Prisoner escrita por Lobo


Capítulo 30
Abra os olhos.




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Como nós chegamos aqui?

Bem, eu costumava te conhecer tão bem

Mas como nós chegamos aqui?

Bem, eu acho que sei

Os dias passaram de forma quase arrastada, para a infelicidade tanto da kunoichi quanto de Sasuke. Mesmo que o procedimento do transplante tivesse sido um sucesso, a recuperação era algo que dependia restritamente do organismo de Sasuke já que se Sakura tentasse apressar demais utilizando suas técnicas medicinais com chakra corriam o risco de que, na multiplicação acelerada das células, ocorresse uma mutação que rejeitasse os olhos novos.

 Então tudo que eles podiam fazer no momento era esperar a recuperação natural dele com ajuda de pequenas sessões de infusão de chakra dela que, por serem mais brandas, não chegavam a levar riscos porém ficar todo aquele tempo enclausurado naquele quarto sem poder enxergar estava quase fazendo com que Sasuke arrancasse os próprios cabelos.

No mesmo dia em que acordou, Sasuke já se pôs de pé tendo com a missão fazer o reconhecimento do cômodo, concluindo que estava na mesma caverna onde tinha acordado da vez onde Óbito lhe contou a verdade por trás do massacre do clã Uchiha. Ele até tentou deixar o cômodo, mas depois de avançar apenas alguns passos foi barrado por Juugo que o levou de volta para o quarto. A irritação borbulhava dentro de si por estar sendo tratado daquela forma.

 Ele não era nenhum inválido! Mesmo sem temporariamente ter sua visão, ele ainda era um Uchiha e odiava que o enxergassem como um fraco, isso o fez ficar mais fechado para os outros e encurtando ainda mais sua comunicação.

 Sakura o via como um animal selvagem que por muito tempo tinha vivido livre e que agora estava enjaulado. Irritadiço, ele andava de um lado para o outro esperando o momento onde estaria livre de suas correntes, porém ela nada podia fazer.

 Eles não voltaram a conversar depois daquele dia, se limitando apenas ao que era necessário para seu tratamento. A pessoa que mais tinha contato com ele era Juugo que não se importava com o jeito ríspido de Sasuke, enquanto Suigetsu – surpreendendo tanto Juugo quanto Sakura – cuidava de Karin o que não impediu que os dois de continuarem trocando alfinetadas de vez em quando.

Sakura, Juugo e Suigetsu estavam sentados na pequena e precária cozinha que existia no esconderijo, orginalmente não existia cozinha ali, mas eles tiveram que adaptar uma para que conseguissem viver ali durante aquele tempo. Eles já tinham deixado o café da manhã para Sasuke e Karin e agora estavam reunidos comendo.

— Acha que deveríamos continuar com as bandagens na Karin? A ferida dela já está um pouco melhor. – Suigetsu deu sua opinião enquanto se servia de mais um copo de suco.

Depois de tudo o que aconteceu, Sakura descobriu um novo lado de Suigetsu, um mais sério que provavelmente veio a tona depois da batalha.

— Tem razão, deixar a ferida respirar vai fazer com que cicatrize mais rápido. – ela disse recolhendo o prato dos três. — Acho também que podemos retirar também a do Sasuke.

Os dois ninjas balançaram a cabeça, concordando.

Para dois leigos em medicina, Juugo e Suigetsu se mostraram assistentes bem fáceis de lidar.

Com a pequena reunião terminada, cada um seguiu seu caminho. Enquanto Suigetsu e Juugo foram fazer suas coisas, Sakura foi fazer a ronda por seus pacientes e confirmou o que Suigetsu disse sobre Karin, então a rosada retirou as bandagens, limpou o ferimento e fez uma rápida sessão de cura.

— Não será preciso mais bandagens, mas se notar qualquer alteração na cicatrização avise, okay? – disse concentrada passando a pomada de ervas sobre o ferimento.

Karin não dizia nada, aceitando sem discutir o tratamento de Sakura. Não havia motivo para que a rosada aceitasse cuidar dela, as duas nunca se deram bem e Karin tinha ciência que boa maior parte do conflido entre as duas tinha sido criado por ela por se sentir ameaçada pela rosada.

Por mais amargo que fosse, Karin tinha que aceitar a derrota.

Não esperando por um agradecimento, Sakura deixou o lugar seguindo para seu próximo paciente.

