Edifício Baelor escrita por NicolyBlack, Marina Lupin, The Marauders


Capítulo 9
Aquele com os Dias Bons e Ruins




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/698992/chapter/9

 

Bran classificava os dias na cadeira de rodas como bons ou ruins, de acordo com as dificuldades que ele enfrentava ao longo do dia. Nenhum dia era inteiramente bom, e nenhum era inteiramente ruim, o mais comum eram os dias mistos. 

Sua família fazia de tudo para que ele não se sentisse excluído, mas tanto esforço acabava o afetando de uma maneira diferente. Bran não queria ser um fardo para ninguém, como sua família, inconscientemente, agia. 

Ele não conseguia se lembrar do acidente, ele sabia que tinha alguém lá, alguém importante, mas era tudo um borrão em sua cabeça. Ele queria lembrar, ele sabia que precisava lembrar. Mas essa era mais uma das coisas frustradas em sua vida. 

Claro que perder o movimento das pernas aos sete anos deveria ser uma experiência frustrante para qualquer um. Seria eternamente grato à família por aturá-lo por todo esse tempo. Tinha dias que Bran não queria existir. Os dias de dores e frustrações, os dias de medo, os dias que nenhum sorriso amigo parecia melhorar a situação. Aleijado, incapaz, doente. 

A medicina avançava muito lentamente em Westeros, embora já surgissem boatos de curas em outras partes do mundo, e igrejas a fora, para Bran a dura realidade era que tinha perdido o movimento das pernas definitivamente. Nada de skate, ou escaladas. Nada de esportes radicais, nada de sentir os músculos arderem e se sentir capaz de qualquer coisa. 

Sua última memoria, antes do acidente, era de mais um dia feliz, explorando a cidade com seu fiel skate. Bran queria voltar no tempo, e ficar para sempre preso naquele momento. Sua próxima lembrança era de acordar na cama do hospital, e ninguém por perto. Sua mãe era a próxima coisa que acontecia, entrando no quarto com uma expressão abatida e a mão enfaixada. Sua expressão mudou rapidamente ao ver que seu filho estava acordado. 

Mas no final, Bran não podia reclamar completamente. Sua família o amava, e ele sabia disso. Até Sansa, que sempre foi a mais afastada, fazia o possível para melhorar o seu dia. Arya tentava não agir diferente perto de Bran, mantendo seu humor. Rickon não entendia o que tinha acontecido, ele ainda não sabia porque esse era um assunto delicado. Jon e Robb pareciam os mais afetados, mais até mesmo que seus pais. Bran se lembrava que naquele dia, ele tinha saído para passear com seus irmãos mais velhos, mas ele não culpada os dois pelo acontecido. Catelyn apenas queria o culpado por aleijar seu menino, e Ned sempre procurava facilitar o dia-a-dia de Bran. 

Mas no final do dia, não importa o que eles fizessem, não importa as palavras de apoio e os sorrisos, porque Bran continuava preso naquela cadeira, e nada mudaria isso. Nada mudaria sua dura realidade. 

Seria tudo mais fácil se ele apenas não existisse. 

Bran deixou que um suspiro pesado escapasse seus lábios, ao ver Hodor e Osha indo em sua direção. Mais um dia. Mais um dia nessa rotina interminável. Ele não via mais a necessidade disso, não importasse quantas sessões intermináveis de terapia ele fizesse, suas pernas não iam voltar ao normal. Oh, sim, ele tinha consciência de que essas sessões eram para o seu bem, mas Bran chegou num ponto onde as sessões tinham passado de necessárias e aceitáveis para necessárias e insuportáveis. 

Osha deu mais um de seus calorosos sorrisos, enquanto Hodor, silencioso como sempre, preparava Bran para os exercícios. 

Osha sabia que a fisioterapia seria algo que estaria para sempre na vida de Bran, algo que o acompanharia até o final de sua vida, ela sabia que a terapia não o curaria, mas sim não deixaria suas pernas atrofiarem. Tanto ela quanto Hodor tinham se apegado ao menino, e eles faziam o possível para não deixa-lo se sentir mais incompetente do que ele já pensava ser. 

Bran foi retirado de seus devaneios por passos leves e suaves, desconhecidos para ele. 

Parada ao lado de Osha estava uma garota, de longos cabelos castanhos cacheados, lindos olhos verdes e um sorriso tímido. 

— Oh Bran, espero que não veja problema, mas Meera é minha mais nova ajudante. — Osha tratou de falar, ao perceber o olhar confuso e curioso do Stark. 

Bran não disse nadas, apenas acenou com a cabeça, e desviou o olhar. 

Talvez as intermináveis sessões de terapia poderiam ter algo bom, no final. 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Edifício Baelor" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.