeno aeroporto que estava escuro devido a chuva pesada que caia lá fora.

— Oi Bella. Ang, não pode vir. Fiquei incubido dessa responsabilidade. O carro está logo na saia, vamos?

Ele estava tão tranquilo! Por que cargas d’agua Edward Cullen veio me buscar? Angela o mandou? Onde estava o noivo de Angela?

— Ei, Edward. – Repeti seu nome de vagar, como uma retardada. – Eu deveria esperar o noivo da minha irmã vir...por que você esta aqui?

O sorriso de Edward morreu. Ele ficou pálido.

— Você esta brincando certo? Eu sou o noivo Bella.

Então eu entendi as evasivas de Renée e Angela sobre o ‘’noivo’’, e entendi porque eu não via uma foto se quer dele. Também entendi a fala de Charlie. ‘’Edward esta ai com você?’’ Edward Cullen, meu ex namorado era o famoso ‘’Edu’’, da minha irmã Angela.

Parecia que eu teria férias interessantes.