Por Sasuke estar com os olhos vendados, eles não viam necessidade de deixar as velas acesas somente as ascendendo quando um dos três vinha verificar o estado que ele estava. Dessa vez, Sakura acendeu apenas uma vela a mantendo afastada dele.

— Sasuke, sou eu. – anunciou sua presença mesmo sabendo que Sasuke já sabia que ela estava ali.

Ele sempre sabia.

O Uchiha se sentou com as pernas cruzadas, esperando que a kunoichi se aproximasse.

— Hoje vou retirar as bandagens dos seus olhos e começaremos o processo para adaptá-los a luz natural. – informou o planejamento, se aproximando, ela sentou na frente dele.

Pode ver quando ele mordeu o canto do lábio inferior, ansioso. Depois de todos aqueles dias, ele finalmente poderia se livrar daquelas vendas irritantes, ansioso também para vê-la mais uma vez. Aproximou seu rosto de onde ele acreditava que Sakura estaria, dando autorização para que ela fizesse o que tivesse que fazer.

Sem mais delongas, Sakura levou as mãos até as faixas, as desenrolando com cuidado da cabeça dele.

— Abra os olhos. – pediu depois que terminou.

Um tanto hesitante, ele fez o que ela pediu sentindo um leve incomodo pela vela que brilhava longe.

Sasuke piscou algumas vezes, bem lentamente concentrando o olhar no rosto da kunoichi que era levemente banhado pela luz fraca da vela. Os olhos verdes brilhavam em expectativa enquanto mordia o lábio inferior.

Ele soltou pesadamente a respiração que nem havia percebido prender.

Pareciam que tinha se passado anos desde a ultima vez em que ele a olhou diretamente nos olhos como fazia no momento então Sasuke reservou alguns instantes apenas a observando atentamente, gravando mais uma vez seu rosto em sua memória, sem deixar de comparar com a imagem que ele tinha antes notando que uma coisa ou outra havia mudado em suas feições.

— E então? – ela perguntou apreensiva para saber o que ele estava achando.

É você, pensou grato por ela ter sido a primeira coisa que ele viu.

Sasuke levou uma das mãos até a área dos olhos, tocando com cuidado.

— Funcionam. – resumiu tudo o que passava em sua cabeça naquela palavra.

Aquela palavra fez os olhos verdes brilharem de um jeito que ele não via a muito tempo.

Sakura realmente amava o que fazia, amava saber que suas habilidades não se resumiam em tirar vidas, mas também em salvá-las. Tinha orgulho de ser uma kunoichi médica.

Ela controlou o sorriso enorme que quis dominar seus lábios, deixando apenas um dos cantos da boca se curvar.

— Ótimo. – ela aproximou o rosto do dele, levando com cuidado uma pálpebra de cada vez para avaliar melhor. – Vamos aumentar a claridade gradualmente para que eles se acostumem. – seu tom de voz típico de médico, totalmente profissional.

— Ficará feliz em saber que não falta muito para que fique completamente recuperado. – informou afastando as mãos, se distanciando também dele. – Juugo vira mais tarde conferir como você está e trazer seu almoço.

Sakura já estava erguendo o corpo para deixar o local quando sentiu o toque frio envolver com delicadeza seu pulso para um segundo depois sumir, como se sua pele queimasse. Ela olhou para Sasuke que ainda tinha a mão erguida.

— Obrigado. – ele tinha o olhar caído e a cabeça curvada.

Ela não disse nada em resposta, apenas dedicou alguns segundos o observando em silêncio e então se levantou, saindo. akura voltou para a cozinha improvisada encontrando com Juugo que estava começando  a preparar o almoço. Ela ofereceu ajuda, mas Juugo recusou dizendo que não precisava. Aproveitando a oportunidade, Sakura relatou o estado de saúde dos dois e como sua recuperação estava caminhando.

 — Acha que falta muito para estarem completamente recuperados? – Juugo perguntou deixando a panela no fogo para que o caldo fervesse e se uniu a ela na pequena mesa.

 Sakura olhou para o copo vazio que segurava, passando as unhas descuidadas formando um desenho imaginário no copo.

 — Não vai levar muito tempo para Karin e como agora posso usar minhas técnicas de chakra medicinais em Sasuke, amanhã mesmo acho que já poderemos arriscar que ele ative o Sharingan.

