Capítulo 1 - Bloody Mary

 Maryanne Campbell. Ela era a garota de ouro da cidade. Mary, como foi apelidada por seus amigos, nunca faria mal a nenhuma mosca ou pessoa. A menina era dócil e sempre exibia um sorriso simpático no rosto. Todos gostavam dela, era impossível odiá-la. Seu perfume doce de flores era conhecido por todos da cidade. Sempre que sentiam o aroma floral no ar, seus corações se aqueciam.
 A menina nunca emitira nenhum sinal de tristeza ou depressão, o que era ótimo, já que ela sempre ajudava todos com seus problemas. Em um canteiro de rosas mortas, ela seria a única rosa que sobraria viva. Infelizmente, não foi o que aconteceu.

***

 Era dez horas da noite, do último dia das férias de Verão. Os pais de Maryanne ainda não haviam voltado da viagem deles. A casa seria dela pelo resto da noite, ela poderia se divertir assistindo séries engraçadas na Netflix. Ela acabava de voltar de uma sorveteria. Luna a havia chamado, fora maravilhoso aquele encontro.
 Mary mentalizava as coisas que precisava organizar para a escola no dia seguinte. Estava tão distraída que tropeçou no degrau para entrar na casa. Ela riu de seu descuidado, resmungando algo como "sua tola". Lentamente, tirou as chaves de seu bolso da calça jeans. Ela ficou encarando a porta de vidro e suas chaves.
 As chaves eram douradas, igual ao colar com um pingente em formato de coração no pescoço da menina. Ao girar as chaves, a menina suspirou, já tirando os tênis com os pés. As luzes estavam apagadas, então ela colocou a mão no interruptor. As luzes ligaram, revelando uma figura.
 — Quem é você, o que está fazendo na minha casa!? — Mary gritou, recuando os passos, abrindo a porta atrás dela com uma mão, discretamente.
 Porém o plano da menina não foi sucedido. A pessoa que usava uma roupa que escondia cada fio de cabelo, tirou uma faca de caça do seu bolso. A menina berrou alto, se desesperando. Ela não foi capaz de correr, porquê rapidamente, a pessoa golpeou seu peito, cravando a faca no corpo da garota.
 Ela não conseguia acreditar no que estava acontecendo. Ela iria morrer ali, naquela noite. A pessoa que a atacara possuía o rosto deformado, tinha sido vítima de uma queimadura. Mary não se moveu, sendo empurrada contra a porta de vidro. Foi um misto de dor e barulho de vidro quebrando. Maryanne havia caído de costas em cima de cacos de vidro.
 Alguns cacos de vidro haviam entrado no corpo da menina, fazendo sangue jorrar. Logo o corpo dela estaria coberto do próprio sangue. E desse jeito foi achada pela empregada no dia seguinte. E desse jeito o o perfume florar nunca mais ia ser sentido por ninguém na cidade.
Se Maryanne fez algo ruim na vida, ninguém saberia. Agora ela estava morta.
Junto com seus segredos.