O nukenin assentiu relaxando o vinco que havia se formado entre suas sobrancelhas.

— E o que acontece depois que eles estiverem bem?

 A kunouchi repuxou o canto dos lábios.

— Não sei. – ela ergueu o olhar para o ninja de cabelos alaranjados. - O que acha que vai acontecer?

— Para ser sincero, não tenho certeza de nada. – ele disse entrelaçando as mãos sobre a mesa. – Nossas missões eram de acordo com o que Sasuke decidia porém não é preciso de muito tempo ao lado dele para notar o quão destruída está a mente dele depois que descobriu a verdade sobre o massacre e o irmão. – Juugo uniu as sobrancelhas, parecendo refletir. – Depois da semana em que ele passou recluso, Sasuke voltou parecendo um zumbi, seu corpo parecia completamente desligado de sua parte humana. Era uma máquina de matar que aniquilava qualquer coisa que estivesse em seu caminho até sua vingança e Karin, infelizmente, acabou sofrendo dos efeitos colaterais. – fez uma pequena pausa. – Não quero que pense que estou inventando isso para usar como chantagem emocional, mas desde que ele soube que você estava viva sinto que pouco a pouco a humanidade volta a ele.

E era verdade. Ela poderia não perceber, mas Juugo tinha visto o Uchiha no fundo do poço e ele podia ver a mudança que acontecido desde o momento em que o Uchiha soube que a kunoichi estava viva. Mesmo sabendo que era egoísmo de sua parte, ele desejava que Sakura permanecesse com eles pelo menos por mais algum tempo.

Ele sentia que ela poderia fazer a diferença.

Sakura tinha o olhar distante, perdido em algum ponto na parede.

— Sei que tem a melhor das intenções, Juugo portanto serei bem direta. – desviou o olhar para ele. – Assim que Sasuke estiver melhor, eu voltarei para Konoha.

Juugo a olhava sem dizer nada e, sem esperar uma reação dele, Sakura continuou a falar com o olhar baixo.

— Eu amei o Sasuke, com todo o meu coração. – admitiu com a voz estrangulada, era difícil expor seus sentimentos daquela forma. Seu orgulho tentava fechar sua garganta, a condenando por parecer tão fraca.  – Amei mais do que ele merecia, fiz das tripas coração, relevei toda a frieza e indeferença que ele retribuia esperando que um dia ele notasse que eu sempre estive ali, calando a boca de todos que me achavam idiota por ainda lutar por alguém não me queria. – um sorriso triste e derrotado surgiu nos lábios dela. – Eu era uma cega lutando por alguém que não me queria, que me abandonou. – engoliu seco, fechando os olhos com força antes de voltar a abri-los. – E foi nesse ponto que Itachi surgiu e eu vi uma nova maneira de ajudar o Sasuke, mas olhe onde isso me levou? – deu uma risada forçada. – Em vez de ajudar, eu só contribuo ainda mais para a destruição dele.

— Isso não é verdade. – Juugo interviu.

— Pode não ser, mas o fato é que... – ela suspirou. – Eu estou cansada, Juugo. – o olhou nos olhos.

E aquela frase fez com que Juugo se calasse, mais uma vez Sakura não esperou ele falar nada se levantou e deixou a cozinha. Lembrando que o fogo ainda estava aceso, Juugo se levantou indo até o fogão, tirou a panela do fogo e despejou o caldo em uma tigela agora sem nenhum animo para encarar Sasuke no momento depois de ouvir o que Sakura disse.

 Levou a tigela até o quarto notando que havia uma pequena vela como Sakura tinha dito e, seguindo as instruções da kunoichi, ele aproximou a vela um pouco mais de Sasuke, que o encarava com as costas apoiadas na parede da caverna.

— Sakura disse que sua recuperação está no final. – comentou ao deixar a tigela ao lado do Uchiha.

Sasuke assentiu, pegando a tigela e os talheres, se preparando para comer.

— Isso nos leva a outro ponto, - olhou Sasuke, o observando comer sem pressa. – O que fará depois que estiver recuperado?

Um silêncio se seguiu após a pergunta de Juugo, mas ela não desistiu, esperou até que Sasuke terminasse de comer.

— Vou atrás do Obito, descobrir por que ele mentiu para mim sobre a morte da Sakura e saber sobre o que mais ele mentiu. – Sasuke finalmente respondeu, concentrando seu olhar na tigela vazia que recolocou no chão a mandíbula travada mostrava que o famoso ódio dos Uchihas tinha sido redimencionado para outro alvo.

Juugo balançou a cabeça, assentindo ele pegou a tigela e os talheres.

Como poderia pedir para Sakura ficar se a única coisa que Sasuke conseguia pensar era em vingança?

 Ao longo do dia, Sakura ainda fez outra visita a Karin antes do dia terminar, mas só voltou a visitar Sasuke no dia seguinte.

— Sua recuperação está melhor do que eu pensei. – Sakura disse se afastando depois de terminar mais uma sessão de cura. – Tente usar o Sharingan.

Sasuke assentiu e Sakura pode ver os olhos ônix se tornararem vermelhos, mostrando os famosos olhos Sharingan.

— Como está?

— Normal. – respondeu aliviado por ter a habilidade que o acompanhou quase pela vida inteira de volta e ainda mais poderoso ainda.

Ele acompanhou a kunoichi com os olhos, apreciando os detalhes que agora conseguia ver com o Sharingan. Desde que teve as vendas retiradas, tentava aproveitar os mínimos detalhes dela, não querendo perdê-la de vista por nenhum momento.

— Karin também está melhor. – informou mesmo sabendo que Sasuke não havia perguntado uma vez sequer da companheira de time.

Sasuke permaneceu em silêncio, continuando a observá-la desejou que houvessem mais velas para que pudesse vê-la melhor.

— Sasuke, eu vou voltar para Konoha. – disparou de uma só vez.

Os olhos voltaram ao ônix na mesma hora.

— O que?

— Você, melhor do que eu, sabe que Konoha está sob ataque e precisa de todo a ajuda para continuar a resistir e...

— Não! – ele soltou como um grunhido alto, assustando a kunoichi. – Você... – engoliu seco. – Eu estou indo atrás do Obito me vingar das mentiras que ele inventou sobrea sua morte, sobre o que ele fez a você! Pensei que você fosse se unir a mim agora que tudo foi esclarecido.

Sakura respirou fundo.

— Isso não é uma discussão, Sasuke, isso é um comunicado. – disse com firmeza. – Eu não posso dar as costas para os fracos só pra me vingar de alguém.

— Vai deixar os responsáveis que fizeram isso com você livres?! – perguntou incrédulo, se aproximando dela, sem acreditar que ela poderia simplemente deixar passar.

Ela balançou a cabeça negativamente e Sasuke pode ver a decepção passar pelos olhos dela.

— Seu caminho é a vingança, mas o meu não. – disse de forma sofrida. – Eu quero ajudar as pessoas.

Sasuke engoliu seco.

Mais uma vez, ela iria embora.

— Eu não posso voltar para Konoha, não depois do que eu descobri sobre o meu irmão. – declarou sabendo o que aquilo poderia significar.

A kunoichi deu um passo na direção dele, receosa que ele fosse rejeitá-la. O que não aconteceu, Sasuke manteve o olhar baixo, o que motivou Sakura se aproximar mais.

— Sasuke, eu...

— Me desculpe por tudo que teve que passar por mim. – ele interrompeu o que ela falava. – Nada que eu faça consiguirá reparar o que aconteceu, mas espero realmente que um dia possa me perdoar. – levantou o olhar para encarar os olhos verdes, as palavras que rondavam sua mente desde que a viu depois saber que estava viva tentaram mais uma vez sair, mas Sasuke as prendeu.

Deveria deixá-la ir, deixar de lado o egoísmo em querê-la para si e deixar que seguisse com sua vida.

Porém, mesmo não falando nada, ele mostrou através de gestos.

Ergueu sua mão e tocou com o indicador e o dedo médio a testa da kunoichi, assim como seu irmão fazia com ele.

— Obrigado, Sakura.

Estou gritando "Eu te amo tanto"

Mas meus pensamentos você não pode decifrar


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Notas finais do capítulo

Olá olá genteeeeeeeeeeeeeeeeeee, sei que demorei e que talvez tenham alguns erros que deixei passar
O que acharam do capitulo?
Fiquem todos tranquilos porque eu vou responder sim os comentários do ultimo capitulo.
os trechos que aparecerem são da música (que me lembra muito minha adolescencia/pré adolescencia e eu amo) Decode do Paramore.
Quem lembra?